Os Extravagantes Apartidistas

J. V. Stálin

15 de Abril de 1912


Primeira Edição: “Zviezdá” (“A Estrela”), jornal de Petersburgo, n.° 30. 15 de abril de 1912.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 220-222, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
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O progressismo apartidário virou moda. Nada se pode fazer, tal é a natureza do intelectual russo: tem necessidade de uma moda. Sentiu-se atraído pelo saninismo(1), ocupou-se com o decadentismo; hoje chegou a vez do apartidismo.

Que é o apartidismo?

Na Rússia existem os latifundiários e os camponeses, cujos interesses são opostos; a luta entre eles é um fenômeno inevitável. Mas o apartidismo transcura esses fato, propende a silenciar sobre o antagonismo de interesses.

Na Rússia existem os burgueses e os proletários; a vitória de uma dessas duas classes significa a derrota da outra. Mas o apartidismo dissimula a oposição dos interesses, fecha os olhos diante da luta de classes.

Toda classe tem o seu partido com um programa particular e uma fisionomia particular. Os partidos dirigem a luta das classes: sem os partidos não haveria luta, porém caos, falta de clareza, mistura dos interesses. Mas o apartidismo não ama a clareza e a precisão, prefere a nebulosidade e a ausência de programa.

A dissimulação das contradições de classe, o silêncio sobre a luta das classes, a ausência de fisionomia, a luta contra os programas, a tendência ao caos e à mistura dos interesses: tal é o apartidismo.

A que visa o apartidismo?

A união do que não se pode unir, à realização do irrealizável.

Unir em aliança os burgueses e os proletários, lançar uma ponte entre os grandes latifundiários e os camponeses, pôr em movimento um cargueiro com o auxílio de um cisne, de uma lagosta e de um lúcio: eis a que tende o apartidismo.

O apartidismo sente que é impotente para unir o que não se pode unir, e por isso suspira:

“Ah! se... se... se...
Cogumelos na minha boca brotassem!”.

Mas os cogumelos não brotam na boca, e todas as vezes o apartidismo fica com um punhado de moscas, de boca aberta.

Um homem sem cabeça ou, mais precisamente, com um nabo sobre os ombros no lugar da cabeça: eis o apartidismo .

Justamente essa é a posição da revista “progressista” Zapróci Jízni(2).

“Os partidos de direita já tomaram a sua decisão — diz essa revista — e unem-se numa só massa reacionária para lutar contra toda a oposição progressista... Ao bloco das direitas deve portanto ser contraposto o bloco das esquerdas, um bloco que abarque todos os elementos sociais progressistas” (vide Zapróci Jízni, n.° 6).

Mas quem são esses “elementos progressistas”?

São os renovadores pacíficos(3), os cadetes, os trudovikí, os social-democratas. Isto é, os burgueses “progressistas”, os latifundiários liberalóides, os camponeses que têm fome das terras dos grandes proprietários, os proletários que lutam contra os burgueses.

E as Zapróci Jízni esforçam-se por obter a união desses “elementos”!

Muito original e... pouco inteligente, não é verdade?

E esse periódico de homens sem princípios prepara-se para dar lições aos social-democratas sobre a tática a seguir nas eleições para a quarta Duma?

Extravagantes!...

Assinado: K. S-n.


Notas de fim de tomo:

(1) Do nome de Sánin, personagem amoral, protagonista do romance homônimo de Artsibachev. (retornar ao texto)

(2) Zapróci Jízni (Exigências da Vida), revista de tendências variadas publicada em Petersburgo nos anos 1909-1912. (retornar ao texto)

(3) Membros de um partido da grande burguesia industrial e comercial e dos latifundiários, fundado em 1906, que Lênin chamava “o partido da rapina pacífica”. (retornar ao texto)

Transcrição
pcr
Inclusão 25/10/2019