A Universidade se reabre; a Universidade exibe, este ano sozinha, tudo de si ao grande público: falemos, então, da Universidade.
A crítica sobre o nosso trabalho feito nos últimos tempos, sem dúvida, bastante viva no público. Foi lida e ouvida de todo jeito e de toda forma nos últimos anos. Nos jornais cotidianos e nos discursos parlamentares fomos muitas vezes objetos de crítica, que frequentemente foi pouco benevolente, e quase nunca parece direcionada para nos fornecer novas luzes e novos entendimentos. Nós, culpados de frequentes tumultos estudantis; - nós, causas de prejuízo à sociedade, porque produzimos profissionais demais, que na luta da vida formam então um forte contingente no exército dos desempregados; - nós, perigosos, como aqueles que abusamos, quem sabe como, da liberdade do ensino: e desse jeito, não acaba mais!
Não direi que já seja a hora de se debruçar sobre a defesa, como se estivéssemos ameaçados de perigo grave e iminente; mas direi francamente que os professores têm o defeito de abandonar a discussão sobre as coisas universitárias ao arbítrio dos incompetentes, e de não reagir contra os juízos errôneos com a força e com a autoridade da própria experiência coletiva.
Nessa negligência há certamente uma justificativa no fato que aos professores italianos foi imputado, sobretudo nos últimos trinta anos, de se colocar em dia com os cientistas dos outros países. O esforço tem em boa parte obtido o efeito desejado. Os produtos da ciência italiana já entraram na circulação internacional. As partidas passivas do longo período da decadência foram em boa parte estancadas; daquela decadência, digo, que junto com a impotência política e o regresso econômico, nos impõe o isolamento da motivação geral do pensamento. Agora não é mais a época em que os melhores intelectos tiveram que percorrer a propedêutica do exílio, e a metodologia do cárcere.
A iniciativa científica é de novo possível, e as condições que precedem o desenvolvimento de tal atividade não faltam mais.
A Universidade é novamente vital. Mas não basta, egrégios colegas, para manter a Universidade viva, que seja forte em nós o cuidado pessoal dos nossos ensinamentos individuais. É necessário, ademais, que em cada um de nós seja poderosa a consciência do interesse coletivo desta nossa tarefa de estudos. Confessemos então: a respeito deste interesse coletivo o nosso descuido é bastante grande.
Não há, por exemplo, despropósito que não tenha sido ouvido repetidamente a respeito da liberdade de ensino, que forma o argumento deste meu discurso. Em uma pequena parte do público se formou a opinião, que isso significa a faculdade de ensinar, ou de não ensinar ad libitum. Portanto eu, que creio hoje me encontrar, nas ideias políticas, na extrema esquerda entre todos os professores, eu não me recusarei de dar ao ministro da Instrução superior poderes de inquérito e de vigilância, porque será uma boa maneira para saber, onde estão e quantos são os professores inadimplentes.
Na prova dos fatos se veria, que foram e são pouquíssimos. Nem em tal faculdade de inquérito deferida ao ministro, que é a administração das coisas escolásticas e ninguém pode temer que assuma o papel de diretor da ciência e da pedagogia da nação, eu verei algum perigo àquela liberdade científica, da qual só pretendo fazer apologia, mas vamos à declaração. Será talvez um grande exercício de lógica entender que a liberdade de dizer não pode consistir na faculdade do não dizer?