Do Informe Político do Comitê Centra! do PC(b) da Rússia
XI Congresso do PC(b) da Rússia. 27 de março/2 de abril de 1922

Vladimir Ilitch Lênin

27 de março de 1922


Primeira edição: Publicado em 1922 no livro XI Congresso do Partido Comunista (bolchevique) da Rússia, Atas Taquigráficas, Moscou, Editora do CC do PC da Rússia. V. I. Lênin. Obras, 4.ª ed. em russo, t. 23, págs. 235/243

Fonte: A aliança operário-camponesa, Editorial Vitória, Rio de Janeiro, Edição anterior a 1966 - págs. 602-609

Tradução: Renato Guimarães, Fausto Cupertino Regina Maria Mello e Helga Hoffman de "La Alianza de la Clase Obrera y el Campesinado", publicado por Ediciones en Lenguas Extranjeiras, Moscou, 1957, que por sua vez foi traduzido da edição soviética em russo, preparada pelo Instituto de Marxismo-Leninismo adjunto ao CC do PCUS, Editorial Política do Estado, 1954. Capa e apresentação gráfica de Mauro Vinhas de Queiroz

HTML: Fernando Araújo.

Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.


capa

(Aplausos).

Camaradas:

Permitam-me que inicie o informe político do CC a partir do fim do ano passado, e não do seu começo. A questão política de mais palpitante atualidade é Gênova.(2) Mas como já se falou muito disto na imprensa, e como tive ocasião de expor o essencial desta questão em meu discurso de 6 de março, que foi publicado, pediria que me autorizassem a não entrar em detalhes sobre este problema, se todos sentem que não há qualquer exigência especial de explicar certos pormenores.

Em geral, é conhecido aqui tudo o que se refere a Gênova, porque a imprensa dedicou muito espaço a esta questão, a meu ver até mesmo um espaço excessivo, em prejuízo das necessidades reais, práticas e prementes de nossa construção em geral e da construção econômica em particular. Na Europa, em todos os países burgueses, naturalmente, preferem ocupar ou encher as cabeças com toda espécie de frases ribombantes sobre Gênova. Desta vez (e não é a única) os imitamos, e o fizemos de maneira exagerada.

Devo dizer que no CC tomamos as medidas mais cuidadosas para formar uma delegação de nossos melhores diplomatas (agora temos um número considerável de diplomatas soviéticos, ao contrário do que acontecia quando a República soviética começou a existir). No CC elaboramos diretivas bastante detalhadas para nossos representantes diplomáticos enviados à Conferência de Gênova; elas foram estudadas muito detidamente, várias vezes deliberamos e voltamos a deliberar sobre elas. Compreende-se claramente que se trata aqui de uma questão, não diria militar, porque esta palavra daria base a uma interpretação deturpada, mas, em todo caso, trata-se de uma emulação. No campo burguês existe uma corrente extraordinariamente forte e muitíssimo mais potente do que as demais, que se inclina a fazer frustrar a Conferência de Gênova. Há outras correntes que tratam de defendê-la a todo custo, de conseguir que se reúna. Estas últimas triunfaram, no momento presente. Finalmente, no campo de todos os países burgueses existe uma corrente que se poderia denominar pacifista e na qual se deve incluir toda a II Internacional e a Internacional II e meio. Este é o campo da burguesia que tenta manter uma série de proposições pacifistas e traçar algo como uma política pacifista. Nós, como comunistas, temos a respeito deste pacifismo pontos-de-vista determinados, que é inteiramente supérfluo expor aqui. Compreende-se que vamos a Gênova não como comunistas, mas como comerciantes. Nós precisamos comerciar e eles precisam comerciar. Nós queremos comerciar em nosso benefício, e eles no seu. A forma em que se vai desenvolver a luta dependerá, ainda que não em grande medida, da habilidade de nossos diplomatas.

É claro que quando vamos a Gênova como comerciantes não nos é indiferente que tenhamos que nos entender com representantes do campo burguês que tendem a uma solução militar do problema, ou com representantes do campo burguês que tendem ao pacifismo, ainda que este seja dos mais medíocres e, do ponto-de-vista do comunismo, não resista à menor crítica. Seria um mau comerciante, entretanto, o que não soubesse captar esta diferença e, ajustando a isto sua tática, alcançar objetivos práticos.

