Marx e os Sindicatos
O Marxismo Revolucionário e o Movimento Sindical

A. Losovski


Capítulo VI - Marx no Outro Lado do Atlântico


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“Se quiséssemos imaginar, partindo das necessidades do sistema econômico capitalista, um país ideal para o desenvolvimento capitalista, este não seria muito diferente dos Estados Unidos, por suas particularidades e extensão.”

Assim define Werner Sombart a terra prometida do monopolista.(1)

Concomitantemente com o aparecimento de Marx na arena política, absorviam os Estados Unidos enormes massas de emigrantes europeus. Esta ampla corrente imigratória dispersava-se rapidamente pelo imenso país, mas não, se extinguia. Aumentava continuadamente sob novos aspectos nacionais e sociais: artesãos arruinados pela introdução de maquinário, desempregados da nova indústria, camponeses empobrecidos e proletarizados, e numerosos elementos da pequena burguesia urbana. A corrente imigratória atingiu enormes proporções com a derrota da revolução na Alemanha, França e Áustria, em 1848. De 1770 a 1845, entraram nos Estados Unidos 1.000.000 (um milhão de pessoas.) De 1845 a 1855, entraram 3.000.000 (três milhões), cuja imensa maioria chegou nos anos que precederam 1848.(2)

Esta contínua corrente imigratória, junto à particular estrutura da economia americana (um capitalismo baseado no “livre” trabalho, no norte, e na escravidão, no sul), imprimiu caráter especial ao movimento proletário dos Estados Unidos.

Em seu 18 Brumário, Marx descreve, da seguinte maneira, a situação particular dos Estados Unidos e as relações de classe pouco desenvolvidas, na primeira metade do século XIX:

“País, onde as classes, já constituídas porém instáveis, modificam e mudam constantemente seus elementos constitutivos, onde os modernos meios de produção, em lugar de corresponderem a uma superpopulação estacionada, compensam melhor a falta relativa de cérebro e braços; onde, finalmente, o jovem e febril desenvolvimento da produção material, que tem um novo mundo a conquistar, não teve tempo, nem oportunidade, de destruir o velho mundo espiritual.”(3)

Estas relações de classe diferenciadas, ofereciam um campo extremamente favorável a todos aqueles que aspiravam salvar-se a expensas da sociedade, de maneira privada, nos estreitos limites de suas condições de existência.(4)

As imensas extensões, os campos virgens, atraíam a atenção dos utopistas europeus, que tentavam construir suas comunas na “terra prometida”. Em 1824, Roberto Owen foi pessoalmente aos Estados Unidos, comprou uma extensão considerável de terra, e começou a organizar sociedades ideais, onde os operários e os capitalistas, que se haviam purificado de seus pecados e de sua sede de lucros, deviam viver pacificamente, ajudando-se uns aos outros. Com o auxílio de filantropos, organizou a Comunidade “Yellow Spring”, em 1825, depois a Nova-Harmonia e as comunidades Naschobe, Kandal, etc....

Na primeira metade do século XIX, surgem as sociedades fourieristas nos Estados de Massachussets, Nova York, Nova Jersey, Pensilvânia, Ohio, Illinois, Indiana, Wisconsin e Minnesota. Os organizadores dessas comunidades, Alberto Brisbane, Horácio Grilley e outros, construíram, conforme os planos de Fourier, os falanstérios norte-americanos; porém, como aconteceu aos partidários de Robert Owen, o resultado foi nulo. Suas melhores comunidades, como por exemplo a falange Norte-Americana, Brook Fram, falange de Wisconsin, grupo da Pensilvânia, grupo de Nova York, etc.... vegetaram, para depois desagregar-se. A mesma sorte foi reservada às sociedades icarianas, criadas pelos discípulos do utopista comunista Estevam Cabet.(5)

Os Estados Unidos foram a terra prometida do capitalismo, mas as generosas experiências sociais do socialismo utópico, encontraram ali um solo ingrato.

Os discípulos europeus dos socialistas utópicos foram os iniciadores da organização de comunidades socialistas no livre solo americano, virgem de feudalismo. Desiludidos das revoluções, procuravam meios e caminhos fora da luta de classes. Marx reconhecia muito valor nos socialistas utópicos, não pelo seu utopismo, mas pelo seu socialismo. Considerava-os como precursores do socialismo materialista crítico. Todavia, era implacável para com os comunistas utópicos da espécie de Weitling, que tentavam ressuscitar o socialismo utópico com um atraso de várias dezenas de anos. Weitling, que a princípio seguia Marx, considerava- -se profeta e fundador de uma escola especial. Sua principal obra, “Garantias de Harmonia e Liberdade”, era uma exortação comunista sentimental, que convidava a abandonar o modo de vida antiga e começar vida nova. Dirigiu-se aos EE. UU. depois de 1840, e começou a organizar principalmente os emigrados da Alemanha, opondo sua doutrina a Marx e ao marxismo. O desenvolvimento da atividade de Weitling culminou nos anos 1850 e 1860, quando conseguiu reunir à sua volta uma parte considerável dos proletários alemães. Porém, suas tentativas para criar uma escola separada, particular, e seu idealismo confuso, levaram-no a romper com Marx, e com os proletários que o haviam acompanhado durante vários anos. Em uma carta a Sorge, em 19 de outubro de 1877, Marx descreve, da seguinte maneira, o socialismo utópico de Weitling:

