Discurso no Plenário do Soviete de Moscovo(N317)

V. I. Lénine

20 de novembro de 1922

Link Avante

Publicado: em 21 de Novembro de 1922 no nº 263 do Pravda
Fonte: Obras Escolhidas em três tomos, Edições "Avante!", 1977, t3, pp 629-635.
Tradução: Edições "Avante!" com base nas Obras Completas de V. I. Lénine, 5.ª ed. em russo, t.45, pp. 300-309.
Transcrição e HTML: Manuel Gouveia
Direitos de Reprodução: © Direitos de tradução em língua portuguesa reservados por Edições "Avante!" - Edições Progresso Lisboa - Moscovo.

capa

(Aplausos clamorosos. A Internacional) Camaradas! Lamento muito e peço muita desculpa por não ter podido vir mais cedo à vossa reunião. Tanto quanto sei, há algumas semanas que tínheis a intenção de dar-me a possibilidade de visitar o Soviete de Moscovo. Não pude fazê-lo porque, depois da minha doença, desde Dezembro, perdi, para usar a linguagem dos profissionais, a capacidade de trabalho durante um período prolongado, e devido à diminuição da capacidade de trabalho tive de adiar de semana para semana a presente intervenção. Tive também que lançar uma parte muito considerável do trabalho, de que a princípio, como recordareis, tinha encarregado o camarada Tsiurupa e depois o camarada Ríkov, adicionalmente sobre o camarada Kámenev. E devo dizer, recorrendo a uma comparação que já utilizei, que ele teve de repente que puxar duas carroças. Embora deva dizer, para continuar a comparação, que o cavalinho se mostrou excepcionalmente capaz e diligente. (Aplausos.) Mas, de qualquer modo, não convém puxar duas carroças, e espero com impaciência o regresso dos camaradas Tsiurupa e Ríkov e distribuiremos o trabalho pelo menos um pouco mais equitativamente. Eu, pela minha parte, em consequência da diminuição da minha capacidade de trabalho, devo levar muito mais tempo do que desejaria a examinar os assuntos.

Em Dezembro de 1921, quando tive que interromper completamente o trabalho, encontrávamo-nos no fim do ano. Estávamos então a realizar a passagem à nova política económica e parecia então que essa passagem, apesar de a termos iniciado em princípios de 1921, era bastante difícil, diria mesmo muito difícil. Há mais de ano e meio que vimos realizando essa passagem e parece que seria chegado o momento de que a maioria ocupasse novos lugares e se instalasse de acordo com as novas condições, sobretudo com as condições da nova política económica.

Onde temos experimentado menos mudanças é na política externa. Aqui prosseguimos o rumo anteriormente empreendido, e creio, digo-o com a consciência tranquila, que o prosseguimos duma maneira perfeitamente consequente e com enorme êxito. De resto, não será necessário informar-vos pormenorizadamente disto: a tomada de Vladivostok, a manifestação que se lhe seguiu e a declaração relativa à federação estatal, que lestes há dias nos jornais, mostraram e demonstraram com clareza meridiana que neste aspecto nada temos que modificar(N318). Seguimos um caminho traçado com absoluta clareza e precisão, e assegurámos o êxito perante os Estados de todo o mundo, embora alguns deles estejam ainda dispostos a declarar que não desejam sentar-se connosco à mesma mesa. Não obstante, as relações económicas, e depois delas as relações diplomáticas, normalizam-se, devem normalizar-se, normalizar-se-ão necessariamente. Todo o Estado que se oponha a isto corre o risco de chegar tarde e talvez de se encontrar, numa situação desvantajosa em alguns pontos bastante fundamentais. Isto vemo-lo agora todos, e não só através da imprensa, dos jornais. Penso que com as viagens ao estrangeiro os camaradas se convencem também de como são grandes as mudanças operadas. Neste aspecto não realizámos, para empregar a velha comparação, nenhum transbordo, nenhuma mudança nem de trem nem de cavalos.

Mas no que se refere à nossa política interna, o transbordo que fizemos na Primavera de 1921 - que nos foi ditado por circunstâncias extraordinariamente fortes e convincentes, em consequência das quais não houve entre nós a menor discussão nem a menor divergência relativamente a este transbordo -, este transbordo continua a causar-nos certas dificuldades, continua a causar-nos, eu diria, grandes dificuldades. Não porque tenhamos duvidado da necessidade da viragem - neste aspecto não há qualquer dúvida - nem porque tenhamos duvidado de que o ensaio desta nova política económica tenha alcançado os êxitos que esperávamos. Nesta questão, posso dizê-lo da maneira mais definida, não existe qualquer dúvida nem nas fileiras do nosso partido nem nas fileiras da enorme massa de operários e camponeses sem partido.

