Os resquícios religiosos e as tarefas da agitação e propaganda ateísta e antirreligiosa

Transcrição revisada de uma palestra radiofônica.

Emelyan Yaroslavsky

14 de julho de 1937


Título Original: О Религиозных Пережитках и Задачах Антирелигиозной Пропаганды и Агитации.

Fonte: Revista Bezbozhnik (O Ateu) — Revista Mensal dos Comitê Central e Regional da União dos Militantes Ateus (SVB): Edição número 08, agosto de 1937, páginas 02-08, Moscou.

Tradução e Adaptação: Thales Caramante.

HTML: João Batalha.

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Durante séculos — por milênios, na verdade — as ideias religiosas pesaram como um fardo sobre a consciência humana. No entanto, bastaram vinte anos de revolução proletária e de construção socialista, conduzidas pela direção firme do Partido Comunista, para que milhões de pessoas se libertassem da influência da religião. Entre esses milhões, sobretudo operários e camponeses, há uma quantidade considerável de ateus convictos: indivíduos que não só romperam com a igreja e suas organizações, mas também consolidaram uma visão de mundo ateísta coerente, materialista dialética, fundamentada e ativa.

Ainda assim, não podemos superestimar o alcance desses avanços. Exagerá-los é mais perigoso do que subestimá-los. Seria muito nocivo ignorar que resquícios religiosos permanecem relativamente fortes entre uma parcela significativa da população economicamente ativa da URSS. Não é por acaso que ainda existam cerca de 30 mil comunidades religiosas, muitas delas sob a orientação direta de elementos reacionários.

Além disso, é preciso ter claro que milhões de camponeses — e não poucos operários — continuam participando e professando rituais religiosos. Da mesma forma, não podemos perder de vista que muitos cidadãos ainda se dirigem a divindades inexistentes, pedindo chuva, cura ou soluções para dificuldades cotidianas. A ideologia idealista religiosa obscurantista continua, também, influenciando a vida familiar: alimenta concepções atrasadas sobre a mulher e mantém crianças, em lares religiosos, envoltas em um ambiente espiritual hostil ao socialismo e à visão científica e sóbria do mundo.

Por isso mesmo, a propaganda ateísta e antirreligiosa não pode ser afrouxada nem por um instante. Essa necessidade é ainda mais premente hoje. Observa-se, em diversas regiões, um enfraquecimento — e em alguns casos a interrupção completa — das campanhas ateístas e antirreligiosas. Organizações da União dos Militantes Ateus (SVB) foram dissolvidas, e a atividade ateísta antirreligiosa militante em escolas, sindicatos e núcleos do Komsomol diminuiu sensivelmente.

Como chegamos a esse ponto? A principal causa foi a supervalorização dos êxitos anteriores: uma verdadeira “vertigem do sucesso”, que gerou ilusão de missão cumprida. A segunda causa é uma espécie de complacência soviética, uma atitude de autoengano: repetia-se, com confiança infundada, que “restavam pouquíssimos crentes e religiosos”. Isso simplesmente não corresponde aos fatos. Ainda existe um número considerável de crentes no Estado soviético, sobretudo no campo — justamente onde a propaganda ateísta e antirreligiosa foi abandonada há mais tempo.

O terceiro motivo desse enfraquecimento é a crença oportunista de que apenas os “idosos” continuam religiosos. Essa ideia também não corresponde à realidade. Os fatos demonstram que há muitos crentes entre a própria geração do Komsomol — jovens que passaram pela escola soviética, mas que, ainda assim, conservaram hábitos e noções religiosas profundamente arraigadas.

Há ainda um quarto motivo: entre certos trabalhadores da frente cultural e política, difundiu-se a concepção equivocada de que “a religião desaparecerá por si mesma”, como se bastasse o avanço econômico e o florescimento cultural para que a fé religiosa se extinguisse automaticamente. Trata-se de uma visão prejudicial, pois alimenta a passividade diante da atividade das organizações religiosas.

