Causas Econômicas da Revolução Russa

M. N. Pokrovsky


Prefácio


capa

Este volume do nosso Compêndio de História da Rússia compreende o período que se inicia nos fins do século XIX e termina no verão de 1906, com a dissolução da Primeira Duma do Estado.

O autor considera esta época como o fim de uma etapa, sem que isto signifique que dê à Duma uma importância toda especial. Nada mais discordante da nossa intenção como verá quem ler o capítulo correspondente.

Depois da dissolução da Primeira Duma, contudo, não tarda em reduzir-se a nada o movimento de massas que se denominou a “Revolução de 1905”. O estado de espírito da Segunda Duma, era, realmente, mais revolucionário que o da Primeira, mas, como não se apoiava num movimento de massas, achava-se em proporção inversa ao seu estado de espírito revolucionário. A revolução, na realidade, terminou oito meses antes da Duma iniciar suas sessões.

O autor compreende os grandes defeitos desta obra, não menos que qualquer dos seus futuros críticos. Precisamente, agora, que se começa a publicação dos inúmeros trabalhos existentes sobre esta época, poderemos “tirar as conclusões”. Cada nova edição desta obra terá que ser, indubitavelmente, modificada. Mas alguém devia começar um dia ou outro.

Começa-se a “estudar”, agora, baseando-se no material “de batalha”, publicado em 1917, após a queda de Nicolau Romanov. Este é um mau livro — digo-o sem falsa modéstia, — mas não constitui um material “de batalha” e sim o embrião de um curso científico.

Os passos ulteriores na senda da criação de uma História Científica da grande Revolução Russa terão unicamente valor como trabalho coletivo. Alegra-me fazer constar que, neste sentido, meu livro também constitui um “embrião”. Em vários casos, apoia-se no trabalho coletivo do Instituto do Professorado Vermelho. Em parte, foram utilizados aqui os trabalhos de Gusiev, Dubrovski, Slepkov e Tomsinski.

Duas palavras a respeito do plano. Não me propus oferecer um relato completo do mencionado período, nem uma crônica da Primeira Revolução, mas pretendo esclarecer o processo da mesma no seu conjunto. Eis porque se omite um grande número de detalhes que, por sua importância, teriam direito indiscutível de não serem esquecidos nas páginas de um Compêndio escrito em forma de crônica. Para a compreensão do processo, esses detalhes nada trariam de novo. Contudo, tendo em conta que para alguns leitores este livro pode ser a única fonte de informações em relação à época que estudamos, acrescento um capítulo a que dei o caráter da crônica, sobre o movimento nos países alógenos(1) e uma enumeração cronológica dos acontecimentos dos anos 1896-1906, sem compará-los com a História da Europa ocidental, como se fez nas duas primeiras partes. Aqui (com exceção da política exterior) essa comparação não seria de nenhuma utilidade.

M. N. P.
25-8-1923


Notas de rodapé:

(1) Os povos que faziam parte do Império e que não eram etnograficamente, de nacionalidade russa: Polônia, Ucrânia, países bálticos, transcaucásicos, etc.  (retornar ao texto)

Inclusão 20/01/2015