Materialismo e Empiro-Criticismo
Notas e Críticas Sobre uma Filosofia Reacionária

V. I. Lênin

Capítulo II - A Teoria do Conhecimento do Empiro-Criticismo e do Materialismo Dialético
(continuação)


7. A “Coisa em si”, ou V. Tchernov refuta Friedrich Engels


Os nossos discípulos de Mach tanto escreveram sobre a “coisa em si" que a reunião de seus escritos daria um montão de papel impresso. A “coisa em si” é o verdadeiro tormento de Bazarov e de Tchernov, de Bermann e de Iuchkévitch. Não há epiteto enérgico que não lhe confiram, não há ridículo que nela não vejam. Mas contra quem guerreiam a proposito dessa desventurada “coisa em si”? É aqui que os filósofos russos seguidores da doutrina de Mach se dividem segundo os partidos políticos. Os discípulos de Mach que desejam ser marxistas combatem todos a “coisa em si” de Plerrânov, que eles acusam de errar, de cair no kantismo e de se afastar de Engels. (Trataremos da primeira dessas acusações no cap. IV; aqui, trataremos apenas da segunda.) O sr. V. Tchernov, discípulo de Mach, socialista populista, feroz inimigo do marxismo, parte para a guerra da "coisa em si”, contra Engels.

É de enrubescer confessá-lo, mas seria pior calar: desta vez, a franca hostilidade do sr. V. Tchernov para com o marxismo que tornou-o um adversário literário mais aferrado aos princípios do que todos os nossos contraditores em filosofia. Por que unicamente por má fé (ou por ignorância do materialismo?) é que os discípulos de Mach, que desejam ser marxistas, afastaram Engels diplomaticamente e ignoraram inteiramente Feuerbach, para assediar apenas Plerrânov. Na realidade, não fazem mais do que marcar passo do que provocar com um discípulo de Engels uma querela triste e mesquinha, esquivando-se covardemente da analise direta das ideias do mestre. Sendo o objetivo destas breves notas mostrar o caráter reacionário da doutrina de Mach e a justeza do materialismo de Marx e Engels, refutado pelo empiro-criticista sr. V. Tchernov, não nos preocuparemos com o barulho feito em torno de Plerrânov pelos discípulos russos de Mach, desejosos de ser marxistas. O artigo intitulado Marxismo e filosofia transcendental, nos Estudos de filosofia e sociologia, de V. Tchernov, (Moscou, 1907; o livro reúne artigos escritos na maioria antes de 1900), começa, sem rodeios, por uma tentativa de opor Marx a Engels, sendo esse último acusado de professar um “materialismo ingenuamente dogmático” e o “mais grosseiro dogmatismo materialista” (pp. 29 e 32). De acordo com o sr. V. Tchernov, as reflexões de Engels sobre a “coisa em si” de Kant e a filosofia de Hume são disso provas “suficientes”. Comecemos, então, por essas reflexões.

Engels afirma, em seu Ludwig Feuerbach, que o materialismo e o idealismo constituem as correntes filosóficas fundamentais. O materialismo considera a natureza o fator primário e o espirito o fator secundário; o ser está no primeiro plano e o pensamento no segundo. O idealismo faz exatamente o contrário. Engels atribui a maior importância a essa distinção radical dos “dois grandes campos” entre os filósofos das “diversas escolas” do idealismo e do materialismo e acusa claramente de “confusionismo” os que empregam essas duas expressões em sentido diferente.

“A questão suprema de toda a filosofia”, “a questão primeira de toda filosofia”, sobretudo da filosofia moderna, diz Engels, é a das relações entre o pensamento e o ser, entre o espirito e a natureza. Depois de ter dividido os filósofos, do ponto de vista desse problema fundamental, em “dois grandes campos", Engels observa que essa questão filosófica primordial “tem ainda outro aspecto”:

“Qual é a relação entre as nossas ideias a respeito do mundo ambiente e esse mesmo mundo? Nosso pensamento pode conhecer o mundo real e podemos, em nossas ideias e nossas concepções do mundo real. formar uma imagem exata da realidade!”(1)

“A grande maioria dos filósofos responde pela afirmativa”, diz Engels, que coloca nessa maioria, além da totalidade dos materialistas, os idealistas mais consequentes, como o idealista absoluto Hegel, para quem o mundo real era a concretização de uma eterna "ideia absoluta” que o espirito humano concebe no mundo real e por intermédio desse mundo, do qual adquire exatamente uma consciência.

