Cartas

Francisco Martins Rodrigues


Cartas a JRR


Carta 1
25/07/1991

Caro Amigo:

Segue por correio separado o livro que nos pediu. Numa outra encomenda enviamos o último número da nossa revista, esperando que lhe desperte o interesse e que o leve a tornar-se nosso assinante. Os preços de assinatura vêm lá indicados. Seguem também alguns folhetos dos que temos publicado, para ter uma ideia das nossas posições. Escusado será dizer que o conteúdo desta segunda encomenda é grátis.

Na esperança de voltar a ter notícias suas, subscrevemo-nos, com as nossas melhores saudações

Carta 2
14/08/1991

Caro Amigo:

Agradecemos a sua carta e o cheque para assinatura da nossa revista. Se não vir inconveniente, publicamos extractos da carta na próxima PO, a sair em fins de Setembro.

Esperando que a revista continue a merecer o seu interesse, enviamos as nossas saudações cordiais.

Carta 3
26/12/1991

Caro Amigo:

Atendendo o seu pedido, fazemos seguir em dois pacotes os números disponíveis da P.O., do nº 2 ao 29. Só falta o nº 1, que há muito se encontra esgotado. O valor total consta da factura junta: 3.950$00. Pode enviá-lo por cheque ou vale de correio para o nosso Apartado.

Muito agradecemos as indicações que nos enviou sobre possíveis pontos de venda da revista. Já transmitimos cópia da sua carta ao nosso núcleo de apoio no Norte, para que aproveitem as suas sugestões e tentem alargar a difusão. Também em Lisboa, embora com bastante mais distribuição (cerca de 50 pontos de venda), estamos a procurar tornar a revista mais conhecida. É uma condição vital para a nossa sobrevivência, agora que toda a gente parece estar a olhar para outros lados... Não temos dúvidas de que o ambiente mudará quando certas ilusões se desfizerem; a questão ê mantermo-nos até lá! Um abraço

Pode dar-nos o endereço do "Barcelos Popular"?

Carta 4
20/04/1992

Caro Amigo:

Respondemos à sua carta de 19 de Março, de que publicámos um pequeno extracto no último nº da P.O., que já deve ter recebido e que esperamos lhe tenha agradado.

A sua sugestão de que a influência das nossas ideias poderia aumentar muito se nos transformássemos em partido político é sem dúvida verdadeira, mas infelizmente estamos muito longe de ter forças para isso. Somos apenas um pequeno grupo de propaganda do comunismo e não pretendemos fazer-nos passar pelo que não somos. Houve um tempo em que no nosso país se formavam partidos com a maior facilidade, mas os resultados para a esquerda não foram nada bons. A partir do momento em que um pequeno grupo se arvora em partido revolucionário sem ter forças para uma acção política diária e coerente, afoga-se nas questões organizativas, começa a envolver-se em manobras para aparentar uma força que não tem e perde toda a seriedade.

Por isso, embora consideremos a formação dum partido comunista revolucionário como o nosso objectivo a longo prazo, para já temos objectivos mais modestos: alargar a difusão da nossa revista e melhorar o seu conteúdo, estabelecer contactos com activistas e grupos de esquerda, desenvolver algumas campanhas políticas, como foi no caso da guerra do Golfo... Se a corrente de ideias comunistas se tornar mais forte no nosso país, a formação do partido impor-se-á a um conjunto maior de pessoas e terá uma base sólida para começar. Até lá, e no caso concreto das eleições a que se refere, não teremos outro remédio senão votar no partido que nos pareça menos mau ou abster-nos (é o que nós na P.O. temos feito).

Esperando continuar a receber os seus comentários e informações, aceite as nossas saudações cordiais

Carta 5
11/06/1992

Caro Amigo:

Os comentários da sua carta sobre o partido da Coreia foram aproveitados, com mais uns acrescentos da minha lavra, para um artigo na P.O. nº 35, que deve estar a receber por estes dias. Você verá, mas creio que não alterei a orientação do seu texto. Como não sabia se lhe interessava ter o seu nome na revista, assinei com as iniciais. Mais informações da Coreia ou outras, comentários ou notas suas que ache de interesse para divulgação na revista, críticas, recortes de jornais locais ou estrangeiros — tudo nos interessa. Como já deve ter visto, estamos a procurar alargar a cobertura informativa da revista, para além dos temas ideológicos. Com a falta de publicações de esquerda, a circulação de informações é uma necessidade que todos sentimos.

