Nova Contribuição de Stálin à Luta pela Paz

Maurício Grabois

14 de outubro de 1951


Fonte: Jornal Imprensa Popular (RJ), 14 de outubro de 1951

Transcrição: Leonardo Faria Lima

HTML: Fernando Araújo.


A recente entrevista do generalíssimo Stálin concedida à Pravda é, ao mesmo tempo, uma poderosa contribuição à causa da paz mundial e uma demonstração eloquente do poderio do campo da paz e da democracia. A palavra lúcida e orientadora do grande líder dos povos repercutiu intensamente entre as mais vastas massas, levando ao coração dos homens simples de todos os países novas esperanças na vitória final das forças da paz.

Em sua entrevista à Pravda, o chefe dos povos soviéticos reafirmou mais uma vez a política de paz da gloriosa União Soviética, política que dimana dos próprios fundamentos do estudo socialista, política que condena a agressão e defende a independência e a soberania de todas as nações, política que exige a redução dos armamentos e a proibição das armas atômicas, política que se baseia na cooperação dos povos, independentemente de seus regimes políticos e sociais, e que por isso pugna pela conclusão de um Pacto de Paz entre as cinco grandes potências.

O grande Stálin, dando aos partidários da paz de todo o mundo um exemplo vivo de desmascaramento dos incendiários de guerra, pôs a nú toda a hipocrisia dos círculos dirigentes norte-americanos que, com a sua cínica gritaria, afirmam que a segurança dos Estados Unidos está ameaçada com as experiências realizadas com a bomba atômica na União Soviética.

Ao contrário do que costumam fazer os líderes do campo anti-democrático e da guerra, como os Truman, Acheson(1) e outros chacais do imperialismo que, a todo instante, vociferam ameaças de empregar a bomba atômica contra os povos, e em particular contra o país soviético, Stálin, em nome da invencível União Soviética, para quem a fabricação da bomba atômica não tem mais nenhum segredo, fala a linguagem da paz, declarando firmemente o seu repúdio ao emprego das armas atômicas e reafirmando sua atitude em favor da proibição e cessação do fabrico das armas atômicas.

Somente o fato dos Estados Unidos possuírem a bomba atômica e se colocarem contra a sua proscrição – o que significa que a empregarão no caso de agressão à Pátria do Socialismo – é que levou a União Soviética a ter armas atômicas, com o objetivo exclusivo de se defender, devidamente aparelhada, de seus agressores.

A posse da bomba atômica por parte da União Soviética não constitui a mais leve ameaça a qualquer povo, pois a URSS defende intransigentemente a paz e jamais agrediu, nem agredirá, em tempo algum, qualquer nação.

Arrancando a máscara dos políticos dos Estados Unidos que cinicamente procuram iludir o povo norte-americano sobre uma pretensa ameaça por parte da União Soviética à segurança dos Estados Unidos, Stálin declara em sua entrevista “... se os Estados Unidos não pensam em agredir a União Soviética, o alarme dos políticos dos Estados Unidos deve ser considerado supérfluo e falso, pois a União Soviética jamais pensou em agredir os Estados Unidos ou qualquer outro país”.

Essas palavras confirmam, em sua clareza meridiana, não só toda a firme política de paz da URSS, como também demonstram às grandes massas que a posse de arma atômica por parte da União Soviética é também um reforçamento das forças de paz no mundo inteiro.

Se os imperialistas não detêm o monopólio da fabricação da bomba atômica não tem, por sua vez, como desejariam ter – como nos mostra Stálin – “possibilidades ilimitadas para amedrontar e fazer vantagem em relação aos outros países”. Esse fato, sem dúvida, facilita a luta pela manutenção da paz em todo o mundo e ajuda em grande escala a luta pela interdição das armas atômicas.

As grandes massas, ao tomarem conhecimento da entrevista de Stálin, reforçam a sua convicção de que a Pátria do Socialismo, sob a orientação do seu estremecido chefe, ao mesmo tempo que lidera a luta pela paz e nela empenha todos os esforços, cuida zelosamente de sua defesa e de sua segurança. Isso infunde às amplas massas uma confiança cada vez maior na luta que realizam contra os provocadores de guerra, porque a defesa e a segurança da União Soviética – baluarte da paz e da independência de todos os povos – constituem uma garantia para a vitória final da causa da manutenção da paz em todo o universo.

É evidente que a União Soviética não baseia, nem poderia basear sua política externa no emprego da arma atômica. Ninguém mais do que a União Soviética tem pugnado pela interdição incondicional da bomba atômica e condenado a corrida aos armamentos. Mas a União Soviética não seria digna de ser a força líder no campo da paz e da democracia se contra qualquer tipo agressão, principalmente agora, quando os imperialistas anglo-americanos desenvolvem desenfreada preparação guerreira, estabelecem em seu redor, nos países de democracia popular, uma cadeia de bases militares com objetivos claros de agressão, massacram cruelmente o povo coreano e acumulam grandes estoques de armas atômicas.

