O Socialimo e a Educação dos Filhos

A. S. Makarenko


Quarta Conferência — Os Jogos


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Os jogos têm grande importância na vida da criança, a mesma que, para o adulto, assume sua atividade, seu trabalho, sua profissão. No trabalho do adulto reflete-se frequentemente seu comportamento infantil nos folguedos e é por isso que nestes deve iniciar-se a educação do futuro homem de ação.

A história de todo indivíduo, como participante da vida social e como trabalhador, pode ser prefigurada no desenvolvimento da atividade lúdica e em sua transição progressiva para o trabalho. Esta se processa lentamente.

Na mais tenra infância, a criança dedica-se principalmente a brincar. Os trabalhos que executa são insignificantes e não vão além do limite de alguns serviços consigo mesma: começa a comer sozinha, a proteger-se com a coberta, a vestir as calcinhas. Mas ainda introduz muitos elementos de brincadeira neste trabalho. Em uma família bem organizada estas tarefas tornam-se gradualmente mais complexas, a princípio unicamente para que a criança aprenda a bastar-se a si mesma, e, mais tarde, encarregando-se a criança de trabalhos de importância para toda a família. Mas o entretenimento continua a ser a ocupação favorita da criança, aquilo que a apaixona e que mais lhe interessa.

Na idade escolar o trabalho já ocupa lugar muito importante e envolve maior responsabilidade, já se aproxima bastante da atividade social e está ligado a ideias mais claras e precisas a respeito da vida futura da criança. Nesta fase a criança ainda brinca muito, gosta de brincar e passa mesmo por conflitos bastante complexos por achar os folguedos mais atraentes que o trabalho, por querer abandonar o trabalho para brincar. Se tais conflitos surgem, isto quer dizer que não se processa bem a educação da criança no que diz respeito aos jogos e ao trabalho, que os pais cometeram erros de orientação. Isto torna evidente a importância de orientar com acerto os jogos infantis.

Na vida real encontramos muitos adultos que deixaram a escola há tempos, mas que preferem as diversões ao trabalho. Deve-se incluir nesta categoria aqueles que procuram sempre novos prazeres e esquecem seu trabalho, bem como os que assumem poses e ares de importância, os que vivem brincando e os que mentem a todo pretexto. As pessoas dessa natureza transplantaram seus hábitos no brincar para a vida séria, sem que os mesmos se transformassem adequadamente em hábitos de trabalho. Isto quer dizer que foram mal educados e esta má educação se expressou principalmente na má organização da atividade lúdica.

Tudo o que dissemos não significa em absoluto que se deva afastar a criança dos folguedos o mais cedo possível para encaminhá-la aos esforços e preocupações do trabalho. Essa mudança não lhe faria nenhum bem, representa para ela uma coerção, faria com que perdesse o gosto pelo trabalho e fortaleceria seu desejo de brincar.

A educação de um futuro homem de ação consiste não em afastá-lo dos folguedos, mas em organizá-los de tal modo que as brincadeiras não passem de brincadeiras e, ao mesmo tempo, permitam formar as qualidades do homem de amanhã.

Para bem orientar a atividade lúdica da criança e saber educar por seu intermédio, os pais devem refletir sobre o assunto, saber em que ela consiste e em que se distingue do trabalho. Se os pais não pensarem neste assunto não saberão guiar a criança e se perderão em detalhes, mimarão a criança ao invés de educá-la.

Digamos antes de mais nada que entre o trabalho e os folguedos a diferença é menor do que parece.

Brincar bem muito se assemelha a trabalhar bem, e vice-versa. Esta semelhança é muito grande e podemos dizer, também, que trabalhar mal se parece mais com brincar mal do que com trabalhar bem. Todo folguedo benéfico exige esforços físicos e mentais. Se comprais para a criança um ratinho mecânico e passais o tempo a dar-lhe corda para fazê-lo correr, enquanto a criança assiste e se diverte, nada de bom haverá nesse passatempo. A criança permanece passiva, sua participação se limita a assistir de boca aberta. Se vosso filho só se interessa por brincadeiras desse gênero, tornar-se-á um homem passivo, habituado a apreciar o trabalho alheio, carente de iniciativa, desprovido do costume de criar, de vencer dificuldades. Brincar sem esforço, sem participação ativa é sempre brincar mal. Como vedes, sob este aspecto, os entretenimentos assemelham-se ao trabalho.