Ainda quanto ao tema do partido: para além de todos os inconvenientes de que já lhe falei, acresce a dificuldade que representaria para nós, nesta altura, reunir 5.000 assinaturas de eleitores proponentes do novo partido, com os respectivos certificados de eleitores, etc. Foi essa dificuldade que nos levou a entrar em colaboração com a LST (trotskista) há três anos, para concorrer às eleições para o Parlamento Europeu sob a sigla FER. A colaboração correu mal, como é norma entre pequenos grupos, e desistimos a meio da campanha eleitoral, o que foi desagradável para todos.

Vi a sua carta no «Público» de 29 de Abril. É bom furar por onde se possa para romper o unanimismo da asneira que por aí vai. Cordiais saudações.

Carta 6
15/09/1992

Caro Amigo:

Muito gratos pelos materiais que nos enviou e a que vamos dar o melhor aproveitamento. Junto enviamos fotocópia do artigo pedido da P.O. nº 1 sobre o Verão quente. Tomámos boa nota do novo endereço e para aí será já enviada a próxima P.O., a sair em início de Outubro.

Tendo em conta a boa vontade que manifesta em dar-nos colaboração, lembrámo-nos de lhe fazer um pedido: ser-lhe-ia possível preparar um artigo sobre o tema a que se dedica, eleições, para uma das próximas P.O., por exemplo a repartição de forças dos diversos partidos nas autarquias? Ou as deslocações de votos na área da «extrema esquerda» nas últimas legislativas? Isto são sugestões. A nossa única limitação seria quanto à necessidade do artigo não ser demasiado técnico, dado o carácter da nossa revista, mas isso certamente será tomado em consideração por si. Esperamos a sua opinião com o maior interesse. Aceite as nossas saudações cordiais.

Carta 7
09/12/1992

Caro Amigo:

Respondo à sua carta de 14 de Novembro e espero que me desculpe pela demora, mas só agora fechámos o último nº da P.O. Alegrou-nos muito a sua disponibilidade para colaborar na revista e a promessa de um artigo já para o nº 38. Como verá pela P.O. 37, que espero chegue às suas mãos no fim da próxima semana, estamos a procurar alargar o número de colaborações. Teremos muito gosto em contar consigo como colaborador regular, na medida das suas possibilidades.

O tema das deslocações de votos à esquerda da CDU é interessante, porque permite sondar qual o estado de espírito da extrema esquerda que resta. Sabemos que isso o obriga a consultar e tratar muitos números, dos quais só os mais significativos ficarão no artigo final, para não sobrecarregar muito a leitura. Pode ser um bocado ingrato para si, mas deixamos ao seu critério ver como conseguirá pôr em relevo as conclusões políticas que se podem extrair dos números. Quanto ao tamanho, não sabemos bem de que espaço precisa; sugerimos não mais de 6.000 caracteres, por motivos de paginação. Como data-limite de entrega propomos 15 de Janeiro. Acha que lhe será possível?

Quanto a futuros artigos; falei nas autarquias por ser assunto que já começa a agitar os partidos, mas não quer dizer que tenha que ser esse o tema. Temos lido alguns artigos e cartas suas no «Público» sobre diversos temas, expondo opiniões com que concordamos no essencial.

Se você tivesse interesse em tratar qualquer outro tema não referente a eleições para o nº 39, estamos de acordo. Só lhe peço que nos diga com alguma antecedência, para fazermos as nossas programações e distribuições de temas entre nós. Você conhece os nossos interesses.

