A REVOLUÇÃO DESFIGURADA
A Falsificação Estalinista da História

Leão Trotski

Introdução do Tradutor
(continuação)


A Luita da Oposição de Esquerda Entre 1923 e 1929

Já em 8 de Outubro de 1 923 Trotski tinha posto acima da mesa a peremptória questão da planificação:(167)

“A mesma criação dum comitê para rebaixar os preços é um sintoma eloqüente e demolidor da maneira na que uma política que desconhece o significado das regelações planificadas e operativas cai pola força das suas próprias e inevitáveis conseqüências no intento de dirigir os preços ao estilo do comunismo de guerra”(168)

O primeiro documento escrito pola Oposição de Esquerda é de 15 de Outubro de 1 923: o «Manifesto dos 46».(169) Fala-se nele, face às carências evidentes da direcção – a troika Kamenev, Estaline e Zinoviev — em matéria econômica, da necessidade de planificação e industrialização paralelas à questão, cada vez mais urgente, da democratização interna do Partido. Foi tal o reboliço que os triunviros não tiveram mais remédio que fazer funcionar uma válvula de escape para aliviar a pressão. Desta maneira, por ocasião do 6º aniversário da Revolução anunciaram a abertura dum «novo curso» que incitou uma ampla discussão sobre os temas postos a lume polo manifesto, intervindo Trotski com uma série de artigos na Pravda sob o título Novo Curso; entre eles o VII: «O plano na economia» e o Anexo III: «Sobre a relação entre a cidade e o campo».

Para finais de 1925, no momento em que a sistematização de EstalineBukharine(170) sobre o «socialismo num só país» fazia-se-lhes insuportável,(171) Kamenev e Zinoviev abandonam o Buró Político e propõem Trotski a constituição duma «Nova Oposição (de esquerda) Unificada». Em Julho de 1926 Trotski lê, no nome da nova oposição, a «Declaração dos 13» onde as medidas que se preconizam são:

De maneira empírica, a direcção rejeita uma trás de outra todas as propostas.

Em 7 de Novembro de 1927, no 10º aniversário da Revolução, a Oposição manifestou-se em Moscovo, em Leninegrado, em Kharkhov sob as suas próprias bandeiras: Abaixo o kulak, o nepman, o burocrata!.

O XV Congresso, previsto para últimos de 1 927, foi atrasado pola direcção que daquela não pisa terra firme. A agravação da situação econômica e a derrota da revolução chinesa de 1925 -1927, que antevera a Oposição, supõe um duríssimo baque para a direcção de EstalineBukharine que busca o momento para esmagar a Oposição. O XV Congresso olha a capitulação dos seguidores de Zinoviev em Leninegrado e milhares de militantes são deportados para a Sibéria e a Ásia Central aos poucos do Congresso. Uma feroz repressão abater-se-á sobre irrepreensíveis revolucionários.(172)

A luita dos oposicionistas não cessa nem no cárcere, nem no exílio.(173) Durante os seis primeiros meses de 1928 a GPU reprime mais de 150 revoltas dos lavradores enfurecidos por não poderem aceder nem às ferramentas nem aos bens de consumo. No seio do Comitê Central os estalinistas e os bukharinistas enfrentam-se em divergência polas medidas para tomar. São partidários os bukharinistas de certas concessões, de recurso à força os estalinistas. Em Janeiro de 1929, o Buró Político adopta severas medidas contra os camponeses que se resistam à requisição. Para meados de Fevereiro, ao não se produzir os resultados esperados polas ameaças, a Pravda lança uma campanha de imprensa com o título “Os Kulaks erguem de nova a cabeça”. Em Abril do mesmo ano, o Comitê Central decide tomar medidas de urgência. Eis a chamada “virada para a esquerda” que conduze à colectivizarão forçosa e ao Primeiro Plano Qüinqüenal. Sob estes parâmetros de repressão maciça, aonde “os fulgores de Outubro iam-se extinguindo nos sol - pores carcerários”,(174) nascem alguns dos textos fundamentais da época: A Internacional Comunista após Lenine, de Trotski, Os perigos profissionais do poder(175) de Christian Rakovski e Rumo à outra chama(176) de Panait Istrati,(177) primeira denúncia do estalinismo feita por um escritor de reputação internacional.

A “virada para a esquerda” produze divisões nas fileiras da Oposição. Tomando de conta que a fracção estaliniana semelhava adotar as medidas que urgia a Oposição, alguns quadros, Preobrazhenski, Esmilga e Radek entre outros, vem o momento em que é de necessidade apoiar a fracção de Estaline.

A “virada para a direita” de Julho de 1928, tornando nulas todas as medidas contra o kulak, não é mais que um episódio na luita no seio do Comitê Central entre as fracções de Estaline e Bukharine. Há que esperar em meados de 1929, derrotadas as posições de direita bukharinistas, que Estaline pode adoptar de novo a “virada para esquerda”, desta volta se sustentado numa nova elite privilegiada selecionada no movimento estakhanovista.