É, portanto, com o maior entusiasmo e alegria que as massas tomaram conhecimento das palavras de Stálin de que “as experiências de bombas atômicas de calibres diversos continuarão também ao futuro, conforme o plano de defesa de nosso país do ataque do bloco agressivo anglo-americano”.

Essa comunicação do grande Stálin, por sua vez reforça o movimento mundial pela paz, ajuda os povos a lutar pela proscrição das armas atômicas, porque, como nos ensina Stálin em sua entrevista, que já não são mais os monopolistas de tal arma.

O mais destacado dirigente no campo mundial das forças de proibição da arma atômica se vista, “os partidários da bomba atômica só aceitarão a da paz, ao mesmo tempo que a quebra do monopólio da bomba atômica possibilita a luta pela interdição dessa arma de extermínio em massa”, pronuncias tendo em vista os interesses da manutenção da paz aberta e francamente pela proibição da arma atômica e pela cessação de sua fabricação, indicando a necessidade do estabelecimento de um efetivo controle internacional que proíba realmente o emprego da bomba atômica e a sua fabricação e condenando com veemência um controle como querem os americanos, que “não se baseia na proibição da arma atômica, mas sim na legalização e na legitimação”.

É a política que a União Soviética tem defendido na ONU desde a sua criação, através de sucessivas propostas de seus representantes, em particular pelos eminentes líderes soviéticos Molotov e Vichinski.

A palavra esclarecedora do generalíssimo Stálin se faz ouvir num dos momentos mais graves da humanidade, quando os imperialistas intensificam seus criminosos preparativos de guerra e ultimam os seus planos de agressão contra a União Soviética e os países de democracia popular, ameaçando assim envolver a humanidade na mais horrível das carnificinas.

A entrevista de Stálin nos alerta, deste modo, sobre a necessidade de intensificar a luta pela paz.

Essa é, sem dúvida, a tarefa central que é necessário enfrentar com decisão e audácia, tanto mais que também em nosso país se intensificam as medidas de preparação guerreira, e o imperialismo norte-americano faz intensa pressão, em todos os sentidos, sobre o governo anti-nacional de Vargas para que sejam postas em prática rapidamente todas as decisões da Conferência de Washington.

Os imperialistas norte-americanos exigem que sejam enviados agora para a Coréia soldados brasileiros, impõem a entrega imediata do nosso petróleo à Standard [Oil Company] e querem que sejam tomadas sem demora medidas fascistas que facilitem arrastar o país a uma aventura guerreira.

A ameaça que paira sobre nosso país é bastante séria, mas o povo brasileiro resiste à pressão do imperialismo e à atividade reacionária e guerreira do governo anti-nacional de Vargas. A ação organizada das forças da paz em liberdade, a corajosa partidária da paz Elisa Branco, impediu até agora que o governo de Vargas enviasse, como é seu desejo, soldados brasileiros à Coréia e que para dois cruzadores brasileiros que se encontram nos Estados Unidos seguissem para o mesmo destino, conseguiu, enfim, mais de 1 milhão e meio de assinaturas para o Apelo por um Pacto de Paz. O campo democrático avança em nosso país e obtém vitórias.

Mas em face do agravamento da situação mundial, das medidas de preparação guerreira tomadas pelo governo, das exigências crescentes do imperialismo, a luta do povo brasileiro pela paz e a libertação nacional deve assumir um nível mais elevado, mobilizando as amplas massas trabalhadoras, milhões de brasileiros que aspiram a paz e uma vida feliz, livre da miséria, da fome e da opressão.

Neste sentido, a entrevista do generalíssimo Stálin é não só um roteiro seguro, mas também um poderoso estímulo à luta das massas pela paz e libertação nacional. Ela nos indica, em particular, que é necessário, entre as diversas tarefas que se apresentam ao povo brasileiro, concentrar todos os esforços para consolidar e ampliar o movimento dos partidários da paz, levar à vitória a campanha de 5 milhões de assinaturas para o Apelo por um Pacto de Paz, desmascarar os provedores de guerra e sua infame propaganda e impulsionar a luta pela interdição da bomba atômica.

O fortalecimento do movimento dos partidários da paz e a luta para tornar vitoriosa a campanha de assinaturas ao pé do Apelo por um Pacto de Paz, esclarecerão grandes massas, ajudarão ao povo brasileiro a derrotar a política anti-nacional de Vargas, de guerra, de entrega do país ao imperialismo, de miséria, de opressão e de exploração.

Assim, cabe neste momento a todo patriota e democrata, na luta em defesa da paz, participar ativamente do III Congresso Brasileiro dos Partidários da Paz, a fim de que ele seja uma poderosa demonstração dos sentimentos de paz de nosso povo e de condenação aos incendiários de guerra.

Deste modo estaremos correspondendo aos ensinamentos do genial guia dos povos, que com sua entrevista à Pravda abriu novos horizontes na luta por uma paz duradoura.


Notas de rodapé:

(1) Ex-Secretário de Estado dos Estados Unidos (49-53) (retornar ao texto)

Inclusão: 22/10/2020