Nós vamos a Gênova com um objetivo prático: impulsionar o comércio e criar as condições para que ele se desenvolva da maneira mais ampla e eficaz. Mas de modo algum garantimos o êxito da Conferência de Gênova. Seria ridículo e absurdo garanti-lo. Devo confessar que, examinando com a maior moderação e prudência as possibilidades representadas agora por Gênova, creio, entretanto, não ser exagero dizer que alcançaremos nosso objetivo.

Por meio de Gênova, se nossos interlocutores ali são suficientemente inteligentes e não muito cabeçudos; deixando Gênova de lado, se lhes ocorrer manterem-se obstinados. Mas alcançaremos nosso objetivo!

Com efeito, os interesses mais inadiáveis, vitais e práticos de todas as potências capitalistas, interesses que se manifestaram de forma aguda nos últimos anos, exigem que se desenvolva, regularize e amplie o comércio com a Rússia. É já Que existe este tipo de interesse, pode-se discutir, pode haver dissensões, podemos separar-nos em diferentes combinações — e é muito verossímil que tenhamos que fazê-lo — mas, apesar de tudo, esta necessidade econômica fundamental terminará por abrir caminho. Creio que quanto a isso podemos estar tranquilos. Não garanto o prazo, não garanto o êxito, mas exatamente nesta reunião pode dizer-se com bastante segurança que continuarão desenvolvendo-se necessariamente as relações comerciais regulares entre a República soviética e todo o mundo capitalista. Em meu informe, no momento adequado, farei referência às interrupções possíveis nesta questão, mas creio que acerca do problema de Gênova podemos limitar-nos a isto.

Subentende-se que os camaradas que desejam conhecer a questão mais detalhadamente e não se satisfazem somente com a lista dos membros da delegação que se publicou nos jornais, poderão eleger uma comissão ou secção, e pôr-se a par de todos os materiais do CC, da correspondência e das diretivas. Os detalhes, naturalmente, foram esboçados de um modo condicional, porque agora não se sabe, com certeza, quem se sentará à mesa nesta Conferência de Gênova e quais serão as condições, ou as condições prévias, ou as reservas que serão expostas. Seria extremamente inconveniente analisar aqui todos os detalhes; creio mesmo que é praticamente impossível. Repito: o congresso, através de uma secção ou de uma comissão, tem plena possibilidade de reunir todos os documentos sobre a questão, tanto os publicados como os que estão em poder do CC.

Limito-me ao exposto, porque estou convencido de que não é nesta questão que se encontram nossas maiores dificuldades. Não é a isto que o conjunto do Partido deve prestar sua principal atenção. A imprensa burguesa europeia aumenta e exagera artificial e intencionalmente a importância desta conferência, enganando as massas trabalhadoras (é o que sempre fazem nove décimos de toda a imprensa burguesa em todas estas repúblicas e países livres e democráticos). Nós nos deixamos levar um pouco por esta imprensa. Como sempre, nossos jornais deixam-se levar ainda pelos velhos costumes burgueses, resistem a passar à nova vida socialista, e armamos mais barulho do que o assunto merece. Gênova não representa na essência grandes dificuldades para os comunistas, em particular para os que viveram anos tão sérios como os que vivemos, a partir de 1917, para os que viram composições políticas tão serias como as que vimos desde então. Não me lembro de que em relação a este assunto se tivesse produzido alguma divergência ou discussão, não só no CC mas tampouco no seio de nosso Partido. isto é natural, já que aqui nada há de discutível do ponto-de-vista dos comunistas, mesmo levando em conta a diferença de matizes entre eles. Vamos a Gênova, repito, como comerciantes, a fim de conseguir formas mais vantajosas para o desenvolvimento do comércio, que já começou, que está em marcha e que, mesmo que alguém conseguisse interrompê-lo violentamente por certo tempo, de qualquer modo, passada esta interrupção, se desenvolveria inevitavelmente.

Limitando-me, portanto, a estas breves indicações sobre Gênova, passo às questões que, na minha opinião, são as principais questões políticas do ano transcorrido e as mais importantes do próximo ano. Parece-me (ou, pelo menos, este é meu costume) que no informe político do CC deve falar-se não só do que ocorreu no ano do qual se presta contas, mas dos ensinamentos políticos que recebemos neste ano — os fundamentais, os essenciais — para determinar corretamente nossa política no ano vindouro, para aprender algo das experiências de um ano.

