Discurso de Abertura no XIX Congresso do PC (b) da URSS

V. Molotov

Outubro de 1952


Primeira Edição: ......
Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 44 - Jan-Fev de 1953.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
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Camaradas!

Saúdo, em nome do Comitê Central do Partido, os delegados ao XIX Congresso do Partido, assim como os nossos caros convidados, que representam aqui os partidos comunistas estrangeiros e os outros partidos irmãos da classe operária. (Aplausos entusiásticos e prolongados).

Nossas primeiras palavras devem ser hoje consagradas àqueles que, durante a guerra contra os agressores alemães e os outros agressores, defenderam heroicamente nossa Pátria soviética, àqueles que deram sua vida por nossa justa causa. Homenageemos, de pé a gloriosa memória dos que tombaram nessa guerra, dos que deram sua vida na luta contra o fascismo, pela causa da liberdade e da independência da União Soviética. (Todos se põem de pé).

Não vemos mais entre nós alguns dos militantes mais eminentes de nosso Partido. A morte arrebatou Alexandre Tcherbakov, que dirigiu o trabalho político no exército nos duros anos de guerra e que era conhecido no Partido sobretudo como notável dirigente da organização partidária de Moscou. Não vemos mais entre nós Mikhail Kalinin, que todo nosso país tão bem conhecia e que era tão amado de nosso Partido. A morte arrebatou Andrei Zhdanov, talentoso representante do núcleo stalinista dirigente do Partido. Recordamos igualmente os nomes de outros amigos e camaradas desaparecidos, cujas vidas estavam indissolüvelmente ligadas ao Partido. Em sinal de profunda veneração, rendamos homenagem à sua memória. (Todos se põem de pé).

O Congresso anterior de nosso Partido realizou-se em 1939. No período desde então decorrido, produziram-se acontecimentos de grande importância histórica.

É sabido que o trabalho pacífico de nosso povo foi perturbado pelo pérfido ataque do fascismo alemão contra a União Soviética. Tivemos de interromper nosso trabalho, que visava ao cumprimento das tarefas do terceiro plano qüinqüenal. Fomos forçados a colocar tudo em pé de guerra e tudo subordinar ao esmagamento do inimigo, que invadira nosso território.

A segunda guerra mundial, foi uma grande prova para o jovem Estado soviético multi-nacional. Ao mesmo tempo, foi uma confirmação, sob todos os aspectos, da justeza da política de nosso Partido. Durante a guerra, o povo soviético atravessou muitos dias difíceis e suportou duros sacrifícios. Contudo, mesmo nos mais graves momentos, a União Soviética não se enfraqueceu, não se curvou, e sim, sob a direção de nosso Partido, temperou-se e consolidou-se ainda mais como Estado socialista, adquiriu ainda maior confiança em suas forças e na invencibilidade de sua grande causa.

A segunda guerra mundial terminou com a derrota dos agressores fascistas, o que, sob muitos aspectos, desencadeou as forças do movimento de libertação nacional na Europa e na Ásia. Nas novas condições, tornou-se possível a passagem, após a guerra, de toda uma série de países do caminho capitalista de desenvolvimento para um novo caminho, o da criação e desenvolvimento dos Estados de democracia popular, graças sobretudo ao papel decisivo desempenhado nessa guerra pela União Soviética. Foi assim que se inaugurou uma nova etapa no desenvolvimento do socialismo internacional.

Tudo isto explica por que cresceu tanto em nossos dias a influência ideológica dirigente exercida por nosso Partido em todos os aspectos da vida do país e por que nosso povo dedica um amor tão profundo a seu Partido, o Partido de Lênin e de Stálin. (Aplausos prolongados).

Isto explica também por que ele goza atualmente de uma autoridade internacional tão grande, por que os trabalhadores dos outros países sentem, em relação a nosso Partido e à sua direção stalinista, tão grande confiança e tão profundo respeito. (Aplausos entusiásticos e prolongados).

Nas condições de após-guerra, a União Soviética concentrou todos os seus esforços nas tarefas de soerguimento e desenvolvimento contínuo da economia nacional, assim como nas tarefas de manutenção e consolidação da paz entre os povos.

Neste Congresso deveremos discutir diretivas sobre o quinto Plano Qüinqüenal de desenvolvimento da URSS. O balanço do período decorrido, assim como as realizações econômicas deste ano, atestam que os trabalhadores de nosso país já conquistaram importantes êxitos, na realização das grandiosas previsões do quinto Plano Qüinqüenal.

Para avançarmos com segurança, devemos lutar ainda mais resolutamente contra as deficiências de nosso trabalho, pela liquidação das tendências à despreocupação e à presunção burocrática, onde quer que se manifestem, sem esquecermos que a crítica e a autocrítica são a arma de combate indispensável ao comunista, nosso método soviético para estimular a atividade das massas.

As decisões do Congresso estimularão o Partido e todo o povo soviético não apenas a cumprir, como também a ultrapassar o novo Plano Qüinqüenal. Isto significará maior consolidação, em todos os aspectos, da potência do Estado soviético, e uma nova e sensível elevação do nível de vida material e cultural do povo, isto é, da classe operária, do campesinato kolkhosiano e dos intelectuais soviéticos. Desta forma, realizando o Plano Qüinqüenal, o povo soviético conquistará novos e importantes êxitos na passagem gradual do socialismo ao comunismo. (Aplausos entusiásticos).

