República Democrática Alemã - Sociedade Socialista Avançada

Alexandre Babo


Alguns Números Importantes Sobre a Agricultura na RDA, Relativos a 1973, Portanto Aquém da Realidade Actual


capa

Parque mecânico de 143 200 tractores, com potência até 220 CV; 18 000 ceifeiras debulhadoras; 10 200 arrancadoras-transportadoras automáticas de batata; 5000 arrancadoras-se- paradoras-transportadoras automáticas de beterraba. O grau de mecanização, neste ano, era de 99,2% para cereais, 99% para a beterraba e de 85% para a batata. Em 1972/73 adubaram-se as terras com 270 kg, por ha, de substâncias nutritivas como: azoto, fósforo e potassa. Para fazer face aos problemas das condições atmosféricas, foram drenados 600 000 ha e irrigados 400 000 ha.

Os resultados da intensificação na agricultura foram altamente frutuosos. De 1950 a 1973, as entregas ao Estado aumentaram na seguinte proporção: gado, cinco vezes mais; leite, quatro vezes mais; ovos, 12,2% mais.

Em números globais, em 1972, a agricultura e a silvicultura tiveram uma produção bruta no valor de 30 800 milhões de marcos, ou seja cinco vezes mais que em 1950. Desta forma, diminuíram as necessidades de importação e o país basta-se a si próprio em relação aos produtos alimentares básicos — carne, leite, ovos, batata e açúcar.

E entretanto o consumo anual por habitante aumentou bastante, como é natural, porque hoje esses produtos são para consumo das classes trabalhadoras, ao contrário do que se verificava antes.

Não podemos esquecer que a proporção de trabalhadores de agricultura que obtiveram uma formação profissional, incluindo a formação superior e técnica, foi, entre 1950 e 1973, a seguinte: 1950-7,2%; 1960-11%; e em 1973 - 72,5%.

Em numerosas publicações da RDA os interessados podem encontrar dados e números sobre o desenvolvimento da agricultura naquele país e a sua profunda transformação sob todos os ângulos por que possa ser observada. No entanto, há alguns desses aspectos que se me afiguram merecer aqui um destaque especial e que qualquer leigo no assunto pode entender.

Um deles é o papel da cooperação. Isto é, a entreajuda estabelecida entre as cooperativas de qualquer dos três tipos para, em conjunto, poderem obter determinados resultados que isoladamente seriam impossíveis ou extremamente caros.

Assim, certas cooperativas reuniram-se a reúnem-se com empresas estatais para desenvolver em comum uma certa cultura. Através de uma mecanização é possível reduzir os prazos e os preços das sementes, portanto das colheitas.

Três, quatro, seis cooperativas reúnem-se para criar um centro agroquímíco, para desenvolvimento e melhoramento de pesticidas e de fertilizantes. Este grupo ligado a outros pode construir uma fábrica para a desidratação das forragens.

Assim, as mais desenvolvidas podem prestar um auxilio importantíssimo às mais atrasadas.

Deste modo se pode recorrer às técnicas mais modernas, conseguindo um aumento da produtividade do trabalho e de qualidade dos produtos, diminuindo o custo da produção.

Só através desta cooperação foi possível atingir resultados, como os que se seguem:

— O número de horas de trabalho por quintal foi de 6-7 horas nas explorações tipo familiar dos anos 50; em 1960, nas cooperativas dos anos 60, foi de 2-3 horas e nas empresas cerealíferas industriais dos anos 70 foi de 30 a 35 minutos; quanto ao custo de produção em marcos por ha — a proporção para os três tipos de exploração indicados, é de: 628,20, 521,50 e 440,40. Custo de produção em marcos por quintal de cereal: 26,17, 19,31 e 13,89.

A integração socialista, cooperação com a União Soviética e os outros países socialistas, estados membros do conselho de entreajuda económica, a CAME, tem um papel decisivo na intensificação e industrialização das produções agrícolas. A integração económica socialista sente-se em todos os níveis da produção.

