A União da Juventude

Nadejda Krupskaya

27 de maio de 1917


Primeira Edição: Pravda - 27 de maio de 1917

Tradução: Davi Batista - da versão disponível em https://www.marxists.org/espanol/krupskaya/1917/mayo27.htm

HTML: Fernando Araújo.

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Os pedagogos burgueses falam e escrevem muito sobre a necessidade da "educação/leitura” dos jovens, entendendo por "educação cívica" o respeito pela propriedade privada e pelo regime político existente, "chauvinismo" (patriotismo, como se costuma dizer), o desprezo às outras nações etc. Com o fim de endurecer estes sentimentos nos jovens ociosos, organizam distintas uniões juvenis, como os boy scouts, nas quais os jovens podem exercitar-se, desde cedo, nestes sentimentos. Ficam contentes pelo fato de lhes darem a possibilidade de aplicar em algo suas forças e de manifestar sua atividade, sua agilidade e sua inteligência, sem se dar conta de qual veneno injetam em suas almas com a ajuda destas uniões. É o veneno da concepção burguesa de mundo e da moral burguesa. Um veneno que incapacita a juventude de participar do grande movimento emancipador que libertará o mundo do jugo e da exploração, acabará com a divisão em classes e dará à humanidade a possibilidade de viver felizmente.

Temos visto os resultados dessa revolução cívica na Rússia, em Petrogrado, quando se arrastou os alunos do centro de ensino secundário para a manifestação em defesa do Governo Provisório, quando, rodeados por uma multidão hostil a classe trabalhadora, caminhavam entre chapéus-coco e damas muito enfeitadas, juntando-se aos que diziam que Lênin havia comprado os trabalhadores com dinheiro alemão, aos que cobriam de infâmias os socialistas e aos que golpearam os oradores, que mesmo em meio a uma multidão inimiga expressavam verdadeiramente suas ideias. Aos jovens se assegurava que cumpriam seu dever cívico, manifestando-se junto a esse enxame hostil a classe trabalhadora.

Nem todas as uniões de juventude são boas; há aquelas que talvez proporcionem muita euforia nos jovens, mas os corrompem.

Há outra "educação cívica". Se trata da educação cívica que dá vida aos jovens trabalhadores. A vida os educa com o nobre espírito de solidariedade proletária de classe, faz com que entendam e amem o lema: "proletários de todos os países, uni-vos!" e os coloca nas fileiras dos que lutam "por um mundo fraterno e pela liberdade sagrada". Os jovens operários de todos os países organizam uniões proletárias agrupadas na Juventude Comunista Internacional, que marcha ombro a ombro com a classe trabalhadora e se planta com os mesmos objetivos que esta. A Internacional juvenil não se dissolveu durante a guerra. E durante o massacre sangrento, ela exorta os jovens trabalhadores de todo o mundo a lutar e se juntar às suas fileiras. A seção alemã da Juventude Comunista Internacional é chefiada há muitos anos por Carlos Liebknecht, que se levantou com tanta bravura contra a atual guerra de rapina, culpando o governo de seu próprio país, o que lhe gerou condenação a trabalhos forçados.

Quando, depois da Conferência Internacional de Mulheres, celebrada em 1915, se convocou a conferência Internacional da Juventude Operária, a seção russa da Internacional Juvenil não esteve representada de forma devida. E não o esteve porque, sob o regime autocrático, as operárias e operários não podiam criar uma organização com todos os requisitos formais necessários e porque a guerra dificultava de tal modo a comunicação entre os países que não houve possibilidade de entrar em contato com a Rússia. Porém, o Comitê do Partido Operário Social-Democrata Russo enviou um delegado a esta Conferência para manifestar em nome dos jovens operários russos que estava de todo coração com a juventude operária de todos os países e marchava com ela sob a bandeira comum da Internacional. E uma prova de que o Comitê Central não se equivocou é que as e os aprendizes fabris de Petrogrado tem agrupado em suas fileiras a uns 50.000 jovens. Estes têm assentado as bases da seção russa da Internacional juvenil e encorajado outros jovens operários a unirem-se, tanto os que trabalham nas fábricas como os aprendizes, jornaleiros e vendedores de jornais, enfim, a todos os jovens que se veem obrigados a vender sua força de trabalho. Chamam a unirem-se com eles os jovens de Moscou e região, de Ekaterinoslav e de Jarkov, em uma palavra, de toda a Rússia. Chamam a todos para lutar por um futuro melhor, pelo socialismo. Viva a seção russa da Internacional da Juventude Comunista!


Inclusão: 24/03/2021