Neste sentido a questão não oferece dificuldades. As dificuldades consistem em que surgiu perante nós uma tarefa que, com muita frequência, requer para a sua solução o recurso a novas pessoas, a adopção de medidas extraordinárias e de métodos extraordinários. Temos ainda dúvidas sobre a justeza de uma coisa ou doutra, há mudanças numa ou noutra direcção e devo dizer que tudo isso subsistirá por um período bastante prolongado. «Nova política económica»! Estranha designação. Esta política foi chamada nova política económica porque volta atrás. Agora recuamos, parece que recuamos, mas fazêmo-lo para, primeiro recuar, mas depois tomar impulso e saltar em frente com mais força. Só com esta condição recuámos, ao aplicar a nossa nova política económica. Não sabemos ainda onde e como devemos reagrupar-nos, adaptar-nos, reorganizar-nos, para, depois do recuo, começar uma ofensiva com maior tenacidade. Para levar a cabo em ordem normal todas essas acções é necessário, como diz o provérbio, medir não dez vezes, mas cem vezes antes de decidir. Isto é necessário para vencer as incríveis dificuldades que se nos apresentam na solução das nossas tarefas e problemas. Sabeis perfeitamente quantos sacrifícios foram feitos para conseguir aquilo que fizemos, sabeis como se arrastou a guerra civil e as forças que ela exigiu. E eis que a tomada de Vladivostok nos mostrou - porque Vladivostok, embora esteja longe, é uma cidade nossa (aplausos prolongados) - nos mostrou a todos a inclinação geral para nós, para as nossas conquistas. Lá como aqui, é a RSFSR. Esta inclinação livrou-nos tanto dos inimigos civis como dos inimigos externos que nos atacavam. Falo do Japão.

Conquistámos uma situação diplomática completamente definida, e ela não é senão uma situação diplomática reconhecida por todo o mundo. Todos vedes isto. Vedes os resultados disto, mas quanto tempo foi necessário para isto! Conseguimos agora que os inimigos reconheçam os nossos direitos tanto na política económica como na política comercial. Assim o prova a conclusão de acordos comerciais.

Podemos ver porque é que nós, que há ano e meio tomámos o caminho da chamada nova política económica, porque é que nós avançamos nessa via com tão incríveis dificuldades. Vivemos nas condições de um Estado tão destruído pela guerra, tão desviado de qualquer caminho mais ou menos normal, que sofreu e suportou tanto, que agora começamos a contragosto todos os cálculos a partir de uma percentagem muito pequena - a percentagem de antes da guerra. Aplicamos esta medida às condições da nossa vida, aplicamos por vezes com muita impaciência e calor, e convencemo-nos sempre de que há dificuldades imensas. A tarefa que aqui nos fixámos é tanto mais imensa quando a comparamos com as condições de um Estado burguês normal. Fixámo-nos essa tarefa porque compreendíamos que não podíamos esperar a ajuda das potências mais ricas, essa ajuda que normalmente chega nestas condições(1*). Depois da guerra civil colocaram-nos em condições de quase boicote, isto é, disseram-nos: os laços económicos que estamos habituados a manter e que são normais no mundo capitalista, não os manteremos convosco.