Durante a duração do último plano quinquenal, a RDA recebeu da URSS 45 000 tractores 5MP e 22 500 1,4 MP.

Por outro lado, o Instituto de adubos minerais de Leipzig está encarregado dos trabalhos de investigação científica para todo o CAME.

O centro «AGROMACH», com sede em Budapeste, coordena os trabalhos de investigação e desenvolvimento das baterias de máquinas para a mecanização dos trabalhos das culturas nos pântanos, de frutas e vinícola.

Em Odessa, funciona para o CAME um centro para a selecção de espécies e, em breve, serão criados mais cinco centros, 2 na RDA, 2 na Checoslováquia e 1 na URSS.

A integração económica socialista dá a cada país membro a possibilidade de acelerar o ritmo de desenvolvimento da agricultura, de uma forma que seria impossível, no mesmo prazo pelo menos, com os trabalhos isolados de um só país.

São estes aspectos todos que permitem a situação que hoje é vivida na RDA.

Entre os numerosos exemplos da ajuda material desinteressada da União Soviética nos duros anos da reconstrução figura o do fornecimento de tractores soviéticos. Constituíram um factor importante para o rápido desenvolvimento da agricultura, o aumento dos rendimentos e, por fim, a melhoria do abastecimento à população que estava na miséria
Entre os numerosos exemplos da ajuda material desinteressada
da União Soviética nos duros anos da reconstrução
figura o do fornecimento de tractores soviéticos.
Constituíram um factor importante para o rápido desenvolvimento
da agricultura, o aumento dos rendimentos e, por fim,
a melhoria do abastecimento à população que estava na miséria

Mas teria sido apenas a nível técnico, a nível de quantidade e qualidade de produção que se verificou na agricultura uma grande transformação? Não me parece. Embora sendo esta inegável e de uma importância que não pode ser minimizada, houve outra transformação — outra revolução — mais profunda e de consequências mais vastas no próprio camponês — na sua essência humana, na sua estrutura social, nas suas relações. Mais talvez que em qualquer outro sector social, o socialismo modificou aqui profundamente o homem, criou um novo homem.

Gostaria que certos intelectuais do mundo ocidental que displicentemente olham a revolução operada no mundo socialista como simples melhoria material (também obtida, dizem eles, em alguns países capitalistas) vissem honestamente como homens e não como «seres elitais de uma superioridade vazia» a transformação operada no homem, no camponês, dos países socialistas.

O progresso da agricultura está em proporção com o grau de instrução dos que nela trabalham. Lembremo-nos que entre camponeses, em 1972, na RDA, 62,7% tinham recebido instrução completa. O acesso ao ensino e à cultura é igual na cidade como no campo. Os direitos do homem como da mulher são iguais.

Todas as aldeias têm um centro de cultura, um clube. Em cada quatro comunidades rurais há uma casa de cultura,(4) um teatro, um cabaret satírico, estúdios de cinema amador, etc. As secções desportivas aumentam na mesma proporção. No campo há 8500 bibliotecas com um total de 3 700 000 livros. No ano passado o número de leitores foi de 13 milhões, dos quais, cerca de 5 milhões para literatura e 1 milhão para estudos técnicos.

Todas as cooperativas de produção agrícola dispõem hoje de um moderno parque de máquinas. Hoje predomina no campo a técnica moderna. Na fotografia: uma brigada de tractoristas discute o plano de trabalho
Todas as cooperativas de produção agrícola
dispõem hoje de um moderno parque de máquinas.
Hoje predomina no campo a técnica moderna.
Na fotografia: uma brigada de tractoristas
discute o plano de trabalho

Perante estes factores fundamentais — a transformação radical de todo o quotidiano do camponês e a igualdade desse quotidiano na cidade e no campo — como negar uma transformação radical no próprio homem?

A mecanização da agricultura modificou todas as condições do trabalho humano no campo. O camponês deixou definitivamente de ser um animal do trabalho, passando a ser um dinamizador e orientador do trabalho.

