A Contra-Revolução Internacional

J. V. Stálin

14 de julho de 1906


Primeira Edição: Jornal "Akhali Tskhovreba" (Vida Nova), n.º 20, 14 de julho de 1906.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 1º vol. – traduzida da edição italiana  da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.
Tradução de:........
Transcrição e HTML de: Fernando A. S. Araújo, dezembro 2005.
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A Rússia contemporânea lembra sob muitos aspectos a França dos tempos da grande revolução. Essa analogia exprime-se entre outras coisas no fato de que também entre nós, como na França, a contra-revolução se estende e, em vez de permanecer nas próprias fronteiras, entra em aliança com a contra-revolução dos outros Estados, adquire gradativamente um caráter internacional. Na França o velho governo havia-se aliado ao imperador austríaco e ao rei da Prússia, havia chamado em seu auxílio os exércitos deles e tomara a ofensiva contra a revolução popular. Na Rússia o velho governo alia-se aos imperadores alemão e austríaco, quer chamar em auxílio os exércitos deles e afogar em sangue a revolução popular.

Já há um mês, circulavam rumores precisos segundo os quais "a Rússia" e "a Alemanha" estavam em negociações secretas (vide Séviernaia Zviezdá n.º 3) [1*]. Em seguida, os rumores tornaram-se ainda mais insistentes. E agora chegou-se ao ponto de o jornal das Centúrias Negras, Rossíia [2*] afirmar abertamente que os culpados da atual situação difícil da "Rússia" (isto é, da contra-revolução) são os elementos revolucionários. "O governo imperial alemão – diz o jornal dá-se plenamente conta de tal situação e por isso tomou toda uma série de medidas adequadas, que não deixarão de levar aos resultados desejados". Ao que parece, essas medidas consistem no propósito de a "Áustria" e a "Alemanha" enviarem tropas em auxílio da Rússia", no caso de que a revolução russa alcançasse êxitos. Além disso, elas já se puseram de acordo a esse respeito e decidiram que, "nas condições conhecidas, a intervenção ativa nos assuntos internos da Rússia, com o fim de esmagar ou limitar o movimento revolucionário, poderia demonstrar-se desejável e útil...".

Assim fala a Rossíia.

Como vedes, a contra-revolução internacional efetua de há muito grandes preparativos. É sabido que já de há muito ela ajuda financeiramente a Rússia contra-revolucionária em luta contra a revolução. Contudo, não se limitou a essa ajuda. Ao que parece, já decidiu enviar também tropas em seu auxílio.

Depois disso até um menino compreenderá facilmente o verdadeiro significado da dissolução da Duma, como também o significado das "novas" disposições de Stolipin [3*] e dos "velhos" pogromos de Trepov...[4*] É preciso supor que depois disso se desvanecerão as ilusórias esperanças dos vários liberais e dos outros ingênuos que se persuadirão finalmente de que entre nós não há "constituição" que entre nós existe a guerra civil e que a luta deve ser conduzida militarmente...

Mas a Rússia contemporânea assemelha-se à França daquele tempo também sob outro aspecto. Então a contra-revolução internacional provocava a extensão da revolução; a revolução atravessava as fronteiras da França e como uma torrente impetuosa derramava-se pela Europa. Se os "coroados" da Europa se haviam unido numa aliança geral, por outro lado também os povos da Europa estenderam-se as mãos uns aos outros. O mesmo fenômeno observamos na Rússia. "A toupeira cava muito bem"... A contra-revolução russa, unindo-se à contra-revolução européia, estende incessantemente a revolução, une entre si os proletários de todos os países e lança os alicerces da revolução internacional. O proletariado da Rússia marcha à frente da revolução democrática, estende a sua mão fraterna e une-se ao proletariado europeu, que iniciará a revolução socialista. Como é sabido, em seguida aos fatos de 9 de janeiro, começou-se a realizar grandes comícios em toda a Europa. A ação de dezembro deu origem a demonstrações na Alemanha e na França. Não há dúvida de que a iminente ofensiva da revolução russa impelirá ainda mais decididamente à luta o proletariado europeu. A contra-revo1ução internacional não fará senão consolidar, aprofundar, reforçar e colocar num terreno sólido a revolução internacional. A palavra de ordem: "Proletários de todos os países, uní-vos" encontrará sua verdadeira expressão.

Trabalhai, portanto, senhores, trabalhai! À revolução russa que se estende, seguir-se-á a revolução européia, e nesse momento... soará a hora não só para os restos feudais, como também para o vosso predileto capitalismo.

Sim, vós "cavais muito bem", senhores contra-revolucionários.

 Assinado: Koba


Notas:

[1*] Séviernaia Zviezdá (A Estrêla do Norte), diário legal bolchevique, publicou-se em Petersburgo de 23 a 28 de junho de 1906.

[2*] Rossíia (A Rússia), diário do ministério do interior. Era o porta-voz da polícia e das Centúrias Negras. Publicou-se de novembro de 1905 a abril de19l4.

[3*] Em junho e julho de 1906 o ministro do interior P. A. Stolipin expediu às autoridades locais instruções no sentido de uma impiedosa repressão militar do movimento revolucionário dos operários e dos camponeses e das organizações revolucionárias.

[4*] D. Trepov, governador-geral de Petersburgo. Dirigiu a repressão da revolução em 1905.

Inclusão 22/12/2005