Decorreu mais de ano e meio desde que tomámos o caminho da nova política económica, decorreu muito mais tempo desde que concluímos o nosso primeiro acordo internacional, e, não obstante, continua a fazer-se sentir esse boicote a nós de toda a burguesia e de todos os governos. Não podíamos contar com outra coisa quando passámos às novas condições económicas e, contudo, não tínhamos dúvidas de que devíamos adoptá-las e devíamos alcançar o êxito sozinhos. Quanto mais tempo passa, mais claro se torna que qualquer ajuda que nos concedessem e que nos venham a conceder as potências capitalistas, não só não eliminará esta condição como, segundo todas as probabilidades, acentuará e agravará esta condição na grande maioria dos casos. «Sozinhos», dissemos a nós próprios. «Sozinhos», dizem-nos quase todos os Estados capitalistas com os quais concluímos qualquer transacção, com os quais estabelecemos quaisquer convenções, com os quais iniciámos quaisquer negociações. E nisso reside a dificuldade particular. Devemos tomar consciência desta dificuldade. Estruturámos o nosso regime estatal com um trabalho de mais de três anos, incrivelmente difícil, incrivelmente cheio de heroísmo. Nas condições em que nos encontrámos até agora não tivemos tempo de examinar se demolíamos de mais, não tivemos tempo de examinar se haveria muitos sacrifícios, porque os sacrifícios eram muitíssimos, porque a luta que então começámos (vós sabei-lo bem e não é necessário falar disso mais amplamente), esta luta era uma luta de morte contra a velha ordem social, contra a qual lutávamos para forjar o nosso direito à existência, ao desenvolvimento pacífico. E conquistámo-lo. Não somos nós que o dizemos, não são testemunhas de pessoas que possam ser acusadas de parcialidade a nosso favor. É o testemunho de pessoas que se encontram no campo dos nossos inimigos e que, naturalmente, mostram parcialidade, mas de modo nenhum para o nosso lado mas para o outro lado. Essas testemunhas encontravam-se no campo de Deníkine, estavam à frente da ocupação. E sabemos que a sua parcialidade nos custou muito caro, nos custou muitas destruições. Por causa deles sofremos toda a espécie de perdas, perdemos valores de toda a espécie, e o valor principal, as vidas humanas, em proporções incrivelmente elevadas. Agora, analisando com toda a atenção as nossas tarefas, devemos compreender que a tarefa principal será agora não ceder as velhas conquistas. Não cederemos nem uma das velhas conquistas. (Aplausos) Ao mesmo tempo, encontramo-nos perante uma tarefa completamente nova; e o velho pode representar um obstáculo directo. Essa tarefa é a mais difícil de compreender. Mas é preciso compreendê-la para aprender a trabalhar, para aprender, quando for necessário, a voltar-se do avesso, por assim dizer. Penso, camaradas, que estas palavras e palavras de ordem são compreensíveis, porque durante cerca de um ano em que me vi obrigado a estar ausente, tivestes na prática que falar e reflectir sobre isto em diferentes maneiras e em centenas de ocasiões ao abordar o trabalho. E estou convencido de que as reflexões sobre isto só vos podem levar a uma conclusão: actualmente precisamos ainda mais da flexibilidade que até agora empregámos no terreno da guerra civil.