Pensar que Estaline e o seu grupo estavam dispostos para aplicar o programa da Oposição é, contudo, uma conclusão ligeira de mais; não só porque a aplicação do programa tivesse acarretado menos sacrifícios, embora porque a conceição central era profundamente divergente tanto da dos direitistas bukharinistas como da dos centristas estalinianos. Roy A. Medvedev observa a este respeito que,

a sua violência contra os campesinos, o capricho burocrático e o governo arbitrário, tanto no campo como na cidade, discordavam do leninismo muito mais do que pudera propor qualquer dos grupos da oposição(178)

A única ferramenta que permite limitar dentro do possível no seio dum Estado operário as conseqüências que acarreta numa sociedade em transição a lei do valor é o plano, assumido como arma para articular cada sector da actividade económica com o resto em função dos recursos que se possuam internamente no país e as possibilidades de exploração dos recursos naturais, mas também a articulação do país, como um todo, com o conjunto da economia universal. Tem de se considerar o plano como tarefa prioritária no desenvolvimento das forças produtivas no seu conjunto, o que implica antes de nada, um incessante ritmo de industrialização consciente e controlada polo próprio Estado. Por fim, mas nom menos importante nem muito menos, garantindo a máxima presença dos sectores postos no esforço — operários e lavradores — para o que se faz indispensável a mais completa e profunda democracia que garanta que aqueles que estão dispostos para o esforço o façam voluntária e conscientemente. O proletariado necessita da democracia como forma política da sua ditadura no senso que explicitara Engels com assaz precisão:

Está absolutamente além de qualquer dúvida que o nosso partido e a classe operária só podem chegar ao domínio sob a forma de república democrática. Até é esta última a forma específica da ditadura do proletariado, como o tem provado já a Grande Revolução francesa.(179)

A política, então, não se poderá estabelecer na enganosa dicotomia entre a melhora do bem-estar do conjunto da população e o abastecimento global em bens de produção; daquela, a acumulação tem de ser a óptima em troca da máxima, isto é, pôr em primeiro plano o incremento do nível vital dos trabalhadores tanto da cidade como do campo, desde que qualquer diminuição do nível de vida da massa operária levará para um decrescimento relativo da produtividade do trabalho empecendo quaisquer esforços acumulativos, vindo abaixo o plano ao não poder dar rendimento os efeitos da medrança de stokagem de bens de produção. Vale dizer, para trançar o valor de troco há que quebrar a escassez de valores de uso, rompendo, por esses meios, todo esbanjamento do sobre-produto social para fins improdutivos (aparelhos de propaganda, policiais, gastos sumptuários...) Por isso não era uma bizantina discussão a briga levada pola Oposição contra a gestão burocrática, embora o cerne mesmo do combate pola construção do socialismo.

Assim e tudo, moldurar tão só dentro dos fechados marcos económicos a discussão é deturpar toda a luita polo socialismo. Tem de estar um muito distante do espírito de 1917 para argumentar que a abordagem da construção do socialismo pode esquecer a relação de forças entre o impulso da planificação sob formas de propriedade colectiva num determinado espaço geográfico e o capitalismo mundial como um conjunto, não se tem de traçar desde o plano político. O particular finca-pé de Trotski neste ponto, e precedentemente toda a tradição Marxista que vai desde Marx e Engels até Lenine, da mais ampla democracia no movimento operário, endenta-se com o conjunto de elementos orgânicos no Estado conquistado polos operários, isto é, a planificação - que não é já um mecanismo imposto à economia como a “programação” nos países capitalistas - e a tarefa “esquecida” por Estaline e os seus: a imperiosa necessidade de alargamento da revolução para o plano internacional. Rosa Luxemburgo deixou-o gravado em frases joalheiras:

Este é o aspecto essencial e perene da política dos bolcheviques, aos que corresponde o mérito histórico imperecedoiro de mostrar o caminho ao proletariado mundial no relativo à conquista do poder político e os temas práticos da realização do socialismo, assim como ter empuxado poderosamente o enfrentamento entre o capital e o trabalho em todo o mundo. O único que cabia fazer na Rússia era traçar o problema, sem resolvê-lo. Neste sentido, o futuro pertence em todas as partes ao bolchevismo.(180)

Mas ao fim e ao cabo, Estaline era um político excessivamente empírico para chegar a tais conclusões.(181) Como na fábula bíblica, a burocracia procurou um homem à sua imagem e semelhança e achou Estaline. A classe dos operários esgotada pola Guerra Mundial, a Revolução, a Guerra Civil, desmoralizada pola frustração da revolução na Europa, desejava paz, tranqüilidade. Os funcionários, que receavam do internacionalismo bolchevique, queriam “ordem” para as suas tarefas administrativas e temiam a intromissão dos focinhos operários e campesinos nos seus “delicados” assuntos. O proletariado podia dizer com Bertolt Brecht: “comesto vivo fui polas mediocridades”.(182) Rodolfo Llopis,(183) perspicaz observador, reparou:

A burocracia obstaculiza os avanços rápidos. O obreiro funcionário faz-se, dia por dia, mais funcionário e menos operário. A sua mentalidade foi mudando. Sofre uma desviarão perigosa...(184)

A ambigüidade que se instalara como um tumor maligno entre Estado dos Sovietes e socialismo, haveria servir para uma maliciosa sagração do Estado por cima dos proletários e campesinos e dum modelo do “socialismo” pola malta de Estaline, bem longe da construção do socialismo que postularam Marx e Engels:

uma associação onde o livre desenvolvimento de cada um é a condição do livre desenvolvimento de todos(185).

O Trunfo Burocrático-Despótico

Temos justificado já que a junção de factores: a estrutura económica hipotecando uma rápida industrialização em grande escala, a derrota das revoluções uma trás da outra e a pressão burguesa no plano internacional(186) empurravam para uma hierarquização maior cada vez, das instâncias partidárias e de governo do Estado. A feroz briga, fechada no estreito cercado do Buró Político do PC (B), permitia a ampliação dum controlo férreo deste órgão sobre o resto do Partido e dum engasgo brutal do conjunto das instituições do proletariado e dos lavradores pobres.