Por fim, também contribuiu para o enfraquecimento da propaganda ateísta e antirreligiosa a perda generalizada de interesse pelo trabalho político-educacional das massas — fato, aliás, já assinalado pelo camarada Stálin na Plenária do Comitê Central. Essa retração abriu espaço para que organizações religiosas, que vêm intensificando sua atuação, ocupassem o terreno deixado vago. Elas se aproveitam de sua ampla rede no país e utilizam essa estrutura não apenas em momentos eleitorais, mas especialmente neles.

As evidências são numerosas. Vejamos alguns exemplos publicados pela imprensa regional.

Em 1º de junho, o jornal Kharkovskiy Rabochiy (O Trabalhador de Kharkiv) informou que padres estavam realizando visitas pré-eleitorais a distritos da região de Kharkiv. Um sacerdote de Poltava chegou a Kremenchuk para instruir o clero local sobre como agir durante as eleições. Em uma dessas reuniões, um membro da comunidade religiosa disse abertamente aquilo que muitos pensavam em silêncio: era necessário, segundo ele, “indicar um candidato do próprio clero para o Soviete Supremo”.

Outro caso, relatado pelo jornal Rabochy Kray-Ivanovo (A Classe Operária de Ivanovo) em 4 de junho, descreve a aparição de um suposto “andarilho” nas fazendas coletivas do distrito de Ilyinsky. Ele percorreu diversos kolkhozes “prevendo o futuro”, sendo recebido com honras pelos padres, que espalhavam que ele possuía dons de cura. Posteriormente, descobriu-se que o “ancião” era, na verdade, um ex-comerciante influente chamado Novozhilov. A mando de ativistas religiosos, ele viajava de aldeia em aldeia buscando pessoas consideradas “confiáveis” para a fase eleitoral dos sovietes.

No sul do Cazaquistão, no distrito de Sairam, nacionalistas e mulás também se preparam intensamente para as eleições municipais. Eles já elaboraram listas de quem, em sua visão, deve ocupar a presidência dos Conselhos de Aldeia e até do Comitê Executivo Distrital.

Em algumas localidades, os sacerdotes já realizam, inclusive, ensaios eleitorais para testar sua capacidade de mobilização. No final de março, por exemplo, no conselho da aldeia de Turgenevsky, no distrito de Sudaysky (região de Yaroslavl), autoridades religiosas organizaram uma eleição simulada para o soviete local dentro do próprio prédio da igreja.

É nesse contexto que as organizações religiosas voltaram a atuar com grande intensidade. É evidente que, sob sua proteção, também operam inimigos declarados do regime soviético. Em algumas localidades, esses elementos chegaram inclusive a infiltrar-se nas estruturas dos sovietes, prestando apoio direto às organizações religiosas.

Há casos particularmente reveladores. No regimento distrital de Sukholozhsky, na região de Sverdlovsk, as autoridades locais enviaram uma carta ao metropolita da diocese comunicando que ele não precisava se preocupar em preencher uma vaga sacerdotal: o próprio Comitê Executivo Distrital já havia “nomeado” um padre. Na prática, esse regimento distrital transformou-se em uma espécie de agência distribuidora de clérigos.

Um episódio semelhante ocorreu no distrito de Belo-Kalitvensky. Ali, o presidente do comitê executivo distrital, Krivopustenko, designou formalmente a paróquia local ao padre Gulyakov, afastando o sacerdote que competia com ele. Gulyakov apressou-se em agradecer. Um grupo de ativistas religiosos chegou a presenteá-lo com um tapete da igreja acompanhado da seguinte dedicatória:

Ao firme camarada bolchevique Krivopustenko, do conselho da igreja, em comemoração às vitórias e conquistas alcançadas pelo padre sob sua sábia liderança na linha de frente da educação cultural das massas!

Embora esses casos sejam isolados, eles demonstram que certos conselhos foram efetivamente penetrados por elementos hostis, prontos para apoiar organizações religiosas durante os processos eleitorais. Em algumas regiões, membros ativos das igrejas chegaram até a integrar os próprios conselhos soviéticos.

