A União da Juventude Operária deve ser uma escola do socialismo

Georgi Dimitrov

1 de março de 1946


Obserevação: Fragmentos da conversa com os membros dos Comitês Regional e Urbano de Sofia da União da Juventude Operária, efetuada em 1° de março de 1946

Fonte: https://www.marxists.org/espanol/dimitrov/1946mar01.htm

Tradução: Campos Filho, J. C. G. a partir da versão disponível em https://www.marxists.org/espanol/dimitrov/1946mar01.htm - Tomado de Georgi Dimitrov, A União Juvenil Operaria deve ser uma escola do socialismo, Coleção “Juventude”, Liga da Juventude Comunista, México, fevereiro de 1992.

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I. Problemas de Organização.

Se o Secretário de Organização Regional é ao mesmo tempo Secretário da Organização Urbana, isto é revestido de uma grande importância. De outra maneira os comitês funcionam sem a sincronização necessária, se encontram somente em certas assembleias, os Comitês Regional e Urbano se assemelham a dois feudos diferentes. No partido isto havia sido superado, mas é valido também para a UJO (União da Juventude Operária). Desta maneira o trabalho se organiza melhor, se economiza tempo, se evita certos mal-entendidos e se trabalha com mais eficiência. E a época que vivemos exige que se trabalhe com muita eficiência.

Entre o Comitê Central e os Comitês Regionais e Urbanos, deve existir um estreito contato permanente. Mas em nosso caso, como regra, o Comitê Central trabalha para si, no Regional o mesmo, para si trabalham o comitê urbano e os comitês de rádio. No vosso trabalho deves se guiar pelo princípio de: uma grande centralização na direção central promove as mesmas ideias, a mesma linha, e neste sentido ela deve ser como um punho enquanto o trabalho prático, o trabalho de organização, agitação e propaganda deve ser descentralizados, para que possam as amplas massas de juventude. Enquanto se conhece a linha geral, enquanto se sabe as diretrizes da direção, então cada um, desde seu posto na organização respectiva, deve desenvolver a maior iniciativa criadora, energia e habilidade para a sua realização com êxito.

Tanto no partido como na UJO nos faltam muitos quadros. Temos vivido 20 anos de vida clandestina, temos passado por períodos de perseguições e encarceramentos, não temos tido tempo nem condições apropriadas para criar quadros suficientes. Ademais, alguns dos mais valentes e capazes, pereceram como guerrilheiros, presos ou confinados em campos de concentração. Agora, que temos liberdade de ação, quando ninguém pode nos perseguir, devemos aproveitar essa liberdade e trabalhar na criação de novos quadros, que precisamos. Devemos aproveitar os velhos quadros, que sobreviveram e os novos, os que se filiaram ao partido e ao UJO depois de 9 de setembro, tem que lhes dar a possibilidade de se desenvolver, de assimilar seu trabalho no seio da Organização no aparato do Estado, para que sejam quadros de grande valor. Neste fim é necessário não perder tempo em discussões e conversas fiadas, mas se deve prestar uma séria atenção e o maior acordo à formação dos novos quadros. Se deve elevar audazmente a um trabalho de direção, aos jovens leais e promissores. Procurar criar, acima de tudo, quadros de jovens especialistas. Que sejam bons engenheiros, médicos, agrônomos, juristas, etc. Uma intelectualidade qualificada deve sair da vossa União.