Na altura de 1927 o Buró Político estava polarizado em duas linhas de força, uma ocupada pola “ala direitista”: Bukharine (Presidente da Internacional Comunista), Rikov (Presidente do Conselho dos Comissários do Povo), Tomski (Presidente dos Sindicatos), Uglanov (Responsável do Partido em Moscovo) e Kalinine (Presidente dos Sovietes); outra a “estalinista”: Estaline (Secretário Geral), Molotov (Encarregado da agricultura e da organização no Partido), Kosior (Responsável do Partido na Ucrânia) e Esvernik. Entre estas duas posições abalavam de contínuo segundo os debates, Voroshilov (Responsável do Exército) e Rudzutak (Presidente do Comitê da Produção Química).

As luitas que se sucederam — cada grupo apoiando-se em diferentes forças sociais — traduziram um novo cenário com outra dramatis personae: Uglanov e Kosior foram substituídos por Kuibishev (Responsável da Planificação) e Kaganovitch (Responsável de Organização); Bukharine e de seguida Tomski, afastados dos círculos de poder, entanto Voroshilov e Kalinine optavam pola tendência Estaline junto Ordzonikidzé e Mikoiám. Este será o núcleo que deterá, já sem discussão nenhuma, as alavancas principais na União Soviética.

Não tivesse sido possível tal triunfo engenhoca se importantes estratos da sociedade não lhe brindar uma protecção mais ou menos activa. A ampla camada de quadros dirigentes do Partido e de directores e técnicos das empresas(187) apostavam por apressar a industrialização, não para alentar ao proletariado com miras à vitória da revolução noutros países, embora por razoes nacionalistas de seguridade perante o exterior, mais recursos para os negócios e mais incentivos pessoais. A este respeito Claudín, observa que

a perspectiva da construção integral do socialismo não foi uma meta cientificamente elaborada, mas antes o mito que se agitou perante o povo soviético para darem uma justificação aos imensos sacrifícios que lhe demandavam. E por isso não valeram para formar às massas como sujeito consciente, exigente e crítico, da sua própria obra, mas ao contrário, para cultivarem nelas uma atitude acrítica, de resignação; para convertê-las em objecto de doada manipulação (...) para afirmar o mito houve de recorrer ao terror”.(188)

À vez, muitos trabalhadores e pequenos lavradores, fartos de penúrias, atrassamento, extremamente severa pressão disciplinar nas fábricas, salários bem raquíticos, demoras nas remunerações, considerável desprovimento alimentário nas cidades e condições sumamente ásperas de proletarização para os camponeses, desejavam alívio e dignidade para as suas desventuradas vidas conformando um amplo e poderoso basamento social.

Os tons nacionalistas e autocratas principiados polos dirigentes concordavam com as características pessoais da mais alta burocracia conduzindo-os rumo a um sistemático recurso das molas repressivas com que resolverem divergências ideológicas e políticas, reduzindo-as a simples questões administrativas e formalismos disciplinares e, harmonizado com isto, para versões ideológicas encobridoras de realidades muito longe das formulações que oficialmente a eito se manifestavam: função rectora dos sovietes e democratização, apoio aos camponeses pobre e assim seguido. O que deu na imposição desde os centros de poder aos organismos normativos em qualquer graduação, de decisões que contradiziam o próprio funcionamento estabelecido nos estatutos do Partido e mesmo a legalidade constitucional do Estado. Enquanto o XV Congresso (2 ao 19 de Dezembro de 1927) acordou continuar com uma política económica sem desequilíbrios entre os sectores industriais nem tirar as proporções entre a indústria e a agricultura, o Comitê Central em 1928 apressou a industrialização com orientação de preferência para os meios de produção com um abusivo descuido dos de consumo. O Buró Político e nomeadamente Estaline, aos poucos, aceleraram ainda mais as cadências sepultando os acordos do XV Congresso.(189) A XVI Conferência de Abril de 1929 assegurou esta política que até 1930 não fora aprovada polo XVI Congresso, dissipando os acordos do XV com uma estrategia radicalmente oposta ao aprovado três anos quase não.

Poder-se-ia, daquela, interpretar que foram os fados os que empurraram à Revolução para o escuro, triste e sanguinolento beco onde atolou? Uma interpretação nesta via seria mística e dum fraco servilismo com as circunstâncias. Que a URSS ficou condenada para uma acumulação socialista primitiva sabemo-lo bem desde o Preobrazhenski,(190) mas seria errado, todavia, que tirássemos de aí finalmente que a acumulação tivesse que dar em resultado fatal a fusão numa camada social privilegiada dos aparelhos do Estado, das molas económicas e das alavancas de fundamento do Partido e que a acumulação socialista desse em conseqüência um iniludível rebaixamento das condições vitais dos operários e dos lavradores até os engolir e engrunhir. No entanto ao contrário, foram estas horríveis condições económicas as que robusteceram ferreamente o estalinismo. O Estado furtou de coacção a gestão dos interesses comuns apoderando-se violentamente das funções dos autônomos corpos organizados dos trabalhadores e lavradores por uma tenaz de coerção e de fraqueza, subordinando as anelações da generalidade aos duma cambada. Órgão omnímodo e despótico, pudo alçar-se sobre o envasamento duma imensa humanidade lavradora e dumas cidades ilhadas nesse interminável mar, transformadas polos acontecimentos históricos em agrupações meio-parasitárias de centros administrativos e militares.

