O Imperialismo e a Economia Mundial

N. Bukharin

Quarta Parte: O Futuro da Economia Mundial e o Imperialismo


Capítulo XIII — A Guerra e a Evolução Econômica


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1 — Modificação das relações de força econômica entre os trustes capitalistas nacionais (importância crescente da América do Norte, desmoronamento dos pequenos Estados); 2 — Economia mundial e “autarquia” econômica; 3 — Modificação da estrutura interna dos trustes capitalistas nacionais (desaparecimento dos grupos intermediários, ampliação do poder do capital financeiro, acentuação da intervenção do Estado, monopólios estatais, etc.). Capitalismo de Estado e agravamento da luta entre trustes capitalistas nacionais; 4 — O capitalismo de Estado e as classes sociais.

A guerra, tornada inevitável pelo curso da evolução anterior, não poderia deixar de exercer formidável influência sobre a vida econômica mundial. Operando verdadeira revolução no interior de cada país e nas relações de força entre países, nas economias nacionais e na economia mundial; acarretando selvagem dilapidação das forças produtivas, a destruição dos meios materiais de produção e da mão de obra humana; sangrando a economia até a exaustão por despesas fenomenais, funestas do ponto de vista social — a guerra, como se fora uma gigantesca crise, acentuou, além disso, as tendências fundamentais do desenvolvimento capitalista, acelerando a um grau incrível o desenvolvimento dos elementos financeiros capitalistas e a centralização do capital em escala mundial. O caráter centralizador (segundo o método imperialista) da guerra moderna não deixa dúvidas. É preciso ver, antes de tudo, o desmoronamento dos pequenos Estados independentes, tanto os de tipo superior (concentração horizontal e centralização), quanto os de tipo agrário (centralização vertical); e, tratando-se embora de fenômeno de pequena importância, há ainda a absorção das organizações mais fracas (e retardatárias) pelas grandes unidades. É duvidoso que a Bélgica, sendo embora um país extremamente desenvolvido e possuindo sua política colonial própria, possa continuar uma existência independente; nos Bálcãs, a perspectiva de uma nova divisão de caráter centralizador é certa; não deverá tardar, também, a supressão dos enclaves coloniais na África. Por outro lado, assistimos a uma aproximação (sob a forma de sólido acordo entre sindicatos industriais) entre a Alemanha e a Áustria-Hungria. Qualquer que seja o resultado da guerra, torna-se desde já previsível (e a previsão poderia mesmo ter sido feita a priori) que o mapa político será modificado no sentido de maior homogeneidade estatal, fato que explica, precisamente, o crescimento das “nacionalidades estatais” imperialistas (Nationalitätenstaaten).

Se a tendência geral da evolução, que a guerra só fez agravar, reside no desenvolvimento da centralização, esta guerra terá tido como resultado a entrada em cena de um dos principais trustes capitalistas nacionais, cuja organização interna apresenta enorme força. Referimo-nos aos Estados Unidos.

A guerra colocou os Estados Unidos em posição excepcional. A cessação das exportações do trigo russo, etc., determinou o aumento da procura de produtos da agricultura americana; por outro lado, a prodigiosa demanda de produtos da indústria, por parte dos países beligerantes, voltou-se, igualmente, para a América.(1)

Até mesmo a procura de crédito (empréstimo externos, etc.), orientou-se nesse sentido. Tendo sido, até então, devedores da Europa, os Estados Unidos encontraram na guerra a oportunidade para inverter a situação: a dívida total americana extinguiu-se rapidamente e, no domínio das operações correntes e de crédito a curto prazo, a Europa tornou-se sua devedora. Além deste aspecto, o papel financeiro dos Estados Unidos cresceu também em outro setor importante. Sabemos que os Estados americanos de segunda ordem importavam capitais da Europa, principalmente da Inglaterra e da França, e que a importação do capital dos Estados Unidos, eles próprios importadores do capital europeu, só tinha lugar em última instância. Pois bem, durante a guerra, os pedidos de empréstimos do Canadá, da Argentina, do Panamá, da Bolívia, de Costa Rica, foram dirigidos a eles, e não mais à Europa.

“Países americanos obtiveram fundos de pouca monta, mas o que há de característico é o fato de pertencerem à clientela habitual do mercado de Londres. Assim, durante a guerra. Nova Iorque substituiu Londres e, por assim dizer, fez progredir a parte financeira do programa pan-americano”(2).

O desenvolvimento da guerra, a regulamentação das despesas militares e dos pedidos de empréstimos, e a procura considerável de capital no após-guerra (em consequência da reconstituição do capital de fundos destruídos, etc.) acentuarão ainda mais a importância dos EE.UU., aceleração a acumulação do capital americano, ampliarão sua influência sobre as outras partes da América e os colocarão rapidamente em primeiro plano na arena mundial da competição(3).