Berlim, capital da RDA, tem mais de um milhão de habitantes. Como a maioria das cidades alemãs, ficou completamente destruída no fim da guerra, especialmente a zona central. No entanto, ali, como em Dresden, em Cottbus, em Karl-Marx-Stadt, em toda a parte, não é fácil encontrar os vestígios dessa destruição. Tudo se reconstruiu e de um extremo ao outro do país se erguem belíssimos prédios, bairros e bairros, num esforço de solução do problema habitacional que é verdadeiramente espectacular.

Perante a destruição maciça, os arquitectos e urbanistas deram uma nova configuração, mais moderna, mais consentânea com as necessidades e até a sensibilidade do nosso tempo. Isto dá á nova RDA uma fisionomia moderna, agradável e de grande beleza. Podemos, no plano arquitectónico, observar etapas evolutivas bem definidas e a busca incessante da melhoria e do bem estar na vida colectiva e individual. As construções habitacionais são, de ano para ano, melhores, mais bem estudadas no planeamento interior e de linhas mais belas. Uma das preocupações dos arquitectos é a luta contra a monotonia dos grandes conjuntos, através da sua implantação (tendência já verificada de fugir ao alinhamento tradicional), de elementos decorativos, da utilização da cor. Não vi todo o país, mas percorri muitas e muitas centenas de quilómetros em vários distritos: Berlim, Rostock, Frankfurt, Cottbus, Dresden, Karl-Marx-Stadt e Potsdam.

Um dos armazéns que se constroem nos novos bairros de vivendas e que facilitam o abastecimento da população
Um dos armazéns que se constroem nos novos bairros de
vivendas e que facilitam o abastecimento da população

O espectáculo que se nos apresenta é sempre o mesmo. Belas cidades e vilas, todas com o mesmo grau de desenvolvimento, de progresso, de bem-estar evidente. Quando nos lembramos que foi a partir do VIII Congresso do Partido Socialista Unificado que se iniciou a grande batalha pelo bem-estar geral do povo da RDA, tudo o que se fez nestes quatro anos tem a aura de um conto de fadas.

Em raros países se pode encontrar um nível de vida geral mais alto que na RDA. Seja onde for, grande ou pequena cidade, vila, aldeia, esse nível mostra-se no vestuário das pessoas, nos seus hábitos, nos restaurantes onde entramos, nos produtos à venda nos estabelecimentos, na decoração desses estabelecimentos, nos meios de transporte. Esta realidade é tão original, para nós ocidentais, que de entrada chegamos a duvidar do que vemos e começamos a desconfiar que as pessoas que encontramos nos restaurantes, nos cafés, nos hotéis, no cinema, na rua, nas lojas, pertencem a uma classe privilegiada e que haverá uma outra que não se cruza connosco.

Claro que esta ideia disparatada é, pouco depois, posta de parte e temos que aceitar gostosamente a grande realidade. Porque quando vemos sair de uma fábrica, de uma empresa, os trabalhadores que ali laboravam, verificamos que são os mesmos que vão a esses locais. De resto, seria impossível percorrer Berlim ou outra grande cidade, durante vários dias, e não dar conta de diferenciações gritantes se elas existissem.

Quando chegámos a Rostok e fomos hospedados no hotel Neptuno, todos tivemos durante algum tempo a sensação de um mundo que não tinha nada a ver com o que desejávamos conhecer e estudar.

Embora nem sendo rico nem muito aberto aos palacetes do mundo capitalista, mercê de uma série de circunstâncias, conheço hotéis de super-luxo em França, Inglaterra, nos países escandinavos, na Alemanha Ocidental, na Suíça, na Itália, na Áustria.

A verdade, porém, é que não vi nenhum melhor que o Neptuno em Rostock.

Na comodidade e agrado dos quartos, das salas de estar, dos variados restaurantes, dos bares e dos dancings, na sauna, na piscina, em todos os serviços. E, sobretudo, na verdadeiramente extraordinária eficiência dos serviços — impecáveis, de um profissionalismo que já não há em parte nenhuma.

