Prestes e o Internacionalismo Proletário

Maurício Grabois

31 de dezembro de 1949


Fonte: Jornal Voz Operária (RJ), 31 de dezembro de 1949.

Transcrição: Leonardo Faria Lima

HTML: Fernando Araújo.


desenho de Prestes
Ilustração original do Jornal Voz Operária

Um dos aspectos mais destacados da atividade política e revolucionária do camarada Prestes – cujo 52º aniversário comemoramos com o maior entusiasmo – é o que se refere à sua posição consequente de fidelidade aos princípios do internacionalismo proletário. Essa posição do camarada Prestes marca todo um período de sua vida, período esse que se inicia quando pôs sua inteligência, seu patriotismo, sua coragem, enfim, toda sua vida a serviço da causa do proletariado. Desde aquele momento, a permanente defesa do internacionalismo proletário tem sido uma constante de sua ação como o dirigente mais eminente da classe operária brasileira.

Agora mesmo, por ocasião das comemorações realizadas em nosso país em homenagem ao grande Stálin, por motivo do seu 70º aniversário, que ainda repercutem em todos os recantos de nossa terra, o camarada Prestes acaba de dar mais uma vigorosa demonstração de internacionalismo proletário, colocando-se à frente das amplas massas que tributaram as mais carinhosas e expressivas homenagens ao genial líder das forças democráticas do mundo inteiro. Interpretando a gratidão dos trabalhadores do Brasil ao sábio chefe do proletariado internacional, o camarada Prestes, em seu artigo “Em homenagem a Stálin”, afirmava:

Para nós, brasileiros, neste momento de opressão e de miséria crescentes, dizer bem alto do amor que dedicamos ao camarada Stálin e do jubilo com que festejamos seu aniversário é a melhor maneira de afirmarmos nosso patriotismo e a nossa vontade e decisão de lutar, a certeza que temos de que haveremos de libertar nossa pátria do jugo imperialista e marchar com audácia no caminho radioso do socialismo.

Desse modo, ligando o amor que dedicamos a Stálin à luta anti-imperialista em que estamos empenhados, o camarada Prestes coloca em seus justos termos a luta que hoje realiza o povo brasileiro por sua emancipação nacional e social, porque o verdadeiro caminho do patriotismo é o do internacionalismo proletário. Com efeito, as comemorações levadas a cabo em honra a Stálin, em que as massas enfrentaram com destemor a violência policial, sendo uma manifestação do internacionalismo proletário, tem um profundo significado patriótico. Elas não só reforçam o movimento de emancipação nacional contra o imperialismo ianque, como também ampliam a nossa solidariedade com a heroica União Soviética, solidariedade essa que se harmoniza com as mais nobres aspirações dos verdadeiros patriotas brasileiros, porque a União Soviética é a campeã da independência e da liberdade das nações; porque foi graças à União Soviética, dirigida pelo gênio de Stálin, que o nazismo, que constituiu uma das maiores ameaças para a humanidade, foi derrotado; porque a União Soviética é o baluarte da luta pela paz contra os manejos criminosos dos fazedores de guerra que procuram envolver os povos em uma nova carnificina mundial.

Essa atitude de amizade e de solidariedade com a União Soviética tem sido a preocupação central do camarada Prestes. Foi justamente sob a influência do grandioso exemplo dos povos soviéticos que liquidaram com a escravização capitalista e criaram o primeiro Estado Socialista do mundo, que o camarada Prestes encontrou o justo caminho para lutar pela libertação da nossa pátria do atraso e da miséria e da dominação imperialista, ligando-se ao partido de vanguarda do proletariado onde, atualmente, é seu dirigente máximo. Foi inspirado no proletariado russo, que realizou a maior revolução da história, que Prestes, como verdadeiro patriota, compreendeu que cabia à classe operária o papel histórico de dirigir a luta pela emancipação do Brasil.

Rompendo, definitivamente, com todos os vínculos ideológicos que até então o prendiam aos dirigentes do chamado movimento tenentista, que naquela época já se tinham passado completamente para o campo do imperialismo, Prestes foi buscar numa demonstração de internacionalismo proletário, na União Soviética, os ensinamentos para sua formação como militante do proletariado revolucionário. Assim é que, vendo sempre os supremos interesses de nossa pátria, Prestes dirigiu-se ao País do Socialismo onde, durante alguns anos, assistiu à construção, pelos trabalhadores, de um mundo novo e onde começou a se educar revolucionariamente nos princípios do marxismo leninismo, a fim de melhor servir ao proletariado e ao povo brasileiros.

O carinho e a gratidão que o camarada Prestes tem demonstrado a União Soviética constituem um corolário de seu profundo patriotismo. Todos os genuínos patriotas tem a profunda convicção de que as grandes experiências da União Soviética, na construção de uma sociedade sem classes, constituem um dos mais importantes fatores para que o Brasil caminhe mais rapidamente possível no sentido do progresso, razão por que somente uma íntima cooperação e a mais completa amizade com a União Soviética pode garantir o livre desenvolvimento de nossa Pátria, hoje entravado pela dominação imperialista, pela opressão feudal e pela exploração capitalista.