Não nos esquecemos, evidentemente, de que a União Soviética vive dentro de um "sistema de Estados", que existe um campo imperialista com seus planos de aventura e de conquista, que esse campo se arma cada vez mais, que atiça por todos os meios a histeria guerreira e se prepara para desencadear uma nova guerra mundial. Esse campo agressivo anti-democrático, é dirigido pelos reacionárias círculos governamentais dos Estados Unidos, os quais cumprem a vontade dos monopólios capitalistas que, em sua sede insaciável de altos lucros, tentam estabelecer pela força sua dominação mundial. São precisamente os círculos governamentais dos Estados Unidos os principais responsáveis pela criminosa guerra da Coréia, pela ocupação da ilha chinesa de Taiwan, pela transformação da Alemanha Ocidental e do Japão em Estados dependentes, bem como da criação no Ocidente e no Oriente de alianças militares agressivas do tipo do bloco atlântico dirigidas contra os Estados pacíficos: União Soviética, República Popular da China e os países de democracia popular.

Nada pode ocultar, entretanto, o sério debilitamento do sistema capitalista mundial, nestes últimos anos, sobretudo desde que no após-guerra, toda uma série de Estados, com uma população global de 600 milhões de seres humanos, se destacou desse sistema. Nada pode ocultar tampouco a incapacidade dos países capitalistas de conjurar o perigo crescente de uma nova crise econômica e de um novo aumento do desemprego em massa, o que conduz ao mesmo tempo ao agravamento das contradições e das fricções entre esses Estados e à acentuação inevitável da luta de classes nesses países. Nenhum esforço dos fazedores de guerra, ou de seus lacaios da pena, que tentam cobrir-se com a máscara de pacifistas e imbecilizar, ao mesmo tempo, os leitores da imprensa burguesa, por meio de calúnias sobre agressividade da União Soviética, poderá dissimular o fato de que é precisamente do lado dos círculos agressivos do campo imperialista que partem as ameaças, sempre renovadas, contra a liberdade e a independência nacional dos povos, as ameaças, sempre renovadas, contra a paz e a segurança internacional. Quanto mais claras se tornam a instabilidade e a incerteza das perspectivas do futuro e as fraquezas internas do capitalismo contemporâneo, que atravessa a fase da crise geral e da marcha acelerada para o regime fascista, tanto mais agressivas se tornam as principais potências do campo imperialista e sua propaganda criminosa em favor de uma nova guerra.

O campo da reação e da agressão defronta-se com outro campo, o campo internacional da defesa da paz e da democracia. Este campo pacífico, democrático, é dirigido, como é natural, pela União Soviética, que defende com firmeza e pertinácia, a política de manutenção e de consolidação da paz entre os povos. (Aplausos prolongados).

Não se pode deixar de ressaltar nesta oportunidade, que a resultado mais importante da segunda guerra mundial é o fato histórico de ter a União Soviética saído definitivamente de seu isolamento internacional. Agora a causa da paz e da democracia é defendida, juntamente com a União Soviética, pelos países de democracia popular, a República Popular da China e a República Democrática Alemã. Ademais, a defesa da paz e da democracia conta agora com o apoio do poderoso movimento internacional dos partidários da paz, que agrupa centenas de milhões de homens, inclusive milhões e milhões de partidários da paz nos países do capitalismo.

Lutando para assegurar a paz, nós, soviéticos, não esquecemos um só instante de que é necessário demonstrar a indispensável vigilância e estar pronto para repelir energicamente qualquer agressão da parte do campo imperialista belicista. Sem isso, é impossível defender realmente a causa da manutenção e da consolidação da paz. A este respeito, inspiramo-nos na conhecida indicação do camarada Stálin, a qual se tornou a base da luta dos povos pela paz:

"A paz será mantida e consolidada se os povos tomarem em suas mãos a causa da manutenção da paz e a defenderem até o fim. (Aplausos entusiásticos e prolongados). A guerra pode tornar-se inevitável se os provocadores de guerra conseguirem envolver as massas populares em mentiras, enganá-las e arrastá-las a uma nova guerra mundial".

O presente Congresso do Partido mostrará o quanto cresceram e se consolidaram as forças da União Soviética, pátria do socialismo triunfante. Ele cumprirá também sua tarefa essencial de projetar a brilhante luz do marxismo-leninismo sobre os caminhos que levam para a frente, sobre os caminhos de novas vitórias, ainda mais gloriosas, do socialismo em nosso país, de uma coesão ainda mais ampla e mais poderosa das forças democráticas internacionais, no interesse da paz no mundo inteiro. (Aplausos prolongados).

Nosso Partido chegou ao seu XIX Congresso mais poderoso e mais unido que nunca. (Aplausos prolongados). A bandeira do nosso Partido, coberta de glória nos combates e em numerosas vitórias, flutua bem alto, e conclama nosso povo a marchar para a frente, para a vitória do comunismo. (Aplausos prolongados). O nome do guia de nosso Partido, o nome de Stálin, exprime as melhores esperanças e aspirações de toda a humanidade progressista. (Poderosa ovação, bastante prolongada. Todos se põem de pé).

Viva o Partido de Lênin e de. Stálin! Viva o XIX Congresso do Partido! (Aplausos entusiásticos).

Longos anos de vida e de saúde ao nosso querido e grande Stálin! (Vivas e prolongada ovação. Todos se põem de pé. Ouvem-se aclamações: "Viva o grande Stálin!". "Hurra ao camarada Stálin!". "Glória ao grande guia do Partido e do povo, o camarada Stálin". "Viva nosso querido Stálin!")

Em nome do Comitê Central, declaro aberto o XIX Congresso. (Todos se põem de pé. Tempestade de aplausos prolongados. Os delegados ao Congresso cantam o hino do Partido, "A Internacional").


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Inclusão 21/10/2011