“Durante dezenas de anos, vencendo grandes dificuldades, procuramos tirar das cabeças dos proletários o socialismo utópico, e a visão fantástica do regime da sociedade futura, o que lhes deu uma superioridade teórica, como consequência prática, sobre os franceses e ingleses. Eis, porém, que o socialismo utópico faz novos estragos, sob uma forma muito menos valiosa, que não pode ser comparada com a doutrina dos grandes utópicos franceses e ingleses, e sim com a de Weitling. É natural que o utopismo, precursor do socialismo materialista crítico, encerrasse este último in nuce; mas, quando surge a superfície ‘post festum’, torna-se absurdo, insípido e completamente reacionário...”(6)

Vemos aqui como Marx estabelece o parentesco entre o socialismo científico e o socialismo utópico, e como qualifica severamente os que, já em idade avançada, passeiam com o trajo infantil do socialismo utópico, e procuram fazer retroceder o movimento proletário nos Estados Unidos.

Como a corrente principal da emigração procedia da Alemanha, é também dali que, nos primeiros tempos, é importado um socialismo, que não brota raízes vigorosas, no solo americano. O socialismo alemão pré-marxista já era estéril no solo alemão, e, transplantado ao solo americano, tornou-se mais débil ainda. Os emigrados trouxeram da Europa, além das ideias utópicas, suas formas de organização contemporânea. A estrutura da classe proletária era, então, e continua sendo nos Estados Unidos, muito variada e específica; disso resultavam dificuldades especiais, que impediam a difusão das ideias socialistas entre as massas.

Dois fatores desempenharam papel decisivo na formação da ideologia da classe proletária daquela época: a escravidão e a emigração. No primeiro volume de “O Capital”, Marx escreve:

“Enquanto a escravidão manchasse uma parte da República, qualquer movimento proletário independente, nos Estados Unidos, via-se paralisado. O trabalho branco não pode emancipar-se, ali, onde o negro ostenta o estigma doloroso.

Se anexarmos a esta marca infamante da escravidão a grande massa de emigrados disposta a trabalhar por qualquer salário, contanto que obtivesse o pão, compreenderemos a causa fundamental do estado particular em que se encontrava o movimento proletário norte-americano. A emigração imprimiu esse caráter especial à classe proletária norte-americana, criando em seu seio uma série de invólucros e setores intermediários, conforme sua nacionalidade, seu grau de conhecimento do inglês, etc.... Em 1893, Engels escreve a Sorge:

“Uma importância enorme tem a emigração que divide os proletários em dois grupos, nativos e estrangeiros, e a estes em: — 1) - irlandeses; 2 - alemães; 3) - enfim, uma série de pequenos grupos, que somente se compreendem entre si, tchecos, polacos, italianos, escandinavos, etc.... E a estes, junte-se ainda os negros. São necessárias condições essencialmente favoráveis, para formar com estes elementos um partido único. Produz-se, às vezes, inesperadamente, um forte impulso; porém, basta que a burguesia se limite a uma resistência passiva, para que os elementos heterogêneos que compõem o proletariado, desagreguem-se novamente.”(7)

Em 1895, Engels volta a abordar as particularidades do movimento proletário nos EE. UU., onde, no transcurso do século XIX, verificaram-se lutas econômicas muito intensas, enquanto que o movimento político do proletariado marchava em zigue-zague, sem alcançar uma firmeza e intensidade consideráveis. Daí o atraso ideológico e político do movimento proletário dos Estados Unidos. Engels explica esse atraso, em carta a Sorge, em 16 de janeiro de 1895:

“A América é o país mais jovem, mas também o mais velho. Ao lado de móveis franceses, vê-se ali um mobiliário de invenção local, tilburys em Boston, stage coaches nas montanhas, o século XVIII ao lado dos carros pullmans. Desse modo, recebeis também toda a roupagem espiritual já em desuso na Europa. Tudo que aqui já está fora de moda perdura ainda na América durante duas gerações. Assim continuam sobrevivendo nesse país, os velhos lassallianos, e gente como Sanial, que hoje na França seriam considerados antiquados, ainda podem desempenhar entre vós, um certo papel. Isto acontece, porque os Estados Unidos, somente agora, depois das preocupações com a produção material e o enriquecimento, começam a ter tempo para o trabalho espiritual livre, e para a sua preparação necessária.