Outro defeito é que se perde muito tempo por falta de organização. As reuniões se convocam para as 8 e começam as 10. Isso não pode ser sério! Não se aprecia o fator tempo. É desperdiçado escandalosamente forças e energias. Se convocas a reunião para as oito, deve começar as oito! Na divulgação e nas reuniões se deve colocar este problema, estigmatizar implacavelmente esta chaga. Ademais, se faz reuniões muito grandes, porque em geral os problemas da ordem do dia não foram preparados. Começam discussões incoerentes, em torno de uma ou outra questão, e as ideias são tantas, tão numerosas, que a reunião parece uma colmeia: basta tocar com a mão, para que as abelhas comecem a zumbir e cada uma está em condições de dar ideias. Se desviam da questão colocada, e o tempo transcorre em falas infrutíferas. Para nós, o tempo é ouro. Deve se apreciar mais que muitas outras coisas valiosas. Não é suficiente as 24 horas do dia. Se pudesse a natureza prolongar de 24 para 48 horas, tampouco seria o bastante. Durante essas 24 horas se deve trabalhar, dormir e descansar. O único modo é organizar inteligentemente e racionalmente nosso tempo como dirigentes e como simples ativistas. Não pode trabalhar sem trégua e não dispor de tempo para descansar, para ir ao teatro e ao cinema. Que classe de dirigentes seríamos, se não temos a cultura necessária? Ao estudo do marxismo se deve agregar a cultura. Devem ser sadios, fortes e resistentes. Se trata do trabalho e do emprego criativo.

Em nosso trabalho é necessário a cada passo um emprego organizado do tempo dos órgãos dirigentes: os problemas se devem estudar previamente, se devem planejar concretamente e solucionar também concretamente. Se uma questão não figura na ordem do dia, se não é um problema de excepcional importância que tem que se resolver rapidamente, se examinará na reunião seguinte. Ademais, não é necessário que todos expressem sua opinião. Se o essencial foi formulado por outro, porquê é necessário que você também o diga? Que se evite as repetições. Que não exista essa ambição: demonstrar que sabe muito. Os sabichões não são ativistas sérios, eles não podem se desenvolver. O que se imagina que sabe muito, não se move do lugar, enquanto a vida marcha adiante e isto significa que se está ficando para trás.

Quando tomares uma decisão, deves fixar sempre um prazo, quem cumprirá e quem controlará a sua realização. Se atuas assim, em 90% das vossas resoluções serão positivas. Se decide convocar uma reunião, mas quem a convocará, quando se convocará e como se organizará, isto só se pode confiar, em geral, ao secretário que resolve os ditos problemas da maneira que lhe parecer bem. A maior parte das decisões ficam anotadas como desejos que não se realizarão. Sobre estas decisões se discute durante horas inteiras e logo, não se cumprem. Boas decisões que vão ao arquivo. Mas este, pode desempenhar um certo papel unicamente para a história. É necessário controlar a realização das decisões tomadas. O controle é necessário de cima a baixo, até a sua última instância. Isto não é tão fácil e exige muito trabalho e tenacidade, até que se acostume a gente. Um ou dois dias antes do vencimento do prazo se deve averiguar, por telefone o de algum outro modo, o que foi feito. É assim que deves trabalhar para poder costurar êxitos. Vós sois jovens, sãos e capazes de estabelecer tal ordem. Então vão se convencer que conseguireis mui melhores resultados.

A parte mais importante de suas entradas devem ser as cotas mensais dos filiados. É necessário, controlar as cotizações mensais, organizá-la a tempo, não atrasando o pagamento das cotas mensais determinadas. Se existe um certo descuido, se deve tomar enérgicas medidas, fazer advertências, recorrendo a expulsão como sanção extrema. Ocorre geralmente que ao cabo de dois ou três meses, se dão conta que certo filiado não pagou sua cota mensal e então lhe expulsa. Isto significa que a Organização não leva a cabo o trabalho educativo necessário nesse sentido. Deve-se perguntar aos dirigentes como procederam com os membros que não pagam suas cotas mensais. Se o dirigente se apressa a expulsar alguém por não haver abonado sua cota mensal, isto significa que ele escolhe o caminho mais fácil. Este dirigente não é um bom dirigente. Em cada organização vossa deveis ter sem falta um caixa enérgico: Ele fará recordar a tempo os filiados, se ocupará de cobrar a tempo as cotas mensais, pois de outro modo o trabalho se atende mal, passam um ou dois meses, a dívida cresce e então lhe é difícil ao filiado pagar as cotizações atrasadas.

