Lenine e o Movimento Operário Revolucionário nos Balcãs

Georgi Mikhailovich Dimitrov

1924


Primeira edição: «Krasnii International des Syndicats» N.°s 1-4, 1924. Assinado: G. Dimitrov.
Fonte:
Dimitrov e a Luta Sindical. Edições Maria da Fonte, Tradução: Ana Salema e Carlos Neves; Biografia e notas: Manuel Quirós.
Transcrição: João Filipe Freitas
HTML:
Fernando A. S. Araújo
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O movimento operário nos países balcânicos, e sobretudo na Bulgária, Sérvia e Roménia, encontrava-se desde a sua origem sob a influência do movimento revolucionário da Rússia. Os primeiros organizadores, os primeiros dirigentes da classe operária destes países eram os alunos directamente formados pelos marxistas russos. Os melhores quadros dos intelectuais da classe operária eram educados e formados sob a influência da literatura marxista russa, por um lado, e sob a influência da luta heróica dos revolucionários russos contra a tzarismo, a burguesia e o oportunismo, por outro.

Mas o movimento operário dos países balcânicos deve o seu carácter revolucionário, claro e definido, antes de tudo a Lenine e aos seus discípulos. A luta do proletariado balcânico no decurso dos últimos anos está directamente ligada ao nome e à grande obra de Lenine.

Desde o início da guerra imperialista, Lenine conquista os corações dos operários balcânicos em luta, pelo seu combate intransigente contra o imperialismo e os seus auxiliares social-chauvinistas. O seu apelo profético e corajoso de salvar a humanidade trabalhadora pela ditadura do proletariado encontrou um eco profundo no seio das largas massas operárias dos países balcânicos.

Quando em Maio de 1917 Lenine proclamou a palavra de ordem histórica: «Todo o poder aos Sovietes» o proletariado búlgaro viu nele, desde logo, o seu guia.

Depois da Revolução de Outubro, de que a incarnação viva foi o próprio Lenine, o seu nome tornou-se a bandeira da luta de libertação dos operários e camponeses balcânicos.

Os seus livros clássicos, «O Estado e a Revolução» e «O Imperialismo, Estádio Supremo do Capitalismo», tornam-se livros de cabeceira dos operários balcânicos em luta.

A grande ideia de Lenine sobre a aliança dos operários e camponeses, que encontrou a sua incarnação total na revolução russa, e assegurou a vitória da primeira revolução operária e camponesa do mundo, era e é ainda uma revelação feliz para as massas trabalhadoras balcânicas. Ela iluminou como um farol o caminho que deve seguir o proletariado dos países balcânicos a fim de chegar à vitória na sua luta de libertação.

É precisamente nesta ideia que se inspiraram as massas trabalhadoras na Bulgária quando, em Setembro de 1923, se levantaram numa insurreição armada contra a reacção burguesa e fascista que se encontrava no poder, lutando pelo estabelecimento de um governo operário e camponês. A insurreição foi reprimida devido à superioridade das forças armadas do adversário, mas a aliança das massas operárias e camponesas consolidou-se para sempre; ela foi selada pelo sangue de milhares de militantes que morreram e é presentemente o trunfo da vitória próxima e definitiva dos trabalhadores búlgaros.

Em parte alguma o problema nacional está mais complicado e embrulhado do que nos Balcãs, onde as diversas nacionalidades estão misturadas e fundidas nos limites de um território, a ponto de constituir um verdadeiro mosaico. A questão nacional é a questão fundamental da política balcânica. As classes e as dinastias burguesas nos países balcânicos, tal como nos grandes estados imperialistas, utilizaram sempre e continuam a utilizar as contradições nacionais existentes para os seus objectivos de conquista, atiçando o ódio nacional nesses países e opondo-os uns contra os outros.

Lenine forneceu uma solução justa e clara da questão nacional, que encontrou a sua expressão prática na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. A ideia do direito dos povos de disporem de si mesmos — lançada por Lenine — direito que vai, para as nacionalidades mais importantes até à separação e constituição de um Estado, lançou uma luz esclarecedora sobre o complicado problema nacional dos Balcãs. As massas trabalhadoras dos países balcânicos viram claramente que o problema é perfeitamente solúvel e que a sua solução é possível, não no terreno querido da burguesia e das dinastias balcânicas — a partilha dos Balcãs — mas sim pela reunificação livre de todas as nacionalidades que povoam a península dos Balcãs — numa união federal que lhes possa assegurar a plena liberdade e o direito de disporem de si próprias.

Graças à doutrina de Lenine, os trabalhadores dos países balcânicos em luta, têm, neste momento, uma ideia mais clara da necessidade de união na luta política e económica. E, graças igualmente a esta doutrina, o movimento sindical nos países balcânicos não se tornou um instrumento dos diversos partidos burgueses. Ele possui um carácter revolucionário de classe em que os interesses de grupo e os diversos interesses momentâneos estão submetidos aos interesses, às tarefas e aos objectivos comuns da classe operária.

E, se, no movimento operário dos países balcânicos, o oportunismo desempenha um papel tão insignificante e exerce uma influência tão fraca como em mais nenhuma outra parte — salvo na Rússia — sobre as massas trabalhadoras, isto explica-se porque ele segue o caminho traçado pelo nosso grande educador e guia, Vladimir llitch Lenine.

Neste momento em que cada operário, cada camponês dos países balcânicos chora a morte de Lenine, as suas ideias difundiram-se em toda a península dos Balcãs. Elas são a estrela que os guia, na noite escura da reacção burguesa e fascista que domina e sevícia ferozmente por toda a parte, e anunciam a vitória eminente da União das Repúblicas Operárias e Camponesas Balcânicas.


Inclusão 11/12/2014