Também cabe culpa disto à duplicidade do desenvolvimento americano, absorvido pela solução do seu problema primordial: o amanho de imensa extensão de terra virgem, por um lado e a luta pela supremacia da produção industrial por outro. Daí, esses “ups and dows” (fluxos e refluxos) do movimento, conforme prevaleçam a razão do operário industrial ou do camponês que semeia a terra virgem.”(8)

Nesta carta, Engels nos revela o caráter original do movimento proletário nos Estados Unidos, especialmente na época de Marx.

A ligação entre os trabalhadores americanos e o comunismo, e seu mais eminente representante, Marx, provém da emigração alemã.

“O primeiro precursor alemão do marxismo — escreve o historiador do movimento trabalhista americano, John R. Commons — foi o Clube Comunista de Nova York, fundado em 25 de outubro de 1857. Era uma organização marxista, baseada no “Manifesto Comunista”. À sua frente estavam F. A. Sorge, Conrado Kerl, Siegfredo Mayer, que mantinha relações diretas com Marx, John Felippe, Becker e outros.”

Simultaneamente à organização de Clubes marxistas nos EE. UU., criavam-se organizações lassallianas, entre as quais a mais forte foi a “União Geral dos Trabalhadores Alemães”, fundada em Nova York, em outubro de 1865, por 14 lassallianos. Estes transladaram suas ideias confusas para o outro lado do oceano, como se pode ver pelo seguinte ponto de seus estatutos:

“Enquanto na Europa só uma revolução geral pode oferecer os meios para elevar os proletários a um nível superior, na América a educação das massas dá-lhes a necessária confiança em suas próprias forças, indispensável para utilizar com êxito e habilidade a papeleta eleitoral, que pode levá-los à libertação do jugo do capital.”(9)

Surgem, nas principais cidades americanas, Clubes operários, sindicatos e sociedades de todas as classes, que procuram ligar-se com o centro espiritual político da época — Londres — onde viviam Marx e Engels. As organizações de emigrados estudam cuidadosamente a literatura marxista, e, em primeiro plano, as obras de Marx. Sorge descreve eloquentemente como os operários alemães seguiam e estudavam a literatura marxista:

“Os proletários — escreve Sorge — rivalizam-se em seus esforços, para dominar os conhecimentos econômicos, e solucioná-los ao lado das questões filosóficas mais difíceis. Entre as centenas de membros incorporados à União, em 1869 e 1871, eram raros os que não tinham lido Marx (“O Capital”), encontrando-se, entre eles, naturalmente, mais de uma dúzia, que assimilaram e estudaram a fundo as passagens e definições mais difíceis, armando-se assim contra os ataques dos grandes e pequenos burgueses, radicais e reformadores. Era um verdadeiro prazer assistir as reuniões da União.”(10)

Além desta ampliação e desdobramento das Uniões, clubes, grupos de emigrados, principalmente alemães, a quinta e a sexta década do século XIX caracterizaram-se pelo aumento das trade-unions, pela exacerbação da luta, pela redução da jornada de trabalho, pela legislação proletária, pela proteção do trabalho feminino e infantil, etc.... Surge uma série de trade-unions locais e internacionais (metalúrgicos, mineiros, fundidores, construtores navais, etc...) Entre seus chefes, é aventada a ideia da criação da União Operária Nacional. O iniciador e organizador desta União foi William J. Sylvis, modelador, primeiro secretário e mais tarde presidente do Sindicato internacional dos moldadores. Já no ano de 1863, a União Internacional de maquinistas e metalúrgicos lançou a ideia da fundação da União Nacional das organizações profissionais. Em 1864 a União Internacional de moldadores pronunciou-se nesse mesmo sentido, apoiando a ideia. Em 26 de março de 1866, reuniram-se em Nova York os militantes de toda uma série de uniões e cidades, e convocaram o Congresso Nacional Operário, em Baltimore, em 20 de agosto de 1868. Os iniciadores explicavam a finalidade do Congresso, da seguinte maneira:

“A luta pela jornada de 8 horas, adquiriu tal incremento, que se torna necessária uma tática unânime e concorde em todas as questões referentes à realização das reformas, no domínio do trabalho.”

As decisões do Congresso proletário de Baltimore causaram verdadeiro júbilo a Marx. Em 7 de outubro de 1866, escreve a Kugelmann:

“Causou-me grande alegria o Congresso proletário de Baltimore, que se efetuou ao mesmo tempo que o Congresso de Genebra, da Associação Internacional de Trabalhadores. A organização da luta contra o capital serviu aqui de tema, e, coisa surpreendente, a maioria das reivindicações elaboradas por mim em Genebra, também foram apresentadas em Baltimore. Atribuo este fato ao infalível instinto dos trabalhadores.”

