Stálin e a Luta pela Paz

Maurício Grabois

21 de dezembro de 1951


Fonte: Jornal Voz Operária (RJ), 21 de dezembro de 1951.

Transcrição: Leonardo Faria Lima

HTML: Fernando Araújo.


foto de Stalin
Ilustração original Jornal Voz Operária

No dia de hoje, dia do aniversário do grande Stálin, os povos do mundo inteiro homenageiam o maior dos estadistas de nossos dias, demonstrando a sua gratidão sem limites ao homem de gênio, cuja contribuição para o bem estar e a felicidade de toda a humanidade é, como Lenin, sem paralelo na história.

Quando transcorreu o 72º aniversário do generalíssimo Stálin, os trabalhadores de todos os países agradecem de modo especial o seu esforço, verdadeiramente sobrehumano, em defesa da paz, a serviço da qual tem posto toda a sua inteligência incomparável, a sua rica experiência e a sua firmeza inabalável.

Nas atuais circunstâncias, quando os bilionários norte-americanos e seus sócios menores de outros países tentam furiosamente envolver a humanidade em uma nova e mais sangrenta guerra mundial, é o grande Stálin que vela pela vida dos povos, que orienta e dirige as forças da paz no mundo inteiro. Stálin é o campeão mundial da paz. Desmascara sem piedade os ateadores de guerra e indica a todos os partidários da paz o justo caminho para impedir que outra hecatombe mundial seja desencadeada pelos imperialistas.

Desde a sua juventude, a atividade política de Stálin contra toda a espécie de opressão e exploração, em favor do socialismo, tem uma constante: a sua dedicação sem limites à causa da manutenção da paz.

Como chefe e teórico do proletariado mundial, do mesmo modo que os outros clássicos do marxismo – Marx, Engels e Lenin – o grande Stálin domina inteiramente as leis que regem o desenvolvimento da sociedade humana. Por isso o camarada Stálin desenvolveu sempre a sua atividade de acordo com os interesses das grandes massas exploradas e oprimidas, de acordo com o progresso e o desenvolvimento da sociedade humana. Por essa razão, Stálin sempre mostrou que as guerras são inerentes ao regime capitalista. “Para os países capitalistas, a guerra é um fenômeno tão natural e tão legítimo como a exploração da classe operária” ensina o nosso mestre Stálin no seu compêndio “História do Partido Comunista (b) da U.R.S.S.”

Eis porque o Partido Bolchevique, sob a direção de Lenin e Stálin, lutou com firmeza e, consequentemente, até o fim contra a guerra imperialista de 1914-1918, até a derrota da burguesia imperialista, subtraindo, desse modo, uma sexta parte do globo às leis do capitalismo pela instauração do Poder soviético, que aspira ardentemente à paz.

Durante a primeira guerra mundial, devido a fatores de caráter econômico, social e político, agravados com a resistência das massas à guerra de rapina, criou-se uma situação revolucionária, que colocava na ordem do dia o assalto ao capitalismo como a maneira de impedir o desenvolvimento da guerra, uma vez que as massas, devido a traição dos partidos da II Internacional, não tiveram forças para impedir seu desencadeamento.

A guerra – afirmava Stálin – não teria um caráter tão destruidor e, talvez, até mesmo não se desenvolvesse com a força que teve, se os partidos da II Internacional não traíssem a causa da classe operária, se não infringissem as resoluções dos Congressos da II Internacional contra a guerra, se se tivesse decidido a se manifestar ativamente e erguessem a classe operária contra os seus governos imperialistas, contra os fomentadores de guerra”.

Só o Partido Bolchevique, dirigido por Lenin e Stálin, utilizou esta tática revolucionária e por isso deu uma contribuição decisiva para a causa da paz com a Grande Revolução de Outubro, que inaugurou uma nova era na história da humanidade e uma nova etapa na luta pela paz.

Desde que foi instaurado o poder soviético, o fundamento de toda a sua política exterior tem sido a manutenção da paz. O primeiro decreto do jovem Poder operário e camponês foi o decreto sobre a paz. Nos duros anos de intervenção militar de catorze potências, a luta pela paz era ativamente realizada pelo governo soviético, que apresentou aos países da entente onze propostas de paz.

A política de paz da União Soviética é comprovada pela sua ação em seus trinta e quatro anos de existência. Ela está claramente expressa nos informes do camarada Stálin aos Congressos do Partido Bolchevique e em outros de seus importantes documentos.