Quanto às suas perguntas;

  1. não vemos explicação para a sobrevivência do PCTP/MRPP, até porque, ao que sabemos, não se trata de um grupo com ligações estrangeiras. Por vezes, é frequente nesta área grupos sem qualquer expressão manterem-se em funcionamento devido a subsídios da corrente internacional em que se inserem. Parece não ser este o caso do MRPP. Embora alinhe pelo «marxismo-leninismo-stalinismo-maoísmo», corrente que está organizada internacionalmente em torno de um «Partido Comunista Revolucionário» dos EUA e na qual se inclui o PC do Peru («Sendero Luminoso») e muitos outros pequenos partidos, não nos consta que o MRPP mantenha contactos ou receba apoio dessa corrente. O facto de há muito não publicar imprensa e de os seus órgãos dirigentes estarem paralisados por divergências e «lutas de linhas» ainda torna a sua continuidade mais surpreendente. Julgamos que uma certa recuperação de linguagem de extrema esquerda feita por eles nos últimos anos, depois da desgraçada política de apoio ao PS e PSP contra o «social-fascismo», lhes terá criado aos olhos do eleitorado de esquerda uma imagem dos «últimos revolucionários que não se rendem». As intervenções radicais do Dr. Garcia Pereira, em períodos eleitorais talvez contribuam para alimentar essa imagem. Fica uma dúvida: se daqui a um ano ou dois ou três a situação social se agravar e houver tendências de radicalização, não será que o MRPP ressurgirá em força com o seu discurso radical a servir de capa a uma táctica direitista, como no passado?
  2. OCMLP — integrou-se de facto no PCP(R) em 1976, depois de uma assembleia de militantes no Porto, a que eu próprio assisti como convidado por parte do PCP(R), mas uma fracção minoritária recusou aceitar a integração. Era animada pelo antigo secretário-geral Pedro Baptista, e por um indivíduo cujo nome agora não recordo, que era jornalista do «Jornal de Notícias», suponho. A base da divergência era um «anti-socialfascismo» virulento e acusarem o PCP(R) de conluio com o social-imperialismo. Foram utilizados pelo PSD nessa altura. Mantiveram-se como grupo autónomo, numa espécie de hibernação durante vários anos. O seu núcleo forte era na Foz do Douro. Depois de uma tentativa de reanimação eleitoral, acabaram por se dissolver. Pedro Baptista é actualmente um dos animadores do Movimento Pró-Referendo e julgo estar ligado ao grupo de Barros Moura.

Registámos o seu reparo sobre a necessidade de demarcação do PCP na questão angolana e publicámos esse extracto da sua carta na revista que vai sair. (…) Interessa-nos tudo o que nos tem enviado e também esses artigos do Edgar Rodrigues(1), se for possível.

Quanto às possibilidades de colocar a P.O. em duas tabacarias de (…) e (…), interessa-nos muito. Justamente agora estamos a fazer um esforço acrescido na difusão; o nº 36 foi pela primeira vez colocado em mais de 120 bancas na região de Lisboa, número modesto mas que, para a nossa dimensão, é um record. Estamos a tentar que os nossos camaradas do Porto alarguem também a distribuição na cidade.

Proponho o seguinte: mandaremos do próximo nº da P.O., além do seu exemplar, mais 6, 3 para cada tabacaria. Seguem umas guias que usamos na entrega da revista e que você apenas terá que preencher com o nome dos vendedores (isto se eles quiserem as guias, pois há muitas bancas com quem fazemos contas sem papéis). Daqui a dois meses, quando sair a próxima P.O., você passaria por lá a colocá-la e a levantar as sobras. Em princípio, o pagamento de importâncias tão irrisórias dispensa facturas e recibos, mas se eles pedissem passávamos em nome da empresa distribuidora. Você não precisa de nos devolver logo as sobras; pode juntá-las aí e enviar ao fim de seis meses, por exemplo. Não precisa de fazer contas connosco: guarda o dinheiro das eventuais vendas numa conta-corrente, de que nos enviaria o que houvesse ao fim de seis meses, por exemplo. É muito possível que, durante alguns meses, as vendas sejam decepcionantes, até haver alguém que repare na revista; temos essa experiência quando vamos para um local novo. Mesmo nesse caso, gostaríamos que persistisse na distribuição, se isso não lhe causar muito incómodo.

Desconhecíamos esse projecto do «Dicionário da extrema esquerda» do Pacheco Pereira. Vai ser preciso comprar, por muito que nos custe. Não sei se viu um artigo desse tipo no «Público» de 4/12 sobre «Os rivais de Cunhal». Como se metia comigo, respondi-lhe à letra, espero que saia brevemente no «Público».