Não há nada de extraordinário em que as reivindicações elaboradas por Marx para o Congresso de Genebra, (veja-se a respeito o capítulo das reivindicações imediatas), coincidissem com as dos operários avançados dos EE. UU. Marx conhecia o movimento proletário internacional como ninguém. O programa das reivindicações por ele elaborado era uma generalização das reivindicações dos trabalhadores de todos os países capitalistas. E surgia da experiência da luta de classes, e de uma atitude comunista para o “infalível instinto dos trabalhadores”.

Dois anos mais tarde, Marx torna a referir-se de passagem a esse Congresso:

“O grande progresso — escreve Marx a Kugelmann, em 12 de dezembro de 1868 — notado no último Congresso da União operária americana, distinguiu-se também, entre outras coisas, pelo fato de haver tratado a mulher operária em absoluto pé de igualdade, enquanto os ingleses, e em grau ainda maior, os franceses, pecam por esta curteza de espírito. Quem conhece algo de história, não ignora que as grandes comoções sociais são impossíveis sem o fermento feminino. O progresso social pode ser exatamente medido pela situação social do belo sexo (incluindo também as feias).”(11)

Esta carta prova, mais uma vez, que Marx sabia o que desejava em todas as questões do movimento social, compreendendo admiravelmente que a limitação dos direitos da operária na organização, significa que a classe operária impõe a si mesmas restrições políticas.

Este Congresso, que adotou resoluções importantes sobre a luta pela jornada de 8 horas, foi mencionado por Marx no primeiro tomo de “O Capital”, onde assinala que, “sobre as ruínas da escravidão, começa a florescer uma nova vida”. O primeiro fruto da guerra civil — escreve Marx — foi a agitação pela jornada de 8 horas, que se alastrou, com rapidez fulminante, do Atlântico ao Pacífico, de Nova Inglaterra à Califórnia.(12)

A “União Nacional Operária”, cujo organizador e inspirador foi G. Sylvis, realizou uma série de Congressos (1867, 1868, 1869, 1870, 1871,) ligou-se com a Associação Internacional do Trabalho, e, embora os dirigentes daquele tempo, como Sylvis, por exemplo, não demonstrassem firmeza especial nas questões de programa e de tática socialistas, Marx acompanhou este movimento com a maior atenção, apreciando altamente suas ações vigorosas pela diminuição da jornada de trabalho, pelo aumento dos salários, etc....

Devido ao estremecimento de relações entre a Inglaterra e os Estados Unidos em 1879, o Conselho Geral lançou um apelo à União Nacional de Operários, exortando as classes trabalhadoras dos Estados Unidos a manifestarem-se expressamente contra a guerra, que só traria calamidade à classe proletária da Europa e América. Esta mensagem escrita por Marx define tão bem a posição da I Internacional e dele próprio, que não nos furtamos ao desejo de expor abaixo alguns trechos importantes:

“Na proclamação inaugural da nossa Associação, declaramos: “não é a sagacidade das classes dominantes, mas a resistência heróica dos proletários ingleses, que salvou a Europa ocidental de uma estúpida cruzada, destinada a perpetuar e estender a escravidão no outro lado do oceano.” Cabe-lhes agora opor tenaz resistência à guerra, cujo resultado inevitável seria fazer retroceder, por período indeterminado, o movimento ascendente da classe proletária, em ambos os lados do oceano. Independentemente dos interesses especiais de tal ou qual governo, não é de acordo com os interesses fundamentais de nossos opressores comuns, a transformação de nossa colaboração internacional, rapidamente crescente, em uma guerra fratricida?... Na mensagem de saudação ao Sr. Lincoln, pela sua reeleição à presidência, expressamos a nossa convicção de que a guerra civil traria imensas vantagens à classe proletária, como a guerra da Independência demonstrou em relação à burguesia. E, efetivamente, o fim vitorioso da guerra contra a escravidão, abriu nova era na história da classe proletária. Precisamente a partir desse instante, data o movimento proletário indepen dente nos EE. UU., que é contemplado com inveja pelos nossos velhos partidos e policastros profissionais. Porém, para que o movimento traga fruto, é necessário haver anos de paz; mas, para fazê-lo desaparecer, basta a guerra entre os EE. UU. e a Inglaterra.

O resultado imediato e tangível da guerra civil, foi a depressão inegável da situação do operário americano. Nos, EE. UU., como na Europa, o peso enorme da dívida nacional passa de mão em mão, para descarregar-se finalmente às costas da classe operária. Além disso, os sofrimentos desta classe, põem em maior relevo o luxo insolente da aristocracia financeira, a aristocracia dos novos-ricos, nascidos da guerra como parasitas. Sem dúvida, a guerra civil foi compensada pela emancipação dos escravos e pelo impulso que imprimiu ao vosso movimento de classe. Uma guerra, não conduzida por fins elevados e por uma grande necessidade social, uma guerra ao exemplo do velho mundo, somente iria forjar as cadeias para o trabalhador livre, em vez de romper as da escravidão. A agravação da miséria, que a acompanharia, daria, consequentemente, aos vossos capitalistas os motivos e meios para afastar a classe proletária de suas necessárias e justas aspirações, por meio das baionetas implacáveis de seu exército permanente. Pertence-vos por isso, uma missão gloriosa: fazer com que a classe proletária apareça finalmente na arena da história, não como um humilde escravo, mas como força independente, consciente de sua própria responsabilidade, e capaz de ditar a paz, onde os que pretendem ser seus amos reclamam em gritos a guerra.”(13)