Os EE.UU. ilustram bem a consolidação e o desenvolvimento de um vasto truste capitalista nacional, encaminhando-se para a assimilação de países e regiões, anteriormente em poder da Europa. Paralelamente à extensão das relações mundiais da América do Norte, constata-se aí um desenvolvimento intensivo da coesão nacional. As tendências nacionalistas são ainda mais visíveis nos grupos beligerantes; o comércio internacional está desorganizado, a circulação de capitais e mão de obra cessou, quase todos os vínculos que os uniam foram rompidos. Nos quadros da economia nacional (o melhor exemplo é fornecido pela Alemanha, por ser o país mais hermeticamente fechado), uma redistribuição das forças produtivas opera-se a toda pressa. Não se trata somente da indústria de guerra (sabe-se que, na Alemanha, até as fábricas de piano são adaptadas às novas necessidades: a fabricação de balas), mas também da de produtos alimentícios e da agricultura em geral. Dessa forma, a guerra agravou singularmente a tendência para a “autarquia” econômica, para a conversão da economia nacional em um sistema autossuficiente, mais ou menos isolado do resto do mundo. Pode-se supor que essa tendência continuará a prevalecer e que a economia mundial se decomporá em uma ou várias partes independentes e completamente estanques? O imperialismo utópico crê ou está disposto a crer nessa suposição. Os ideólogos do imperialismo aspiram a produzir tudo “por si próprios” para não depender do estrangeiro. Obtendo um “complemento econômico” adequado, a garantia de matérias primas, tudo estará, segundo eles, resolvido. Tais raciocínios não resistem, porém, à crítica.

Os senhores imperialistas esquecem completamente que sua política de conquista implica o desenvolvimento das relações econômicas mundiais, a extensão das exportações de capital e de mercadorias, o aumento das importações de matérias primas, e assim por diante. Deste modo, vista de certo ângulo, a política imperialista é contraditória: de um lado, a burguesia tem de desenvolver ao máximo suas relações econômicas mundiais (“dumping” dos cartéis); de outro, fecha-se dentro de uma muralha aduaneira; de um lado, exporta capital; de outro, protesta contra a violência estrangeira; em resumo, internacionaliza a vida econômica e, ao mesmo tempo, procura por todos os meios contê-la dentro das fronteiras nacionais.

Ora, apesar de todos esses obstáculos, os vínculos internacionais desenvolvem-se sem cessar, e daí a justeza da observação de F. Pinner:

“Se se tem em mente que a extraordinária expansão do comércio exterior realizou-se exatamente na época de uma política econômica rigorosamente nacionalista, é necessário admitir que a guerra e a mentalidade política que ela engendrou nas grandes potências não têm maior possibilidade de destruir as relações internacionais do que tiveram para eliminar o estancamento hermético das fronteiras até aqui”.(4)

Na realidade, já durante a guerra, o desaparecimento ou enfraquecimento dos vínculos econômicos em um país tinha, como efeito, fortalecê-los dentro de outro. A violência "da Alemanha na Rússia desapareceu simplesmente para dar lugar à violência dos Aliados”. Mas isto não é tudo. Devemos lembrar que o fator regulador da atividade capitalista é a obtenção do lucro. A guerra é um dos “negócios” do “burguês moderno”. Terminada esta, ele recomeça, com o zelo de antes, a restabelecer as antigas relações (não falamos das operações de contrabando durante a guerra). Assim o quer o interesse capitalista. A divisão internacional do trabalho, as diferenças das condições naturais e sociais são um prius econômico que não pode ser suprimido, mesmo por uma guerra mundial. Por esta razão, temos aí elementos — valor bem definidos e, em consequência, as condições para obtenção do lucro máximo no processamento das operações internacionais. Assim a evolução ulterior não acabará em uma “autarquia” econômica, mas no desenvolvimento das relações internacionais, ao mesmo tempo que em uma maior coesão nacional e na aparição de novos conflitos no terreno da competição mundial.

Se a guerra não pode deter o curso geral do desenvolvimento do capital mundial, se é, ao contrário, a expressão de uma expansão máxima do processo de centralização, age, em compensação, sobre a estrutura das economias nacionais isoladas para intensificar sua centralização dentro de cada corpo nacional, paralelamente a um desgaste considerável das forças produtivas, para organizar a economia nacional, colocando-a cada vez mais sob o poder conjugado do capital financeiro e do Estado.