Brincar proporciona alegria à criança, a alegria de criar, de vencer ou a do prazer estético, da qualidade. Trabalhar bem proporciona esta mesma alegria. Nisso também, a analogia é completa.

Alguns pensam que a diferença entre trabalhar e brincar consiste em que o trabalho implica em responsabilidade. Não é exato. Ambos implicam na mesma responsabilidade, desde que, é claro, se trate de uma atividade lúdica correta, coisa de que falaremos adiante.

Em que, pois, se distingue o folguedo do trabalho? A única diferença existente é que o trabalho representa a participação do homem na produção, na criação de valores materiais ou culturais, ou seja, de valores sociais. A atividade lúdica não tem tais objetivos, não se relaciona com os objetivos sociais de forma direta, mas, indireta, habituando o homem aos esforços físicos e psíquicos indispensáveis ao trabalho.

Agora já podemos perceber claramente o que se deve exigir das crianças ao orientar os jogos infantis. Em primeiro lugar, deve-se velar para que eles não se tornem a única aspiração da criança, que esta não os desligue inteiramente das finalidades sociais. Em segundo lugar, deve-se cultivar por meio dos folguedos os hábitos físicos e psíquicos indispensáveis ao trabalho.

O primeiro objetivo é alcançado, como já dissemos, orientando-se progressivamente a criança para o domínio do trabalho, que lenta e inelutàvelmente deve substituir a brincadeira. O segundo objetivo é atingido por meio da orientação correta dos próprios folguedos, por sua escolha acertada e pelo auxílio que durante eles se presta à criança.

Nesta conferência, falaremos somente do segundo objetivo. O problema de educar para o trabalho será tratado em outra.

Frequentemente os pais incorrem em erros ao orientar os jogos infantis. Esses erros são de três tipos. Certos pais simplesmente não se interessam pelo assunto e acham que a criança sabe espontaneamente como se divertir melhor. Seus filhos brincam como e quando querem, escolhem seus próprios brinquedos e organizam sozinhos seus folguedos. Outros pais dão muita atenção, talvez mesmo excessiva, às brincadeiras de seus filhos, interferem nelas, dão indicações, explicam, impõem regras, se antecipam à criança na solução dos problemas, fazendo assim com que a criança se limite a escutar os pais e a imitá-los. Nesse caso os pais brincam mais do que a própria criança. Numa família desse tipo, quando a criança encontra dificuldade em fazer alguma coisa, o pai ou a mãe lhe dizem: «Não é assim que se faz. Deixe que eu lhe mostre.? Se a criança recorta papel, o pai ou a mãe observam seus esforços durante algum tempo, terminando por tomar-lhe a tesoura, dizendo; «Deixe que eu recorto. Olhe como ficou bonito.» A criança olha e observa que realmente o que o pai fez é mais bonito; entrega-lhe outra folha e pede que faça outro recorte, e o pai cede pressuroso, satisfeito com seu êxito. Nestes casos, os filhos se limitam a imitar os pais, não se habituam a vencer as dificuldades, não se esforçam por conseguir melhorar a qualidade de seu trabalho e desde cedo se habituam a pensar que somente os adultos são capazes de tudo fazer bem. Em tais crianças desenvolve-se a falta de confiança em si mesmas e o temor do fracasso.

Outros pais imaginam que o importante é que haja muitos brinquedos, gastam muito comprando toda espécie de brinquedos e o lugar onde a criança brinca fica parecendo um bazar. Esses pais geralmente gostam de brinquedos mecânicos engenhosos e enchem com eles a vida do filho. Desse medo, no melhor dos casos, convertem-no num colecionador e, no pior — que é o mais frequente — a criança deixa um brinquedo por outro, sem nenhum interesse, estraga e quebra os brinquedos, e exige outros novos.

Para que a atividade lúdica seja bem orientada, é mister que os pais atuem de modo cuidadoso e refletido.

