A Classe Operária e a Questão Nacional

V. I. Lênin

10 de Maio de 1913


Primeira Edição: Pravda, n.° 106, 10 de maio de 1913. Encontra-se in Obras, t. XIX, págs. 71/72.
Fonte: Editorial Vitória Ltda., Rio, novembro de 1961. Traduzido por Armênio Guedes, Zuleika Alambert e Luís Fernando Cardoso, da versão em espanhol de Acerca de los Sindicatos, das Ediciones em Lenguas Extranjeras, Moscou, 1958. Os trabalhos coligidos na edição soviética foram traduzidos da 4.ª edição em russo das Obras de V. I. Lênin, publicadas em Moscou pelo Instituto de Marxismo-Leninismo, anexo ao CC do PCUS. As notas ao pé da página sem indicação são de Lênin e as assinaladas com Nota da Redação foram redigidas pelos organizadores da edição do Instituto de Marxismo-Leninismo. Capa e planejamento gráfico de Mauro Vinhas de Queiroz. Pág: 229-230.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo.
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A Rússia é um país com muitos matizes no sentido nacional. A política governamental, a política dos latifundiários, apoiados pela burguesia, está impregnada até à medula de nacionalismo ultrarreacionário.

Essa política dirige o gume contra a maioria dos povos da Rússia, que constituem a maioria de sua população. Ao mesmo tempo surge o nacionalismo burguês de outras nações (polonesa, hebreia, ucraniana, georgiana, etc), pretendendo desviar a classe operária de suas grandes tarefas universais através da luta nacional ou da luta pela cultura nacional.

A questão nacional requer um equacionamento claro e uma clara solução por parte de todos os operários conscientes.

Quando a burguesia lutava pela liberdade com o povo, junto com os trabalhadores, defendia a plena liberdade e a plena igualdade de direitos das nações. Os países adiantados, a Suíça, a Bélgica, a Noruega e outros, oferecem um modelo de como as nações livres convivem em paz ou se separam em paz num regime democrático efetivo.

Agora a burguesia receia os operários, busca aliança com os Purishkievitch, com a reação, trai a democracia, mantém a opressão ou a desigualdade das nações, corrompe os operários com as palavras de ordem nacionalistas.

Em nossos dias, só o proletariado defende a verdadeira liberdade das nações e a unidade dos operários de todas as nacionalidades.

É necessária a plena democracia, defendida pela classe operária, para que as diferentes nações convivam ou se separem (quando isso mais lhes convenha) livre e pacificamente, formando diferentes Estados. Nada de privilégios para nenhuma nação, para nenhum idioma! Nem a menor perseguição, nem a mínima injustiça para com uma minoria nacional!: tais são os princípios da democracia operária.

Os capitalistas e os latifundiários querem a todo custo desunir os operários de diferentes nações, mas eles, os poderosos do mundo, convivem entre si perfeitamente, como acionistas de “negócios” (por exemplo, o das minas de ouro do Lena) que rendem milhões de rublos de lucro; ortodoxos e hebreus, russos e alemães, poloneses e ucranianos, todos os que têm capital exploram, unidos, os operários de todas as nações.

Os operários conscientes estão a favor da plena unidade dos operários de todas as nações em todas as organizações operárias de qualquer espécie: culturais, sindicais, políticas, etc. Que os senhores democratas-constitucionalistas se cubram de vergonha negando ou restringindo a igualdade de direitos dos ucranianos. Que a burguesia de todas as nações se divirta com frases mentirosas sobre a cultura nacional, sobre as tarefas nacionais, etc, etc.

Os operários não consentirão que os desunam através de nenhum discurso melífluo sobre a cultura nacional, ou sobre “autonomia nacional-cultural”. Os operários de todas as nações defendem juntos, unânimes, em organizações comuns, a plena liberdade e a plena igualdade de direitos, garantia de uma autêntica cultura.

Os operários criam em todo o mundo sua cultura internacional, que foi preparada há muitos anos pelos defensores da liberdade e os inimigos da opressão. Ao velho mundo, ao mundo da opressão nacional, das discórdias nacionais ou do isolamento nacional, os operários opõem o novo mundo da unidade dos trabalhadores de todas as nações, onde não há lugar para nenhum privilégio nem para a menor opressão do homem pelo homem.


Inclusão 10/06/2013