Por sua influência econômica, a guerra faz lembrar, sob vários aspectos, as crises industriais, de que se distingue, está claro, por uma maior intensidade dos abalos e dos estragos que causa. Economicamente, esses estragos atingem, antes de tudo, as camadas médias da burguesia, que, nestas condições, assim como nos períodos de crises industriais, sucumbem muito mais rapidamente. Quando desaparecem mercados, quando ramos inteiros de produção perecem, quando vínculos até então sólidos rompem-se, quando todo o sistema de crédito é subvertido, etc., são as camadas médias da burguesia as mais atingidas pela falência. Ao contrário, a grande indústria “cartelizada” fica longe de uma má situação. Poderíamos citar inúmeras estatísticas que ilustram o aumento do lucro (benefícios de guerra) de um grande número de empresas, especialmente aquelas cuja produção abastece, de alguma maneira, o exército, ou seja, em primeiro lugar, a grande indústria. Embora a soma da mais-valia produzida não acuse aumento (ela diminui devido à convocação de um número formidável de operários para o exército), os lucros dos grandes grupos burgueses apresentam tendência à alta. Esse lucro excedente é obtido, em grande parte, em detrimento de outros grupos menos fortes e não “cartelizados” da burguesia. (A alta dos lucros explica-se também pelo acréscimo de títulos de valores correspondentes, a futuras necessidades). O formidável desperdício de forças produtivas, a absorção do capital de fundos da sociedade(5), provocarão fatalmente um deslocamento acelerado e o desenvolvimento dos grandes bancos e, portanto, a centralização e a concentração acelerada do capital. Estaremos, então, no início de um período de tratamento febril das feridas deixadas pela guerra: restauração das estradas de ferro, fábricas e usinas, das máquinas, do material de rolamento, destruídos ou usados, e — o que não virá certamente em último lugar — reparação e desenvolvimento do aparelho militar nacional. Tudo isso aumentará em grande escala a procura de capital e reforçará a posição dos consórcios bancários(6).

Paralelamente ao reforçamento dos grupos financeiros, devemos ainda assinalar a intervenção do Estado na vida econômica(7).

Trata-se da constituição de monopólios de Estado (monopólios de produção e de comércio), da organização das “empresas mistas”, onde o Estado é acionista do mesmo modo que os trustes; do controle estatal sobre o sistema de produção das empresas privadas (produção obrigatória, regularização dos métodos de trabalho, etc.); do ordenamento da distribuição (obrigação de fornecer e receber produtos; organização dos “órgãos centrais de distribuição”, armazéns nacionais de matérias primas, de combustíveis, de produtos alimentícios; tabelamento de preços; racionamento de pão, carne, e outros; interdição de importação e exportações, etc.); da organização do crédito nacional; enfim, da organização do consumo nacional (restaurantes coletivos, etc.)(8).

Na Inglaterra, instituiu-se o seguro nacional de cargas, a garantia nacional dos tratados comerciais, o pagamento por parte do Estado das somas pertencentes aos comerciantes ingleses no estrangeiro e que podiam ser recuperadas no momento. Medidas do mesmo teor foram tomadas pelos demais países beligerantes.

A “mobilização da indústria” efetuou-se tanto mais facilmente quanto mais fortemente desenvolvidas eram as organizações patronais, cartéis, sindicatos, trustes. Essas uniões patronais ( em cujo interesse, verdade seja dita, a guerra foi feita), puseram todo o seu aparelho regulador a serviço do Estado imperialista, ao qual estão profundamente ligadas. Possibilitaram, assim, técnica e economicamente, a militarização da vida econômica, desde o processo direto de produção à sutilidade das operações de crédito. E, em todos os setores em que a indústria organizara-se em cartéis, sua “mobilização” tomou gigantescas proporções.

“Amplos setores industriais — escreve Pinner a propósito da Alemanha — fundidos há vários anos em estreitas associações, cuja atividade econômica possuía caráter quase coletivo, absorveram uma parte da produção e colocaram-se sob direção única: os cartéis e os sindicatos industriais(9).

Os fins da mobilização industrial, assim como seu alcance, aparecem claramente no discurso pronunciado por Lloyd George, a 3 de junho, em Manchester:

A lei sobre a defesa do país, declarou o ministro, dá ao governo completo poder sobre as fábricas, conferindo-nos a possibilidade de colocar em plano superior a todos os outros os trabalhos necessários do Estado. Podemos dispor de toda a fábrica, de cada máquina, e, se alguma dificuldade surgisse, o ministério do abastecimento estaria em condições para, com base nessa lei, aplicar medidas as mais drásticas(10).

Providências análogas foram tomadas na França(11) e na Rússia. Alem do controle direto do Estado sobre a produção das empresas privadas, a guerra engendrou um certo número de monopólios estatais: na Inglaterra, as estradas de ferro tornaram-se propriedade nacional; na Alemanha, constituiu-se o monopólio do trigo, da batata, do azoto, etc., havendo ainda vários outros em projeto (voltaremos a este assunto); a indústria carbonífera converteu-se, por sua vez, em “cartel misto”, em que o sindicato industrial coopera com o Estado(12).