O pagamento regular da cota mensal é o primeiro índice do apego do filiado a sua organização. De transações comerciais como fonte de ingresso não deveis ocupar-vos. Evitar tais fontes, estas prejudicariam a vossa organização. Organizar festas e encontros noturnos é um meio honrado, mas elas devem ser bem e apropriadamente organizadas. Os meios provenientes das festas devem figurar em segundo lugar depois das cotas mensais dos filiados. Tem organizado loterias juvenis? Tem gente que pode dar e daria dinheiro e ajuda à juventude.

Criar um fundo da UJO! Este problema deve ser estudado pelo CC (Comitê Central) da UJO. Sua organização deve, desde o ponto de vista financeiro, ter sua própria base e só em casos excepcionais recorrer a ajuda material do partido.

II. Sobre o caráter de massas da União

A UJO deve ser numericamente superior ao partido. Para que um jovem seja filiado a UJO a condição indispensável é que seja honrado e leal. Pode não ter uma preparação suficiente, mas não é a UJO uma escola para a educação da juventude? Não o prepareis fora da UJO, mas você o aceitará com os seus defeitos. O mais importante é que seja honrado e leal, e a UJO trabalhará para a sua formação. Neste sentido as portas da UJO deverão estar abertas de par em par. A juventude se educa no processo do trabalho e no processo do cumprimento das tarefas planejadas agora ante nosso povo, ante a Frente da Pátria, ante o partido e ante a UJO. Mas ao mesmo tempo, isso se entende, não deve admitir-se elementos provocadores e nocivos. Os agentes estrangeiros dissimulados não devem admitir-se na UJO. Para pessoas assim deve mostrar máxima vigilância.

O meio principal, que deve empregar no recrutamento de novos membros, é o de intensificar seu trabalho nos sindicatos. Lá se vai obter pelo menos 50% mais de jovens operários do que os que se tem agora. Se deve averiguar em cada sindicato o número de jovens organizados, quanto deles são membros da UJO, quais deles são ativistas. Em cada sindicato deve averiguar porque há jovens não organizados na UJO e quem são. Seus filiados devem trabalhar mui ativamente em cada sindicato para trazer as filas de nossa organização a juventude sindical.

Passamos a outro setor. Existe a União Feminina e diversas sociedades femininas. O que fazem essas direções? Quantas meninas militam nas associações femininas, quantas delas estão organizadas na UJO? Quais são as ativistas? Por que muitas destas meninas não estão organizadas na UJO? Chamar a atenção dos companheiros e companheiras para a organização destas meninas na UJO. A UJO deve unir nas suas filas a maioria das meninas. Elas podem contribuir grandemente ao movimento juvenil. Esta parte da juventude é importante também desde o ponto de vista nacional. Elas serão mães e delas dependerão que geração darão à nova Bulgária como mães. Como filiadas a UJO, se são honradas, cultas, formadas politicamente e de corpo são, elas serão boas mães amanhã. São elas que serão as companheiras de nossos jovens de nossos ativistas. Muito depende do feito, que companheira serão de seus esposos na vida familiar.

Cometeram certos erros no que se refere a cultura física. Se retiraram das organizações desportivas, pensavam que unicamente vos incumbia a organização dos desportes. Deveis reorganizar o trabalho neste sentido, ver que classe de jovens participam nas organizações desportivas, quem são e porque não estão filiados à UJO. Destes não só poderiam assegurar uma certa influência dos filiados à UJO, mas que também poderia exercer a influência benéfica necessária sobre estas importantes organizações de massas.