Mas, poderia perguntar qualquer, era isso inevitável? Lenine gostava porfiar que não há situações sem saída, e a luita incansável da Oposição de Esquerda assim o avalia. Uma reação dos quadros bolcheviques pudo trocar de rumo o barco aquele, inclinando a proa do partido na direcção donde vinha o vento favorável para a revolução proletária na União Soviética e no mundo. Argumentar que Trotski e os oposicionistas sob-estimaram o Thermidor e os factores objectivos que empurravam para uma “acumulação burocrática”, envolve a superestimação dos burocratas e, disso, que estes sempre tiveram razão. Por isso é que Lukács, como já sublinhamos, teimou:

não havia ninguém naquela época em condições de proporcionar uma perspectiva rica em conseqüências teóricas e aplicáveis aos problemas de fases ulteriores”.

Os oposicionistas bolcheviques, polo contra, luitaram com o ponto de mira na relativa autonomia dos factores subjectivos que poderiam provocar uma troca das condições políticas e económicas a nível nacional e internacional que arredasse o estalinismo, visto que inclusive no cenário dum estado autenticamente socialista, a consciência da vanguarda do proletariado é primária. Uma reação correcta ter-se-ia dado se a vanguarda tivesse compreendido cabalmente para onde ia a Revolução. As raízes e as conseqüências tarde de mais e bastante dispersadas foram compreendidas. E com estas incompreensões e o caldo de cultivo favorável, a vaga do trunfo dos déspotas sobre o proletariado.

A ferocidade com que Estaline liquidou os seus velhos aliados fraccionais: Zinoviev, Kamenev e Bukharine, aos obreiros, artistas, ingenierios, intelectuais e simples militantes comunistas, não é mais que reconhecimento de que para Estaline próprio o regime que tinha montado andava de cote no gume da navalha. Para manter a ficção de serem herdeiro directo do bolchevismo e de Lenine, entanto expropriava politicamente o proletariado e os camponeses pobres, revertia o internacionalismo, tão caro à tradição do Partido, num pequeno-burguês socialismo num só país e reforçava a grande falsidade com um feroz terror de estado policiado.

Um Contributo Imorredoiro

Há que voltar muitas vezes às estrênuas e arrepiantes palavras de quem fora chefe da rede de espionagem soviética na Alemanha nazi, Leopold Domb-Trepper:

A revolução degenerada engendrara um sistema de terror e horror, na que eram escarnecidos os ideais socialistas no nome dum dogma fossilizado que os verdugos ainda tinham o descaramento de chamar Marxismo.

E malgrado, dilacerados, mas dóceis, seguíramos esmiuçando a engrenagem que tínhamos posto em marcha com as nossas próprias mãos. Como rodas do mecanismo, aterrorizados até o extravio, converteramos-nos em instrumento da nossa própria submissão. Todos os que não se ergueram contra a máquina estalinista são responsáveis, coletivamente responsáveis dos seus crimes. Também não me eu liberto deste veredicto.

Mas, quem daquela protestou? Quem se ergueu para gritar o seu desgosto?

Os trotskistas podem reivindicar esta honra. Em semelhança do seu líder, que pagou a sua teimosia com um golpe de piolete, os trotskistas combateram totalmente o estalinismo e foram os únicos que o fizeram. Na época das grandes purgas, já só podiam berrar a sua rebeldia nas imensidades geadas, aonde os conduziram para melhor exterminá-los. Nos campos de concentração, a sua conduta foi sempre digna e mesmo exemplar. Mas as suas vozes perderam-se na tundra da Sibéria.

Hoje em dia os trotskistas têm o direito de acusar os que antanho coraram os oulidos de morte dos lobos. Que não esqueçam, porém, que possuíam sobre nós a imensa vantagem de dispor dum sistema político coerente, susceptível de substituir o estalinismo, e ao que podiam agarrar-se no meio da profunda miséria da revolução traída. Os trotskistas não “confessavam”, porque sabiam que as suas confissões não serviriam nem ao partido nem ao socialismo.(191)

Este magistral volume de Trotski expõe com clareza não habitual a lide contra o descarrilamento da revolução operária, o duro combate contra a urgência burocrática por conduzir os combóios da emancipação para trilhos sem saída. Explica que a briga política desenvolvida vinha determinada por correlações de forças de classe desfavoráveis para a vanguarda proletária, ao passo que o autor cumpria a obriga de honesto e incansável revolucionário de ajustar as contas a tanto enleamento com uma seriedade e qualidade além do comum. Anos mais tarde haveria escrever na Revolução Traída, súmula do seu pensamento, sobre a burocracia estalinista:

Temos definido o Termidor soviético como a vitória da burocracia sobre as massas. Tentámos mostrar quais as condições históricas desta vitória. A vanguarda revolucionária do proletariado foi absorvida em parte polos serviços do Estado e, pouco a pouco, desmoralizada, em parte destruída na guerra civil, em parte eliminada e esmagada. As massas, fadigadas e desiludidas, nada mais apresentavam do que indiferença polo que se passava nos meios dirigentes. Estas condições, por importantes que sejam, de modo algum bastam para nos explicar como a burocracia conseguiu elevar-se acima da sociedade e tomar nas mãos por muito tempo os destinos desta; a sua vontade seria unicamente, em qualquer caso, insuficiente; a formação duma nova camada social deve assentar em causas sociais mais profundas.(192)

