Anarquismo e Socialismo

V. I. Lénine

1901

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Escrito: em 1901
Fonte: Obras Escolhidas em seis tomos, Edições "Avante!", 1986, t1, pp 36-37.
Tradução: Edições "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lénine, 5.ª ed. em russo, t.5, pp. 377-378.
Transcrição e HTML: Manuel Gouveia
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Edições "Avante!" - Edições Progresso Lisboa - Moscovo.

capa

Teses:

1) O anarquismo, nos 35-40 anos (Bakúnine e a Internacional(1) 1866-) da sua existência (e muitos mais anos desde Stirner), não deu nada além de frases gerais contra a exploração.

Estas frases usam-se há mais de 2000 anos. Falta (a) a compreensão das causas da exploração; (b) a compreensão do desenvolvimento da sociedade que conduz ao socialismo; (c) a compreensão da luta de classes como força criadora da realização do socialismo.

2) Compreensão das causas da exploração. A propriedade privada como base da economia mercantil. A propriedade social dos meios de produção. Nil(2) no anarquismo.

O anarquismo é o individualismo burguês voltado do avesso. O individualismo como base de toda a concepção do mundo do anarquismo.

Defesa da pequena propriedade e da pequena exploração na terra.
Keine Majoritat(3)
Negação da força unificadora e organizadora do poder.

3) Incompreensão do desenvolvimento da sociedade - papel da grande produção - desenvolvimento do capitalismo transformando-se em socialismo.

(O anarquismo é fruto do desespero. Psicologia do intelectual saído dos carris ou do vadio, mas não do proletário.)

4) Incompreensão da luta de classe do proletariado.

Negação absurda da política na sociedade burguesa.

Incompreensão do papel da organização e da educação dos operários.

Panaceias feitas de meios unilaterais, sem coerência.

5) Na história contemporânea da Europa, que deu o anarquismo, outrora dominante nos países latinos?


Notas de rodapé:

(1) Trata-se da I Internacional (Associação Internacional dos Trabalhadores) (retornar ao texto)

(2) Nihil: nada. (N. Ed.) (retornar ao texto)

(3) Nenhuma maioria (isto é, negação pelos anarquistas da subordinação da minoria à maioria). (N. Ed.) (retornar ao texto)

(4) Fracasso (N. Ed.) (retornar ao texto)

(5) Proudhonismo: corrente pequeno-burguesa hostil ao marxismo, que deve a sua designação ao nome do seu ideólogo, o anarquista francês Proudhon. Criticando a grande produção capitalista, Proudhon e os seus adeptos lutavam pela perpetuação da pequena produção mercantil; rejeitando a luta política, os partidos políticos, os sindicatos e as greves, avançavam projectos utópicos de liquidar a exploração por meio da criação de cooperativas de produção, de crédito e de consumo, da troca não monetária de mercadorias e da liquidação pacífica do Estado. Marx e Engels travaram uma luta consequente contra as tentativas de Proudhon de impor as suas concepções à I Internacional. O proudhonismo foi refutado com uma critíca implacável na obra de K.Marx Miséria da Filosofia. A decidida luta de Marx, de Engels e dos seus partidários contra o proudhonismo na I Internacional terminou com a vitória completa do marxismo. (retornar ao texto)

(6) Bakuninismo: corrente que deve o seu nome a M.A.Bakúnine, ideólogo do anarquismo, inimigo do marxismo e do socialismo científico. A tese fundamental do bakuninismo é a negação de qualquer Estado, incluindo a ditadura do proletariado, e a incompreensão do papel histórico universal do proletariado. Os bakuninistas travaram uma luta persistente contra a teoria e a táctica marxista do movimento operário. A sua táctica de conspiração, de motins imediatos e de terrorismo era aventureirista e hostil à doutrina marxista da insurreição. A teoria e a táctiva dos bakuninistas foram severamente condenadas por Marx, Engels e Lénine. (retornar ao texto)

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Inclusão: 04/04/2020