Paralelamente, o clero assumiu para si a tarefa — inteiramente oportunista — de “explicar” a Constituição. Naturalmente, fazem-no à sua maneira, distorcendo seu conteúdo conforme seus interesses. E, devido à negligência inaceitável de alguns sovietes locais, situações verdadeiramente escandalosas vêm ocorrendo.

No vilarejo de Stary Karasuk (Distrito de Bol-Nerechensky, Região de Omsk), por exemplo, um padre anunciou que realizaria na igreja uma discussão pública sobre a Constituição. Assim, a iniciativa para esclarecê-la não veio do soviete local, mas do próprio clérigo. Na aldeia de Sobolenovo, o sacerdote convoca periodicamente o conselho da igreja, lê a Constituição e a interpreta segundo suas próprias conveniências.

Um caso ainda mais surpreendente foi registrado na região de Ivanovo: em 26 de abril, o padre Orlov encontrava-se literalmente “de plantão” no conselho da aldeia de Fyodorovsky, no distrito de Kirzhach, conversando com os visitantes e fazendo propaganda religiosa dentro da sede soviética.

Fatos como esses impõem um alerta rigoroso. É imperativo garantir que organizações soviéticas jamais sejam utilizadas por padres ou outros representantes das instituições religiosas como meio de infiltração, influência ou mobilização. Esse tipo de complacência abre espaço para ações inimigas e mina o trabalho político do Estado proletário.

Devemos travar uma luta firme e decisiva contra toda forma de distorção da Constituição, contra sua interpretação arbitrária e, sobretudo, contra a utilização dos órgãos soviéticos para fortalecer organizações religiosas. Entre nossas tarefas mais urgentes está a educação ateísta da juventude — formar, desde cedo, uma geração imbuída de uma visão científica e socialista do mundo.

Sabemos que as organizações religiosas vêm redobrando seus esforços para atrair a juventude. Os métodos empregados são variados. Segundo o jornal Vostochno-Sibirskaya Pravda (A Verdade da Sibéria Oriental), em 24 de abril, na aldeia de Belskoye, distrito de Cheremkhovo, a comunidade religiosa adquiriu mesas de sinuca, jogos de xadrez e de damas para atrair adolescentes. Em várias regiões, corais religiosos tornaram-se outra forma de sedução à juventude, assim como batismos coletivos de crianças em idade escolar, organizados por padres com clara intenção de criar um ambiente religioso precoce.

Pregadores e clérigos sectários não hesitam sequer em explorar fenômenos naturais e tragédias para seus fins. Sabem que uma pessoa temporariamente fragilizada é mais vulnerável à manipulação. Na primavera de 1936, por exemplo, surtos de sarampo e varíola atingiram crianças em algumas áreas da Geórgia. Os padres aproveitaram para difundir a mentira de que todas as crianças não batizadas morreriam, intensificando essa propaganda especialmente nas semanas que antecederam um eclipse solar. O resultado foi a realização de um batismo em massa.

Em outro caso, na região do Turquestão, o padre de uma comunidade administrativo-democrática solicitou ao secretário do Comitê Executivo Distrital, Isatayev, permissão para reabrir uma igreja. Mesmo sabendo que os trabalhadores haviam decidido fechá-la, Isatayev concedeu autorização por conta própria. Sua resolução, publicada no jornal Pravda Yuzhnogo Kazakhstana (A Verdade Sobre o Cazaquistão do Sul) de Chimkent, começava com as palavras: “Caro padre!” — uma demonstração clara de subserviência e oportunismo.

O problema não se limita à população crente em geral. Há relatos de que até membros do Komsomol, e mesmo comunistas, ainda batizam seus filhos — o que evidencia a necessidade urgente de reforçar a educação ateísta e o trabalho político de base.

Além disso, há provas de atividade abertamente contrarrevolucionária cometida por padres e líderes sectários, incluindo casos de espionagem. Existem exemplos conhecidos de organizações religiosas que se aliaram a trotskistas e socialistas-revolucionários, atuando conjuntamente em ações hostis ao Estado soviético.