Enquanto, “o espectro da revolução acossava as noites de Macbeth-Estaline, que procurava se resguardar dele, aos olhos da classe operária e da juventude instruídas no culto à Revolução de Outubro, com a ajuda da matança e dos enfeites do crime, ao mesmo tempo em que se amparava proporcionando empregos públicos e privilégios a dezenas de milhares de candidatos. Estaline, fruto monstruoso e parasitário dum avanço não interrompido para a revolução mundial, «traía» a revolução ao batalhar, no nome dos privilégios que encarnava, o profundo movimento da revolução obreira mundial, tanto na URSS como nos países capitalistas”,(193) os povos soviéticos laiavam a morte de Lenine:

“Se Lenine vivesse!... Quantas vezes não terei escuitado semelhante queixa nos dias que passei na Rússia... Se Lenine vivesse –disseram-me— não se tivesse trançado a unidade do partido... Se Lenine vivesse, ele, que sabia antever os problemas e adiantar-se aos acontecimentos, não se houvesse deixado surpreender por estes conflitos que com tanta freqüência estalam. Lenine dava a sensação de ser superior aos problemas. De dominá-los. Agora, ao contrário, são os problemas que dominam os homens.”(194)

A luita levada até o derradeiro fôlego por Trotski contra o estalinismo para endireitar o calvário dos povos projectou uma labareda de fulgor tal que não perdeu intensidade sessenta anos após o seu assassinato. Rematando Trotski o 20 de Agosto de 1 940 a reacção termidoriana rendeu, ao final, a mais alta homenagem ao Marxismo ao tentar clausular a Revolução terminando com a sua vida.

Quem com os seus próprios olhos enxergou a Beleza
Cedeu nos braços da morte.(195)

Não se pode entender, em nossa opinião, nem o Marxismo do tempo presente, nem a trágica história do século XX(196), sem conhecer a sério, a vida e a obra deste combatente incansável. É justamente no estudo sobre a sua vida e obra, num pretérito assaz complexo que traduze um presente bem enguedelhado, que se pode inaugurar um novo capítulo que afaste da barbárie o porvir da humanidade.

Este livro de batalha nas entranhas do monstro, esforço imenso para pôr sobre os pés os alicerçados princípios do Marxismo: o internacionalismo proletário, a democracia obreira e a autonomia das organizações dos operários defronte a qualquer movimento burguês, chamem-se como se chamar(197) é, simultaneamente, um poderoso latejo desde o passado para uma acção libertadora das espessas trevas da opressão e uma fulgente labareda arremessada ao futuro.

A humanidade ainda não chegou à descoberta do método epidural para o parto sem dor no domínio das transformações sociais. Procurar na abreviação dos sofrimentos para “que podam brincar os nenos ledamente”,(198) como escrevera ainda não há muito um grande poeta galego, mais que útil, é urgente.

Anda um espectro pola Europa, polo mundo, o espectro do Comunismo, e nada nem ninguém poderá esconjurá-lo já.

José André Lôpez Gonçâlez

24 de Julho de 2001


Notas:

(167) O “Compendio de Historia del Partido Comunista de la Unión Soviética”, obra dirigida por Boris Ponomariov, membro destacado da direcção do P.C.U.S., despacha o assunto com a seguinte nota: “Cada vez que o País dos Sovietes se via em condições especialmente difíceis, Trotski renovava os seus ataques contra o partido e tratava de dividi-lo. No outono de 1923 surgiram dificuldades na venda de artigos industriais, o que suscitou certo descontentamento no povo. Trotski aproveitou-se das referidas dificuldades, e que Lenine estava doente, para acusar o Comitê Central do partido, do que fazia membro, de conduzir o país para a catástrofe” [pág. 202]. A pergunta que nos sugere tudo isto é: Que aconteceu, quais foram as causas para que o país se visse “em condições especialmente difíceis”? Como era que “no outono de 1923 surgiram dificuldades na venda de artigos industriais”? Irromperam tal qual ou houve outra ou outras causas? Os autores não foram quem de desvelar tais “profundos mistérios” porque se torna impossível dizer algo desde o seu encadeamento de idéias. (retornar ao texto)

(168) Citado segundo E.H.Carr, El Interregno, pág. 115. (retornar ao texto)

(169) O texto pode-se ler no livro de E.H.Carr, El Interregno (1923-1924), págs. 364-369. (retornar ao texto)

(170) Numa carta dirigida a Pkóev, Estaline afirma: “sem o apoio dos operários do Ocidente, com muita dificuldade resistiríamos os inimigos que nos cercam. Bem estará se esse apoio desemboca depois numa revolução vitoriosa no Ocidente. Então, a vitória no nosso país será definitiva. Mas, e se esse apoio não desemboca na vitória da revolução em Ocidente? Podemos construir e levar o cabo a edificação da sociedade socialista sem essa vitória no Ocidente? O Congresso dissera que podemos. De outra maneira, não se tinha porque ter tomado o Poder em Outubro de 1917” (Sobre a possibilidade de levar ao cabo a edificação do socialismo no nosso país. Contestação ao camarada Pokóev, em Obras de J. Stalin, Vol. VIII, pág. 103-104) e noutro lugar: “Nem Zinoviev nem Kamenev negam, nem têm negado nunca, que podamos começar a edificar o socialismo no nosso país, porque seria uma parvoíce negar o facto, evidente para todos, de que no nosso país está-se a edificar o socialismo. Mas negam resolutamente a tese de que podamos levar ao cabo a edificação do socialismo. A Zinoviev, Kamenev, Trotski, Esmilga e outros os ligam, nesta questão, a sua atitude negativa a respeito da tese de Lenine de que podamos levar ao cabo a edificação do socialismo, de que temos «todo o imprescindível para edificar a sociedade socialista completa74» Liga-os o estimar possível «edificar a sociedade socialista completa» só com a vitória da revolução socialista nos principais países da Europa. Por isso é completamente errôneo contrapor Trotski a Esmilga no problema da edificação completa do socialismo no nosso país”. Carta a Slepkov, em Obras de J. Stalin, Vol. VIII, págs. 219-220. ([a nota 74 inserida por Estaline com trapaceira referência a Lenine alude a: V. I. Lênin, Obras, t. 33, pág. 428, 4ª ed. Em russo]. As itálicas são de Estaline.) (retornar ao texto)