O problema principal é, sem dúvida, a nova política econômica. Todo o ano do qual agora fazemos o balanço transcorreu sob o signo da nova política econômica. Se no curso deste ano fizemos alguma conquista importante, seria e determinada (o que para mim não é ainda de todo indubitável), ela consistiu tão somente em aprender algo dos princípios desta nova política econômica. Com efeito, durante este ano, aprendemos muitíssimo no terreno da nova política econômica. É a prova de que realmente aprendemos, e em que grau, será dada provavelmente pelos acontecimentos ulteriores, um tipo de acontecimentos que dependem muito pouco de nossa vontade; por exemplo, a iminente crise financeira. A meu ver, o que se deve principalmente levar em conta, no que se refere a nossa nova política econômica, como base para todos os raciocínios e para fazer o balanço da experiência de uni ano e adquirir conhecimentos práticos para o ano entrante, são os três pontos que se seguem:

Em primeiro lugar e sobretudo, nossa nova política econômica nos interessa para comprovar que conseguimos realmente uma ligação com a economia camponesa. Na época anterior do desenvolvimento de nossa revolução, quando toda a atenção e todas as forças estavam dirigidas ou quase absorvidas, principalmente, pela tarefa de opor resistência à invasão, não podíamos pensar com a necessária seriedade nesta aliança, não estávamos preparados para nos preocuparmos com ela. Até certo ponto não se podia e não se devia levá-la em conta, quando existia a tarefa absolutamente inadiável e premente de fazer frente ao perigo de sermos rapidamente estrangulados pelas gigantescas forças do imperialismo mundial.

A virada em direção à nova política econômica foi decidida no congresso anterior com excepcional unanimidade, inclusive maior do que para outros problemas resolvidos em nosso Partido (que, é preciso reconhecer, destaca-se, em geral, por sua grande unanimidade). Esta unanimidade demonstrou que estava inteiramente madura a necessidade de abordar de maneira nova a economia socialista. Pessoas que divergiam em muitos problemas, que entendiam a situação de pontos-de-vista diferentes, concordaram imediatamente, sem vacilação e sem exceção alguma, em que não tínhamos uma forma justa de abordar a economia socialista, a construção de seus fundamentos, e que só havia vim meio de encontrar este modo de abordá-la: a nova política econômica. Devido ao desenvolvimento dos acontecimentos militares, devido ao desenvolvimento dos acontecimentos políticos, devido ao desenvolvimento do capitalismo no antigo Ocidente culto e ao desenvolvimento das condições sociais e políticas nas colônias, tivemos que ser os primeiros a abrir uma brecha no velho mundo burguês em um momento em que nosso país era, economicamente, se não o mais atrasado, pelo menos um dos países mais atrasados. A imensa maioria dos camponeses de nosso país mantém pequenas explorações individuais. A edificação daquilo que, no programa da sociedade comunista traçado por nós, podíamos realizar imediatamente, levava-se a cabo à margem, até certo ponto, do que ocorria entre as extensas massas camponesas, às quais impusemos tributos muito pesados, justificando-os com o fato de que a guerra não admitia vacilação alguma a este respeito. É esta justificação, se se a considera em seu conjunto, foi aceita pelos camponeses, apesar dos erros que não pudemos evitar. A massa camponesa, em geral, viu e compreendeu que estas enormes cargas que lhes eram impostas, eram indispensáveis para defender o poder operário e camponês dos latifundiários, para que ele não fosse afogado pela invasão capitalista, que ameaçava arrebatar todas as conquistas da revolução. Mas não existia uma ligação entre a economia, que se construía nas fábricas nacionalizadas, socializadas, e nos sovcozes, de um lado, e a economia camponesa, de outro.

Isto foi visto com clareza no congresso anterior do Partido. Vimo-lo com tanta clareza que não houve no Partido vacilação alguma sobre a inevitável necessidade da nova política econômica.