No seu trabalho nas escolas vai tropeçar com maiores dificuldades, seu caminho lá não será muito fácil. A reação trata de se criar nestes lugares uma base e vocês devem tomar contramedidas e fazer mais esforços. Depois do 9 de setembro de 1944 quase todos marchavam pela Frente da Pátria, a corrente os arrastava e levavam consigo. Agora, começou o segundo período, começou a diferenciação, uns estão a favor, outros estão contra e os terceiros vacilam. Isto se refere sobre tudo a intelectualidade. Tal é o período que estamos vivendo. Quando maiores sejam os êxitos da Frente da Pátria, tanto menores serão as vacilações. A oposição quer precisamente aproveitar este período de incertezas em uma parte da intelectualidade para criar seus pontos de apoio no seio da juventude estudantil. A oposição necessita sobretudo de estudantes agitadores, e por isso que lá os atacarão com mais furor. É notório que Sofia é um ninho de reação. Mas vocês devem confiar plenamente nas forças do povo. Há jovens que, ao ver que a reação exerce certa influência em alguns meios, se fazem mais intratáveis. É necessário desenrolar uma atividade explicativa, atuar energicamente para afiançar a fé da juventude, sobretudo da juventude estudantil, na justa causa da Frente da Pátria, e as forças do nosso povo.

III. Sobre a instrução da juventude

A educação marxista-leninista é um problema importante que requer medidas de particular seriedade. Nós geralmente falamos muito dessa educação, mas é relativamente pouco o que fazemos nesse sentido. A época em que vivemos e as condições nas quais trabalhamos são tais que exigem de cada filiado seu, de cada membro do partido, aumentar sem cessar seus conhecimentos no setor da nossa teoria revolucionária, que apreenda os princípios fundamentais do marxismo-leninismo. É necessário que se adapte e organize de tal maneira vossa obra educacional que ela esteja ao alcance de um amplo setor de nossas massas de filiados. A juventude estudantil, que tem certas noções, por exemplo, das ciências naturais e possui uma cultura geral, lhes é mais fácil aprender nossa teoria, mas a juventude operária e campesina, que não tem noções de cultura geral e que em sua maioria estudou só até a terceira ou quarta série, ou até o sétimo ou oitavo ano no melhor dos casos, para ela, nossa teoria representa certa dificuldade. Por isso a atividade instrutiva deve diferenciar-se, é dizer, devem adotar-se diferentes métodos relativos a juventude operária e a juventude campesina. Na Bulgária, neste sentido se atua segundo um único molde. É necessário que mediteis sobre a diferenciação de instrução. Claro que este problema não é fácil. Se necessita certa preparação prévia, é necessário fazer um balanço de toda a experiência acumulada até agora neste sentido e estabelecer duas classes de programa instrutivo: uma para os estudantes e para os jovens intelectuais, e outra popular para a juventude trabalhadora e camponesa.

Não esqueça que a base do movimento juvenil deve ser a juventude operária e camponesa. Essa é a ampla massa em que se deve apoiar. É muito importante que tenhamos uma intelectualidade honrada, capaz, mas bons quadros devem se formar principalmente no seio da juventude operária e camponesa. A fim de cumprir esta tarefa, deve também adaptar seu trabalho, deve proceder buscando os meios auxiliares neste sentido. Os círculos devem se ampliar até o máximo em escolas, aldeias, empresas, oficinas, bairros, mas sua assistência deve ser voluntária, não obrigatória. Suscitar um interesse permanente por eles! Se reunir uma ou duas vezes por semana para ler juntos, para aclarar os problemas correntes. Que se reúnam onde possam, não é necessário que isto se realize obrigatoriamente no clube. Destes círculos, integrados por dez ou quinze pessoas, deverás ter milhares, pois são o melhor método de autoeducação. Neles, os jovens se ajudarão uns aos outros, e elevarão seu nível cultural, crescerão no sentido ideológico e político.