Em Oriol, por exemplo, foi descoberta recentemente uma quadrilha contrarrevolucionária de religiosos fascistas. O jornal Orlovskaya Pravda (A Verdade de Oriol), em 30 de maio, relatou que o grupo incluía não apenas padres, mas também um ex-príncipe, oito antigos grandes proprietários de terras e três ex-kulaks. Sete deles haviam pertencido à “Liga do Arcanjo Miguel”, organização das Centúrias Negras sob o czarismo, e dezesseis já haviam sido julgados anteriormente por atividades contrarrevolucionárias.

Casos recentes publicados na imprensa confirmam que setores do clero e de organizações religiosas não apenas simpatizam com a contrarrevolução, mas participam ativamente dela. Em 11 de junho, o jornal Kharkivsky Rabochy noticiou que membros de uma comunidade religiosa do distrito de Piryatinsky (região de Kharkiv) haviam enviado uma freira a Kiev para receber instruções de um agente de inteligência. Em Kremenchug, descobriu-se que um dos dirigentes de uma comunidade religiosa era, na verdade, um alemão filiado ao Partido Nazista — infiltrado para atividades clandestinas. Fatos semelhantes vêm sendo relatados por jornais de diversas regiões, envolvendo inclusive líderes de organizações sectárias.

Por isso, é plenamente justificado manter a vigilância constante não apenas sobre as igrejas e suas estruturas, mas também adotar uma atitude atenta e sistemática diante de suas atividades: estudá-las, compreendê-las, neutralizar sua influência sobre as massas e combatê-las de forma organizada.

Diante desse ressurgimento da atividade religiosa, como devem proceder os comunistas? Qual deve ser o conteúdo e o caráter da propaganda e da agitação ateísta e antirreligiosa? É preciso reconhecer que as organizações encarregadas dessa tarefa vêm agindo com uma lentidão e uma fraqueza inaceitáveis. Embora a imprensa central e regional tenha recentemente dado maior atenção ao tema, sua cobertura ainda é insuficiente diante da escala do problema.

Ao apontarmos essas falhas, referimo-nos sobretudo à União dos Militantes Ateus (SVB), que se enfraqueceu nos últimos anos e, em algumas localidades, chegou até a se autodissolver. É urgente reconstruir e fortalecer suas organizações. Mas, ao mesmo tempo, é preciso abandonar a ideia nociva de que apenas a SVB deve conduzir o trabalho ateísta e antirreligioso. Essa tarefa é responsabilidade de toda a sociedade socialista: dos comunistas, dos membros do Komsomol, dos sindicatos, das organizações culturais, das escolas, do cinema, do teatro, de toda a imprensa, dos museus ateístas e antirreligiosos regionais e até mesmo das emissoras de rádio.

Existem bons exemplos a seguir. O jornal Komsomolskaya Pravda (A Verdade do Komsomol), por exemplo, dedicou uma edição inteira à propaganda ateísta e antirreligiosa, tratando o tema com profundidade e amplitude. Mas, em termos gerais, o trabalho dos sindicatos, das instituições culturais e dos órgãos do Comissariado do Povo para a Educação ainda é extremamente insatisfatório. As férias escolares de verão, por exemplo, deveriam ser utilizadas para reforçar a formação ateísta e científica dos professores.

No contexto da preparação para as eleições, é igualmente necessário evitar uma confusão comum entre duas questões distintas — e essa distinção precisa ser claramente formulada.

Devemos, antes de tudo, distinguir duas questões diferentes: nossa atitude em relação à religião e às organizações religiosas e nossa atitude em relação aos crentes. Essas duas esferas não podem ser confundidas. Lutamos — e continuaremos a lutar — contra a religião e as organizações religiosas, enquanto educamos, esclarecemos e convencemos as massas dos povos crentes e religiosos. Travamos uma luta contra a religião, não contra aqueles que creem. Dessa distinção deriva o caráter e o conteúdo de toda nossa atividade ateísta e antirreligiosa.

