Discurso Proferido na Manifestação Promovida pela Intersindical

Vasco Gonçalves

10 de Julho de 1975


Fonte: Vasco Gonçalves - Discursos, Conferências de Imprensa, Entrevistas. Organização e Edição Augusto Paulo da Gama.
Transcrição: João Filipe Freitas
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Fernando A. S. Araújo.

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Trabalhadores Portugueses:

É com a maior alegria que verifico como compreendestes a importância para a nossa Revolução e para a nossa Pátria da unidade entre o Povo e o Movimento das Forças Armadas. Essa unidade está agora mais clara do que nunca. Ao propor, através dos seus órgãos mais representativos, a Assembleia do Movimento das Forças Armadas e o Conselho da Revolução, uma estrutura de participação directa dos trabalhadores na vida nacional, demonstrou o Movimento das Forças Armadas a sua própria unidade.

A opção do Movimento das Forças Armadas pelas classes trabalhadoras, tantas vezes afirmada, teve mais uma confirmação prática. Mas se o Movimento das Forças Armadas foi ao encontro dos trabalhadores, foi também ao encontro da História, a qual prova a necessidade da organização dos trabalhadores como garantia de avanço para o socialismo.

É necessário que todo o País saiba que o MFA não pretende qualquer ditadura. A organização popular não se destina a oprimir mas a libertar. A organização popular não caracteriza nenhum Estado policial, as polícias nasceram sempre das organizações destinadas a oprimir e não das destinadas a libertar, e a opressão nasceu sempre do domínio sobre a sociedade de interesses contrários aos do povo. Nenhum povo se oprime a si próprio.

Quem, cujos interesses se não oponham aos das classes trabalhadoras, poderá recear que elas se organizem? Trabalhadores! Trabalhadoras! O que o MFA quer construir é o Socialismo, mas o Socialismo só se constrói na unidade das massas populares e na unidade de objectivos.

A organização popular, permitirá obter essa unidade, permitirá dinamizar o aparelho de Estado que o MFA não quer pura e simplesmente destruir, mas sim transformar profundamente, colocando-o ao serviço de toda a colectividade.

A organização popular não se faz para marginalizar os partidos cujo objectivo é o socialismo. Esses partidos têm um papel fundamental na transformação e democratização do aparelho de Estado, para o que o povo tem o direito de exigir a esses partidos uma actuação unitária, a colocação dos objectivos nacionais acima dos objectivos partidários. Numa palavra, tem o direito de exigir o patriotismo.

No dia 25 de Abril de 1974, o MFA assumiu um compromisso com as classes mais desfavorecidas. Ao longo do tempo e através dos golpes da reacção, foi-se cimentando a sua aliança e clarificando a sua opção ao consagrar a organização popular. O MFA, para além de reconhecer o controlo progressivo dos trabalhadores sobre as suas próprias condições de existência, pratica um acto simples de justiça para com o povo que demonstrou sem tibieza, nos momentos difíceis, a sua consciência política e a sua vontade de libertação.

Pela unidade inquebrantável entre o Povo e as Forças Armadas!
Vivam os trabalhadores portugueses!
Viva Portugal!

 

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Abriu o arquivo 05/05/2014