A autoeducação é de necessidade particular para a juventude. O partido e a UJO não podem em seus cursos e escolas abarcar a todos os que deveriam estudar. Por isso é tanto mais necessário que cada um se ocupe por si mesmo de sua educação. Criar a este fim uma rede de milhares de círculos, colocar a sua disposição manuais, compêndios e livros para que possam estudar sozinhos, acumular a maior quantidade possível de conhecimentos úteis. Nas condições atuais a autoeducação é o meio mais eficaz para elevar o nível teórico e político da vossa massa de filiados. O jovem que se recosta pela noite, sem pensar no que aprendeu durante o dia, não realizará progressos. Ainda que estejam sobrecarregados pelo trabalho diário, devem organizar de tal maneira seus trabalhos para que sobre tempo para meditar sobre o que foi feito durante o dia: Bom ou mau. Se é positivo – está bem, se é negativo – se deve tomar medidas. Nos nossos círculos existe a autossuficiência sectária: um pensa que sabe o suficiente e se não sabe pode aprender senão hoje, amanhã ou depois de amanhã. Pois essa autossuficiência sectária é para vocês jovens, a doença mais perigosa, da qual se devem preservar como o fogo. Um ditado russo diz: Se vive um século, um século aprenderás. Isto deve ser uma lei para nós, para os comunistas, para todos vossos membros. Falar menos e atuar mais! Falar o que é necessário e atuar mais que falar! Estudar, no entanto, sem cessar e tenazmente.

O Mladeshka Iskra (Centelha Juvenil) deve ser seu vínculo com a UJO e com toda a juventude. Se ela não penetra ainda suficientemente ao seio da juventude, isto se deve a que não se tomam medidas energéticas para sua difusão. Deve ter assinantes, gente que paga para receber o diário e se interessa em recebê-lo. Faça o necessário pela chegada regular do periódico às aldeias, empresas, oficinas e escolas. Que haja pessoas designadas que respondam por ele. Organizar uma ampla rede de responsáveis pelo diário. Fazer esforços particulares nesse sentido, pois sem ele não se pode conseguir sua divulgação em grande escala. E, ademais, que o diário seja acessível e interessante para a juventude. Este deve responder às necessidades, interesses e exigências culturais da juventude. Uma tiragem de 15 mil exemplares para o seu setor é uma difusão muito débil. Sua divulgação e leitura é o barômetro da consciência e eficiência da UJO. As associações deverão designar determinados membros que se encarreguem também da divulgação da revista Mladesh (Juventude).

IV. Defesa dos interesses e dos direitos da juventude

Como é sabido, nas empresas tem muitos jovens. Elas representam a maior parte dos operários das fábricas tabacaleiras, têxteis, etc. A UJO deve manifestar suficiente interesse pelo encorajamento das condições de trabalho desta juventude. Neste sentido se deve prestar um atendimento constante. Nós dizemos: “A UJO é a defensora dos interesses materiais, culturais e espirituais da juventude”. Assim consta também nos Estatutos. Porém, que faz como organização, em defesa dos interesses materiais, culturais e espirituais da juventude? Vocês mesmos tem dado conta deste feito. Isso não quer dizer, naturalmente, que devem empreender a construção de casas de descanso, de casas de habitação coletiva, etc. Essa é uma tarefa dos sindicatos, dos proprietários das empresas e do Estado. No entanto, podem fazer muito nas empresas por meio dos comitês sindicais, mas de maneira tal que a gente saiba que é uma iniciativa sua e se realiza com sua ajuda.

A UJO não pode ser uma organização que só faz propaganda. A UJO é uma organização necessária para a juventude, necessária para a elevação de seu nível material, cultural e espiritual, e por isso que seu trabalho deve ir acompanhado de uma atividade prática de defesa dos interesses e direitos juvenis. A mim parece que o calcanhar de Aquiles da UJO é que esta não faz muito e não se ocupa suficientemente da defesa dos interesses vitais da juventude. Prestem uma séria atenção a isto! Nesse sentido devem tomar as mais variadas iniciativas até em assuntos aparentemente insignificantes. Se inteirar, por exemplo, que um dos seus jovens está gravemente doente e sua organização socorre e ajuda a levar ao hospital para que seja devidamente tratado, isto será um feito positivo, que será apontado. Todo o bairro ou a empresa saberá. Zelo e uma atitude atenta para a juventude, no marco das possibilidades materiais, nos limites que oferecem o Poder da Frente da Pátria, são muito necessárias em todos os setores. Estes marcos não são pequenos, e eles podem se alargar também no trabalho prático. Enquanto se limitar a fazer unicamente propaganda, nossos êxitos serão êxitos pela metade. Se a eles não se agregam o trabalho prático na defesa da juventude, a força de atração da UJO diminuirá. Disto se aproveitará só os inimigos.