Por agora é tudo. Teremos muito gosto em receber as suas notícias. Aceite as minhas saudações

Carta 8
16/02/1993

Caro Amigo:

Suponho que já terá recebido a P.O., com mais um pacote de 6 exemplares. O seu artigo ainda veio a tempo de ser incluído. Foca um aspecto geralmente esquecido nas discussões sobre o ensino e penso que valorizou a revista. Ficamos agora à espera de colaboração sua para o próximo número... se os seus afazeres lho permitirem. O fecho da redacção está previsto para 15 de Março e agradecemos que nos diga que tema pensa tratar, para fazermos a nossa programação e evitarmos sobreposição de artigos sobre o mesmo assunto. Esperamos também, como já vai sendo hábito, os boletins e recortes que nos puder obter. Procuramos sempre aproveitar esses elementos, duma forma ou de outra, para tomar a revista mais informativa.

A propósito do grupo ligado ao «Barcelos Popular», foi-nos referido há dias como estando empenhado, com diversos outros membros e ex-membros da UDP e do PC(R), na realização dum encontro, cujo objectivo não parece muito bem clarificado. Suspeitamos que alguns dos antigos dissidentes da UDP com mais aspirações políticas querem aproveitar a crise e o descrédito da organização para formar um grupo-fantasma para, apoiados nele, regatearem lugares em listas do PS ou do PCP nas próximas eleições autárquicas. Veremos.

Por agora é tudo. Continuamos à espera duma oportunidade para conversarmos de viva voz. Aceite as nossas saudações

Carta 9
07/04/1993

Caro Amigo:

Afinal, o seu artigo ainda veio a tempo. É interessante e mostra um conhecimento por dentro do assunto; entrou no nº 39, cujo fecho se atrasou uns dias. Já está na tipografia mas, devido ao feriado da Páscoa, só vai ser expedido provavelmente na segunda-feira. Vamos enviar-lhe, como combinado, mais 6 exemplares. Recebemos o cheque dos exemplares vendidos e as publicações. Citámos na secção Telex o semanário "Opinião Pública" como sendo de Famalicão, mas não temos a certeza. Quando tiver notícias regionais que ache interessantes, pode mandar apenas o recorte para não fazer despesa desnecessária em correio. Quanto à devolução das sobras, não se preocupe porque não temos pressa nenhuma.

Para o próximo número, já sabe, se tiver disponibilidade, estamos interessados na sua colaboração. Podemos manter uma secção sobre temas do ensino, que lhe parece?

Aceite as nossas saudações cordiais

Carta 10
23/08/1993

Caro Amigo:

Recebemos o cheque, que agradecemos, e as publicações. Infelizmente, o artigo «As lições de Courel» já não chegou a tempo de ser incluído no n° de Maio/Junho. Mesmo assim, ainda talvez não fique mal no próximo nQ, porque toca num tema de fundo que não se desactualizou. Se além desse puder enviar o prometido artigo relativo às autárquicas, será óptimo. Quanto ao tema das passagens administrativas, não estou em condições de lhe dar uma opinião por conhecer mal o assunto. Tenciono transmitir as suas opiniões a alguns amigos professores e dir-lhe-ei depois, se recolher alguma ideia. De qualquer forma, se entender escrever algum comentário sobre o assunto, já sabe que estamos interessados em manter uma coluna sobre temas do ensino.

Quanto à cisão da FER, envio-lhe junto um folheto que distribuíram no 1Q de Maio. Apesar da boa apresentação e do nome pomposo, ficaram parados depois disso. Prometeram ir iniciar uma revista, mas até agora não sabemos nada. Pelo que nos informaram, a cisão foi o seguinte: o antigo grupo «Esquerda Revolucionária», que publicava a revista «Versus» (não sei se chegou a ler), e que se tinha fundido com a LST por pressão da LIT (4a Internacional) agora voltou a separar-se. Houve entretanto perdas, devido ao ambiente político desfavorável, e os que saíram (MPS) parecem ser muito poucos. A FER ficou com ligações aos estudantes e com a revista «Alternativa Socialista». O motivo da cisão, segundo nos foi dito, teve a ver com o debate internacional na LIT sobre a "revolução política" no Leste: a FER acharia que houve excesso de optimismo quando da derrocada do poder na URSS, ao passo que o MPS acharia que foram mesmo grandes revoluções e que a situação está mais revolucionária do que nunca. Isto foi o que nos disseram, não lhe posso garantir que seja assim. O que é certo é que o partido-pai da LIT, o MAS argentino, partiu-se em vários bocados e toda a corrente parece atravessar uma grande crise, o que não é de estranhar.

