A Culpa Não é Nossa, é da História

Maurício Grabois

21 de setembro de 1945


Primeira Edição: Setembro de 1945. O presente artigo do deputado Maurício Grabois, líder da bancada comunista na Câmara Federal, foi publicado a propósito do terceiro debate realizado pelo Comitê Metropolitano do Partido Comunista do Brasil, em torno dos discursos de Luiz Carlos Prestes.

Fonte: Jornal Diretrizes: Política, Economia e Cultura (RJ), 21 de setembro de 1945.

Transcrição: Leonardo Faria Lima

HTML: Fernando Araújo.


O Partido Comunista tem uma política independente. Antes dos homens, vemos os interesses do povo. E quando tomamos uma atitude não queremos saber se ela virá satisfazer a êste ou aquele indivíduo, mas, sim, se trará benefícios para o proletariado e o povo. Em 35 lutamos de armas na mão contra o govêrno do sr. Getúlio Vargas, que levava o país para o fascismo. E quando êsse mesmo govêrno se colocou ao lado das Nações Unidas, na luta contra o fascismo, nós o apoiamos. Nós não mudamos; quem mudou foi o govêrno. Assim, a culpa não é nossa, é da História.

Se a Constituinte virá beneficiar o sr. Getúlio Vargas, isso depende tão somente do sr. Getúlio Vargas. Se êle continuar fazendo concessões cada vez maiores ao povo e à democracia, claro é que poderá contar com o povo. Nós, comunistas, não levantamos a bandeira da Constituinte em Getúlio Vargas. Levantamos a bandeira da Constituinte. Constituinte com Vargas é a palavra de ordem de uma outra organização, o “Queremismo”, que também reconhecemos como força política, como a U.D.N. e o P.S.D.


Inclusão: 11/08/2020