(171) Giulano Procacci faz notar na introdução ao volume II de El gran debate, o achegamento relativo das teses sustentadas por Zinoviev no livro O Leninismo com as propostas de Trotski em Lições de Outubro. O historiador italiano mantém: “As conclusões de Zinoviev... não podiam ser outras que a idéia que uma vitória “definitiva” do socialismo na Rússia não havia ser possível sem a vitória do mesmo numa série de países, isto é, uma nova lançadura duma política internacionalista. Retornava suscitar, deste modo, quase inadvertidamente, as instâncias e as idéias que o mesmo Zinoviev, mais do que nenhum outro, tinha ajudado a combater e dissipar. Os fundamentos para a aliança entre Trotski e o grupo opositor dirigido por Zinoviev e Kamenev que se concordou depois nas vésperas do XV Congresso (2-19 de Dezembro de 1927) hão de se procurar neste período.” (pág. 4). (retornar ao texto)

(172) O XV Congresso expulsou do Partido, como “dirigentes activos da oposição trotskista”: 1) Iv. Avéiev, 2) A. Alexándrov, 3) Ausem, 4) A. Batashov, 5) S. Baranov, 6) Iv. Bakáiev, 7) Budzínskaia, 8) M. Boguslavski, 9) Vaganiám, 10) I. Vardim, 11) I. Vrachov, 12) S. Guessem, 13) N. Gordón, 14) Ar. Guértik, 15) A. Guralski, 16) Drobnis, 17) T. Dimítriev, 18) G. Evdokímov, 19) S. Zorim, 20) P. Zalutski, 21) Ilim, 22) L. Kamenev, 23) S. Kavtaradze, 24) Kasperski, 25) M. Krasóvskaia, 26) Kovalevski, 27) A.S. Kuklim, 28) V. Kaspárova, 29) Komandir, 30) Kagalim, 31) Kostritski, 32) A. Konhkova, 33) I. N. Katalínov, 34) M. Lashévitch, 35) V. Levim, 36) G. Lubim, 37) P. Lelosol, 38) Lizdinh, 39) G. Lobánov, 40) N. Murálov, 41) A. Mínichev, 42) N. Nikoláev, 43) M. I. Natamsom, 44) I. Piatakov, 45) V. Ponomariov, 46) Pitashko, 47) A. Petersom, 48) I. Paulsop, 49) I. Reingold, 50) O. Rávitch, 51) K. Rádek, 52) Jr. Rakovski, 53) Rotskám, 54) R. Rafaíl, 55) V. Rumiántsev, 56) G. Safárov, 57) I. Esmilga, 58) Sokolov, 59) K. Soloviov, 60) L. Sosnovski, 61) I. N. Smirnov, 62) Z. Senkov, 63) Túzhikov, 64) F. Tartakóvskaia, 65) O. Tarkhánov, 66) I. I. Tarásov, 67) Ukonem, 68) Gr. Fiódorov, 69) Iv. Fortim, 70) Iv. Filíppov, 71) N. Kharitónov, 72) Chernov, 73) M. Shepsheliova, 74) E. Eshba, 75) Z. I. Lílina.
E do grupo de Saprónov “como evidentemente anti-revolucionario”: 1) N. Zavariám , 2) B. Emeliániov (Kalim), 3) M. N. Mino, 4) M. I. Minkov, 5) V. M. Smirnov, 6) T. Khárechko, 7) V. P. Oborim, 8) S. Shráiber, 9) M. Smirnov, 10) F. I. Pilipenko, 11) E. Duné, 12) A. L. Slidóvker, 13) L. Tíkhonov, 14) Ustímchik, 15) A. Bolshakov, 16) D. I. Kirílov, 17) P. P. Mikini, 18) M. V. Proniáev, 19) V. F. Várguzov, 20) P. L. Stróganov, 21) M. S. Penkó, 22) P. S. Chersánov, 23) D. G. Putilim. (Contra el Trotskismo, págs. 295-296).
O 19 de Janeiro de 1928, a imprensa publicou a relação dos trinta membros da oposição que saíam deportados para a Sibéria. (retornar ao texto)

