Aos Cidadãos. Viva a Bandeira Vermelha!

J. V. Stálin

15 de Fevereiro de 1905


Primeira Edição: Publicado segundo o texto da proclamação impressa na tipografia do Comitê de Tíflis do P.O.S.D.R. Assinado: o Comitê de Tíflis. .
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 1º vol., pg. 69 a 71. Editorial Vitória, 1954 – traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
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Fernando A. S. Araújo.
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Grandes esperanças e grandes desilusões! Em vez de hostilidade nacional, amizade e confiança recíproca! Em vez do pogromo fratricida, uma demonstração grandiosa contra o tzarismo culpado pelos pogromos! Ruiram as esperanças do governo tzarista; tanto isso é verdade, que ele não conseguiu nem mesmo lançar umas contra as outras as nacionalidades de Tíflis!...

De há muito tempo o governo do tzar se esforça por incitar os proletários uns contra os outros, de há muito tempo se esforça por desarticular o movimento geral do proletariado. Com esse fim organizou os pogromos de Gomei, de Kichniov e de outras localidades. Com o mesmo objetivo desencadeou em Baku uma guerra fratricida. E eis que, finalmente, os olhos do governo tzarista se voltaram para Tíflis. Aqui, no centro do Cáucaso, propunha-se ele a encenar uma tragédia sangrenta e a estendê-la, depois, à província! E não se trata de uma ninharia! Atiçar umas contra as outras as nacionalidades do Cáucaso e afogar no próprio sangue o proletariado do Cáucaso! O governo tzarista esfregava as mãos de alegria. Já espalhara proclamações com o incitamento: agora aos armênios! E contava com o sucesso. De repente, a 13 de fevereiro, uma multidão de vários milhares de armênios, georgianos, tártaros e russos, por assim dizer, a despeito do governo do tzar, reúne-se no recinto da catedral de Vank e faz o juramento de auxílio mútuo "na luta contra o demônio que semeia a discórdia entre nós". A unanimidade é completa. São pronunciados discursos com a palavra de ordem: "união". A massa aplaude os oradores. Distribuem-se os nossos apelos (3.000 exemplares). A massa acolhe-os com entusiasmo. Aumenta a tensão da massa. A despeito do governo, decide reunir-se no dia seguinte no recinto da mesma catedral, para, mais uma vez, jurar "amarem-se uns aos outros".

14 de fevereiro. Todo o recinto da catedral e as ruas adjacentes estão cheias de povo. Nossos apelos são distribuídos e lidos com toda a liberdade. A massa subdivide-se em grupos e discute o conteúdo dos apelos. Pronunciam-se discursos. Aumenta a tensão da massa. Ela decide realizar uma demonstração nos arredores da sinagoga e da mesquita, "jurar amarem-se uns aos outros", parar no cemitério persa, jurar mais uma vez e dispersar-se. A massa executa sua decisão. No caminho, próximo à mesquita e ao cemitério persa, pronunciam-se discursos, distribuem-se nossos apelos (nesse dia foram espalhados 12.000 exemplares). Continua aumentando a tensão da massa. Explode a energia revolucionária acumulada. A multidão decide percorrer, em manifestação, a rua Dvortsovaia, a avenida Golovinski e só se dispersar depois disso. Nosso comitê aproveita a ocasião e organiza imediatamente um pequeno núcleo dirigente. Este núcleo, tendo à testa os operários mais conscientes, ocupa um ponto central e defronte do próprio palácio do governo hasteia uma improvisada bandeira vermelha. O porta-bandeira, carregado nos braços dos manifestantes, pronuncia um discurso nitidamente político, no qual, antes de tudo, pede aos companheiros que não se importem com o fato de não trazer a bandeira uma palavra de ordem social-democrática. "Não, não! — respondem os manifestantes — trazemo-la em nosso coração!". Ele, então, explica o significado da bandeira vermelha, critica, do ponto de vista da social-democracia, os oradores que o precederam, desmascara o caráter equívoco de seus discursos, indica a necessidade de destruir o tzarismo e o capitalismo e conclama os manifestantes à luta sob a bandeira vermelha da social-democracia. "Viva a bandeira vermelha!" — responde a massa. Os manifestantes prosseguem em direção à catedral de Vank. Durante o trajeto, param três vezes para ouvir o porta-bandeira. Este chama novamente os manifestantes à luta contra o tzarismo, e os convida a jurar que marcharão para a insurreição unânimes como estão agora na manifestação. "Juramos!" — responde a multidão. Em seguida, os manifestantes chegam à catedral de Vank e, após um pequeno choque com os cossacos, dissolvem-se.

Foi assim que se desenrolou a "demonstração de 8.000 cidadãos de Tíflis".

Foi assim que os cidadãos de Tíflis responderam à política farisaica do governo tzarista. Foi assim que se vingaram de um governo vil, pelo sangue dos cidadãos de Baku. Honra e glória aos cidadãos de Tíflis.

Perante uma multidão de muitos milhares de cidadãos de Tíflis que se haviam unido sob a bandeira vermelha e pronunciado várias vezes a sentença de morte contra o governo tzarista, os vis lacaios de um governo vil foram obrigados a recuar. E renunciaram ao pogromo.

Mas, cidadãos, isto significa, porventura, que o governo tzarista não tentará, no futuro, organizar pogromos? Certamente, não! Enquanto viver e na medida em que for perdendo terreno, com freqüência sempre maior ele recorrerá aos pogromos. O único meio de extirpar os pogromos é a destruição da autocracia tzarista.

Prezais a vossa vida e a vida do vosso próximo? Amais vossos amigos, vossos parentes e não quereis pogromos? Sabei então cidadãos, que somente com a destruição do tzarismo é que os pogromos serão liquidados e com eles o derramamento de sangue que os acompanha!

A derrubada da autocracia tzarista, eis o que. antes de tudo, deveis obter.

Quereis a destruição de todo ódio nacional? Aspirais à plena solidariedade dos povos? Sabei então, cidadãos, que só com a destruição da desigualdade, só com a eliminação do capitalismo é que se destruirá toda discórdia nacional!

A vitória do socialismo: eis, em suma, o que deveis alcançar!

Mas quem varrerá da face da terra as ordens infames do tzarismo, quem vos libertará dos pogromos? O proletariado dirigido pela social-democracia.

E quem destruirá a ordem capitalista, quem instaurará sobre a terra a solidariedade internacional? O mesmo proletariado, dirigido pela mesma social-democracia.

O proletariado, e apenas o proletariado, eis quem conquistará para vós a liberdade e a paz.

Cerrai, portanto, fileiras compactas em torno do proletariado e alistai-vos sob a bandeira da social-democracia!

Sob a bandeira vermelha, cidadãos!

Abaixo a autocracia tzarista!

Viva a república democrática!

Abaixo o capitalismo!

Viva o socialismo!

Viva a bandeira vermelha!


pcr
Inclusão 13/12/2010