Se constatamos, nos exemplos acima, a interferência direta do Estado no domínio da produção, não devemos perder de vista que, por outro lado, essa interferência realiza-se, em larga escala, graças aos instrumentos de crédito. Ainda aqui, a organização da “mobilização financeira” e das operações que dela resultam é típica. Assim, a Reischbank, que, no começo da guerra, operava por intermédio de certos grandes bancos, intensificou, mais tarde, sua ação, de outra maneira; referimo-nos à criação das “caixas de empréstimo”, estabelecimentos estatais dependentes da Reichsbank, que se tornaram em pouco tempo fator importante nas operações creditícias do país(13). Vieram depois os empréstimos internos de guerra, levantados junto ao público pela Reichsbank e que tiveram papel considerável. Dessa maneira, a Reichsbank, que já possuía, antes da guerra, excepcional importância na vida econômica alemã, projetou-se ainda mais, convertendo-se em poderoso centro de atração para capitais disponíveis. Atuando cada vez mais como estabelecimento para financiamento das empresas estatais florescentes e suas organizações econômicas, o instituto central de emissão do Estado converteu-se na “cabeça de ouro” de todo o truste capitalista nacional.

A Alemanha não foi o único país a conhecer uma evolução desse tipo, pois, mutatis mutandis, processo idêntico operou-se em todas as nações beligerantes (e até nas não beligerantes, embora, é verdade, em grau menor).

Julgamos conveniente analisar, mais a fundo uma questão que nos parece da maior importância, e que é a dos monopólios estatais e de seu futuro.

“Segundo cálculos precisos — declarou o Dr. Helferich, no Reichstag, em agosto último — a guerra mundial custou a seus participantes aproximadamente 300 milhões de marcos por dia, isto é, um total de 100 bilhões de marcos, constituindo-se na destruição mais formidável, no maior deslocamento de valores que a história mundial registra”(14).

É evidente que as cifras do “marechal financista”. Dr. Helferich, não proporcionam, realmente, uma ideia correta do custo geral da guerra, visto que abrangem apenas as despesas diretas efetuadas pelo Estado. Em nosso caso, porém, são justamente essas despesas que nos interessam, parecendo-nos, também, útil, apresentar informações mais amplas sobre os empréstimos de guerra. Com efeito, embora os Estados, para fazer a guerra, gastem ainda parte de suas receitas particulares, é possível ter-se uma ideia relativa do formidável montante das despesas militares, pelos dados que apresentamos adiante(15).

Lançamos mão de estatísticas constantes do n.° 44 do Vestnik Finansov, 1915, frisando que os dados citados referem-se exclusivamente às seis principais potências dos doze países beligerantes. É natural que gastos tão consideráveis, levando a uma destruição posterior dos valores, tenham como consequência a expansão da dívida pública e a perturbação da organização financeira do Estado. O equilíbrio orçamentário rompe-se a tal ponto que se torna necessário procurar novas fontes para alimentar as caixas governamentais, sem o que as enormes despesas — que subsistirão mesmo depois da guerra (pagamento de juros dos empréstimos nacionais, auxílio às famílias dos inválidos, etc.) — ficariam a descoberto. Na Alemanha, por exemplo, ter-se-á pelo menos de dobrar as rendas do Estado(16). Se se permanece limitado às fontes ordinárias de receita (empresas estatais, impostos diretos e indiretos), as despesas não poderão ser cobertas e o Estado terá que ampliar seus monopólios — conclusão a que chegam progressivamente os círculos dirigentes da burguesia, em virtude de ser a força do Estado, em última instância, sua própria força. Eis o que, por intermédio do Dr. Felix Pinner, pensa do assunto o órgão “científico” dos bancos alemães:

“Os violentos desacordos de princípio que se haviam manifestado antes da guerra a propósito dos monopólios em geral, ou de tal ou qual monopólio em particular, desapareceram num piscar de olhos, e quase todo mundo admite hoje que projetos relativos ao monopólio do álcool, do petróleo, da energia elétrica, dos fósforos e talvez mesmo do carvão, do sal, da potassa, do fumo e dos seguros, estão maduros para ser realizados”(17).

Nessas condições, devemos prever, com certeza quase absoluta, o desenvolvimento futuro das tendências monopolísticas.