Nossa propaganda ateísta e antirreligiosa deve permanecer profunda, sistemática e inteiramente baseada nas orientações do Partido, bem como nas instruções de Lênin e Stálin. Precisamos demonstrar às massas a incompatibilidade entre ciência e religião; para isso, é necessário ampliar o número de palestras, cursos e exposições educativas.

É indispensável explicar aos camponeses, aos kolkhozianos e até os agricultores individuais os fenômenos da natureza — fenômenos que muitos ainda interpretam como resultado da ação de forças sobrenaturais: Deus, demônios, santos, espíritos e outras entidades imaginárias. As pessoas querem compreender a origem da vida na Terra, o funcionamento do mundo, a formação das espécies. A ciência, porém, desmonta por completo todas as concepções religiosas sobre a natureza e a sociedade. Devemos popularizar essas conquistas científicas e, assim, combater as explicações místicas que persistem.

Tomemos, por exemplo, a origem do mundo e das espécies segundo o relato bíblico. A Bíblia apresenta tudo de modo ingênuo e infantil, refletindo as concepções de povos primitivos de milhares de anos atrás. Para combatê-las, precisamos contrapor à narrativa bíblica a divulgação das descobertas de Darwin, os trabalhos de Burbank, Michurin, Tsitsin, Lysenko, de nossos agrônomos e biólogos. Esses materiais permitem demonstrar de maneira concreta o caráter absurdo das ideias religiosas sobre o mundo.

A história bíblica afirma que Deus criou todas as espécies de animais e plantas e que elas permaneceram imutáveis. A prática científica soviética — com as criações e transformações realizadas por Michurin, Burbank, Lysenko, Tsitsin e tantos outros — mostra exatamente o contrário. Os camponeses conhecem esses resultados; precisamos apenas ampliar esse conhecimento, dar-lhe base teórica e interpretá-lo de forma ateísta e antirreligiosa, evidenciando na prática a oposição irreconciliável entre ciência e religião.

Os extraordinários voos dos pilotos soviéticos ao Polo Norte, as travessias para a América através do Ártico — todos meticulosamente planejados por nossos engenheiros e aviadores, todos ateus — revelam a grandeza das conquistas científicas da União Soviética. Em comparação, os mitos religiosos sobre a estrutura do mundo revelam-se patéticos e obsoletos. Cada avanço científico e tecnológico deve ser destacado: constitui um material poderoso para desmontar preconceitos idealistas e religiosos.

Devemos insistir em explicar às massas que a religião é hostil ao comunismo e que as organizações religiosas, como instituições, desempenham um papel de classe contrário à construção socialista. Há provas abundantes para demonstrá-lo; basta observar com atenção a vida local. É necessário mostrar como essas organizações servem ao ambiente capitalista, não apenas expondo fatos de sabotagem, espionagem e outras ações contrarrevolucionárias, mas também trazendo à luz o histórico completo de sua atividade reacionária.

Os fatos históricos demonstram claramente que quem apoiou a Guarda Branca e os intervencionistas, ontem, apoia hoje — em todos os países — o sistema capitalista e sua hostilidade estrutural ao socialismo. A experiência recente das guerras da Itália contra a Abissínia, ou da agressão conjunta da Alemanha e da Itália contra a Espanha republicana, deve servir para que cada crente compreenda, por meio de nossa propaganda, o papel vergonhoso desempenhado pela Igreja: seu serviço aberto ao fascismo e ao imperialismo, suas bênçãos aos crimes mais bárbaros cometidos pela Itália, pela Alemanha e por outros Estados fascistas contra a classe trabalhadora.

É necessário expor como o chefe da Igreja Católica — o mesmo que, no passado, organizou “cruzadas” contra a União Soviética — abençoa o extermínio de mulheres, crianças e idosos pelas mãos de bandos fascistas, a execução em massa de trabalhadores e ainda concede medalhas aos carrascos responsáveis por esses crimes hediondos contra a humanidade laboriosa.