“Mas, ao lado desses últimos (materialistas e idealistas consequentes), muitos filósofos negam a possibilidade de conhecer o mundo, ou, pelo menos, de conhecê-lo a fundo. Hume e Kant, que desempenharam importante papel no desenvolvimento da filosofia, estão entre os mais modernos.”

Citadas essas palavras de Engels o sr. V. Tchernov lança-se à ofensiva. Faz acompanhar da nota seguinte o nome de Kant:

“Era bem singular classificar, em 1888, entre os “mais modernos”, filósofos como Kant e, sobretudo, Hume. Nessa época, era mais natural citar Cohen, Lange, Riehl, Loas, Liebmann, Hering e outros. Engels visivelmente não era forte em bateria de filosofia “moderna” (p. 33, nota 2).

O sr. Tchernov é fiel a si mesmo. Em economia, como em filosofia, guarda sua semelhança com o Vorochilov(2), de Turguenev, e pulveriza, alternativamente, por simples referencias a “autoridades”, o ignorante Kautski(3) e o ignorante Engels! O pior é que todas as autoridades invocadas pelo sr. Tchernov são as dos neokantistas qualificados por Engels, na mesma pagina do seu Ludwig Feuerbach, de teóricos reacionários movidos pelo desejo de reviver as doutrinas, há muito refutadas, de Kant e Hume. Esse bravo sr. Tchernov não compreendeu que Engels refuta precisamente esses projetos de professores que parecem autoridades (aos discípulos de Mach)!

Tendo mencionado a argumentação “decisiva” produzida por Hegel contra Hume e Kant e completada por Feuerbach com mais espirito do que profundeza Engels continua:

“A mais radical refutação desses subterfúgios filosóficos (ou dessas imaginações, Schrullen), como de todas as outras, é proporcionada pela pratica, precisamente pela experimentação e pela industria. Se nos é possível demonstrar a justeza da nossa concepção de um fenômeno da natureza produzindo-o à vontade, fazendo-o servir nossos fins, a incognoscível (ou inconcebível, unfassbaren; essa importante palavra foi omitida tanto na tradução de Plerrânov como na do sr. Tchernov) “coisa em si” de Kant desaparece. As substancias químicas produzidas nos organismos animais e vegetais foram “coisas em si” enquanto a química orgânica não conseguiu produzi-las umas após outras; assim, a “coisa em si” tornou-se, por isso mesmo, uma “coisa para nós”, como, por exemplo, alizarina, substância corante da garança, que obtemos agora, não somente tratando raízes da garança, mas, mais em conta e por um processo mais simples, tratando o alcatrão da hulha”(1. c., p. 16).

Citado esse raciocínio, o sr. V. Tchernov, decididamente fora de si, pulveriza o pobre Engels. Vejam:

“Nenhum neokantista certamente se surpreenderá ao aprender que se pode obter a alizarina do alcatrão da hulha, mais em conta e por um processo mais simples. Mas que também se possa tirar desse alcatrão, e ainda mais em conta, a refutação da ''coisa em si”, eis o que parecerá, sem duvida, — e não somente aos neokantistas —, uma descoberta notável, sem, precedentes...

Engels, que provavelmente aprendeu que a “coisa em si” é segundo Kant, incognoscível, transformou esse teorema em seu contrário e concluiu que todo desconhecido é coisa em si” (p. 33).

Sim, senhor discípulo de Mach, minta, mas saiba fazê-lo! Com efeito, truncou, aos olhos do próprio publico, a citação de Engels, que pretende “destruir” sem ao menos ter compreendido em que está o problema!