Empréstimos de guerra de seis países beligerantes
Áustria-Hungria
(em milhões de coroas)
Rússia
(em milhares de rublos)
França
(em milhares de Francos)
Itália
(em milhares de libras)
Grã-Bretanha
(em milhares de libras est.)
Alemanha
(em milhões de marcos)
Empr. 5,5% XI/1914 2.300 Obrigs. do Tesouro descontadas no Banco Nacional 2.650.000 Empr. do Banco de Fr. 7.000.000 Empr. 4,5% XII/1914 1.000.000 Empr. 3.5% XI/1914 350.000 Empr. 5% IX/1914 3.492
Empr. 6% XL/1914 1.170 Empr. 5% X/1914 500.000 Empr. do Banco de Fr. a Aliados 530.000 Empr. 5% VII/1915 1.000.000 Bônus 3% III/1915 33.600 Obrig. 5% IX/1914 1.000
Empr. 5,5% V/1915 2.780 Empr. 5% 11/1915 500.000 Empr. 3,5% VII/1914 500.000 Empr. do Banco da Itália 1.216.350 Empr. 4,5% VII/1915 585.000 Empr. 5% II/1915 9.100
Empr. 6% VI/1915 1.124 Empr. 5,5% V/1915 1.000.000 Bônus 7.871.000     Empr. americ. 5% X/1915 50.000 Empr. 5% IX/1915 12.101
Empr. 6% na Alemanha, XI/1914 248 Série 4% VIII/1914 300.000 Obrigações 2.241.000     Obrigações do Tesouro 214.000 Obrigações do Tes. 4.304
Empr. 6% na Alemanha, VII/1915 253 Série 4% III/1915 300.000 Empr. da Ingl 1.250.000            
Dívida corrente 5.112 Obrigs. do Tesouro descontadas na Ingl. 1.248.324 Empr. dos EE.UU 1.250.000            
    Na França 234.750                
    Empr. em diversas IV/1915 200.000                
    Empr. 5,5% XI/1915 1.000.000                
Total 12.987 Total 7.933.074 Total 20.642.000 Total 3.216.350 Total 1.232.600 Total 30.000
Totais em Rublos
Áustria-Hungria   Rússia 7.933.074 França 7.755.000.000 Itália 1.206.129.000 Grã-Bretanha 11.660.396.000 Alemanha 13.890.000.000
Total Geral em Rublos = 47.557.581.000 (ou seja, 15 orçamentos anuais do Estado russo)

Tomemos, por exemplo, a produção de energia elétrica, que, sofrendo a concorrência da indústria de gás, torna provável o monopólio desta última. A ampliação do domínio estatal sobre os monopólios mistos é ainda mais certa. Monopolizando a indústria carbonífera, o Estado atinge a produção de ferro gusa. Poderíamos multiplicar exemplos desse gênero, sendo, todavia, necessário indagarmos se todos esses projetos não ficarão como letra morta e se não se chocarão com a resistência da própria burguesia.

Constatamos, anteriormente, a mudança de tom da burguesia em relação aos monopólios estatais. Sem dúvida, mesmo neste momento, há diferentes camadas da burguesia cujos interesses divergem num sentido ou noutro. A evolução econômica, acentuada neste particular pela guerra, deverá fazer, porém, e certamente fará, com que a burguesia, em sua totalidade, mostre-se cada vez mais tolerante com referência à intervenção dos monopólios. Deve-se atribuir a causa principal disso ao fato de que o Estado estabelece relações cada vez mais estreitas com os círculos dirigentes do capital financeiro. Os estabelecimentos estatais e os monopólios privados tendem a fundir-se nos quadros do truste capitalista nacional. Os interesses do Estado e os do capital financeiro coincidem em escala continuamente crescente. Por outro lado, a enorme tensão da concorrência no mercado mundial exige do Estado um máximo de centralização e de poder. Essas duas causas, de um lado, e razões fiscais, de outro, constituem os principais fatores de estatização da produção capitalista .

Não sendo o Estado moderno outra coisa senão uma união patronal que tem à frente os mesmos homens que dirigem os sindicatos de bancos, a burguesia nada perde, ao fazer passar a produção de uma mão para outra. Limita-se a receber seus dividendos, não mais do sindicato bancário, mas dos bancos do Estado. Em compensação, terá muito a ganhar, visto que somente através de uma produção centralizada, milita- rizada e, consequentemente, estatizada, pode esperar sair vitoriosa da anarquia sangrenta.

A guerra moderna não exige apenas um “suporte” financeiro. Para que possa ser levada a termo vitoriosamente, é necessário que fábricas e usinas, minas e agricultura, bancos e bolsas trabalhem para elá. “Tudo pela guerra” — é a palavra de ordem da burguesia. As necessidades da guerra e a preparação imperialista da guerra levam a burguesia a uma nova forma de capitalismo, à estatização da produção e da distribuição, à abolição definitiva do antigo individualismo burguês.

É evidente que todas as providências de tempo de guerra não sobreviverão ao fim desta. Medidas como o racionamento do pão e da carne, a interdição de produzir determinados bens, a proibição de exportações, etc., desaparecem com a paz. Não é menos certo, porém, que a tendência do Estado em apoderar-se da produção se desenvolverá cada vez mais. É muito provável que, em várias indústrias, haverá cooperação entre o Estado e os monopólios privados, com base no modelo das “sociedades de economia mista”, mas, inversamente, nos setores da indústria bélica, o tipo puramente estatal aparece como o mais viável. Kunow definiu com felicidade o futuro das economias nacionais, nos seguintes termos:

“dominação dos financistas, desenvolvimento da concentração industrial, intensificação do controle e das empresas estatais”(18).