Não devemos renunciar ao velho. A série de concessões que nos adaptam às potências capitalistas, esta série de concessões permite plenamente a estas estabelecer relações connosco, assegura-lhes lucros, talvez por vezes maiores do que devia ser. Ao mesmo tempo, concedemos apenas uma pequena parte dos meios de produção, que o nosso Estado mantém quase integralmente nas suas mãos. Há alguns dias discutiu-se na imprensa o problema da concessão proposta pelo inglês Urquhart(N319), que até agora esteve quase sempre contra nós na guerra civil. Ele dizia: «Conseguiremos o nosso objectivo na guerra civil contra a Rússia, contra a mesma Rússia que se atreveu a privar-nos disto e daquilo.» E, depois de tudo isso, tivemos que estabelecer relações com ele. Não nos recusámos a elas, acolhemo-las com a maior alegria, mas dissemos: «Desculpe-nos, mas aquilo que conquistámos não o entregaremos. A nossa Rússia é tão grande e as nossas possibilidades económicas tão numerosas, que nos consideramos no direito de não rejeitar a sua amável proposta, mas discuti-la-emos serenamente, como homens de negócios.» É verdade que a nossa primeira conversação não deu qualquer resultado, pois por motivos políticos não podíamos estar de acordo com a sua proposta. Tivemos que responder-lhe com uma recusa. Enquanto os ingleses não reconhecessem a possibilidade da nossa participação na questão dos estreitos, dos Dardanelos(N320), devíamos responder com uma recusa, mas, imediatamente depois dessa recusa, devíamos analisar esta questão quanto ao fundo. Analisámos se isso nos seria vantajoso ou não, se nos seria vantajoso concluir essa concessão, e, se era vantajoso, em que circunstâncias. Era preciso falar do preço. E isto, camaradas, mostra-vos com clareza até que ponto temos que abordar agora as questões duma maneira diferente daquela com que as abordávamos antes. Antes, o comunista dizia: «Dou a minha vida», e isso parecia-lhe muito simples, embora nem sempre fosse tão simples. Mas agora, nós, comunistas, temos perante nós uma tarefa completamente diferente. Agora devemos calcular tudo, e cada um de vós deve aprender a calcular. Devemos calcular como, no ambiente capitalista, assegurar a nossa existência, como tirar proveito dos nossos inimigos, que, como é natural, regatearão, que nunca perderam o costume de regatear e que regatearão à nossa custa. Também não esquecemos isto nem imaginamos de modo algum que os representantes do comércio se transformem em qualquer parte em cordeiros e, tendo-se transformado em cordeiros, nos concedam de graça toda a espécie de bens. Isso não acontece e não o esperamos, mas contamos com o facto de que nós, habituados a opor resistência, também aqui sairemos de apuros e seremos capazes de comerciar, de tirar lucros e de sair das situações económicas difíceis. Esta tarefa é muito difícil. Mas estamos a trabalhar nesta tarefa. Quereria que nos fôssemos dando e nos déssemos claramente conta de como é grande o abismo entre a velha e a nova tarefa. Por grande que seja esse abismo, na guerra aprendemos a manobrar e devemos compreender que a manobra que temos que efectuar, a manobra em que nos encontramos agora, é a mais difícil, mas, em contrapartida, é aparentemente a última. Nela devemos pôr à prova toda a nossa força e demonstrar que não nos limitámos a aprender de cor as nossas lições de ontem e a repetir o bê-á-bá. Desculpem-nos, por favor, começámos a reaprender e reaprenderemos de modo a conseguirmos um êxito concreto e visível para todos. É em nome desta reaprendizagem, penso eu, que devemos prometer firmemente outra vez uns aos outros que, sob a designação de nova política económica, voltámos atrás, e voltámos atrás para não ceder nada de novo, e, ao mesmo tempo, para dar aos capitalistas vantagens tais que obriguem qualquer Estado, por mais hostil que nos seja, a aceitar as transacções e as relações connosco. O camarada Krássine, que conversou muitas vezes com Urquhart, esse dirigente e esteio de toda a intervenção, dizia que Urquhart, depois de todas as tentativas de nos impor a todo o custo o velho regime em toda a Rússia, se senta à mesma mesa com ele, Krássine, e começa a dizer: «Por que preço? Quanto? Por quantos anos?» (Aplausos.) Isto está ainda bastante longe da conclusão por nós de uma série de contratos de concessão e do estabelecimento, deste modo, de relações contratuais absolutamente precisas e firmes - do ponto de vista da sociedade burguesa -, mas vemos já que nos aproximamos disso, que já quase chegámos, mas ainda não chegámos. Isto, camaradas, devemos reconhecê-lo e não sermos presunçosos. Estamos ainda muito longe de ter conseguido plenamente aquilo que nos tornará fortes, independentes, tranquilamente seguros de não recearmos nenhuns negócios capitalistas, tranquilamente seguros de que por mais difícil que seja o negócio, o concluiremos, penetraremos na sua essência e o solucionaremos. Por isso, o trabalho que iniciámos neste terreno - tanto político como do partido - deve ser prosseguido, porque é preciso que passemos dos velhos métodos a métodos completamente novos.