Em primeiro lugar, não é verdade que Engels tenha feito uma refutação da “coisa em si”. Engels diz, clara e nitidamente, que refuta a coisa em si inaccessível (ou incognoscível) de Kant. O sr. Tchernov obscurece a concepção materialista de Engels da existência das coisas independentemente da nossa consciência. Em segundo lugar, se o teorema de Kant afirma que a coisa em si é incognoscível, o teorema contrário será: o incognoscível é a coisa em si. O sr. Tchernov substituiu a palavra incognoscível pela palavra desconhecido, sem verificar que essa substituição obscurecia e ainda adulterava a concepção materialista de Engels.

O sr. V. Tchernov é de tal modo transtornado pelos reacionários da filosofia oficial, dos quais fizera seus guias, que se põe a fazer rumor e a clamar contra Engels, sem nada, mas nada ter compreendido do exemplo mencionado. Busquemos explicar a esse representante da doutrina de Mach contra que ele se volta.

Engels diz, clara e nitidamente, que ele replica, ao mesmo tempo, a Hume e Kant. Ora, não há mesmo, em Hume, a questão da “coisa em si incognoscível”. Que de comum existe, entre esses dois filósofos? Isto: eles separam, em princípio, os “fenômenos” e as coisas representadas pelos fenômenos, a sensação e a coisa sentida, a “coisa para nós” e a “coisa em si”. Aliás, Hume nada quer saber da “coisa em si”, cuja ideia, inadmissível em filosofia, não passa, a seus olhos, de “metafísica” (como dizem os discípulos de Hume e de Kant). Kant, ao contrário, admite a existência da “coisa em si”, mas proclama-a “incognoscível”, diferente, em princípio, do fenômeno, pertencendo a outro domínio, ao domínio do “além” (Jenseits), inaccessível ao saber, mas revelado pela fé.

Qual é o fundo da objeção de Engels? Não sabíamos ontem que do alcatrão se podia fazer alizarina. Sabemo-lo hoje. A questão que se fórmula é a seguinte: a alizarina existia, ontem, no alcatrão da hulha?

Certamente, sim. Emitir, a esse respeito, a menor duvida seria desafiar as ciências naturais contemporâneas. Ora, se assim é, três importantes conclusões gnoseológicas dai decorrem:

  1. as coisas existem independentemente de nossa consciência, independentemente de nossas sensações, fora de nós, e, por isso, é indubitável que a alizarina já existia no alcatrão da hulha, embora não o soubéssemos, embora essa alizarina não nos provocasse nenhuma sensação;
  2. não existe e não pode existir nenhuma diferença de principio entre o fenômeno e a coisa em si. Há diferença apenas entre o que é conhecido e o que ainda não o é. Quanto às imaginações filosóficas sobre a existência de um limite especial entre essas duas categorias, sobre uma coisa em si situada “além” dos fenômenos (Kant), sobre a possibilidade ou a necessidade de erigir uma barreira filosófica entre nós e o problema do mundo ainda desconhecido nessa ou naquela de suas partes, mas existente fora de nós (Hume) — tudo isso não passa de inépcia, expedientes, invenções (Schrullen);
  3. a respeito da teoria do conhecimento, como de todos os outros setores da ciência, importa sempre raciocinar dialeticamente, isto é, nunca considerar invariável e completa nossa consciência, mas analisar o processo em virtude do qual o conhecimento nasce da ignorância ou em virtude do qual o conhecimento vago e incompleto se torna conhecimento mais adequado e mais preciso.

Admitindo-se que o desenvolvimento do conhecimento humano tem seu ponto de partida na ignorância, logo se poderão ver milhões de exemplos tão simples como a descoberta da alizarina no alcatrão da hulha, milhões de observações tiradas, não somente da historia da ciência e da técnica, mas também da vida cotidiana de cada um de nós, mostrar-nos a transformação das “coisas em si” em “coisas para nós”, a aparição dos “fenômenos” no momento em que nossos órgãos dos sentidos recebem uma impressão proveniente de um objeto exterior e o desaparecimento dos “fenômenos” no momento em que esse ou aquele obstáculo impede a ação dos objetos, manifestamente existentes, sobre nossos órgãos dos sentidos. A única conclusão que dai se deve tirar necessariamente conclusão naturalmente deduzida por todos os homens na vida cotidiana e colocada conscientemente pelo materialismo na base de sua teoria do conhecimento é a de que há, fora de nós e independentemente de nós, coisas, objetos, corpos, e que nossas sensações são imagens do mundo exterior. A teoria inversa de Mach (os corpos são complexos de sensações) não é mais do que mesquinha confusão idealista. Quanto ao sr. Tchernov, uma vez mais se igualou, por sua “análise” de Engels, a Vorochílov: o exemplo simples citado por Engels pareceu-lhe “ingênuo e singular”! Não sabendo distinguir entre o ecletismo professoral e a teoria materialista consequente do conhecimento, só admite filosofia nas sutilezas dos sábios.