A juventude deve sentir a UJO como a um conselheiro e defensor em todas as partes! Não evite as coisas mais insignificantes neste sentido! Aproveitar, por exemplo, cada casamento de um jovem, envia alguém para felicitar aos recém-casados! Se se casa alguma menina do campo, membro da UJO, toda a associação deve assistir a boda. Nasce um filho, ou falece um pai ou a mãe de alguém, deve ir um representante da UJO a prestar a ajuda possível! Não considera que estas coisas, aparentemente insignificantes, podem minguar a dignidade da UJO como organização combativa. Devem meditar seriamente sobre estes assuntos e podem encontrar muitos métodos concretos de trabalho! Isto deve chegar a ser um sistema na sua organização! Não deixem passar nenhuma ocasião que possam os ligar mais firmemente à juventude. Que a juventude sinta a UJO como sua própria organização, a qual se possa dirigir para pedir conselho e ajuda em todos os casos de necessidade. Claro está que se os ocupasses somente dessas questões, se transformarão em uma simples organização de beneficência. Para que isso não aconteça, todo este trabalho deve estar unido a sua atividade de organização juvenil combativa. Mas em todos os casos devem se interessar pela juventude, posto que são os dirigentes responsáveis dela. Quantas vezes haveis ido às fábricas, para ver como trabalha e como vive a juventude operária, e o que concretamente se deve fazer para melhorar sua situação? Vocês devem sentir permanentemente como respira a juventude operária! Isto não é uma tarefa unicamente da seção “Juventude Operária”. Toda a direção deve se preocupar por essas questões e interesses vitais da juventude.

Nas nossas fileiras existe a burocracia. O Secretário, por exemplo, ordena e pensa: com isto já todo o trabalho está terminado, tudo está em ordem. Mas até nos quartéis se devem explicar as coisas. A UJO é uma organização juvenil voluntária: se um jovem quer ingressar em suas fileiras o faz, se não quer, não faz. Vocês devem criar as condições que se faça sentir satisfeito e orgulhoso de ser membro da UJO. Inclusive muitos dirigentes do partido não compreendem esta questão. Mas para a juventude isto é ainda mais necessária. Os jovens estão em uma idade decisiva de transição entre a adolescência e a idade adulta. Durante este período a juventude experimenta sensações e estados de ânimo que as vezes exercem uma influência má e inclusive perniciosa. A direção da UJO deve prestar atenção a este feito e estar vigilante. Tomemos um exemplo: o amor é um sentimento natural e legítimo. Mas ao se apaixonar um jovem pode ocorrer coisas de distintas índoles. O amor nem sempre é correspondido, as vezes causa sofrimentos, preocupações e o jovem nem sempre pode superar esses sentimentos. Sobrevém a depressão, a melancolia... Se o dirigente é um burocrata, se dará conta de que o companheiro ou a companheira está triste, mas passará por cima, a ele o que importa? Mas o verdadeiro dirigente deve mostrar uma atitude solícita de companheiro, deve encontrar o tempo necessário para falar com o jovem ou a menina, alentar e ajudar a sair dessa situação. Dessa forma vocês ajudarão a muitos jovens a resolver as dificuldades de sua vida e a desenvolvê-la acertadamente.

É necessária uma atitude solícita e um interesse particular e não indiferença para os companheiros e companheiras da organização. Se trata de um capital humano, capital do partido e da UJO. Numa organização de massas, como é a UJO, há também elementos doentios, que abusam da confiança das meninas. Recebemos muitas cartas com queixas de caráter semelhante. Há malandros que manipulam o amor verdadeiro e logo abandonam tudo. Que medidas toma a UJO? Deve esta atuar severa e educativamente ou dizer: não me interessam as coisas pessoais deste caráter? Esta atitude burocrática e egoísta repercute desfavoravelmente no desenvolvimento da UJO e deve se evitar a todo preço. O amor, isto se sabe, é um grande fator na vida da gente. Este dá assas. Mas é necessária uma moral sadia, não hipócrita, filisteia, mas uma verdadeira moral comunista. É muito importante que haja relações recíprocas sãs entre os filiados da UJO de ambos sexos, relações de confiança, mútua e de cooperação frutuosa em prol de nossa grande causa comum.