O nosso aparelho continua a ser o velho aparelho, e a nossa tarefa consiste agora em refazê-lo de uma nova maneira. Não podemos refazê-lo de repente, mas necessitamos de organizar as coisas de modo que os comunistas de que dispomos sejam bem distribuídos. É preciso que estes comunistas dominem os aparelhos para onde foram enviados, e não, como acontece com frequência, que sejam estes aparelhos a dominá-los. Não há motivo para ocultá-lo e devemos falar disso claramente. Essas são as tarefas que temos perante nós e as dificuldades que enfrentamos, precisamente num momento em que empreendemos o nosso caminho prático, em que devíamos aproximar-nos do socialismo não como de um ícone pintado de cores solenes. Precisamos de tomar uma orientação acertada, precisamos de que tudo seja verificado, que todas as massas e toda a população verifiquem o nosso caminho e digam: «Sim, este é melhor que o velho regime.» Essa é a tarefa que nos fixámos. Foi isso que empreendeu o nosso partido, um pequeno grupo de homens em comparação com toda a população do país. Este pequeno germe colocou-se a tarefa de refazer tudo, e refará. Demonstrámos que não se trata duma utopia, mas duma obra pela qual os homens vivem. Todos o vimos, isso já está feito. É preciso refazer de maneira que toda a maioria das massas trabalhadoras, dos camponeses e operários, diga: «Não sois vós que vos elogiais a vós próprios, somos nós que vos elogiamos, que dizemos que conseguistes melhores resultados, depois dos quais nem uma só pessoa sensata pensará jamais em voltar ao passado.» Mas ainda não chegámos a isso. Por isso a NEP continua a ser a palavra de ordem principal, imediata, exaustiva, do dia de hoje. Não esqueceremos nem uma só das palavras de ordem que aprendemos ontem. Podemos dizê-lo a quem quer que seja com absoluta tranquilidade, sem qualquer sombra de vacilação, e di-lo cada passo nosso. Mas devemos adaptar-nos ainda à nova política económica. É preciso saber vencer, saber reduzir a urn mínimo determinado todos os seus aspectos negativos, que não é preciso enumerar, que vós conheceis perfeitamente. É preciso fazer tudo calculadamente. A nossa legislação dá-nos plena possibilidade disso. Saberemos organizar as coisas devidamente? Isto ainda está longe de estar resolvido. Estamos a estudá-lo. Cada número do jornal do nosso partido dá-vos dezenas de artigos que dizem: em tal fábrica, com tal fabricante, existem tais condições de arrendamento; mas onde o director é um camarada nosso, um comunista, as condições são estas. A empresa dá lucros ou não, justifica-se ou não? Chegámos à própria medula de todas as questões quotidianas, e isso constitui uma enorme conquista. Agora o socialismo não é já uma questão dum futuro longínquo, nem um quadro abstrato ou um ícone. Dos ícones continuamos a ter a opinião de antes, uma opinião muito má. Fizemos passar o socialismo para a vida diária, e é aqui que nos devemos orientar. Eis o que constitui a tarefa dos nossos dias, eis o que constitui a tarefa da nossa época. Permitam-me que termine exprimindo a certeza de que, por mais difícil que seja essa tarefa, por mais nova que ela seja em comparação com a nossa tarefa anterior, e por mais dificuldades que nos cause, todos nós juntos, não amanhã, mas no decurso de alguns anos, todos nós juntos realizaremos esta tarefa a todo custo, de modo que a Rússia da NEP se torne a Rússia socialista. (Aplausos clamorosos e prolongados.)


Notas de rodapé:

(N317) O Plenário do Soviete de Moscovo, que se reuniu juntamente com os plenários dos Sovietes de bairro de Moscovo na sala do Teatro Bolchoi, escutou um relatório sobre a actividade do Praesidmm e do Comité Executivo do Soviete de Moscovo, antes de proceder à eleição dos Sovietes de bairro e de cidade. «Quando o camarada Lénine surgiu no palco - observava uma breve informação do jornal Pravda - foi recebido com grandes «hurra!» e calorosos e prolongados aplausos... A ovação prolongou-se durante a execução de A Internacional...». Apesar de se sentir indisposto, como recordam os participantes no plenário, Vladímir Ilitch interveio com grande ardor. O seu discurso foi «excepcionalmente vivo, entusiástico, optimista» (ver Recordações sobre V. I. Lénine, t. 4, Moscovo, p. 107). Esta foi a última intervenção pública de V. I. Lénine. (retornar ao texto)

(N318) Lénine refere-se à resolução sobre a reunificação da República do Extremo Oriente com a RSFSR, aprovada pela Assembleia Popular da República do Extremo Oriente em 14 de Novembro de 1922. A notícia do acontecimento foi publicada em 15 de Novembro de 1922. (retornar ao texto)

(1*) No estenograma o texto continua: «e que, mesmo que tomássemos em consideração os juros, digamos, extraordinariamente elevados que nestes casos são impostos ao Estado ao qual, como é costume dizer-se, prestam ajuda. Propriamente falando, eles estão muito longe de ser uma ajuda. É preciso dizer francamente que mereceriam uma designação muito menos cortês do que a palavra ajuda, mas mesmo estas condições habituais seriam pesadas para nós». (N. Ed.) (retornar ao texto)

(N319) Em fins de Outubro - princípios de Novembro de 1922, nas páginas do jornal Pravda, foram publicados alguns artigos de discussão sobre a conclusão do contrato com Leslie Urquhart. Essa discussão foi organizada por proposta de Lénine. (retornar ao texto)

(N320) Trata-se da conferência sobre as questões do Próximo Oriente, preparada pela Inglaterra, a França e a Itália devido à derrota da intervenção anglo-grega na Turquia (Conferência de Lausanne). (retornar ao texto)

banner
Inclusão: 23/04/2020