Não é necessário e nem possível analisar todas as outras reflexões do sr. Tchernov: sempre a mesma pretensiosa confusão (indiquemos, por exemplo, a asserção segundo a qual o átomo é, para os materialistas, uma coisa em si!). Vejamos somente uma observação sobre Marx que se relaciona com nosso assunto (e parece ter desorientado algumas pessoas): Marx se teria separado de Engels. Trata-se da segunda tese de Marx sobre Feuerbach e da tradução por Plerrânov da palavra Diesseitigkeit (citerior)

Eis essa segunda tese:

“A questão de saber se o pensamento humano é objetivamente verdadeiro é uma gestão prática e não teórica. É na prática que o homem deve demonstrar a veracidade, isto é, a realidade, o poder, o citerior do seu pensamento. Toda discussão sobre a realidade ou a irrealidade do pensamento, isolada da prática, é puramente escolástica.”

Em vez de escrever “demonstrar o citerior do pensamento” (tradução literal), Plerrânov escreveu: “demonstrar que o pensamento não se detém aquém dos fenômenos”. E o sr. V. Tchernov proclamou:

“A contradição entre Engels e Marx é assim afastada com extrema simplicidade... Deduz-se, então, que Marx teria admitido, do mesmo modo que Engels, a possibilidade do conhecimento da coisa em si e o mais além do pensamento” (loc. cit., nota 34).

Entenda-se esse Vorochílov, de quem cada frase é uma embrulhada incrível! É ignorância, sr. V. Tchernov, não saber que todos os materialistas admitem a possibilidade de conhecer a coisa em si. É revelar ignorância, sr. Viktor Tchernov, ou negligencia sem limites, correr os olhos pela primeira frase da tese, sem verificar que a expressão “verdade objetiva” (gegenständliche Wahrheit) do pensamento não significa outra coisa senão a existência dos objetos (= “coisas em si”) refletidos, tais como são, pelo pensamento. É ignorância crassa, sr. Viktor Tchernov, afirmar que da exposição de Plerrânov (Plerrânov fez uma exposição e não uma tradução) “se conclui” que Marx defende o mais-além do pensamento. Realmente, os discípulos de Hume e de Kant estão sozinhos ao conter o pensamento “aquém dos fenômenos”. Para todos os materialistas, inclusive os do seculo XVII, que o bispo Berkeley exterminou (ver a introdução deste livro), os “fenômenos” são “coisas para nós” ou cópias dos “objetos em si”. Os que querem conhecer o pensamento de Marx certamente não precisam recorrer à livre transposição de Plerrânov, mas, em compensação, precisam assimilar Marx, em vez de se dedicarem, como Vorochílov, a rodeios fantasistas. .

Fato curioso: se, entre pessoas que se intitulem socialistas, há os que não querem (ou não podem) assimilar as “teses” de Marx, existem, de outro lado, filósofos burgueses que revelam boa fé. Conheço um escritor que estudou a filosofia de Feuerbach e analisou, relacionando com ela, as “teses” de Marx. Esse escritor, Albert Lévy, consagrou o terceiro capitulo da segunda parte do seu livro sobre Feuerbach ao estudo da influência desse filosofo sobre Marx.(4) Sem indagar se Lévy interpreta sempre justamente Feuerbach e sem apreciar sua maneira de criticar Marx do ponto de vista burguês comum, citaremos sua apreciação do conteúdo filosófico das famosas “teses” de Marx.

Marx — diz Lévy — a proposito da primeira tese — admite, de um lado, com todo o materialismo anterior e com Feuerbach, que às nossas representações das coisas correspondem objetos reais e distintos, fora de nós”...