Fomos convidados a assistir à apresentação da nova revista «Manifesto», feita por alguns dissidentes jovens do PCP que formam a ala esquerda da Plataforma de Esquerda: Paulo Varela Gomes, Ivan Nunes, etc. Começa a sair em Setembro e é bimensal. As intervenções só não me pareceram decepcionantes porque já ia mentalizado para uma grande superficialidade. Muita retórica de esquerda, mas muita indefinição nas questões vitais. Enfim, podem fazer uma revista apesar de tudo interessante. Com o panorama fúnebre que vivemos neste pais, algo que apareça na área da esquerda pode servir pelo menos para agitar as cabeças.

E com isto é tudo, não lhe tomo mais tempo. Um abraço e até breve.

Carta 11
06/12/1993

Caro Amigo:

Respondo às suas cartas de 10 e 28 de Novembro, agradecendo o cheque de 1.470$ e a indicação dum possível assinante. Foi pena esta última carta nos chegar às mãos já depois de ter fechado a redacção, pois as suas notas sobre o carnaval autárquico aí na zona tinham todo o cabimento. Talvez se possam incluir junto com outras coisas que reuniremos sobre o balanço das eleições no próximo número. Se entretanto se lhe proporcionar, já sabe que estamos interessados em colaboração sua. A redacção fecha por volta de 20 Janeiro.

Aqui, de novo apenas um convite que recebemos, a Ana Barradas e eu, para intervirmos numa semana de debates sobre o centenário de Mao, realizada pela Biblioteca-Museu da Resistência, organismo dependente da Câmara de Lisboa. Outros participantes (em dias diferentes!) são o Arnaldo Matos, Pacheco Pereira e Pedro Baptista (ex-OCMLP). Pelo menos, estão convidados. Decidimos aceitar, embora o público seja restrito, para valorizar o Mao revolucionário e fazer fogo contra a bronca ironia com que PS e PC falam da revolução chinesa, como se fosse uma anedota.

A P.O. deve sair breve da tipografia. Mando-lhe 3 exemplares extra, como de costume. Um abraço.

Carta 12
14/12/1993

Caro Amigo:

De acordo com o seu pedido telefónico, mando-lhe um livro de guias de remessa. Suponho que terá recebido a minha carta de 6 do corrente e os 6 exemplares da P.O. (na carta, por lapso, eu dizia 3). Mandámos um exemplar como oferta à pessoa cujo nome indicou, com uma carta propondo-lhe tomar-se assinante. Espero que o conteúdo da revista lhe agrade e lhe dê sugestões para uma colaboração sua no próximo número.

 No próximo dia 22 participarei num debate na SIC sobre o centenário de Mao: se tiver oportunidade, veja e diga-me depois a sua opinião. Por agora é tudo. Aceite um abraço e os meus votos de um bom Ano Novo.

Carta 13
08/08/1994

Caro Amigo:

Fico-lhe muito grato pelo seu convite e de sua mulher para ir aí passar uns dias, mas creio que não será possível este ano. Problemas familiares difíceis (o falecimento de uma minha irmã) exigem a minha presença aqui e tiram-me a oportunidade e disposição para grandes férias. Vamos a ver se até ao fim do mês consigo tirar dois ou três dias para descontrair, aqui por estas bandas.

Recebi os cheques e registei a renovação da sua assinatura e espero que tenha recebido o livro em boas condições e que lhe esteja a agradar. Quanto à liquidação das P.O.s vendidas aí, de acordo.

Quanto ao prof. Lages, só soubemos da sua passagem por Lisboa através da sua carta e foi pena, porque justamente nesta altura tínhamos pensado em contactá-lo para tentar obter documentação relativa à guerra colonial. Um grupo de antigos desertores e refractários tem feito algumas reuniões para preparar a formação de uma associação, que teria entre outros objectivos o de divulgar factos e números relativos à guerra. Como você gosta de estar informado sobre estas questões, mando-lhe o projecto inicial, redigido pelo José Mário Branco.