(173) A Resolução dos Conselhos Operários do 11.º distrito de Budapeste, assinado em 12 de Novembro de 1956 e o Manifesto do Conselho Central Operário do Grão Budapeste de 14 de Novembro de 1956, falam claramente duma luita por voltar aos primórdios da Revolução de Outubro, como antes no levantamento operário de Berlim - Leste em 1953, como na Polônia em 1956 e há acontecer depois na Checoslováquia em 1968 e outra vez na Polônia em 1970. Como bem dissera Rosa, “o futuro pertence por todas as partes ao «bolchevismo»”. Certamente o rescaldo, o remol bolchevique, nunca deixara de aquecer as idéias de liberação. Segundo relata Fernando Claudín no seu livro “La oposición en el «socialismo real»”, em 1956 um grupo encabeçado por Wolfgang Harich “apresenta a necessidade de enriquecer o «marxismo-leninismo» com os contributos de Trotski, Rosa Luxemburgo, Bukharine e mesmo Kautski. Proposta escandalosa na Alemanha de Ulbricht” (pág. 215). Na União Soviética em 1978 um grupo dirigido polos estudantes de história Arkadi Surkov e Alexander Skobod, que fundaram um grupo opositor com o nome de Oposição de Esquerda ou Nova Esquerda discutiam de problemas políticos, filosóficos e artísticos foi desmantelada. A polícia achou textos de Bakunine, livros proibidos dos anos vinte, obras de Trotski, traduções de Marcuse, etc... (pág. 96).
Consideravam os bolcheviques-leninistas o seu calvário de maneira nenhuma inútil? Pois não. (retornar ao texto)

(174) Leopold Trepper, El gran juego, pág. 68. (retornar ao texto)

(175) O texto pode-se ler no volume La oposición de izquierda en la U.R.S.S., págs. 181-201, Editorial Fontamara, Barcelona, 1977. (retornar ao texto)

(176) Rusia al desnudo, Editorial Cenit, Madrid, 1930. (retornar ao texto)

(177) Quem fora saudado polo romancista valenciano Blasco Ibáñez como “um boêmio inspirado e genial, da mesma família que Gorki e Jack London” (Carta-prólogo em Kyra Kyralinae Os cardos do barregão, Ediciones Lux, Barcelona, 1920, 1925 e 1926), viajou à URSS em 1928 convidado polo seu amigo Christian Rakovski em companhia do romancista grego Nikos Kazantzakis, a bela Bilili e Helena Sámios (La verdadera tragedia de Panait Istrati, Elena Samios, Ed. Ercilla, Santiago de Chile, 1938), onde olhou a degeneração da Grande Revolução de Outubro: “Eu não sou um teórico, mas entendo o socialismo de outra maneira” (Vitor Serge, Memorias de un revolucionario, Ed. El Caballito, México, 1973, p. 291). Vitor Serge relatará a valentia com que Istrati se enfrentara um paifoco burocrata que lhe argumentava: «“Panait, não se pode fazer uma omelete sem quebrar os ovos”... Espetando-lhe a tergo: “Bom, bem vejo os ovos rompidos. Aonde vai a omelete?”» (Memorias de un revolucionario, Ed. El caballito, México, 1973, p. 302). A sua radical atitude há-lhe custar muito caro. Convertido pola propaganda oficial num traidor, morreu ilhado e esquecido em Bucareste em 16 de Abril de 1935. (retornar ao texto)

(178) Que juzgue la historia, pág. 97. (retornar ao texto)

(179) Contribuição à crítica do projecto de programa social democrata de 1891, em Obras Escogidas en tres tomos, Vol III, pág. 456, Editorial Progreso, Moscovo, 1981. (retornar ao texto)

(180) La Revolución rusa, em Obras Escogidas, Vol. 2, pág. 148. (retornar ao texto)

(181) Edward Hallet Carr faz dele uma fotografia de grande perfeição: “Um empirista inglês diria: «Deixemos à teoria que cuide de sim mesma, e sigamos com o nosso trabalho». Estaline, como marxista, tinha que envolver essa idéia com tediosos adornos doutrinais; mas no fundo vinha dizer o mesmo”. Estudios sobre la revolución, pág. 214. (retornar ao texto)

(182) Aufgefressen wurde ich
                 Von den Miittelmäßigkeiten. (retornar ao texto)

(183) Rodolfo Llopis (Callosa d´En Sarrià, 1895 – Albi, 1983) (militante do Partido Socialista Operário Espanhol - PSOE - desde 1917, Director Geral de Primeiro Ensino durante a IIª República e depois Presidente do Governo da República espanhola no exílio desde 1947 até 1976), a quem não se lhe devem atribuir veleidades comunistas, em finais dos anos vinte do século passado escrevera para o jornal madrileno El Sol uma coleção de dez artigos fruto duma viagem pola Rússia revolucionária, recolhidos depois num livro sob o título Cómo se forja un pueblo, fornece-nos uma plástica impressão daqueles anos: “Durante o comunismo de guerra –dizia-me um trotskista- o país era um verdadeiro campamento. Não se discutia. Era o momento de actuar. Terminada a guerra civil, no 21, chegou a NEP. Houve uma volta para a direita. Confiávamos sair daquela situação com a revolução mundial. As nossas esperanças cifravam-se na Alemanha. Claro é que a Polônia ficava atravessada no nosso caminho. Mas a Polônia não tinha senão eleger: Ou servia de ponte, ou servia de barreira. Tanto tinha. Chegou 1923. O fracasso alemão repercutiu bastante na Rússia. As possibilidades da revolução mundial afastavam-se. Trotski já não queria quartel, embora democracia. Democracia proletária, desde logo. Então muito se falou da possibilidade de construir o socialismo num só país. Isso não o podem defender mais que os que têm mentalidade de pequeno-burguês”. Cómo se forja un pueblo. La  Rusia que yo he visto, pág. 262, Editorial España, Madrid, 1929. (retornar ao texto)

(184) Cómo se forja un pueblo, pág. 228. (retornar ao texto)