O processo organizatório da indústria e do desenvolvimento da atividade econômica coloca a questão geral do sentido social — segundo a expressão do professor Jaffé — da transformação básica da estrutura econômica. Os primeiros a levantar a cabeça foram os socialistas estatizantes, cujos partidários militam sobretudo nas universidades alemãs. Karl Ballod repõe seriamente em cena o problema do renascimento das utopias ao admitir que os monopólios estatais realizam desde já uma nova estrutura de produção(19), enquanto Jaffé declara que a militarização da vida econômica distingue-se do socialismo antes de tudo pelo fato de que a noção de “socialismo” alia-se a uma “sucessão demoníaca de pensamentos”, e que ali o indivíduo é colocado inteiramente a serviço do “todo”(20). Encontramos ainda um ponto de vista assaz curioso no professor Krahmann, que define assim o futuro da indústria extrativa:

O poderoso efeito atual das medidas de sustentação do Estado e de defesa do país, que o Estado aplica por razões de ordem militar, nos conduz certamente, mesmo no domínio da indústria extrativa, a uma organização semelhante ao socialismo de Estado, com a diferença de que não seguimos o caminho que alguns temiam antes da guerra, e que outros desejavam. Não se trata de um socialismo fundado no internacionalismo, mas, pelo contrário, fortemente imbuído de nacionalismo, esse de que nos aproximamos. Não é um comunismo democrático, e ainda menos a dominação de uma classe aristocrática, mas um nacionalismo que reconcilia as classes sociais, isso de que nos acercamos, desde 1.° de agosto de 1914, a um ritmo que se considerava outrora impossível(21).

Em que consiste, pois, o esquema “basicamente transformado” do “socialismo de Estado” moderno? De acordo com o que dissemos acima, a resposta apresenta-se por si mesma: estamos em presença de um processo de centralização acelerada nas estruturas do truste capitalista nacional, que se desenvolve em sua forma mais elevada, e que não é o socialismo de Estado, e sim o capitalismo de Estado. Em princípio, não se trata absolutamente de uma nova estrutura de produção, isto é, de uma transformação das relações de classe tendo à sua disposição meios de produção de inusitada importância. Por essa razão, seria não somente arriscado, como também fenômeno logicamente absurdo aplicar-se ao presente estado de coisas uma terminologia que vá além das relações capitalistas. Kriegssozvalismus (socialismo de guerra) e Staatssoziahsmus (socialismo de Estado) são termos empregados com o claro objetivo de gerar o erro e de dissimular, através de um joli mot, o verdadeiro mundo das coisas — que está longe de ser belo. O modo capitalista de produção baseia-se no fato de que os meios de produção são monopolizados pela classe capitalista nos quadros de uma economia mercantil, sendo, a esse respeito, de pouca monta que o Estado constitua a expressão direta dessa monopolização, ou que esta resulte da “iniciativa privada”. Em um como em outro caso, mantém-se a economia mercantil (no mercado mundial, em primeiro lugar) e — o que é ainda mais importante — as relações de classe entre o proletariado e a burguesia(22).

Nesta perspectiva, e na medida em que o capitalismo subsistirá, o futuro pertence a formas econômicas próximas ao capitalismo de Estado. Essa evolução dos trustes capitalistas nacionais, que a guerra acelera ao máximo, repercutirá, por sua vez, sobre a luta mundial que les travam entre si. Vimos quais foram as repercussões da tendência à transformação dos Estados capitalistas em trustes capitalistas nacionais sobre as relações mútuas desses Estados. As tendências monopolistas, no interior de cada corpo nacional, provocaram tendências monopolistas de conquista exterior, que agravaram singularmente a competição e suas diferentes formas. Sobre esse fenômeno interferiu ainda o processo acelerado de restrição do campo de atividade capitalista que continuava livre. Não é, portanto, duvidoso que o futuro próximo será fértil em conflitos violentos, e que a atmosfera social não deixará um momento de saturar-se com uma ameaça permanente de guerra. O extraordinário desenvolvimento do militarismo e das ideias imperialistas é disso uma das manifestações exteriores. A Inglaterra, o país da “liberdade” e do “individualismo”, já estabeleceu tarifas alfandegárias e organizou um exército permanente, enquanto seu orçamento militarizava-se. Os Estados Unidos entregam-se visivelmente a formidáveis preparativos militares, o que se verifica em toda parte: Alemanha, França, Japão. Os tempos idílicos de uma existência “pacífica” dissiparam-se para sempre, e a sociedade capitalista gira num turbilhão de guerras mundiais.

Restam-nos algumas palavras a dizer sobre as perspectivas das relações entre as classes, visto que, a priori, já se tornou evidente que as novas formas de relações capitalistas não podem deixar de influir na situação dos diversos grupos sociais. A questão econômica essencial é a de saber qual será a sorte das diversas parcelas da renda nacional, isto é, de que maneira o produto nacional será dividido entre as classes sociais e, antes de tudo, como evoluirá a “parcela” da classe operária. Neste ponto, suporemos que o processo se desenvolva de modo aproximadamente idêntico em todos os países avançados e que as teses corretas para as economias nacionais sejam-no igualmente para a economia mundial.

