Maximalismo e Extremismo

Antonio Gramsci

2 de julho de 1925


Primeira Edição: L’Unità

Tradução: Elita de Medeiros - da versão disponível em https://www.marxists.org/archive/gramsci/1925/07/maximalism.htm

HTML: Fernando Araújo.

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O camarada Bordiga se ofende porque está escrito que há muito maximalismo em seus conceitos. Isso não é verdade e nem pode ser – escreve Bordiga. Na verdade, o traço mais distintivo da extrema esquerda é a aversão ao partido maximalista, que considera revoltante, que detesta, etc., etc.

Mas não é essa a questão. O maximalismo é uma concepção fatalista e mecânica da doutrina de Marx. É o Partido Maximalista que extrai argumentos para seu oportunismo, que justifica seu colaboracionismo disfarçado com frases revolucionárias extraídas desse conceito falsificado. A bandeira vermelha triunfará porque é fadado e inelutável que o proletariado vencerá. Marx disse isso, e ele é nosso professor amável e gentil. É inútil agirmos: de que adianta agir e lutar se a vitória é fadada e inelutável? É assim que falam os maximalistas do Partido Maximalista.

Existe também o maximalista que não está no Partido Maximalista, mas está no Partido Comunista. Ele é intransigente, e não oportunista. Mas ele também acredita que seria inútil agir e lutar dia após dia; ele está apenas esperando o grande dia. As massas – ele diz – não podem deixar de vir até nós, porque a situação objetiva leva-os à revolução. Então vamos esperar, sem todas essas histórias sobre manobras táticas e expedientes semelhantes. Isso, para nós, é maximalismo, exatamente como o do Partido Maximalista.

O camarada Lenin nos ensinou que, para derrotar o nosso inimigo de classe, que é forte, que tem muitos meios e reservas à sua disposição, devemos explorar todas as brechas à sua frente e devemos usar todos os aliados possíveis, mesmo que sejam incertos, vacilantes ou provisórios. Ele nos ensinou que, em uma guerra de exércitos, não se pode atingir o objetivo estratégico, que é a destruição do inimigo e a ocupação de seu território, sem antes ter atingido uma série de objetivos táticos – que visam a desmembrar o inimigo – e depois confrontá-lo no campo.

Todo o período pré-revolucionário se apresenta como uma atividade primordialmente tática, voltada para a conquista de novos aliados para o proletariado, desarticulação do aparato organizacional ofensivo e defensivo do inimigo e detecção e esgotamento de suas reservas. Não levar em conta esse ensinamento de Lênin, ou apenas considerá-lo teoricamente sem colocá-lo em prática, sem torná-lo atividade cotidiana, significa ser maximalista, isto é, proferir grandes palavras revolucionárias incapazes de dar um passo ao longo do caminho da revolução.


Inclusão: 01/02/2022