Isto, de resto, é o padrão normal por toda a parte na RDA, o que depois pude verificar. E parece-me que este sentido profissional, esta competência e especialização em todos os sectores, é um dos segredos do êxito retumbante de todos os escalões de vida na RDA

A ideia que todos tivemos foi de que aquele hotel se destinava a turistas, talvez suecos, finlandeses e, francamente, tão acessíveis à bolsa do cidadão médio como o Ritz ou hotel do género em Lisboa é inacessível à bolsa de qualquer mortal como nós.

O primeiro secretário do Comité Central do Partido Socialista Unificado da Alemanha, Eric Honecker, foi saudado calorosamente em Agosto de 1974, no maior campo de Verão, a República de Pioneiros «Wilhelm Pieck», situado na vizinhança do lago Werbellin
O primeiro secretário do Comité Central do Partido Socialista
Unificado da Alemanha, Eric Honecker, foi
saudado calorosamente em Agosto de 1974, no maior campo
de Verão, a República de Pioneiros «Wilhelm Pieck», situado
na vizinhança do lago Werbellin

Simplesmente errávamos nos nossos cálculos, 80% das pessoas que o frequentam todo o ano são trabalhadores, sindicalizados, que passam ali as suas férias.

Este espanto inicial deixa de existir somente depois de vários dias de estadia, principalmente depois de se viajar por qualquer recanto deste país.

Nunca, em parte nenhuma, durante mais de um mês que estive lá, nem em qualquer local, encontrei um único sintoma de pobreza, de miséria, de sofrimento, de marginalidade.

O meu amigo português Francisco Freitas Branco, que me acompanhou, como intérprete, em todas as digressões, um dia em Berlim, insistiu para me levar a um restaurante pobre. Lá fui. Era um self-service. Ao pé de mim, na mesa onde nos sentámos a beber uma cerveja, um espectáculo desagradável. Um velho a comer à mão, de tal forma que me agoniou. Mas comia um grande meio frango e estava bem vestido e bem agasalhado. Por acaso, não era alemão.

Outro facto evidente e indiscutível na RDA é a não existência do menor indicio de macrocefalia. O progresso em todos os campos — urbanístico, industrial, assistencial, cultural, desportivo, político, é generalizado a todo o país.

O facto de Berlim ser capital, a maior cidade, a cabeça dirigente e o centro natural dos maiores ramos do progresso nada tem pois de ofensivo para o resto do país nem significa sacrifício.

De que resulta concretamente este nível de vida geral?

A habitação. De acordo com as directrizes do VIII Congresso do Partido Socialista Unificado, em 1972 fixou-se a renda de apartamentos novos em 0,85 marcos por metro quadrado na província e em 1,10 marcos na capital para todas as famílias cujo rendimento mensal não exceda 2000 marcos. A situação actual é que ninguém paga de renda de casa uma percentagem superior a 8% do seu salário.

O problema habitacional foi considerado prioritário e, como disse, é original em todo o território da República esse esforço extraordinário da construção de imóveis para habitação. Este plano é francamente grandioso em relação ao já conseguido e ao que está projectado. No plano quinquenal que termina em 1975 é excedido o número de habitações novas a construir — meio milhão. Em 1973, fez-se um plano de construção até 1990. Nesse ano todas as famílias terão uma casa nova ou modernizada. Para isso serão construídas três milhões de casas, o que representa um investimento de 200 biliões de marcos no decurso dos três próximos quinquénios.

Este plano habitacional desfez já muitas das disparidades sociais e regionais existentes, vindas do capitalismo e elimi- ná-las-á definitivamente.

Como foi possível a fixação das rendas existentes? Eliminando a especulação existente no Ocidente e a subida astronómica das rendas de casa em proveito dos seus proprietários.