Por isso é que o camarada Prestes, em todas as oportunidades, nas condições mais difíceis e mais duras, expressando os melhores sentimentos do proletariado revolucionário brasileiro, tem mostrado sua admiração e seu reconhecimento à gloriosa Pátria dos trabalhadores do mundo inteiro. Nos anos de terror policial do Estado Novo, quando se encontrava no cárcere, isolado do mundo, sob a mais rigorosa incomunicabilidade, Prestes revelou a mais firme posição de fidelidade ao internacionalismo proletário ao defrontar os seus perseguidores, os pseudo-juízes do infame Tribunal de Segurança, congratulando-se pela passagem de mais um aniversário da Grande Revolução Socialista de Outubro, revolução que abriu uma nova era na história da humanidade.

Posteriormente, já em liberdade, em pleno recinto da Assembléia Constituinte, face a face à esmagadora maioria dos representantes da burguesia, dos latifundiários e dos imperialistas, o camarada Prestes reafirmava a sua posição de internacionalista proletário ao desmascarar as provocações anti-democráticas, anti-soviéticas da reação e do imperialismo sobre a sua posição em face da guerra imperialista. Pela voz de Prestes, afirmando que jamais faríamos guerra à União Soviética, falou o proletariado brasileiro que tem na União Soviética a melhor amiga e a mais poderosa aliada. Na verdade, tomando essa posição, Prestes defendia o verdadeiro patriotismo, pois o anti-soviétismo, ou mesmo qualquer tendência anti-soviética, é incompatível com o patriotismo.

Por isso as declarações de Prestes levaram o furor mais desesperado aos representantes da alta burguesia, dos latifundiários e dos agentes do imperialismo, que então tinham assento na Assembléia Constituinte. Todo o ódio zoológico que exibiram os Juracy Magalhães, os Prado Kelli, os Nereu Ramos e os patrioteiros de quinta classe, como os Pereira da Silva e Afonso de Carvalho, não fazia mais do que demonstrar que o autêntico patriotismo é o do proletariado que está livre de toda a arrogância nacional, egoísmo e ódio a outras nações. Enquanto Prestes, em nome da classe operária, defendia os legítimos interesses nacionais, ao se colocar contra quaisquer ataques à União Soviética, cujos interesses coincidem totalmente com os de nosso povo, os deputados e senadores da burguesia e dos latifundiários, sob a máscara de um falso patriotismo, colocavam-se contra os interesses do povo, tentando subordinar os interesses da nação aos interesses do imperialismo ianque. Não é por acaso que, depois da segunda guerra, vêm o proliferando entre os homens das classes dominantes as monstruosas “teorias”, como a da limitação da soberania, que pregam na prática a submissão ao imperialismo e evidenciam que a alta burguesia e os latifundiários já se divorciaram da nação brasileira.

Somente o proletariado, juntamente com as massas trabalhadoras da cidade e do campo, é quem expressa a nação e defende integralmente os interesses dos brasileiros. Unicamente a classe operária, que se opõe decididamente a toda espécie de opressão nacional, que não explora ninguém, que luta por um sistema social livre de toda exploração do homem pelo homem, está em condição de conduzir o povo brasileiro no caminho do progresso e da felicidade, acabando com o latifúndio e as sobrevivências feudais, estabelecendo um regime de verdadeira democracia, liquidando definitivamente com a dominação do imperialismo, abrindo assim para nossa Pátria a estrada luminosa que nos conduzirá ao socialismo.

O camarada Prestes é a mais alta expressão desse proletariado que comanda a revolução brasileira. Por esse motivo, antepondo à ideologia da burguesia – o nacionalismo burguês – o internacionalismo proletário, Prestes dá sempre a mais completa solidariedade revolucionária aos povos que lutam contra a opressão e por sua independência, ao mesmo tempo que apela para a solidariedade de todos os povos para a luta em que estamos empenhados contra o imperialismo e contra a brutal ditadura de Dutra.

Foi sob a inspiração do camarada Prestes que os portuários de Santos realizaram a greve de protesto contra os bárbaros fuzilamentos de patriotas espanhóis pelo bandido Franco. Foi o camarada Prestes quem em primeiro lugar desmascarou a defesa, realizada na Assembléia Geral da ONU, pelo ministro udenista da ditadura, Raul Fernandes, da criminosa intervenção ianque na Grécia. Foi o camarada Prestes que, há poucos dias, encabeçou o protesto dos comunistas brasileiros contra a prisão arbitrária, pelo ditador Peron, do líder comunista argentino Vitório Codovilla e de outros dirigentes proletários do país irmão. Foi o camarada Prestes que, em face do perigo iminente de uma nova guerra mundial que os imperialistas anglo-americanos preparam contra a gloriosa União Soviética e os países da nova democracia, conclamou o nosso povo a cerrar fileiras em torno da luta em defesa da paz e reafirmou categoricamente que jamais lutaremos contra a Pátria do Socialismo. Foi o camarada Prestes que alertou a nação para, caso irrompesse uma nova guerra imperialista, a necessidade imperiosa de transformar essa guerra de rapina em guerra de libertação nacional.

Toda essa atividade do camarada Prestes expressa a ação política de vanguarda da classe operária, fiel aos princípios do internacionalismo proletário. Assim, pois, comemoremos o 52º aniversário do maior líder popular e anti-imperialista de nossa Pátria, sob a bandeira do internacionalismo proletário e do patriotismo, personificados na luta pela libertação nacional do povo brasileiro e na firme solidariedade a todos os povos amantes da paz, particularmente com os gloriosos povos da União Soviética.


Inclusão: 01/09/2020