Os jogos infantis atravessam vários estágios. No primeiro a criança brinca dentro de casa; é a época do brinquedo e dura até cinco ou seis anos. Caracteriza-se pelo fato de que a criança prefere brincar sozinha, aceita raramente a participação de um ou dois companheiros, apega-se a seus brinquedos e não brinca de boa vontade com o brinquedo dos outros. Não se deve temer que a criança que brinca sozinha se torne egoísta. É a etapa da experimentação sensível e do desenvolvimento das aptidões pessoais. Deve-se dar à criança a possibilidade de brincar só, mas cuidando de que esta etapa não se prolongue em demasia, e de que a criança passe no seu devido tempo para a segunda etapa.

Essa preferência por entreter-se sozinha transforma-se, mais cedo ou mais tarde, conforme a criança, em interesse pelos companheiros ou pelos jogos coletivos. Deve-se auxiliar a criança a efetuar essa passagem com o máximo proveito. A ampliação do círculo de companheiros deve processar-se nas circunstâncias mais favoráveis. Geralmente essa mudança se efetua sob a forma de um aumento do interesse da criança pelos brinquedos movimentados, ao ar livre. É interessante que no grupo exista uma criança maior, com autoridade sobre as outras, e que possa organizar os menores.

O segundo estágio dos jogos infantis é mais difícil de orientar porque nele as crianças já não brincam sob as vistas dos pais, pois já ingressaram num campo social mais amplo. Ele se prolonga até onze ou doze anos, abarcando parte do tempo passado na escola. A escola proporciona maior número de companheiros, um círculo de interesses mais amplo e um campo mais difícil, especialmente para as atividades lúdicas. Em compensação, oferece uma organização pronta, melhor definida, um regime mais preciso e mais fixado e, principalmente, o auxílio de educadores mais qualificados. No segundo estágio, a criança já é membro da sociedade, uma sociedade infantil, é verdade, não submetida a uma disciplina severa nem a um controle social. A escola fornece uma e outra coisa. Ela é, portanto, a forma de transição ao terceiro estágio da atividade lúdica.

No terceiro estágio, a criança já é membro da coletividade, que, aliás, não é apenas de folguedos, mas uma coletividade de ocupações comuns e de estudo. Por essa razão, nessa etapa, os jogos assumem formas coletivas mais severas e se tornam gradualmente desportivos, isto é, ligados a objetivos precisos de cultura física, a regras e, o que é mais importante ainda, a noções de interesses e de disciplina coletivos.

A influência dos pais tem enorme importância nesses três estágios de desenvolvimento dos jogos. Evidentemente, sua influência é primordial no primeiro, quando a criança não participa de nenhuma coletividade, senão a familiar, e não recebe diretivas outras que não a dos pais. Mas a influência destes pode ser muito grande e muito útil igualmente nos outros estágios.

Durante a primeira fase, o centro material da atividade lúdica são os brinquedos, dos quais existem diferentes tipos:

Cada uma destas categorias possui suas qualidades e seus defeitos. O brinquedo pronto tem a vantagem de familiarizar a criança com coisas e noções complexas, de introduzi-la nas questões técnicas e domésticas; os brinquedos desse gênero provocam maior atividade e despertam a imaginação. Uma locomotiva nas mãos de um menino volta seus pensamentos para a questão dos transportes; um cavalo faz pensar na vida dos animais e em problemas como sua alimentação e sua utilidade.

Os pais devem cuidar de que a criança observe os aspectos sugestivos dos brinquedos e não se distraia apenas com um deles, como seu caráter mecânico ou com o fácil manejo. É particularmente importante conseguir que a criança não se gabe de que o pai ou a mãe lhe comprou um brinquedo complicado ou muitos brinquedos, enquanto as outras crianças só têm poucos. Em geral, tais brinquedos só são úteis quando a criança realmente brinca com eles e não se limita a guardá-los egoisticamente, a fim de vangloriar-se diante dos vizinhos e também se não se limita a observar simplesmente seus movimentos, mas os aproveita num empreendimento mais complexo. Assim, os automóveis devem transportar alguma coisa, o polichinelo deve viajar ou fazer algo, os bonecos devem dormir e velar, vestir-se ou desnudar-se, fazer visitas ou realizar qualquer tarefa útil no mundo dos brinquedos. Estes contêm imensas possibilidades para a fantasia infantil e quanto mais se aprofunde e se desenvolva esta atividade, melhor é. Se o urso serve apenas para ser atirado de um para o outro lado, sem nenhuma finalidade, a coisa não vai bem. Mas, se vive num lugar especialmente preparado para ele, se atemoriza alguém ou se torna amigo de outro brinquedo, o folguedo já é mais proveitoso.

