Direitos de Propriedade vs. Direitos Humanos

Lucy Parsons

22 de novembro de 1905


Primeira Edição: Chicago, The Liberator, 22 de novembro de 1905.

Fonte: https://medium.com/@roxoenegro/direitos-de-propriedade-vs-direitos-humanos-2841b591610e

Tradução: Roxo e Negro Publicações

HTML: Fernando Araújo.


Qualquer pessoa que não faça nenhum bem pela humanidade é inútil, não importa o quão duro trabalhe. O trabalho intelectual e o trabalho manual são igualmente difíceis e igualmente úteis, se corretamente aplicados. Todos os homens, ricos e pobres, estão trabalhando em algo; talvez um em trabalhos úteis e o outro em trabalhos inúteis. Apesar disso cada um deles está usando suas energias em alguma ocupação.

Os homens trabalham porque não podem conter suas energias mentais e físicas sem causar dor a si mesmos. Mas nós tornamos o trabalho desagradável porque permitimos que existissem condições que nos forçam a continuar trabalhando depois de estarmos cansados, ou em algo pelo qual não temos gosto, interesse ou adaptabilidade.

Por essa razão perdemos o prazer no trabalho e ele se tornou desgastante para nós; por isso, freqüentemente o que fazemos é feito de forma desmazelada, de modo que a sociedade perde. O esquema egoísta chamado de “direitos de propriedade” substituiu os direitos humanos e criou quatro vezes mais trabalho inútil do que é necessário para produzir e distribuir os confortos e luxos da vida.

Todos esses trabalhadores inúteis são ou os capitalistas ou os aliados dos capitalistas. Nessa classe de trabalhadores cujo único negócio é sustentar os “direitos de propriedade” podem ser classificados os advogados, carcereiros, policiais, banqueiros, agentes e companhias de seguro e quase todos os chefes em todos os ramos da indústria; adicione a esses aqueles que não conseguem trabalho e aqueles que estão nas prisões e teremos uma idéia das vastas hordas que devem ser sustentadas por aqueles que fazem o trabalho útil, e esses devem devotar todas as energias de suas vidas em manter os “direitos de propriedade”, algo no qual não têm nenhuma parte ou interesse. E essa condição de negócios cria os miseráveis, suicidas, ladrões, assassinos, mentirosos, vagabundos, hipócritas e seres anti-sociais de forma geral.

Quem, eu me pergunto, está se beneficiando com todo esse desperdício e confusão? Os poucos, uma porcentagem ínfima da população. O restante se submete porque pensa que “sempre foi assim e assim sempre será.” O trabalho daqueles que têm uma concepção de uma verdadeira sociedade do futuro deve devotar seus esforços em libertar as mentes das pessoas das antigas farsas. Isso pode ser feito. Muitas outras mentiras desgastadas sucumbiram, então essa sucumbirá também.


Inclusão: 01/12/2021