Vê-se que Albert Lévy assimilou bem a tese fundamental do materialismo, e não somente do materialismo marxista, mas de todo materialismo, de “todo o materialismo anterior”: admissão dos objetos reais existentes fora de nós, aos quais correspondem as nossas ideias. Esse ABC do materialismo em geral só é ignorado pelos discípulos russos de Mach. Lévy continua:

“Ele (Marx) lamenta, de outro lado, que o materialismo tenha deixado ao idealismo o cuidado de apreciar a importância das forças ativas, que, conforme Marx, precisam ser arrebatadas ao idealismo e reintegradas no sistema materialista; mas naturalmente será necessário restituir a essas forças ativas o caráter real e sensível que o idealismo não lhes pôde reconhecer. A ideia de Marx é, portanto, a seguinte: do mesmo modo que às nossas representações correspondem objetos reais independentes de nós, assim também à nossa atividade fenomenal corresponde uma atividade real independente de nós, uma atividade das coisas; nesse sentido, a humanidade não participa apenas do absoluto pelo conhecimento teórico, mas ainda pela atividade prática; e toda a atividade humana adquire desse modo, uma dignidade, uma nobreza, que lhe permite caminhar lado a lado com a teoria: a atividade revolucionaria tem, desde então,uma contribuição metafísica...”

Albert Lévy é professor. Nenhum professor que se preza consente em privar-se do prazer de tratar os materialistas de metafísicos. Para os professores idealistas, discípulos de Hume e de Kant, o materialismo, qualquer que seja, é uma “metafísica” uma vez que, além do fenômeno (da “coisa para nós”), vê o real independente de nós. Lévy, portanto, tem razão, no fundo, ao dizer: a “atividade das coisas” corresponde, para Marx, à “atividade fenomenal” da humanidade; noutros termos: a prática da humanidade tem um valor não somente fenomenal (no sentido de Hume e de Kant), mas ainda objetivo e real. O critério da prática, como mostraremos mais adiante (§ 6), tem, em Mach, um valor diferente do de Marx. “A humanidade participa do absoluto”, isto é, o conhecimento humano reflete a verdade absoluta (ver, mais adiante, o § 5), e a prática da humanidade, controlando as nossas ideias, nelas confirma o que corresponde à verdade absoluta. Lévy continua:

“Atingindo esse ponto, Marx naturalmente vai ao encontro das precauções da critica. Admitiu a existência das coisas em si, das quais nossa teoria é a tradução humana; mas não lhe é possível escapar à objeção comum: que é que vos garante a fidelidade da tradução? Que é que vos prova que o pensamento humano vos proporciona uma verdade objetiva? É a essa objeção que Marx responde em sua segunda tese” (p. 291).

O leitor conclui: Albert Lévy não duvida, por um só instante, que Marx admite a existência das coisas em si!


Notas de rodapé:

(1) F. Engels, Ludwig Feuerbach, 4.ª edição alemã, pág. 15; tradução russa, Genebra, 1905, pág. 13. Tchernov traduziu, aqui, a palavra Spiegelbid por “reflexo de espelho” e acusa Plerrânov de ter, em sua exposição, “amenizado sensivelmente” a teoria de Engels, empregando em russo tão só a palavra “imagem”, em vez da expressão “reflexo de espelho”. Pura chicana: o termo Spiegelbild também se emprega em alemão no sentido de Abbild. — N. L. (retornar ao texto)

(2) Personagem criada por Turguenev em seu romance Fumaça. Gostava, nas palestras, de citar o maior número possível de sábios e escritores. — N. do T. (retornar ao texto)

(3) A questão agrária, por V. Ilin, São Petersburgo, 1908, 1.ª parte, pág. 195. N. L. (V. Ilin: um dos pseudônimos usados por Lénin. N. do T.) (retornar ao texto)

(4) Albert Lévy, La philosophie de Feuerbach et son influence sur la littérature allemande, Paris, 1904, págs. 249-338, Influência de Feuerbach sobre Marx; págs. 290-298, análise das “teses”. — N. L. (retornar ao texto)

Inclusão 28/04/2014