Teses em direção a uma crítica da concepção fascista de Estado

Karl Koch

1932


Primeira Edição: Publicado originalmente em Gegner, #6, 1932.

Fonte: https://www.sobinfluencia.com/post/critica-concepcao-fascista

Tradução: Gustavo Racy

HTML: Fernando Araújo.


Exposição

“O Estado moderno, qualquer que seja sua fora, é essencialmente uma máquina capitalista, o Estado dos capitalistas, o ideal capitalista agregado” (Engels, Socialismo Científico e Utópico).

1. O Estado fascista é um Estado moderno. Não significa um retorno a estruturas estatais pré-burguesas. O Estado corporativista não tem nada a ver com o fascismo do “Estado de estados” enquanto “contrarreforma”.

2. A concepção fascista de Estado está fundamentada na negação do ideal de Estado burguês primitivo. Ele significa a desilusão em relação aos ideais políticos do liberalismo e do socialismo em todas as direções. Ele toma posse da crítica pela restauração, pelo marxismo e pelo sindicalismo (Proudhon/Sorel), das instituições políticas e dos ideais da época burguesa inicial.

3. Isto não contradiz, mas, ao contrário, corresponde ao estado consciente de uma nova mitologia do Estado. O fascismo une uma sobriedade livre de ilusões, orientada racionalmente pela prática do Estado em relação a fins (no sentido de Pareto), com uma mitologia de Estado completamente irracional (representada pelo povo, pela raça e pela massa).

Crítica Imanente

“O monopólio engendra a competição, a competição engendra o monopólio [...] a síntese é de tal natureza que o monopólio só pode se sustentar se entrar em luta competitiva constante” (Marx, A Miséria da Filosofia).

1. Assim como as contradições da estabilização intercapitalista pelo Estado afundaram o período precedente na base da competição na forma do parlamentarismo e da democracia, agora elas submergem na inevitável quebra do grupo capitalista e dos interesses individuais, e recai na forma da ditadura e da constituição corporativa na base do monopólio: a monopolização do poder do Estado pela alta burguesia monopolística toma o lugar do “ideal capitalista agregado”.

2. A produção do “ideal capitalista agregado” na base nacional está, na fase presente, sendo frustrada pela tendência internacional indireta do capitalismo. Assim, é necessário compreender a reforma atual do fascismo como uma “mercadoria de exportação”, a expansão da oposição Itália-França à oposição Europa-América.

3. O reclame monopolista da autoridade do Estado fascista entra em competição com as velhas forças autoritárias, particularmente com a reivindicação à autoridade pelo Catolicismo, que é independente da autoridade do Estado.

Crítica Transcendental

“Mas a luta de classe contra classe é uma luta política” (Marx, A Miséria da Filosofia).

1. A remodelagem fascista não significa uma revolução econômica ou uma dissolução radical das velhas relações de produção. Tampouco significa a libertação de novas forças produtivas. Esta é a principal diferença entre o fascismo e o bolchevismo, aparte algumas distinções dadas de possibilidades materiais e ordem de magnitude.

2. O Estado fascista significa a união do poder econômico e político da burguesia contra o proletariado. Deste modo, não supera o Estado fundado em classes, mas restaura tal Estado na forma de uma classe-Estado.

3. A nova forma de união do poder econômico e político da classe burguesa no “Estado total” fascista demanda novas formas de cominar a ação política e econômica do proletariado.


Inclusão: 22/02/2022