(185) Manifesto Comunista, Abrente Editora, A Corunha, 1998, pág. 70. (retornar ao texto)

(186) Em 1927 Grã-Bretanha rompera relações com a República Soviética; a Polônia procurava anexar a seu domínio à Bielorússia e à Lituânia e nisso era apoiada polas potências ocidentais; o Kuomintang virou umas relações de amizade noutras manifestamente hostis, animada também polas mesmas potências imperialistas; por fim, não eram alheios a estes enredos os conflitos na Geórgia e na Ucrânia. (retornar ao texto)

(187) Para 1927, entre as 639 grandes fábricas e conglomerados agrícolas da União Soviética, perto das duas terceiras partes dos subdirectores e mais da metade dos directores não eram militantes comunistas. (retornar ao texto)

(188) La crisis del movimiento comunista. De la Komintern al Kominform, pág. 59. (retornar ao texto)

(189) “Uma vez que a oposição fora machucada, e que os seus dirigentes obrigados em abandoar Moscovo e ficarem dispersos, desapareceram as inibições que contiveram os altos dirigentes do partido. A troca climática repercutiu na dureza das «medidas extraordinárias» empregadas na quantia arrecadada de grau nos primeiros meses de 1928.” E. H. Carr, La revolución rusa: de Lenin a Stalin. (1917-1929), pág. 187. (retornar ao texto)

(190) Vede: La nueva economía, Ediciones Ariel, Barcelona, 1970 [esta edição é a transcrição literal da edição cubana publicada na Habana em 1968]; De la NEP al socialismo, Editorial Fontamara, Barcelona, 1976 e Por una alternativa socialista, Editorial Fontamara, Barcelona, 1976. (retornar ao texto)

(191) El gran juego, pág. 68. (retornar ao texto)

(192) La Revolución Traicionada, págs. 120-121. (retornar ao texto)

(193) Pierre Broué, Los procesos de Moscú, pág. 258. (retornar ao texto)

(194) Cómo se forja un pueblo, pág. 260. (retornar ao texto)

(195) Wer die Schönheit angeschaut mit Augen,
                  Ist dem Tode schon anheimgegeben.
                                                                (August von Platen) (retornar ao texto)

(196) É muito sobressalente o facto de que Trotski representava a encarnação vivente da revolução, não só para os bolcheviques leninistas também para a burguesia mais inteligente, consciente do que se estava a jogar.  Que em 1939 o embaixador francês Coulondre, tentasse persuadir Hitler argumentando que após uma guerra na Europa o vencedor só poderia ser Trotski, isto é o comunismo, não é uma anedota de importância menor. (retornar ao texto)

(197) Mesmo que seja de libertação nacional, caros companheiros do B.N.G. e camaradas da U.P.G.
NOTA PARA OS LEITORES NÃO GALEGOS:
O B.N.G. (Bloco Nacionalista Galego), é uma organização nacionalista de esquerdas que visa converter a Galiza num Estado confederado com o resto da Espanha polo mecanismo do Direito de Autodeterminação. Hoje governa, junto com o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), a Comunidade Autónoma da Galiza. Na VIII Assembléia Nacional, celebrada na cidade de Ourense em 27/28 de Junho de 1998 ficou assentado: “Galiza, o âmbito nacional, é o espaço fundamental da acção política do BNG. Galiza constitui o território nacional onde conseguir a hegemonia política como fundamento da autodeterminação; a nação onde defender os direitos sociais, económicos e culturais e exercer a cidadania, a liberdade e a acção solidária com os demais povos. A assunção do poder político em Galiza é a condição necessária da sua actuação plena nos espaços peninsular e europeu.
O Estado espanhol é ao mesmo tempo a instituição que nega a soberania que lhe pertence ao povo galego e o espaço político no que conquistar a liberdade nacional; hoje através da acção por um Estado plurinacional de tipo confederado, ademais de ser o território mais próximo, junto com Portugal, para o restabelecimento de relações políticas, económicas e sociais. Com independência da estratégia e os objectivos de soberania pretendidos para Galiza como nação, as ligações existentes entre Galiza e o resto dos povos do Estado e a sua comum participação numa estrutura institucional autonômica, derivada da Constituição de 1978, configuram o marco da intervenção do BNG na política estatal”. (pág. 13 dos Relatórios da VIII Assembléia Nacional. Sem data nem lugar de edição).
A U.P.G. (Uniom do Povo Galego), é um partido comunista inserido no BNG. Já desde o seu primeiro congresso (26, 27 e 28 de Agosto de 1977) definiu-se como:
Artículo 1. A UPG é o Partido de vanguarda da classe obreira galega que defende objectivamente os interesses de todas as classes trabalhadoras do nosso país. A UPG é um partido patriótico, porque assume a luita de libertação nacional, na perspectiva da instauração dum Estado galego democrático e popular, que acabe com a colonização que padece o país, como passo indispensável para a instauração, mediante a dictadura do proletariado, do Socialismo no caminho da sociedade comunista.
Artigo 2. A UPG fundamenta a sua teoria e guia a sua acção no marxismo-leninismo, aplicando o materialismo dialéctico às condições concretas da Galiza (Primeiro Congresso, pág. 53, Edições Terra e Tempo, Galiza, Setembro, 1977). (retornar ao texto)

(198) António Avilês de Taramancos: Hai que matar a Supermán, em O tempo no espelho, pág. 188, Ediciós do Castro, A Corunha, 1982. (retornar ao texto)

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Inclusão 25/10/2007
Última alteração 10/05/2021