V. A UJO como escola de socialismo

A UJO deve ser escola do socialismo da juventude progressista. Se ocupando de problemas imediatos, da realização do programa da Frente da Pátria, do cumprimento das tarefas planejadas da ordem do dia. Lutando contra o fascismo e a reação, a UJO é ao mesmo tempo escola de socialismo. Devemos ter uma juventude operária, camponesa, estudantil, que esteja disposta a luta do socialismo, e depois, pelo comunismo.

Digam aos vossos companheiros que leiam minhas intervenções ante a Conferência Regional do partido e que meditem sobre elas! Devem explicar a vossos jovens uma simples verdade: Quando se vai construir uma casa, não se começa pelo telhado, mas no princípio cavam a terra, colocam os cimentos, elevam os muros e só então constroem o telhado. A luta pelo socialismo é também algo semelhante. Não se começa pelo telhado, mas no princípio se devem colocar o concreto. A realização do programa da Frente da Pátria é principalmente esta fundação em nosso país. Sobre ela se deve construir, edificar e logo colocar o telhado. Em que momento colocaremos o telhado? Isto dependerá de muitas condições objetivas, mas também de nós mesmos do fator subjetivo. Quando melhor trabalhemos, tanto mais rapidamente passaremos ao socialismo. O camponês sabe que antes de nada deve semear, então regar e só então obterá uma rica colheita. Outro tanto ocorre na vida social. Nós como marxistas devemos saber esta simples verdade: Aras a terra, a semeia, arranca as ervas daninhas e só então obtém uma abundante colheita. Muitos companheiros nossos, sobretudo, jovens, não chegam a compreender isto.

É muito importante que tenhas uma clara perspectiva. Todos os povos caminham e caminharão para o socialismo. Não existe força capaz de deter este desenvolvimento para o socialismo. Muito outra é a questão de quando e como chegarão os povos a ele. E em segundo lugar, saber que os povos chegarão ao socialismo em todas as partes pelo seu próprio caminho. Não é uma necessidade inevitável o levante armado: em certas condições especiais se pode realizar o socialismo sem levante armado. Agora estamos na presença de tais condições: por uma parte, o grande Estado Socialista com uma enorme influência política e moral, a União Soviética, e por outra, as transformações democráticas que se levam a cabo em uma série de países e que abrem o caminho para o socialismo.

Nossa tarefa principal é reforçar agora a unidade da Frente da Pátria como poderosa união das forças antifascistas, democráticas e progressistas de nosso povo, em cuja primeiras fileiras devem encontrar-se nossa juventude, extirpar sem piedade os restos do fascismo, frear a reação, levar a vitória da causa histórica de 9 de setembro: a construção da República Popular em nosso país. E quanto mais rapidamente realizemos tudo isto, tanto mais seguro poderá nosso povo passar ao socialismo.

Em nosso país há pessoas que hão aprendido algo de Marx. Mas aprenderam como papagaios. Aprendem ao marxismo, não de maneira criadora, como um guia para ação, mas dogmaticamente. Nós devemos ser marxistas criadores, e dizer, devemos ver o novo, o que depois de Marx foi dado por Lenin. Aprendendo inteligentemente o novo no marxismo, seremos capazes de resolver com acerto o problema da passagem do capitalismo para o socialismo, de acordo com a situação concreta de nosso país, de acordo com suas particularidades econômicas, culturais, nacionais e históricas. Se aprendemos o fundamental da ciência marxista-leninista, esta nos servirá como um guia para a ação e não como uma receita para todos os países, épocas e condições. Não existe e não pode existir uma tal receita.


Inclusão: 29/03/2020