Esta mensagem expõe uma série de questões muito importantes, e, preliminarmente, a da posição dos trabalhadores em geral, e dos sindicatos em particular, em face da guerra. Marx não protesta contra a guerra em geral. Coloca a questão num terreno concreto. Assinala os lados positivos que a guerra civil trouxe aos proletários, e afirma energicamente que a guerra anglo-americana, que se prepara, só apresenta lados negativos. Esta proclamação do Conselho Geral não ficou sem réplica, pois o presidente da União Nacional dos Trabalhadores não demorou em responder. Em seu relatório ao Congresso de Basileia, Marx escreve: — A morte repentina de Sylvis, glorioso lutador da nossa causa, exige que honremos sua memória, fechando nosso relatório com sua resposta à nossa carta:

“Vossa amável carta de 12 de maio chegou-me ontem às mãos. Estou muito satisfeito por ter recebido, do outro lado do oceano, uma mensagem tão cordial de nossos companheiros trabalhadores.

Une-nos uma causa comum. Trava-se guerra entre a miséria e a abastança. O trabalho ocupa em todo o mundo a mesma posição de subserviência, enquanto o capital reina pela tirania. Eis porque eu digo que nossa causa é comum. Em nome dos proletários dos Estados Unidos, estendo-vos fraternalmente a mão, e a todos os que representais, assim como a todos os deserdados e oprimidos, filhos e filhas do trabalho, na Europa. Continuai a nobre causa que iniciastes até que vossos esforços sejam coroados por êxito completo. Nossa última guerra teve como consequência a formação da mais vil aristocracia endinheirada do mundo. O poder do dinheiro devora ferozmente a alma do povo. Porém, declaramos-lhe guerra, e estamos seguros da vitória. Se for possível, venceremos por meio do sufrágio. Em caso contrário, apelaremos para meios mais enérgicos. Uma ligeira sangria se torna às vezes indispensável, em casos extremos.”(14)

Esta é uma carta que caracteriza perfeitamente a personalidade do chefe do jovem movimento sindical americano, e confirma que não foi por casualidade que Marx chamou-o de “glorioso lutador”.

As atas do Conselho Geral da A. I. T. demonstram que os problemas do movimento operário americano foram tratados, várias vezes, na ordem do dia. Na ata de 8 de abril de 1879, lemos:

“Carta enviada ao Conselho Geral pelos operários das oficinas dos diários de Nova York, solicitando auxílio para impedir a importação de mão de obra, destinada a derrotar os operários em greve. O secretário é encarregado de escrever a todos os periódicos estrangeiros, que se acham filiados à A. I. T.”

Na mesma sessão, é lido o relatório do Comitê, sobre a questão do Bureau de emigração, tomando-se a seguinte resolução:

“1) O Bureau de emigração é criado de acordo com a União Nacional dos Trabalhadores.

2) Em caso de greve, o Conselho Geral deve empenhar todos os esforços para impedir o recrutamento de operários na Europa, destinados aos patrões americanos.”(15)

O Conselho Geral, sob a direção de Marx, assim como fez em suas relações com as trade-unions inglesas, mais uma vez destaca as questões da luta econômica (luta contra os “fura-greves”, etc.), com o intuito de estabelecer relações, as mais amplas possíveis, com os sindicatos dos EE. UU. A ata de 19 de abril de 1870, diz:

“Carta do correspondente nova-iorquino Hume, fazendo notar que o movimento sindical americano revela tendência para revestir-se da forma das sociedades secretas. Isto é confirmado pela carta de um correspondente alemão, dirigida ao C. Geral, solicitando sua intervenção para dissuadir Hume e Hessup, de participarem nessas sociedades.

O C. Geral declara que essas circunstâncias impossibilitam-no de intervir na questão. O secretário é encarregado de averiguar quais as causas que motivam a necessidade das sociedades secretas na América.”

Esta comunicação de Nova York, e a resolução do Conselho Geral, atestam que Marx e a Associação Internacional de Trabalhadores participavam, em todos os detalhes, do movimento americano. Se casualmente não adotavam uma resolução imediata, reuniam toda a documentação necessária, entrando em contacto permanente com suas seções e partidários. Esta ligação, e os constantes auxílios políticos ao movimento, manifestam-se na correspondência trocada por Marx e Engels com Sorge e outros, justamente no período em que, em Nova York e outras cidades, começaram a formar-se seções da A. I. T., e no seio das mesmas surgiam divergências políticas e de organização.