Inicialmente, é forçoso constatar uma tendência profundamente enraizada à baixa do salário real. A carestia, essencialmente baseada na deformação da produção capitalista, não somente não desaparecerá, como também se agravará (não nos referimos, é claro, a carestia especial de tempo de guerra). A desproporção entre a indústria mundial e a agricultura se acentuará progressivamente pelo fato de havermos entrado em um período de industrialização acelerada dos países agrários. A expansão do militarismo e da guerra aumentarão terrivelmente os impostos, levando-os ao extremo limite do possível: “tudo o que pode ser taxado, sê-lo-á: tudo o que for taxado suportará o peso de uma contribuição esmagadora”, afirmou a Torgovo-Promychlennaia Gazéta(23). E não se trata de uma frase oca: o aumento dos impostos diretos e indiretos é coisa certa, tendo-se em vista a enormidade das despesas improdutivas e a reorganização do orçamento. O agravamento do custo da vida efetua-se ainda de outra maneira: primeiro, os preços sobem em função da elevação dos direitos alfandegários; depois, junta-se a esse aumento a alta dos preços monopolistas nos setores “cartelizados”; enquanto os monopólios estatais encarecem os produtos por razões fiscais. Resultado: uma parcela cada vez maior do produto caberá à burguesia e a seu governo.

Por outro lado, a tendência contrária, oriunda da classe operária, se chocará com a resistência crescente da burguesia consolidada e organizada, e estreitamente associada ao Estado. As conquistas operárias habituais da época anterior não serão, por assim dizer, possíveis, donde uma agravação, não relativa, mas absoluta, da situação da classe operária. Os antagonismos de classe se intensificarão, necessariamente, e o farão ainda mais por outra razão: a estrutura de capitalismo de Estado, apresentada pela sociedade, acarreta, além do agravamento da situação econômica da classe operária, a sua escravização ao Estado imperialista. Já antes da guerra, os empregados e trabalhadores das empresas estatais estavam privados de um certo número de direitos elementares: direito de associação, de greve, etc., e pouco faltava para que uma greve de ferroviários ou de postalistas fosse considerada como crime contra o Estado. A guerra acentuou mais a sujeição dessas camadas do proletariado em relação a seus senhores. Na medida em que o capitalismo de Estado confere importância estatal à quase totalidade dos setores de produção, e na medida em que estes são colocados a serviço da guerra, o código penal aplica-se a toda a vida produtiva. Os operários não têm liberdade de locomoção, não possuem nem direito de greve, nem direito de pertencer aos partidos ditos “anticonstitucionais”, nem o de escolher os estabelecimentos em que desejam trabalhar, etc. Tornam-se escravos brancos do agressivo Estado imperialista, que absorve nos quadros de sua organização toda a vida produtiva.

Dessa maneira, os antagonismos de classe adquirem uma importância fundamental, que não podiam ter antes. As relações entre as classes encontram uma expressão que não poderia ser mais nítida; o mito do “Estado acima das classes”, se desfaz, visto que o Estado se transforma diretamente em patrão e organizador da produção. Dissimuladas até então por uma série de elos intermediários, as relações de propriedade aparecem hoje em toda a sua nudez. Ora, se essa deve ser à situação da classe operária nos rápidos intervalos que separam as guerras, é indubitável que se agravará nos períodos de conflito. E é porque o jornal dos financistas ingleses, o Economist, tinha razão em dizer, ao começar a guerra, que ela representava para o mundo o advento de uma era de conflitos da maior violência.


Notas de rodapé:

(1) Eis o desenvolvimento das exportações norte-americanas nos quatro primeiros meses de 1914 e 1915: janeiro de 1914, 204 2; janeiro de 1915, 267,9; fevereiro. 173,9 e 299,8; março, 187.5 e 296,5; abril, 162,5 e 294.5 milhões de dólares (Vestnik Finansov, n.º 38). A declaração do chefe do Bureau of Foreign and Domestic Commerce Pratt é característica: "Estamos diante de uma nova fase comercial, na qual o têrmo mercado doméstico” torna-se arcaico e dá lugar à palavra de ordem de mercado universal” (Vestnik Finansov, n.° 16). (retornar ao texto)

(2) M. BOGOLIEPOV: O mercado norte-americano de capitais (Vestnik Finansov, 1915, n.° 39, pág. 501). Ver também seu artigo sobre o mesmo assunto nos números 37 e 38 do Vestnik Finansov. (retornar ao texto)

(3) Desde o começo da guerra, Kaustky, na Neue Zeit, havia assinalado a importância crescente dos Estados Unidos. (retornar ao texto)

(4) Felix PINNER: Die Konjunktur des wirtschaftlichen Sozialismus (Die Bank, abril de 1915). (retornar ao texto)

(5) Os empréstimos de guerra não são outra coisa senão a absorção dos elementos constitutivos do capital de fundos, substituído por papel moeda, que se desgastam os valores reais, em sua forma material, dissipam.se instantaneamente e, são, assim, consumidos de modo improdutivo. (retornar ao texto)