Inexistência de inflação, manutenção dos preços. Ao contrário do que se passa nos países capitalistas, o mundo socialista não tem crises de inflação. É certo que a subida vertiginosa dos preços de certos produtos, como o petróleo, vão ressentir-se na economia da RDA Eles são forçados a comprar matérias-primas que não possuem, no estrangeiro. A maior parte é comprada na União Soviética e noutros países socialistas, mas há uma quota de matérias-primas compradas nos mercados capitalistas. Vejamos o petróleo. 90% vem da União Soviética, mas 10% é comprado no mercado capitalista. Como o petróleo, muitos outros produtos, como o cacau, o café, etc. O aumento dos preços poderia alterar profundamente o equilíbrio do mercado interno. No entanto, o Estado decidiu pagar essa diferença, através das reservas feitas, mantendo actualmente os preços de 1958.

Veremos no capítulo final, como se projecta obstar cada vez mais às oscilações provenientes da subida de matérias-primas dos mercados capitalistas. Assim, o cidadão da RDA vê os seus salários aumentados constantemente de acordo com o aumento da produtividade, não está sujeito à inflação capitalista, portanto adquire os produtos por preços fixados e consentâneos com o seu poder de compra. Paga por habitações cada vez melhores uma importância que em relação ao Ocidente é verdadeiramente insignificante.

Os seus períodos de férias aumentam e em condições cada vez melhores. Os prémios equivalem na prática a um 13.° mês.

Para os seus filhos, têm creches, infantários, escolas gratuitas.

Não há desemprego, não há o espectro constante nos países capitalistas do despedimento, da incapacidade de trabalho, do futuro dos filhos, da necessidade de amealhar.

Amealhar para quê? O dinheiro não é fonte de receita ali. É um meio de aquisição de bens, daqueles que tornam a vida melhor, mais agradável de ser vivida.

O cidadão da RDA, como de qualquer país socialista, não tem que levar os melhores anos da sua vida a nâo ter o que deseja, para sobreviver no fim da vida.

O seguro social traz-lhe a confiança, a segurança e o equilíbrio no presente e no futuro. Além disso todas as vias de acesso às horas de repouso, à arte, à cultura, lhe são abertas e facilitadas. O aumento da produção dos bens de consumo permite-lhes usufruir do conforto que o progresso trouxe aos homens. Não já a uma classe de homens — aos de «primeira» — mas a todos, sobretudo as classes trabalhadoras — operários e camponeses.

As mulheres e os jovens são protegidos.

Vejamos no que consiste o seguro social e como funciona.

 

Aperto de mão histórico entre Wilhelm Pieck (Partido Comunista da Alemanha) e Otto Grotewohl (Partido Social-Democrata) confirmou a unidade organizadora da classe operária: o Partido Socialista Unificado da Alemanha foi fundado no Congresso de Unificação dos dois partidos, que teve lugar a 21 e 22 de Abril de 1946
Aperto de mão histórico entre Wilhelm Pieck
(Partido Comunista da Alemanha)
e Otto Grotewohl
(Partido Social-Democrata)
confirmou a unidade organizadora da classe operária:
o Partido Socialista Unificado da Alemanha
foi fundado no Congresso de Unificação
dos dois partidos, que teve lugar
a 21 e 22 de Abril de 1946

Na República Democrática Alemã há um marco que ficará para sempre na história — o VIII Congresso do Partido Socialista Unificado, partido dirigente das classes trabalhadoras e suponho que o IX Congresso, se tivermos em conta o deliberado no XIII Plenário será igualmente uma viragem mais, não só no destino da República como do mundo.

O seguro social deu-se no seu programa sócio-político para o bem-estar do povo.

Este pode ser obrigatório ou voluntário. É obrigatório quanto a todos os operários, empregados, aprendizes, estudantes, médicos e dentistas com consultório próprio, artistas e outras pessoas activas no campo da agricultura. Igualmente estão seguras todas as pessoas membros das cooperativas de produção agrícola, hortícola, artesanais, de pescadores, advogados e outras profissões liberais. O seguro social é administrado pelos sindicatos e favorece cerca de 14 milhões de pessoas — num país de 17 milhões.