O segundo tipo de brinquedo tem de bom o fato de apresentar um problema à criança. Geralmente é um problema cuja solução exige certo esforço e que a criança não teria pedido formular por si mesma. Sua solução já exige notável disciplina de pensamento, certa lógica, determinada compreensão das relações entre os fatos e não apenas imaginação. O defeito desses brinquedos é apresentar sempre o mesmo problema, o que os torna monótonos e cansativos pela repetição.

Os brinquedos da terceira categoria — materiais diversos — são os mais baratos, porém os mais fecundos. São as mais próximos da atividade humana normal, pois é com esses materiais que o homem cria os valores e a cultura. Se a criança sabe valer-se deles, revela já possuir uma elevada capacidade de brincar e nela se desenvolve uma atividade cultural mais elevada. Os materiais para brincar possuem muito realismo sadio e, ao mesmo tempo, abrem amplas perspectivas para a imaginação, não a simples imaginação, mas a verdadeira fantasia criadora. Com um pedaço de vidro ou de mica, pode-se fazer uma janela, mas para isto necessita-se do caixilho, o que suscita o problema da construção de uma casa. Se se dispõe de argila e de pequenas plantas, pode-se pensar num jardim.

Qual é o melhor tipo de brinquedo? Pensamos que a melhor solução é combinar os três tipos, sem nunca exagerar. Se o menino ou a menina têm dois ou três brinquedos mecânicos, não necessitam de mais. Acrescentai a isso um brinquedo desmontável, a maior variedade possível de materiais, e o reino dos jogos estará organizado. A superabundância é prejudicial, porque a criança se dispersa e desorienta. Deveis dar poucas coisas, mas conseguir que a criança organize com elas sua brincadeira. Em seguida observai-a, atentai, sem vos fazerdes notar, velai para que ela própria sinta a insuficiência e cuide de saná-la. Se comprastes um pequeno cavalo, e a criança estiver interessada pelo problema do transporte, logo sentirá falta de uma charrete ou de uma carroça. Não vos apresseis em adquiri-la, mas procurai fazer com que ela consiga desembaraçar-se com caixas, carretéis, e cartolina. Se isto for conseguido, perfeito!, o objetivo terá sido alcançado. Mas, se ainda necessitar de outras charretes, e lhe faltarem materiais, não é indispensável que ela própria as fabrique, podereis comprá-las. O principal é conseguir:

  1. que a criança brinque realmente, crie, construa, combine;
  2. que não se lance de uma tarefa a outra, sem terminar o que começou, mas que leve até o fim o que empreendeu;
  3. que compreenda o valor determinado e útil de cada brinquedo, que cuide dele e o guarde. Deve haver ordem no reino dos brinquedos; eles devem ser arrumados, não devem ser quebrados e, quando isto acontecer, devem ser consertados; se o conserto for difícil, os pais ajudarão.

Os pais devem prestar muita atenção à atitude da criança para com o brinquedo. A criança não deve quebrar seus brinquedos, mas amá-los, sem que sofra indefinidamente se o brinquedo se estraga ou quebra.

Este objetivo será alcançado se a criança chegar a se considerar como um bom proprietário que não teme um desajuste e sente-se capaz de repará-lo. A tarefa do pai e da mãe é saber sempre auxiliar a criança em tais casos, evitando que se desespere e demonstrar-lhe que a inventiva e o trabalho humanos permitem reparar a situação. Partindo daí, recomendamos aos pais cuidar sempre do conserto dos brinquedos e não jogá-los fora antes do tempo.

Durante os jogos, os pais devem deixar a criança na maior liberdade possível, enquanto o folguedo se processar normalmente. Se se apresenta alguma dificuldade, ou se o brinquedo é simples demais, sem interesse, deve-se ajudar a criança, incentivá-la, formular um problema interessante, acrescentar um elemento novo, um material interessante, ou mesmo, participar do jogo.

São estes os aspectos gerais de nossos princípios relativos ao primeiro estágio da atividade lúdica.