Em sua carta de 1.° de setembro de 1870, Marx comunica a Sorge a distribuição dos cargos do Conselho Geral, e que o secretário designado para os Estados Unidos é Ekkarius. Um ano depois, na mesma data, Marx escreve a Sorge, aconselhando-o a denominar o órgão dirigente eleito “Comitê Central” e não “Conselho Central”. Informa-o também da literatura enviada aos EE. UU. Em 12 de setembro de 1871, Marx escreve a Sorge sobre as circulares e o regulamento da A. I. T., que lhe foram enviados. Em 6 de novembro, Marx volta a referir-se aos folhetos, literatura, e à famosa duodécima seção de Nova York, integrada por intelectuais e jornalistas, que aspiravam alcançar a direção do movimento. Três dias depois, Marx sugere a Sorge que, depois de um trabalho político e de organização, convoque um Congresso e estabeleça um Comitê Federal. Pede-lhe ao mesmo tempo que não se retire do Comité. Em 10 de novembro de 1872, Marx escreve ao alemão Speyer, membro do Comité Central:

1— De acordo com o regulamento, o Conselho Geral deve pensar antes de tudo nos ianques e no país dos ianques.

2 — Devem procurar conquistar as trade-unions, sem medir sacrifícios para tanto.”(16)

Uma série de admoestações e suspeitas sobre o C. Geral é contestada detalhadamente por Marx nesta carta, onde demonstra a seu correspondente que o Conselho não pode proibir seus membros de manterem correspondência privada. Em 23 de novembro, em carta a Bolte, Marx explica as razões por que a Associação Internacional de Trabalhadores foi obrigada, nos Estados Unidos, a confiar, nos primeiros tempos, poderes a particulares, designando-os para seus correspondentes.

Na mesma carta ele escreve:

“Ao fundar-se a Internacional, foi proposto que se situasse o centro da luta em uma verdadeira organização da classe proletária, convocatas e semi-socialistas, que dela se apoderaram Seus estatutos originais e sua mensagem provam-no à saciedade. A Internacional não teria conservado suas posições, se, com o concurso da história, já não houvesse esmagado as seitas. O desenvolvimento das seitas socialistas, e o desenvolvimento do verdadeiro movimento proletário, acham-se em relação inversa. As seitas justificam-se enquanto a classe proletária não estiver apta para o movimento histórico independente (sob o ponto de vista histórico). Porém, logo que a classe adquira esta aptidão, as seitas passam a ser reacionárias. E na história da Internacional repetiu-se o que a história nos mostra em toda parte.

Tudo que é antigo procura refazer-se e reafirmar-se dentro das novas formas surgidas. A história da Internacional foi uma luta ininterrupta do Conselho Geral contra as seitas e contra as experiências de diletantes, que procuram colocar-se dentro da Internacional, contra o verdadeiro movimento proletário de classe. Esta luta desenvolve-se nos Congressos, e, em maior grau ainda, nas conferências particulares do Conselho Geral com as diferentes seções”.(17)

Esta passagem notável da carta de Marx esclarece sua atitude em face das trade-unions e de toda a espécie de organizações socialistas e semi-socialistas, sua posição de princípio quanto ao sectarismo e seus métodos de luta, por uma justa política comunista.

Entretanto, a luta agrava-se nos Estados Unidos entre os partidários da Internacional. Esta luta atingiu seu apogeu com a mensagem do Conselho Federal e da seção 12 de Nova York, em que ambos pedem ao Conselho Geral de Londres, que solucione o litígio. O Conselho Geral, sob a direção de Marx, manifestou-se contra a seção 12, onde operavam politiqueiros pequeno-burgueses, e pró Conselho Federal, em torno do qual haviam-se agrupado os operários. Em 8 de março de 1863, Marx escreve a Sorge:

“Tendo sido encarregado pelo Conselho Geral de informar sobre a discórdia nos EE. UU. (devido às dificuldades da Internacional na Europa, havíamos transferido a discussão de reunião a reunião), fiz um exame minucioso em todas as correspondências de Nova York e em tudo que os jornais escreveram a este respeito. Concluí que, de um modo geral, estávamos informados tardia e inexatamente sobre os elementos que produziram o dissídio. Uma parte da resolução por mim proposta já está aprovada; a outra entrará em discussão na 3.a feira próxima; depois disso, a resolução definitiva será enviada a Nova York.”(18)

Em 15 de março de 1872, Marx envia a Sorge a resolução por ele escrita e adotada pelo Conselho Geral. Como esta resolução abrange a personalidade de Marx e da Internacional, reproduzimo-la na íntegra:

“1) Os dois Conselhos devem unir-se dentro de um só Conselho Federal provisório.

2) As novas e pequenas seções reunir-se-ão para a escolha de um delegado comum.

3) Um Congresso Geral dos membros americanos da Internacional deve ser convocado para 1.° de maio.

4) Este Congresso elegerá um Conselho Federal, que terá direito de arregimentar novos membros, e elaborará o regulamento e os estatutos do Conselho Federal.

