Assegurar o Êxito da Preparação do Congresso dos Povos Pela Paz

Comitê Nacional do Partido Comunista do Brasil

Novembro de 1952


Primeira Edição: ...
Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 43 - Nov-Dez de 1952.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
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1 — O Comitê Nacional do Partido Comunista do Brasil constata o agravamento sem precedentes da situação internacional. O renascimento do militarismo alemão e japonês, o rompimento das negociações de armistício na Coréia, a organização do Exército Europeu, a guerra bacteriológica e a desenfreada corrida armamentista levada a cabo pelos imperialistas comprovam a crescente ameaça de uma nova guerra mundial por parte do bloco agressivo ianque-britânico.

Os monopolistas norte-americanos, ao se prepararem para essa guerra mundial, tentam asfixiar as liberdades, impor o terror e implantar um bárbaro regime fascista em todos os países, como já fizeram em seu próprio país e em outras nações. Os Estados Unidos são, hoje, o reduto da reação mundial e do fascismo, o covil dos agressores em sua conspiração contra a paz. Onde o imperialismo norte-americano finca o tacão de suas botas policiais, esmaga os direitos e as liberdades dos povos. Gendarme da reação mundial, contra ele se concentra cada vez mais o ódio de todos os que aspiram à paz e à liberdade. Em todo o mundo cresce a resistência das mais amplas massas aos imperialistas, que não conseguem impedir a luta dos povos pela paz, a democracia e a independência nacional.

2 — Amplia-se e se fortalece o movimento de todos os povos em defesa da paz, unem-se as diferentes classes e camadas sociais interessadas em eliminar a tensão internacional e impedir uma nova guerra mundial. Os povos aspiram à paz e odeiam a guerra. Mais de 600 milhões de pessoas no mundo inteiro já apuseram suas assinaturas ao Apelo Por Um Pacto de Paz entre as 5 grandes potências, o que atesta a imensa amplitude desse movimento democrático e sem partido pela paz. Importantes êxitos tem alcançado o Movimento Mundial dos Partidários da Paz, movimento que tem ajudado, poderosamente, a evitar que os atuais focos de guerra se estendessem e a impedir que os incendiários de guerra anglo-americanos empregassem a bomba atômica contra o heróico povo coreano. A ação esclarecedora do grandioso movimento mundial em defesa da paz desperta novos milhões de homens simples para a gravidade da situação, para o sério perigo de guerra que paira sobre a humanidade. Reforça-se, assim, dia a dia, a ampla frente dos partidários da paz cujas reivindicações e protestos devem contribuir para a manutenção da paz, para impedir o desencadeamento de uma nova guerra. Evitar a guerra é objetivo perfeitamente realizável em face da atual correlação de forças entre o campo do imperialismo e da guerra e o campo da democracia e da paz. Cabe, agora, intensificar mais ainda a atividade das massas populares, desmascarar mais e mais os fomentadores de guerra e reforçar o espírito de organização dos partidários da paz.

3 — Para desenvolver a coalizão das diferentes classes e camadas sociais interessadas em impedir uma terceira guerra mundial, para impor a paz aos incendiários de guerra, é necessário impulsionar cada vez mais a luta pela paz. As gravíssimas medidas de guerra tomadas abertamente pelos círculos dirigentes dos Estados Unidos e seus aliados põem a descoberto a todo o mundo os intentos criminosos dos imperialistas norte-americanos. Novas centenas de milhões de pessoas começam a se inquietar com os preparativos guerreiros do imperialismo. Estes milhões de homens simples podem e devem ser ganhos para a luta em defesa da paz.

Com esses objetivos foi convocado o Congresso dos Povos pela Paz, a realizar-se, no próximo mês, em Viena. Este Congresso será uma das mais valiosas contribuições à causa da paz em todo o mundo. Unirá as mais amplas forcas de todos os povos, pessoas de todas as categorias sociais e de todas as tendências, sinceramente partidárias da manutenção da paz, para discutir livremente a melhor maneira de defender a paz. Nele se reunirão, em torno de objetivos comuns, independentemente de pontos de vista políticos ou religiosos, homens de todas as partes e as associações de toda espécie que desejam o desarmamento, a independência nacional, a livre escolha de seu modo de vida e a cessação da tensão internacional.

A um conclave de tal magnitude e natureza não pode estar ausente o povo brasileiro, cujas nobres tradições a favor da paz, da solução pacífica de todos os conflitos internacionais, sempre se mantiveram vivas malgrado a traição dos atuais governantes, serviçais do imperialismo, que tentam colocar nossa Pátria a reboque da política agressiva dos Estados Unidos. Em Viena far-se-á ouvir também a voz do povo brasileiro, de todos os que no país querem que prevaleça o espírito de negociação sobre as soluções de força.

