Em memória de Sílvio Frank Alem

Edmundo Fernandes Dias

1995


Primeira Edição: Revista Crítica Marxista - https://www.ifch.unicamp.br/criticamarxista/sumario.php?id_revista=2&numero_revista=2

Transcrição e HTML: Fernando Araújo.


Em 6 de dezembro de 1993, faleceu Sílvio Frank Alem, duas vezes secretário-geral da ANDES-SN. Militante comunista, atuou contra a ditadura e lutou pela democratização do país. Foi um dos criadores da Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba- João Pessoa, da qual foi o primeiro presidente. Contribuiu de forma fundamental para a criação da ANDES e sua posterior transformação em Sindicato Nacional. Escreveu "Os trabalhadores e a redemocratização'- Estudo sobre o Estado, os partidos e a participação dos trabalhadores urbanos na conjuntura da guerra e do pós-guerra imediato (1942-1948)", dissertação de mestrado em História (Unicamp, 1981) e "Contribuição à história da esquerda brasileira (Partido Socialista Brasileiro, 1945-1964)", tese de doutorado na USP, 1988. Além de uma quantidade enorme de artigos.

Sílvio viveu passo a passo as lutas do sindicalismo brasileiro, em especial a dos docentes universitários, e esteve sempre presente em toda a história da ANDES. Pensou a ANDES-SN como entidade de todos os docentes, engajada na reflexão sobre a educação e a universidade brasileiras, inserida nas lutas sociais no Brasil, no continente e no mundo.

Encarregado das Relações Internacionais da ANDES-SN, Sílvio sintetizava a percepção globalizante do mundo, histórica e dialética, em que a realização dos trabalhadores se dá por meio da sua luta persistente e da sua organização no campo democrático- popular, na construção de uma sociedade de todos e para todos. Construtor das nossas relações internacionais com entidades como a CEA, a CMOPE, a FISE e outras dos diversos países. Internacionalista militante, Sílvio sempre nos relembrava a questão da solidariedade classista e de que os trabalhadores não podem ter fronteiras. Diante dos reiterados ataques à perspectiva classista na ação dos trabalhadores e da afirmação de que a história terminara, que a luta não caminharia mais, ele sempre lembrava a todos o mote de Galileu: Eppur se muove!. Trabalhou ativamente no Informandes, nos Cadernos ANDES e na revista Universidade e Sociedade.

Historiador engajado nas lutas do nosso tempo, Sílvio tinha muita facilidade de expor e concatenar ideias que expressava em teses políticas lúcidas e enriquecedoras para a reflexão política do movimento social organizado.


Inclusão: 24/05/2021