É divertido observar as apreciações que faz desta nossa cisão a imprensa, extraordinariamente abundante, de toda espécie de partidos russos no estrangeiro. A diferença entre estas apreciações é ínfima: eles, que vivem do passado, continuam insistindo em que os comunistas de esquerda, ainda no presente, estão contra a nova política econômica. Esta gentelembrou em 1921 o que havia ocorrido em 1918, e que os próprios comunistas de esquerda esqueceram, e o ruminam e voltam a ruminar até agora, chegando a assegurar que estes bolcheviques são, como se sabe, gente pérfida e mentirosa; que ocultam à Europa as discrepâncias existentes entre eles nesta questão. Quando alguém lê estas coisas, pensa: deixa que se enganem. Se é esta a ideia que têm do que ocorre em nosso país, pode julgar-se por isso do grau de consciência desta gente velha, que pretende ser a mais instruída e que agora foi para o estrangeiro. Nós sabemos que aqui não houve divergência alguma, e não houve porque estava clara para todos a necessidade prática de abordar de outro modo a construção dos fundamentos da economia socialista.

Não existia em nosso país ligação entre a economia camponesa e a nova economia que tentávamos criar. Existe agora? Ainda não. Vamos somente nos aproximando desta ligação. Todo o significado da nova política econômica, que frequentemente nossa imprensa contínua buscando em todo lugar menos no lugar onde deve ser buscada, toda a significação está única e exclusivamente nisto: encontrar a forma de ligação para esta nova economia que estamos criando com enormes esforços. É nisto consiste nosso mérito; sem isto não seriamos comunistas revolucionários.

Começamos a construir a nova economia de um modo completamente novo, sem levar em consideração nada do velho. É se não tivéssemos iniciado sua construção, nos teriam esmagado por completo nos primeiros meses, nos primeiros anos. Mas isto não quer dizer que nos obstinemos em que, porque a tenhamos começado com tanta audácia, devamos continuar necessariamente desta maneira. De onde se tira isto? De parte alguma.

Dissemos desde o início que tínhamos de realizar uma obra extraordinariamente nova e que se os camaradas operários dos países mais desenvolvidos no sentido capitalista não nos ajudassem com urgência, nosso trabalho seria incrivelmente difícil e cometeríamos, sem dúvida, uma série de erros. O principal é saber analisar com lucidez os erros cometidos e reconstruir tudo desde o início. Se é necessário refazer tudo desde o começo, não duas, mas muitas vezes, isto demonstrará que abordamos sem preconceitos e com uma visão serena nossa tarefa, a mais grandiosa de quantas já se empreenderam no mundo.

Agora o essencial na nova política econômica é que assimilemos bem a experiência do ano transcorrido. É preciso fazê-lo, e desejamos fazê-lo. É se queremos consegui-lo a todo custo (e o queremos e o conseguiremos!), é necessário saber que a tarefa da Nep,(1) a tarefa principal e decisiva, a que tudo o mais se subordina, consiste em estabelecer a ligação entre a nova economia, que começamos a construir (muito mal, muito desajeitadamente, mas que, não obstante, começamos a construir com base em uma economia socialista inteiramente nova, de uma produção nova, de uma nova distribuição), e a economia camponesa, da qual vivem milhões e milhões de camponeses.

Antes não existia esta ligação, e isto é o que devemos criar em primeiro lugar. A esta ideia devemos submeter tudo. Devemos ainda esclarecer até que grau conseguiu a nova política econômica estabelecer esta ligação e não desmoronar o que começamos a construir desajeitadamente.

Estamos edificando nossa economia em aliança com os camponeses. Devemos refazê-la continuamente e construí-la de tal modo que seja uma ligação entre nosso trabalho socialista na grande indústria e na economia agrícola, e o trabalho em que todo camponês se empenha, © realiza como pode, lutando contra a miséria, sem filosofar (de fato, que pode filosofar ele para sair e salvar-se do perigo direto de morrer entre as torturas da fome?).

