Fraude em Moscovo

Francisco Martins Rodrigues

Setembro/Outubro de 1993


Primeira Edição: Política Operária nº 41, Set-Out 1993

Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida

Transcrição: Ana Barradas

HTML: Fernando Araújo.

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Os combates de Moscovo (que já não nos foi possível comentar neste número de “P.O.") revelaram uma vez mais a fragilidade da oposição parlamentar a Ieltsin. Falando em nome do socialismo e da independência, os saudosistas sonhavam com o retomo a um regime falido e desacreditado. Por isso, a resposta da grande massa, na capital e por todo o pais, foi de indiferença, e o resultado prático da revolta foi, como há dois anos, uma concentração acrescida de poder nas mãos do presidente.

Ora, esse é justamente o alvo visado pelo imperialismo. A versão de uma “vitória da democracia sobre o golpe comuno-fascista” envolve em cores simpáticas aos olhos da opinião pública internacional o grande empreendimento em marcha — a colonização da ex-URSS pelo capital financeiro norte-americano, europeu e japonês.

Se há perigos de fascismo na Rússia, eles provêm antes de mais do presidente-ditador Ieltsin. Ainda aqui, a função da propaganda oficial é ocultar o sentido real dos acontecimentos. Vimo-lo, ontem ainda, com a expedição militar “em socorro do pequeno Kuwait”.Vemo-lo hoje mesmo, com os sinistros resultados da “ajuda humanitária à Somália”.


Inclusão 26/08/2019