No segundo estágio, exige-se principalmente atenção por parte dos pais. Vosso filho desceu para o pátio ou reuniu-se a um grupo de meninos? Deveis examinar atentamente quem são esses meninos. Vossa filha quer encontrar outras meninas? Deveis saber quem são elas. Deveis conhecer as inclinações de vosso filho, seu meio, o que lhe falta e a que pode haver de mau nos folguedos. Frequentemente acontece que a atenção ou a iniciativa de um pai ou mãe modifica em sentido positivo a vida de todo um grupo de crianças. As vezes as crianças gostam de deslizar por um monte de neve regelada. Nesse caso convém entender-se com os outros pais e, se isso não for possível, arranjai tempo para construir vós próprios uma pista verdadeira. Construí para vosso filho um pequeno trenó e vereis que os outros conseguirão a mesma coisa. Nesta fase da atividade lúdica, as relações entre os pais são extremamente úteis e importantes; infelizmente, raras vezes os pais entram em contacto. Há pais que não estão satisfeitos com o comportamento de seus filhos fora de casa, mas não se dão ao trabalho de conversar com os outros pais a fim de programar algo para melhorar esta situação, coisa que, no entanto, é fácil e está ao alcance de todos.

Nessa época as crianças já constituem um simulacro de coletividade e seria muito útil que os pais a pudessem dirigir, organizando-se. Nesse estágio as crianças frequentemente discutem, brigam e fazem queixa uma da outra. Comete um erro o pai que toma imediatamente o partido de seu filho e entra em discussão com o pai do outro. Se a criança chegou chorando, sentindo-se ofendida, ou se sofre e está colérica, o pai não deve irritar-se e brigar com o agressor e seus pais. Primeiro convém interrogar calmamente a criança, procurando formar uma ideia exata do que se passou. É difícil que só uma das partes tenha culpa. Provàvelmente o ofendido também agiu de modo exaltado. É útil então explicar à criança que é preciso saber ceder e procurar soluções pacíficas para os conflitos. Procure-se reconciliar a criança com seu rival, que deverá ser convidado à casa, procure-se travar conhecimento com seus pais e esclarecer a questão até o fundo. Neste assunto, o mais importante é que não se leve em conta exclusivamente o próprio filho, mas todo o grupo e que se eduque todo o grupo com o auxílio dos outros pais. Só agindo desse modo é que se pode ser útil ao filho. A criança compreenderá que o pai não se deixa cegar pela parcialidade de família, que atua com critério social e tomará isto como regra de conduta.

Nada é pior do que a agressividade aberta dos pais em relação a uma família vizinha. Isto desenvolve na criança o ódio, a desconfiança, o egoísmo feroz e cego.

No terceiro estágio, a orientação dos jogos já não depende dos pais, mas da escola e da organização desportiva. No entanto, os pais têm muitas possibilidades de influir favoravelmente sobre os filhos. Antes de mais nada, deve-se velar para que o interesse pelo esporte não se transforme em paixão, sugerindo ao filho outras formas de atividade. Além disso, não se deve estimular nos filhos o orgulho pelo êxito pessoal, mas pelo de sua equipe ou organização. É necessário também moderar a vangloria e inculcar o respeito pela força do adversário, dirigir a atenção para a organização, o treino e a disciplina da equipe. Finalmente, deve-se conseguir uma atitude serena diante das vitórias e das derrotas.

Nesse estágio é muito bom que os pais travem conhecimento com os companheiros de equipe de seus filhos e filhas.

Nos três estágios os pais devem zelar de perto para que o jogo não absorva toda a vida espiritual da criança, a fim de que seus hábitos de trabalho se desenvolvam paralelamente. Os filhos devem ser educados de tal modo que busquem satisfações mais completas que as da contemplação passiva ou do simples prazer. Deve-se ensinar os filhos a vencer as dificuldades corajosamente, desenvolvendo sua imaginação e seu entusiasmo. No segundo e no terceiro estágio não se deve esquecer que o filho já está ingressando na sociedade. Não se deve exigir apenas que saiba brincar e jogar bem, mas que se comporte devidamente em relação aos outros.

Resumamos o que dissemos nesta conferência.


Inclusão 18/09/2012