Ele funciona logo que a pessoa inicia qualquer actividade e não pode ser rescindido particularmente. Aplica-se às subvenções de trabalho eventuais. Desde que recebam como mínimo 75 marcos por mês, estão dentro da garantia do seguro social obrigatório.

A lei permite ainda que todos os trabalhadores que ganham mais de 600 marcos mensais possam adquirir voluntariamente um seguro de reforma complementar, adquirindo assim o direito a uma pensão adicional por velhice, invalidez, viuvez ou orfandade ou aumento de subsídio de doença, a partir da 7.ª semana de incapacidade de trabalho.

Certas garantias e auxílios. As mulheres não se podem ocupar em trabalhos pesados ou perigosos para a saúde. Todas as empresas devem ter isso em conta e assegurar à mulher uma protecção especial no trabalho.

A semana de 40 horas de trabalho para as mulheres mães de quatro ou mais filhos que trabalhem em tempo inteiro e férias mínimas de 21 a 24 dias.

As mulheres grávidas não podem ter horas extraordinárias ou trabalho nocturno durante o período da lactância.

Quando a mulher grávida ou no período de lactância tem dificuldades em exercer o seu trabalho normal, a sua empresa é obrigada a dar-lhe um trabalho mais leve ou mais adequado.

As mulheres grávidas têm férias para gravidez e maternidade que se prolongam até 18 semanas.

O nascimento de um filho não representa nunca para a mãe uma diminuição de salário, pois este é garantido pelo seguro social. E se entretanto, o salário que ela auferia aumentou, ela tem direito a esse aumento como se estivesse ao serviço activo.

Quando as mulheres desejam acompanhar o filho no primeiro ano de vida, as empresas são obrigadas a conceder-lhe uma licença sem vencimento desde o fim das férias da maternidade até ao primeiro aniversário do filho, continuando válido o contrato de trabalho existente.

A assistência médica para todos os cidadãos é norma do Estado Socialista. Em todas as partes da República Democrática Alemã existem consultórios para mães, nos quais os seus filhos mais pequenos são atendidos de maneira exemplar desde o primeiro mês do nascimento
A assistência médica para todos os cidadãos
é norma do Estado Socialista.
Em todas as partes da
República Democrática Alemã
existem consultórios para mães, nos quais os
seus filhos mais pequenos são atendidos
de maneira exemplar desde
o primeiro mês do nascimento

Para as mães solteiras que não tenham creches para os filhos, é-lhes concedido um subsídio de 70 a 90% do seu salário, de acordo com o número de filhos e esta ajuda mantém-se até que ela obtenha a entrada dos filhos para uma creche.

Para os cuidados com as mulheres grávidas há uma rede compacta de centros de consulta de saúde pública. 240 postos principais, 545 auxiliares e 540 filiais. As mulheres grávidas são regularmente examinadas e recebem durante todo o tempo . cuidados médicos. São esses centros que se ocupam de arranjar cama para o parto num hospital ou maternidade ou widicam parteira, quando a mãe prefere ter o filho em casa.

89,2% das mulheres grávidas vão a estes centros médicos.

Para os casos especiais, em que os médicos consideram necessário precaução e cuidado excepcional, existem casas de repouso. Isto é pago pelo seguro social.

O seguro social concede, além disto, a cada mãe uma subvenção de nascimento que é de 1000 marcos.

As despesas com o parto são pagas pelo seguro social.

O seguro social não abandona a mãe e o filho com o subsídio de nascimento.

Existem 246 estações principais, 2329 auxiliares e 7622 filiais que concedem cuidados médicos e sociais gratuitos à mãe e ao filho.

Se o médico verificar a necessidade de um cuidado especial, a mãe e o filho poderão, sem dispêndio, ir para uma estância de repouso.

O Estado concede uma subvenção por cada filho até ao fim da escola politécnica.

