Pequenos passos... para onde?

Francisco Martins Rodrigues

Maio/Junho de 1994


Primeira Edição: Política Operária, nº 45, Mai-Jun 1994

Fonte: Francisco Martins Rodrigues Escritos de uma vida

Transcrição: Ana Barradas

HTML: Fernando Araújo.

Direitos de Reprodução: licenciado sob uma Licença Creative Commons.


Só a lunáticos pode ocorrer a ideia de enquadrar uma campanha eleitoral, na situação presente, em pressupostos revolucionários inexistentes – tal é a censura que temos ouvido por mais de uma vez. quando anunciamos a decisão de não apoiar nenhuma das candidaturas de “esquerda” ao Parlamento Europeu.

Esclareçamos os nossos críticos. Não temos nada contra os pequenos passos, desde que sejam para a frente e não para trás. Não pomos em dúvida que o reagrupamento da luta anticapitalista vai depender de milhares de acções recuadas, desde o voto na urna ao aumento de “dez tostões” e estamos dispostos a percorrer esse caminho o tempo que for preciso. Com uma condição: que cada uma dessas acções parcelares conduza a enfrentamentos com o poder, à perda de ilusões, à educação política dos explorados. Porque o valor das pequenas acções não está nas ilusórias "conquistas" que possam proporcionar mas na separação que cavem (ou não) entre os dois campos extremos da sociedade.

Eis o que os reformistas jamais entenderão. Eis o que nos impede de apoiar candidaturas que. afirmando-se de "resistência", se propõem instaurar nesta Europa imperialista em expansão, uma "Europa solidária", "democrática", "dos cidadãos" e outras tolices do género. Enganar as pessoas não é acumular forças, é desgastá-las.


Inclusão 18/08/2019