Em seu informe ao XIV Congresso do Partido Bolchevique, em dezembro de 1925, Stálin definia a política exterior da URSS, definição que revela à sociedade a coerência da política de paz stalinista. Dizia Stálin:

A base da política do nosso governo, de sua política exterior, é constituída pela ideia da paz, lutar contra novas guerras, denunciar todos os passos que se deem para a preparação de uma nova guerra, denunciar tais passos que encobrem a preparação efetiva da guerra com a bandeira do pacifismo, essa é a nossa tarefa.”

No XV Congresso do Partido Bolchevique, em dezembro de 1927, Stálin proclamava como tarefa do Partido quanto à política exterior da URSS “lutar contra a preparação de novas guerras imperialistas” e “aplicar uma política de paz e manter relações pacíficas com os países capitalistas”. E no XVI Congresso do Partido Bolchevique, realizado em junho de 1930, em pleno período de crise econômica mundial, iniciada em 1929, que agravou a situação internacional e aguçou as contradições do imperialismo, Stálin reiterava a política de paz da URSS: “Nossa política é uma política de paz e de reforçamento das relações com todos os países”.

Após a crise de 1929, quando “as coisas marcham evidentemente para uma nova guerra”, quando o Japão já se apoderara, pela força, da Manchúria, intensificando a ameaça de guerra no Extremo Oriente, e Hitler e sua camarilha acabavam de subir ao poder da Alemanha procurando modificar as suas fronteiras pela violência, Stálin, no XVII Congresso do Partido Bolchevique, em janeiro de 1934, reafirmava outra vez a política de paz da União Soviética, que “permaneceu durante estes anos firme e inquebrantável em suas posições de paz, combatendo a ameaça de guerra, lutando pela conservação da paz” e “desmascarando e denunciando os que preparam e provocam as guerras”.

Nesta ocasião, as forças revolucionárias viviam um período de reagrupamento e de preparação para a tomada do Poder. “As massas populares não chegaram ainda ao ponto de ir ao assalto contra o capitalismo, mas não pode haver a menor dúvida de que a ideia do assalto amadurece na consciência das massas”, afirmava Stálin no mesmo Congresso.

Mas no cenário político internacional, surgia o fascismo como a maior e a mais séria ameaça à paz mundial, o pior inimigo da causa da emancipação nacional e social dos povos. Daí, a luta contra o fascismo tornou-se a tarefa primordial dos trabalhadores e dos povos, porque esta luta correspondia aos seus interesses nacionais e sociais. Foi o período da frente única contra o fascismo.

Neste período, com o crescimento da ameaça fascista, a URSS, seguindo a orientação stalinista, reforça a sua posição em defesa da paz. Realiza, em 1935, um tratado de assistência mútua contra possíveis agressores com a França e a Tchecoslováquia. Em 1936, assina um acordo de igual natureza com a República Popular da Mongólia e, em 1937, firma o pacto de não agressão com a República Chinesa. Em março de 1939, no XVIII Congresso do Partido Bolchevique, Stálin renova as suas afirmações sobre a política de paz da URSS: “Estamos pela paz e pelo fortalecimento de relações práticas, com todos os países”.

No entanto, apesar da firme política de paz do País Soviético, a II Grande Guerra foi desencadeada. Somente a URSS e os comunistas lutaram com firmeza e consequência contra o desencadeamento da guerra, ficando o País Soviético isolado em seu esforço em prol da paz, porque os círculos dirigentes da Inglaterra, França e Estados Unidos, bem como todos partidos burgueses, realizavam uma política de capitulação aos agressores fascistas e de hostilidade aos povos soviéticos.

Terminada a segunda guerra mundial, com a derrota do fascismo alemão e do imperialismo japonês, surgiu uma nova correlação de forças no campo internacional, em favor da democracia e do socialismo. As brigadas de choque da reação internacional, a Alemanha nazista, o Japão militarista e a Itália fascista foram liquidadas, a França saiu grandemente enfraquecida e a Inglaterra assiste o seu império colonial se desmoronar.

Enquanto isso se verifica no campo do imperialismo, a URSS aumenta seu poderio e prestígio consideravelmente, uma série de países se desprendiam da cadeia do imperialismo constituindo as democracias populares, 475 milhões de chineses se libertavam da dominação imperialista e marcham hoje no sentido do socialismo.

Deste modo, países cuja população constitui um terço da humanidade libertaram-se das leis do capitalismo e, portanto, da guerra como uma necessidade histórica. Para estes países, a paz transformou-se em uma lei. Em consequência do choque entre a lei do imperialismo e a lei dos países de democracia popular e do socialismo, as manifestações da primeira podem ser modificadas, podendo, assim, a guerra ser evitada.

