Vasco Gonçalves: Perfil de um Homem

Fernando Luso Soares


Parâmetros Sobre um Dizer—Fazendo


capa

1. Não se trata de um livro de proféticas esperanças, tecidas em redor de quem quer que seja. Nem constitui, evidentemente, um panegírico.

2. Não é também um muro de lamentações incuráveis. Muito menos ainda um de profundis clamado por conta alheia.

3. Este é o perfil (vivo) de um revolucionário.

4. Procurei traçá-lo através daquilo que Vasco Gonçalves disse-fazendo.

5. E é muito simplesmente o resultado de uma «desmontagem» analítica dos seus textos, seguida de uma «remontagem» integrante e comentada.

6. Não ficou ainda, porém, suficientemente identificado o objecto de tais operações de análise e integração. Importa precisar, explicitamente, aquilo que eu não fiz ao desenhar este perfil.

7. Não escrevi, decerto — como se verá ao longo destas páginas — uma biografia daquele a que repetidamente chamo o Companheiro General.

8. E em momento algum ensaio a descoberta dos seus traços acidentais, individualizadores.

9. Nem lhe desenho a crónica do seu quotidiano político.

10. Muito menos a da vida íntima do engenheiro, do militar, do cidadão privado.

11. Quer isto dizer que não procuro surpreender o indivíduo pessoal, por muito considerável que ele seja, mas o indivíduo contingente.

12. A distinção entre estas duas categorias — assim é, pelo menos, o que leio em A Ideologia Alemã — não vale uma simples diferença de conceitos. Representa um facto histórico.

13. Julgo, em suma, que este livro respeita vivamente a História: o seu protagonista fala e age no seio da realidade em movimento.


Inclusão 25/04/2015