Conto desde já com um artigo seu para a próxima P.O. sobre a participação da extrema-esquerda nas eleições europeias. Quanto ao PT - Partido dos Trabalhadores, ouvimos falar mas não sabemos nada. Se obtiver alguma informação, não deixarei de lha mandar. E por hoje, é tudo. Aceite um abraço e mais uma vez o meu agradecimento pelo seu amável convite.

José Manuel Lages foi o professor que impulsionou a criação de uma extensa exposição e um museu sobre a guerra colonial, em Famalicão, em 1989. (Nota de AB)

Carta 14
26/04/1995

Caro Amigo:

Em resposta ao seu pedido por telefone, junto envio 10 guias de remessa da P.O., em duplicado (nº 5/073 a 6/082) e 10 recibos já carimbados (nºs 252 a 261), umas e outros em duplicado, para usar conforme necessário.

Se por acaso vier a Lisboa no 1º de Maio, não deixe de se encontrar connosco na apresentação do último livro Dinossauro, ‘‘História da Comuna de 1873”, de Lissagaray, que vai ter lugar no restaurante “Expresso de Paris”, Avenida de Paris, 12-A (perto da praça do Areeiro), pelas 17 horas.

Aproveito a ocasião para lhe pedir já colaboração para a próxima PO. É o nº 50, completa dez anos de publicação e tencionamos fazer um número com mais páginas e, na medida do possível, com a participação de todos os colaboradores. Como de costume, o assunto do artigo fica ao seu critério.

Por aí tudo bem? Aceite um abraço com as minhas saudações

Carta 15
06/09/1995

Caro Camarada:

Obrigado pela sua carta, devoluções da P.O. e cheques. Está tudo em ordem. Também recebi a sua mensagem telefónica. Depois duma semana de férias (o stalinismo é assim, não dá direito a mais!), retomo actividades e já temos alguns artigos (demasiado extensos e pesados, receio) para organizar o sumário da próxima revista. Contamos dedicar umas 5-6 páginas aos dramas eleitorais, comentados sob várias vertentes. Se estiver para aí virado e quiser mandar-nos alguma coisa sobre isso até dia 30 do corrente, faz-nos jeito. Se a sua colaboração for sobre outra matéria (questões do ensino, por exemplo), aí já lhe peço que nos faça chegar um pouco mais cedo, até dia 22. Vamos tentar fechar a revista por essa data, deixando só as páginas do dossier eleições para os últimos episódios.

Marcámos para 22 de Outubro, domingo, um encontro para comemorar o nosso 10º aniversário. Constará duma parte de confraternização e de outra dedicada a debater um pouco o balanço de dez anos, perspectivas da P.O., situação do movimento marxista internacional, etc. Sobre estes temas será elaborado um texto introdutório do debate, de que lhe enviarei cópia oportunamente (lá para meados de Outubro, não antes, porque até lá a P.O. 51 vai dar-nos trabalho). Se quiser e puder vir a este encontro, dar-nos-á grande satisfação. Diga-nos depois alguma coisa. Aceite um abraço.

Carta 16
12/10/1995

Caro Amigo:

A P.O. já está na tipografia e deve recebê-la no princípio da próxima semana. Verá que o seu artigo foi fortemente cortado. Espero que não me leve a mal mas chegou já no fim e o espaço excedia em muito o que me tinha dito inicialmente (1 pág.). Procurei conservar o fio da exposição, restringindo ao essencial. Também o quadro ficou reduzido aos dois grupos, Trotsquistas e M-L, sem discriminar. Penso ter mantido o interesse do artigo. Você dirá.

O nosso encontro-festa vai por diante, no sábado 21 (e não domingo, como lhe tinha dito). O Fernando Rosas vem participar no debate(2), assim como o nosso colaborador Ângelo Novo. À noite teremos convívio com intervenção de alguns artistas. Se puder, venha. Um abraço


Notas de rodapé:

(1) Edgar Rodrigues radicou-se no Brasil desde 1951, ano em que deixou Portugal para escapar à perseguição de Salazar. Foi um dos principais responsáveis pela documentação e publicação de boa parte da história recente do anarco-sindicalismo nos dois países. (Nota de AB). (retornar ao texto)

(2) Fernando Rosas não pôde comparecer. (Nota de AB). (retornar ao texto)

Inclusão 12/11/2018