5) A seção 12, pelas suas pretensões e procedimentos equívocos será dissolvida até o próximo Congresso Geral.

6) Cada seção deve compor-se, no mínimo, de duas terças partes de operários assalariados.”(19)

O Congresso de Haia da I Internacional resolveu transferir a sede da Associação Internacional de Trabalhadores para os Estados Unidos. Rechaçava-se deste modo o ataque dos bakuninistas; esta mudança, porém, significava o começo do fim da A. I. T. como organização proletária internacional. No. entanto, isso que significava para a Europa um retrocesso, para os Estados Unidos foi um impulso, que conseguiu reunir todos os elementos marxistas em torno do Conselho Geral. Por outro lado, organizaram-se também os inimigos do marxismo. Marx e Engels sabiam que o Conselho Geral de Nova York, a Associação Internacional de Trabalhadores e o Conselho Geral de Londres, estavam longe de ser uma e a mesma coisa. Fizeram tudo para apoiar o Conselho Geral politicamente e auxiliando sua organização. A luta, porém, tornava-se cada vez mais aguda em torno do Conselho Geral. Começaram os dissídios, enquanto, graças a Sorge e outros, o Conselho Geral procurava atuar no espírito de Marx e Engels. Uma das questões mais delicadas foi a atitude das seções da Internacional em face dos sindicatos. O Conselho dirigiu a seguinte carta à 3.a seção de Chicago, em 3 de julho de 1874:

“É estranho que nos vejamos obrigados a indicar a uma das seções da Internacional a grande importância do movimento sindical.

Apesar disso, somos forçados a comunicar à 3.a seção que todos os Congressos da Associação Internacional de Trabalhadores, desde o primeiro ao último, ocuparam-se detidamente do movimento sindical, procurando meios e caminhos para seu desenvolvimento. O sindicato é a raiz do movimento proletário, porque os trabalhadores, como é natural, interessam-se por tudo que se relaciona com sua vida quotidiana, e unem-se, consequentemente, antes de tudo, com seus companheiros de ofício. O dever dos membros da Internacional é, por isso, não só ajudar aos sindicatos existentes, mas também guiá-los para a rota certa, isto é, internacionalizá-los, e, ao mesmo tempo, criar, em todas as partes onde seja possível, novos sindicatos. As condições econômicas obrigam os sindicatos, com incrível energia, a passar da luta econômica contra as classes exploradoras à luta política. Esta é uma verdade notória para todo aquele que acompanha o movimento proletário.”(20)

Mas esta decisão, justa em princípio, e dentro do espírito de Marx, mesclava-se com uma série de influências. O Conselho Geral americano afastava-se cada vez mais das posições marxistas. No ano de 1876, “os últimos moicanos” que apoiavam o Conselho Geral, viram-se obrigados a dissolver a Associação Internacional de Trabalhadores. Foi desse modo que a criação política e organizadora de Marx deixou de existir. O movimento proletário internacional traçou novo e brusco zigue-zague.

Karl Marx acompanhou como ninguém as peripécias do movimento proletário nos Estados Unidos. Viu suas particularidades, seus gestos originais e suas dificuldades. Quais são, pois, as exortações de Marx aos seus partidários dos EE. UU.? Exortava-os a prestar atenção nas trade-unions, a fundir-se com a classe proletária e a “extirpar da organização o espírito estreitamente sectário”. Exigia a fusão com o movimento de massa, porque este era o melhor meio de ação contra o sectarismo e o oportunismo.

Mas essas indicações não foram seguidas. O movimento proletário e sindical dos Estados Unidos tomou rumo especial. O florescimento do capitalismo americano significava o aburguesamento do trade-unionismo americano. Samuel Gompers, inimigo do socialismo e mercantilista prático, chegou a ser, por largos anos, o ideólogo e guia desse movimento.

Durante muitos anos, o marxismo foi vencido pelo gomperismo, pela política e pela corrupção e decomposição imperialistas. À chefia das trade-unions, colocaram-se homens de negócio, cuja divisa era: — nada de política proletária, e sim, colaboração com os capitalistas.

Para descrever o trade-unionismo reacionário, citemos as respostas de Strasser, presidente da União Internacional de Cigarreiros, cujo secretário havia sido Gompers, ante a Comissão do Senado em 1883 (ano da morte de Marx):

Pergunta: Procuras, antes de tudo, melhorar as condições de trabalho em vossa profissão?

Resposta: Sim. Penso, antes de tudo, nos operários da indústria cigarreira, nos interesses dos homens que me escolheram para representá-los.

Pergunta: Porém, quais são vossos objetivos?

Resposta: Não temos nenhum objetivo final. Avançamos somente “au jour le jour”. Lutamos unicamente pela concretização das tarefas imediatas, que podem ser realizadas no espaço de alguns anos.

Pergunta: Quereis ter melhor alimentação, melhores roupas, melhores habitações?