É preciso mostrar esta ligação, para que nós a vejamos com clareza, para que todo o povo, a veja, para que toda a massa camponesa veja que existe um vínculo entre a vida atual, dura, inauditamente desolada, extremamente miserável e angustiosa, e o trabalho que se leva a cabo em nome de longínquos ideais socialistas. É preciso proceder de tal modo que cada simples trabalhador compreenda que obteve alguma melhoria, e a obteve não como alguns camponeses durante a época do poder dos latifundiários e do capitalismo, quando cada passo em direção ao melhoramento (é certo que havia melhorias e muito grandes) vinha unido ao escarnio, aos ultrajes, às ironias contra o mujique, à violência contra a massa; isto é coisa que camponês algum na Rússia esqueceu, nem esquecerá em dezenas de anos. Nosso objetivo é restabelecer a ligação, demonstrar aos camponeses com fatos que começamos pelo que lhes é conhecido, compreensível e imediatamente acessível apesar de toda a sua miséria, e não por algo distante e fantástico, do seu ponto-de-vista; demonstrar-lhes que sabemos ajudá-los, e que os comunistas os ajudam de fato nestes momentos difíceis para os pequenos camponeses arruinados, empobrecidos, que sofrem o tormento da fome. Ou nos lhes demonstramos isto, ou eles nos mandarão ao diabo. Isto é mais do que certo.

Esta é a significação da nova política econômica, este é o fundamento de toda a nossa política. Eis aqui o que é para nós a principal lição do ano passado — no qual se aplicou a nova política econômica — e, por assim dizer, nossa principal norma política para o ano entrante. O camponês nos dá um crédito, e, de fato, depois do que sofreu, não pode deixar

de dá-lo. Os camponeses, em sua maioria, vivem com esta resignação: «Bem, se vocês não sabem fazer as coisas, esperaremos; pode ser que aprendam». Mas este crédito não pode ser inesgotável.

É preciso sabê-lo e, uma vez obtido o crédito, temos que nos apressar. É preciso saber que está próximo o momento em que o campesinato não continuará nos dando crédito, em que nos pedirá moeda sonante, se se pode usar aqui este termo comercial. «Mas, não obstante, agora, depois de tantos meses e de tantos anos de prorrogações, os senhores, distintos governantes, encontraram o método mais justo e mais seguro para nos ajudar a sair da necessidade, da miséria, da fome, da ruína. Os senhores sabem fazer as coisas, e o demonstraram. Eis aqui a prova que teremos de enfrentar, inevitavelmente, e esta prova, em última análise, decidirá tudo: os destinos da Nep e os destinos do poder comunista na Rússia.

Saberemos terminar nosso trabalho imediato, ou não? Esta Nep servirá para alguma coisa, ou não? Se retrocedemos corretamente, então, reorganizados, unir-nos-emos com a massa camponesa e com ela marcharemos para a frente, cem vezes mais lentamente, mas, em troca, de um modo firme e inflexível, para que esta veja sempre que, apesar de tudo, estamos avançando. Então nossa causa será absolutamente invencível, e força alguma no mundo nos dominará. Até agora, neste primeiro ano, não o conseguimos. É preciso dizê-lo com franqueza. É estou profundamente convencido (e nossa nova política econômica permite tirar esta conclusão com toda firmeza e segurança) de que, se nos prevenirmos contra todo o perigo que representa a Nep e concentrarmos todas as nossas forças nos pontos fracos, resolveremos o problema.

Misturarmo-nos com a massa camponesa, com os simples camponeses trabalhadores, e começar a avançar imensa, infinitamente mais devagar do que sonhávamos, mas, em troca, de modo que toda a massa avance efetivamente conosco. Se trabalharmos assim, chegará um momento em que a aceleração deste movimento alcançará um ritmo com o qual agora nem sequer podemos sonhar. Esta é, a meu ver, a primeira lição política fundamental da nova política econômica.


Notas de rodapé:

(1) Nep - Nova Política Econômica. (Nota da Compilação) (retornar ao texto)

Notas de fim de tomo:

(2) Lênin refere-se à conferência econômica internacional que se reuniu em Gênova de 10 de abril a 19 de maio de 1922. Tomaram parte nela, de um lado, Inglaterra, França, Itália, Japão e outros Estados capitalistas e, de outro, a Rússia soviética. Na sessão inaugural da conferência, a delegação soviética expôs um amplo programa de reconstrução da Europa e apresentou um programa de desarmamento geral. As propostas da delegação soviética foram rejeitadas. Os representantes dos países capitalistas formularam à delegação soviética exigências cuja aceitação teria significado converter o País Soviético em uma colônia do capital da Europa ocidental (pagamento de todas as dívidas de guerra e de ante guerra, devolução aos proprietários estrangeiros dos bens nacionalizados, etc.). A delegação soviética rejeitou as pretensões dos capitalistas estrangeiros. (retornar ao texto)

Inclusão: 11/02/2022