Por sua vez, os comunistas aumentaram sua influência e prestígio sobre a classe operária e os povos do mundo inteiro. O movimento de libertação nacional nos países coloniais e dependentes tomou um novo impulso e o sistema colonial do imperialismo começa a ruir fragorosamente. Os povos do mundo inteiro elevam o seu nível de compreensão política, adquirem consciência de que o imperialismo norte-americano, alimentando loucos planos de domínio do mundo, procuram arrastar a humanidade a uma nova guerra mundial, e por isso as pessoas que amam a paz se unem em movimento de centenas de milhões, num movimento sem precedentes na história para defender a paz. É a frente mundial dos partidários da paz que cresce e se consolida cada vez mais. O braço criminoso dos provocadores de guerra pode ser assim, detido.

A atual situação internacional, com o mundo dividido em dois campos claramente definidos é, pois, bem diversa da época que antecedeu à primeira guerra mundial e das vésperas do deflagrar da segunda guerra. Nas presentes condições, a guerra não é inevitável. Já o grande Stálin afirmava em uma de suas entrevistas históricas que “os horrores da recente guerra estão vivos demais nas mentes dos povos e as forças sociais a favor da paz são grandes demais para que os pupilos de Churchill possam vencê-las e desviá-los para uma nova guerra”.

Mas, isso não significa que tenha desaparecido a ameaça de guerra. Ao contrário, à medida que crescem as forças da paz, aumenta o desespero dos imperialistas e sua vontade de deflagrar a guerra. Nestas circunstâncias, mais do que nunca se destaca a política de paz stalinista. A União Soviética, dirigida por Stálin, neste após guerra, defende a paz com a maior tenacidade. Em todas as ocasiões, o governo soviético, na ONU e no Conselho de Segurança, apresenta propostas concretas de paz. A URSS condena a preparação de uma nova guerra, propõe a interdição das armas atômicas, faz propostas de desarmamento, apresenta proposições para que seja assinado um Pacto de Paz entre as cinco grandes potências com o objetivo de afastar a ameaça de guerra e garantir a paz por um longo período.

A paz é, nas atuais circunstâncias, a maior aspiração dos povos que, ao lutarem por ela, se chocam com um pequeno grupo, “os milionários e os miliardários que consideram a guerra como uma fonte de receitas que lhes fornecem lucros”. Assim, a luta pela paz se funde, reciprocamente, com a luta contra o capitalismo e, em nosso caso, se funde com a luta de libertação nacional, pois, na América Latina, como nos ensina Stálin, “os latifundiários e os negociantes anseiam por uma nova guerra em qualquer parte da Europa ou da Ásia, a fim de vender aos países beligerantes mercadorias a preços exorbitantes e ganhar milhões nesse negócio sangrento”. Deste modo, sendo os partidários da guerra, em nosso país, os mesmos serviçais do imperialismo, a luta pela libertação nacional tem como centro a luta pela paz.

Por isso a luta pela paz é a nossa tarefa central. Esta luta mobiliza milhões de pessoas, despertando-as para a ação política e facilitando sua organização, isola os inimigos de nosso povo que são os interessados na guerra, possibilita mostrar mais facilmente às massas quem são os inimigos. Ela permite ampliar a frente contra o imperialismo norte-americano e apressa, assim, a luta do povo brasileiro pela libertação nacional e a democracia popular.

É necessário, portanto, empenhar o máximo de esforços na luta pela manutenção da paz, luta que corresponde aos interesses sociais e nacionais dos trabalhadores e do povo brasileiro. A paz pode ser mantida e o nosso povo, neste sentido, pode dar uma grande contribuição. Para isso, devemos seguir fielmente a orientação do grande Stálin de que “a paz será mantida e consolidada se os povos tomarem em suas mãos a causa da manutenção da paz e se a defenderem até o fim”. Para tomarmos a defesa da paz em nossas mãos e lutarmos por ela até o fim é necessário ampliar mais o movimento dos partidários da paz, ao mesmo tempo que devemos reforçar a luta contra o imperialismo ianque e seus aliados internos – os latifundiários e a grande burguesia – lutando sem desfalecimento, em todas as oportunidades, pelo programa da F.D.L.N.(1)

Quando estamos empenhados nesta luta, transcorre o 72º aniversário de nosso grande Stálin. Nesta oportunidade, agradecemos ao sábio líder dos povos os seus ensinamentos que iluminam o caminho do povo brasileiro na batalha pela paz, pela libertação nacional e a democracia popular e nos armam, teórica e praticamente, para enfrentar e derrotar os nossos inimigos.


Notas de rodapé:

(1) Frente Democrática de Libertação Nacional (retornar ao texto)

Inclusão: 12/10/2020