Resposta: Sim, queremos nos vestir melhor, viver melhor, e, em geral, convertermo-nos em cidadãos melhores.

Presidente da Comissão: Pareceis recear que se chegue a crer que sois simplesmente um teórico. Não é esta a minha opinião a vosso respeito.

Resposta: Nossos estatutos, dizem que somos contra os teóricos, e eu represento aqui a organização. Somos todos gente prática.”(21)

O que Strasser omitiu, disse-o Gompers. E com ele, John Mitchel, autor do livro “O trabalho organizado”, e todos os demais teóricos e práticos traidores dos interesses da classe trabalhadora. Estes levaram até o fim sua política de subordinação dos sindicatos aos trustes, sob o ponto de vista ideológico, político e de organização.

Qual é a causa desta substituição histórica do marxismo pelo gomperismo? A causa fundamental foi o desenvolvimento vitorioso do capital americano, e a possibilidade da burguesia subornar e desmembrar a parte dos operários melhor remunerados, enquanto o nível de vida da maioria da classe proletária, composta de elementos heterogêneos, era inferior ao mínimo vital.

Vemos hoje declinar ao lado do capitalismo, o gomperismo servil e reacionário. Nos Estados Unidos, em cada manifestação, em cada greve, nas marchas da fome dos desempregados, transparece o espírito de Marx. O marxismo revolucionário conquista uma posição após outra. A burguesia americana dos trustes, os herdeiros de Gompers, ainda são menos capazes. A quem então a História deu razão? Em favor de quem trabalha a História ? É evidente que em favor do marxismo revolucionário e não do gomperismo retrógrado.


Notas de rodapé:

(1) WEBBER SOMBART: “Ensaio sobre a história do desenvolvimento do proletariado nos Estados Unidos”. Moscou, 1906, p. 47 (retornar ao texto)

(2) A. BIMBA: — A História do movimento proletário americano. Moscou, 1930. (retornar ao texto)

(3) MARX: “O 18 Brumário” de Luís Bonaparte”, Moscou, 2.ª edição do Instituto Marx-Engels-Lenine — Tradução de Edições “Cultura Brasileira”, 1935. (retornar ao texto)

(4) MARX: “O 18 Brumário” de Luís Bonaparte. (retornar ao texto)

(5) HILQUIT: — História do socialismo nos EE. UU., ed. russa. (retornar ao texto)

(6) Cartas a Sorge. Ed. 1907. (retornar ao texto)

(7) “O Capital”, T. I. Pg. 274, ed. russa 1923. (retornar ao texto)

(8) Cartas a Sorge. Ed. 1907. (retornar ao texto)

(9) R. Commons: “A história do movimento trabalhista nos Estados Unidos”. (retornar ao texto)

(10) F. Sorge: O movimento operário nos EE. UU. (retornar ao texto)

(11) Cartas de Marx a Kugelmann, ed. Instituto Marx-Engels-Lenine. Pg. 59. (retornar ao texto)

(12) O Capital. T. I. pág. 274 ed. 1923. (retornar ao texto)

(13) Esta mensagem leva as seguintes assinaturas: Pelo Conselho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores: pela Inglaterra, R. Applegarth, carpinteiro; D. Boon, mecânico; Buckey, pintor, D. Hales, tecelão; Harriete Law; V. Lucraft, marceneiro; D. Milnar, alfaiate; Adger, sapateiro; D. Koss, sapateiro; B. Shaw, carpinteiro; Cowell Stepney; D. Warrens, tecedor de malhas; D. Weston, carpinteiro. Pela França: Dupont, mecânico; Jules Joanard, litógrafo; Paul Lafargue. Pela Alemanha: D. Ekkarius, alfaiate, Karl Marx. Pela Suíça: J. Young, ourives, A. Muller, ourives. Pela Bélgica: B. Bernard, pintor. Pela Dinamarca: D. Khon, cigarreiro. Pela Polônia: Zabitsky, tipógrafo; B. Lucraft, presidente; Cowell Stepeney, tesoureiro, George Ekkarius, secretário geral, (citado no texto que se conserva no Instituto Marx-Engels-Lenine). (retornar ao texto)

(14) “Relatório do Conselho Geral ao Congresso de Basileia”. (retornar ao texto)

(15) Atas do Conselho Geral da A. I. T. Arquivo Marx-Engels-Lenine. (retornar ao texto)

(16) Carta a Sorge, ed. 1907, pág. 41. (retornar ao texto)

(17) Carta a Sorge, ed. 1907, pág. 43. (retornar ao texto)

(18) Cartas a Sorge, ed. 1907, pág. 50. (retornar ao texto)

(19) Carta a Sorge (retornar ao texto)

(20) COMMONS: “History of Labour in U.S.A.”. (retornar ao texto)

(21) Z. Perelmann: História do movimento trade-unionista na América. (retornar ao texto)

Inclusão 18/09/2019