Para os pais solteiros que tenham um filho doente, a lei concede um subsídio de 90% por cada dois dias de trabalho a que faltem.

Todas estas medidas tiveram resultados que se podem analisar, além de mais, nestes números:

A mortalidade na idade de lactância baixou na seguinte proporção: em 1949 — 78,3 em cada mil; em 1971 — 17,7 em cada mil.

Auxílio na incapacidade de trabalho. Por disposição legal, as empresas da indústria, dos transportes e da agricultura têm que ter instituições de saúde próprias.

Empresas com 200 a 500 empregados — postos sanitários com enfermaria; com 500 a 2000 empregados — postos médicos; entre 2000 e 4000 serviços ambulatórios e com mais de 4000 — policlínicas.

Os subsídios por doença, na RDA, subiram de 271,8 milhões de marcos em 1949 para 1330,3 milhões de marcos em 1972.

O subsídio de enfermidade aumentou de acordo com o número de filhos.

Para além dos subsídios em dinheiro, há a considerar as prestações em espécie — que estão a cargo do seguro social, como sejam: tratamento médico e dental obrigatório, tratamento hospitalar, dentaduras, medicamentos, curas, próteses, veículos para enfermos, calçado ortopédico, gastos de viagens, transportes, etc.

O seguro social, para garantir a assistência médica, firma, para além dos estabelecimentos hospitalares e policlínicas estatais, contratos com médicos que recebem os doentes nos seus consultórios particulares.

O regime social também concede curas em sanatórios. Na RDA existem 174 sanatórios e casas para curas terapêuticas com uma capacidade total de 24 687 camas.

A protecção no trabalho, a cargo fundamentalmente dos sindicatos F.D.G.B., reveste-se de uma importância que merece só por si um trabalho especializado. Os acidentes de trabalho que vão diminuindo de ano para ano em proporções extraordinárias têm, no entanto, por parte do Estado, indemnizaçõeb justas e efectivas.

Entre nós, nos meios mais estupidamente reaccionários, dizia-se que nos países socialistas se matavam os velhos porque já não prestavam.

Vejamos como é a realidade na RDA

Além, como é natural, dos familiares e parentes, órgãos estatais, empresas e organizações sociais ocupam-se dos homens e mulheres quando eles chegam ao período da vida em que já não podem nem devem trabalhar — a velhice.

Para isso procuram manter e fomentar o contacto com o mundo que os rodeia e encontrar formas de uma participação activa. Existem cerca de 300 clubes onde se fazem para os anciãos veladas culturais e onde eles têm livros para ler, podem jogar cartas, ouvir música, ver televisão.

Há 422 centros de assistência para velhos com 55 617 lugares para os que precisam de cuidados médicos especiais e 845 casas com 44 267 lugares para os reformados saudáveis, onde podem viver os últimos tempos da sua vida sem preocupações.

O seguro social paga pensões de reforma, de invalidez, de viuvez e de orfandade ou por acidentes de trabalho ou enfermidade profissional.

Os combatentes contra o fascismo e vítimas do fascismo recebem, ipara além da pensão normal, uma pensão de honra financiada pelo Estado.

O bem-estar e a dignidade humana dos cidadãos da República Democrática Alemã não surgiu numa bandeja ou por artes mágicas com uma varinha de condão — deve-se, na base, à alteração das estruturas capitalistas, à construção do socialismo, à ajuda da União Soviética e dos outros países socialistas que possibilitaram uma sociedade socialista em desenvolvimento. É verdade, mas também é inegável que se deve à superior orientação política do Partido Socialista Unificado, às tradições enraizadas no povo alemão de.disciplina, de trabalho, de organização.

E a verdade é que não foi com varinha de condão, mas até parece...


Notas de rodapé:

(4) Estas casas de cultura também existem nos meios urbanos, mas a sua forma parece não ter provocado nas populações um grande interesse, pelo que, nos projectos urbanísticos, se procura agora encontrar formas diferentes de convívio e vida social. (retornar ao texto)

Inclusão 16/02/2015