4 —O  povo brasileiro tem tido expressivas vitórias na luta pela paz. Graças a sua resistência, o governo de traição nacional de Vargas não pôde, até agora, enviar tropas brasileiras para a Coréia. Cresce, impetuosamente no País, o movimento dos partidários da paz e 5 milhões de brasileiros assinaram o Apelo por um Pacto de Paz. Em várias oportunidades o nosso povo tem dado inequívocas provas de solidariedade e apoio ao bravo povo coreano, exigindo uma solução pacífica e justa para a guerra na Coréia. Aumentam o ódio e a resistência do povo brasileiro ao opressor ianque, revelados em manifestações como as que foram realizadas contra a presença no Brasil do secretário de Estado Acheson, em quem o povo viu o chanceler da guerra bacteriológica. Estes fatos demonstram o profundo sentimento de paz que anima o nosso povo, sentimento que se manifesta cada vez mais à medida que o governo vende-pátria de Vargas tenta envolver o país na guerra, esfomeia o povo e entrega as riquezas nacionais aos magnatas ianques.

Nestas condições, existem em nosso país todas as possibilidades favoráveis a um amplo trabalho de preparação do Congresso dos Povos pela Paz e para o envio de uma delegação representativa a Viena. Os êxitos já alcançados pelos partidários da paz na campanha de preparação do Congresso dos Povos evidenciam a imensa vontade de paz de nosso povo, o seu desejo ardente de evitar o desencadeamento de uma nova guerra mundial. As adesões de personalidades representativas, de intelectuais de renome, de destacados políticos de todos os partidos, de industriais e comerciantes, de camponeses, de líderes operários e populares, assim como a realização em todo o país, de inúmeras assembléias, onde os representantes dos mais diversos setores da população discutem a maneira de defender a paz, revelam a amplitude já atingida pelo movimento da paz no país. indicam o seu caráter apartidário e desmascaram as tentativas dos imperialistas ianques e seus lacaios de apresentar esse movimente como um movimento comunista. A esmagadora maioria da população, as mais amplas massas, podem ser mobilizadas em favor da grande causa da paz. A atividade pela preparação do Congresso dos Povos pela Paz servirá ainda mais para ampliar em nossa terra a luta em defesa da paz, possibilitando, ao mesmo tempo, a mobilização de milhões de brasileiros em apoio ao conclave de Viena. O amplo trabalho de preparação do Congresso dos Povos pela Paz realizado no Brasil será uma contribuição para o pleno sucesso desse grande reunião dos povos. Aos comunistas, como partidários intransigentes da paz, cabe intensificar sua participação na campanha à preparação do Congresso dos Povos em nosso país, dever de honra de todos os militantes do Partido.

5 — O Comitê Nacional do PCB decide que todo o Partido se mobilize, dê o máximo de sua ajuda para assegurar o êxito da preparação no Brasil do Congresso dos Povos pela Paz. É tarefa fundamental de todos os organismos e militantes do Partido, no momento, ajudar a efetiva participação do povo brasileiro nesse grande encontro dos povos. Os comunistas devem concentrar seus esforços para desenvolver toda a iniciativa em apoio ao Congresso dos Povos.

É obrigação dos comunistas concorrer para que sejam atingidos na preparação desse Congresso todos os que em nossa terra aspiram à paz, para que todas as classes e camadas sociais nela interessadas se façam representar nesse conclave. Os comunistas devem combater qualquer atitude sectária e fazer esforços para superar toda a estreiteza na luta pela paz. É necessário empregar novas formas de trabalho, usar uma linguagem acessível às grandes massas e marchar com todos que, desta ou daquela forma, desejam evitar uma nova guerra.

Os comunistas, ao mesmo tempo, têm o dever de envidar esforços para contribuir no sentido de que seja enviada a Viena uma delegação que traduza a imensa vontade de paz do nosso povo e concorrer para reforçar o movimento dos partidários da paz. Para assegurar o sucesso dessa tarefa, é imprescindível ligar os problemas nacionais e locais à luta pela paz. Levantar na campanha de preparação do Congresso dos Povos as reivindicações mais sentidas de nosso povo juntamente com a luta contra o Acordo Militar Brasil-Estados Unidos, contra o envio de tropas para a Coréia, contra a remilitarização da Alemanha e do Japão, contra a guerra bacteriológica, pela solução pacífica do problema coreano. Simultaneamente impulsionar a coleta de assinaturas para o Apelo por um Pacto de Paz e ajudar a desenvolver a organização dos partidários da paz. A campanha de preparação do Congresso dos Povos pela Paz deverá constituir, assim, a mais vigorosa demonstração dos sentimentos de Paz do povo brasileiro. Ao participar ativamente da preparação do Congresso dos Povos pela Paz, os comunistas estreitarão ainda mais as ligações de nosso Partido com as mais amplas massas populares.

O Comitê Nacional do PCB concita todos os membros do Partido a se empenharem com entusiasmo e audácia nessa campanha. À frente das grandes massas, os comunistas precisam erguer mais alto ainda a bandeira da paz e da independência nacional, não permitindo jamais que os incendiários de guerra ianques iludam o nosso povo e o arrastem a uma nova carnificina mundial.

"A paz será mantida e consolidada se os povos tomarem em suas mãos a causa da manutenção da paz e a defenderem até o fim".

Rio, novembro de 1952.
O Comitê Nacional do Partido Comunista do Brasil


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Inclusão 19/09/2011