(6) Ver KUNOW: Von Wirtschaftsmarkt (Neue Zeit, 33* ano, t. II, n/> 22, Der Bank.und Celdmark im ersten Kriegsjahr) Ver também as seguintes obras do Doutor WEBER: Krieg und Banken; Volksivirtschafliche Zeitfragen; Krieg und Volksivirtschaft. (retornar ao texto)

(7) No que diz respeito à Alemanha, consultar as notas de Johan MULLER: Nationalukonomische Gesetzíebund. Die durch Krieg hervorgerufenen Gesetze, Verordnungen, Bekannt- maehungen, etc., no Jahrbucher für Nationalökonomie und Statistik, 1915. (retornar ao texto)

(8) Ver JAFFÉ: Die Militarisierung unseres Wirtschaftslebens (Archiv fur Sozialwissenschaft und Sozialpolitik, 1915). (retornar ao texto)

(9) PINNER: Organisierte Arbeit (Handels-Zeitung des BerUner Tageblatt, 28 de agôsto de 1915). (retornar ao texto)

(10) Esta citação foi extraída do Vestnik Finansov, n.° 24, 1915 pág. 518. (retornar ao texto)

(11) Ver YVES GUYOT: Les problèmes économiques aprés la guerra (Journal des économistes, 15 de agôsto de 1915). (retornar ao texto)

(12) Ver E. MEYER: Die Drohung mit dem Zwangssyndikat (Neue Zeit, 33.° ano, 6. II, n.° 18). Também: Die Bergwerksdebatte im Reichstag (Handels-Zeitung des Berliner Tageblatt, n.” 435, 26 de agôsto). (retornar ao texto)

(13) Dr. WEBBER: Krieg und Banken, pág. 14. (retornar ao texto)

(14) Vorwäirts, 21 de agôsto de 1915. (retornar ao texto)

(15) Esses dados são incompletos; além disso, os Estados recorrem à emissão de papel-moeda, o que constitui uma espécie de empréstimo sem juros. O quadro seguinte indica que a Áustria-Hungria conseguiu obter, até agosto de 1915 (uma vez que as cifras relativas à Alemanha vão até setembro inclusive, pode-se crer que dados estendem-se até outubro), 13 bilhões de coroas aproximadamente; ora, nessa ocasião, isto é, no fim de agosto, as despesas militares do Governo austro-húngaro atingem cerca de 18 bilhões de coroas e, em fins de setembro, mais de 19 bilhões de coroas, sendo evidente que deve haver outras fontes para cobrir tais despesas. Desse modo, pode-se afirmar que as cifras constantes do referido quadro estão sensivelmente abaixo da realidade. (retornar ao texto)

(16) Ver, por exemplo, Adolf Braun, na Neue Zeit, 33.º ano, t. I, pág. 584. (retornar ao texto)

(17) F. PINNER: Die Konjanktur des wirtschaftlichen Sozialismus (Die Bank, abril, págs. 326-327). Sobre os monopólios na Alemanha, ver Adolf BRAUN: Elektrizitãtsmonopol (N. Z., ns. 19 e 20, 1915); Edmond FISCHER: Das Werden des Elektrizitätsmonopols (Sozialistische Monastshefte, pág. 443 e seguintes) e KAUTSKY: Zur Frage der Steurn und Monpole (N. Z„ 1914-1915, t. I, pág. 682 e seguintes). (retornar ao texto)

(18) H. KUNOW: Die Wireschaftsgestattung mach dem Kriege (Correspondenzblatt der Generalkommission der Ge- werkschaften Deutschlands, 25.° ano, n.° 37, 11 de setembro de 1915). Lembremos que Kunow tira daí conclusões liberais totalmente erradas. (retornar ao texto)

(19) Karl BALLOD: Einiges aus der Utopienliteratur der letzten Jahren (Archiv fur die Geschichte des Sozialismus und der Arbeiterbewegung, 6.° ano, 1.° fascículo, págs. 117-118). (retornar ao texto)

(20) JAFFÉ: op. cit., pág. 523. (retornar ao texto)

(21) Max KRAHMANN: Krieg und Montanindustrie, páginas 22-23. Lieffmann sustenta ponto de vista contrário (ver seu Slehen wir dem Sozialismus nãher); aliás, sua obra foi escrita contra toda espécie de ilusão, fato que ele não oculta. (retornar ao texto)

(22) Se o caráter mercantil da produção fosse suprimido' pela organização da economia mundial, por exemplo, em um só truste gigante, cuja impossibilidade demonstramos no capítulo sobre o super-imperialismo), teríamos uma forma econômica específica. Já não seria o capitalismo, pois a produção de mercadorias teria desaparecido, e muito menos o socialismo, visto que a dominação de uma classe sobre outra teria sido mantida (e mesmo agravada). Semelhante estrutura econômica lembraria muito mais uma economia fechada de escravistas, sem o mercado de escravos. (retornar ao texto)

(23) Torgovo-Promychlennaïa Gazeta, n.° 217, 1915. (retornar ao texto)

Inclusão 03/01/2016