Nossa luta contra a religião é conduzida pela persuasão — apenas pela persuasão e o convencimento. A “Constituição Stalinista”, mais do que qualquer outra no mundo, garante plena liberdade de consciência e assegura a cada cidadão o direito de acreditar no deus que desejar — ou de não acreditar em nenhum. Devemos sublinhar isso com a máxima ênfase, evitando excessos, insultos ou grosserias contra os crentes, cuja esmagadora maioria é leal ao poder soviético.

Nós, ateus, em plena consonância com a “Constituição Stalinista”, defendemos que cidadãos soviéticos honestos devem poder ser eleitos para os sovietes, independentemente de acreditarem ou não em Deus. A “Constituição de Stalin” não restringe direitos eleitorais com base na origem social, na atitude em relação à religião ou em qualquer critério similar. Documentos como nossa “Lei Fundamental e o Regulamento Eleitoral” para o Soviete Supremo só são possíveis em um país onde o socialismo triunfou. Nenhuma democracia burguesa possui um sistema eleitoral autenticamente universal, direto, igual e secreto. As constituições capitalistas excluem de fato camadas inteiras: mulheres, soldados, desempregados, trabalhadores sazonais, migrantes e muitos outros. A Constituição soviética desconhece tais limitações: apenas as pessoas com deficiência intelectual e aqueles privados de direitos por sentença judicial não podem votar.

Assim, um crente pode votar e pode ser eleito. Mas cabe a nós garantir que aqueles que se dedicam a enganar o povo com histórias de deuses, santos, anjos, demônios, céu e inferno inexistentes não ingressem nos sovietes. Combatemos a infiltração de figuras religiosas ativas nos órgãos do poder operário. E devemos lembrar as palavras do camarada Stálin, em seu relatório ao 8º Congresso Extraordinário dos Sovietes:

Se o povo, aqui e ali, eleger pessoas hostis ao poder soviético, isso significará que nosso trabalho de propaganda foi insuficiente e muito mal executado, e que merecemos plenamente tal desgraça. Se nosso trabalho de propaganda prosseguir à maneira bolchevique, o povo não permitirá que pessoas hostis cheguem aos seus mais altos órgãos. Isso significa que devemos trabalhar, não reclamar; devemos trabalhar e não esperar que tudo nos seja entregue de bandeja, por meio de decretos administrativos (aplausos estrondosos).

Nossa agitação e propaganda ateísta e antirreligiosa não podem ser abstratas. Devemos organizar palestras, debates e aulas públicas, informes e entrevistas com os próprios crentes, envolvendo operários e camponeses ateus no processo. É fundamental ativar os membros de base da União dos Militantes Ateus (SVB), atraindo para suas fileiras aqueles que romperam com a religião. Devemos conversar com eles, elevando seu nível de consciência e fortalecendo sua formação ideológica.

Outra tarefa essencial é elevar o nível dos próprios propagandistas. É necessário organizar breves cursos em todos os distritos para aperfeiçoar o trabalho ateu e antirreligioso. Em Moscou, por exemplo, cursos de dez dias organizados em treze distritos formaram 800 militantes ateístas. Professores, agrônomos, médicos, engenheiros e técnicos devem ser envolvidos com urgência nessa atividade.

Precisamos também revisar e atualizar nossas bibliotecas: hoje, a literatura antirreligiosa é muito mais abundante do que antes, mas ainda não é devidamente distribuída e utilizada.

O fundamental, neste momento, é unir os ateus ativos em cada kolkhoz e empresa, em cada instituição e escola, reorganizar o SVB para que ele volte ao trabalho de massas junto aos crentes, e abandonar de vez qualquer expectativa passiva de que o tempo resolverá o problema por si. O combate à religião exige ação consciente, ativa e sistemática.

Nossa propaganda ateísta e antirreligiosa integra a propaganda comunista geral — os ensinamentos de Marx, Engels, Lênin e Stálin. Ela não pode e não deve ser separada das tarefas que o Partido e o Estado soviético nos confiaram. A luta contra a religião é parte inseparável de nossa luta pelo socialismo, por sua vitória plena e definitiva.