Mandato dos Operários de Petersburgo ao seu Deputado Operário(1)

J. V. Stálin

Outubro de 1912


Primeira Edição: Publicado em boletim na primeira quinzena de outubro de 1912.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 240-242, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
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capa

As reivindicações que o povo russo lançou com o movimento de 1905 permaneceram inatendidas.

O desenvolvimento da reação e do “regime renovado”, não só não atendeu àquelas reivindicações, mas, pelo contrário, fê-las sentir mais vivamente ainda.

Os operários são frequentes vezes privados não só da possibilidade de fazer greve, porquanto não existe garantia alguma de que não se dispare sobre eles; não só da possibilidade de organizar associações e reuniões, porquanto não existe garantia alguma de que não sejam presos por isto, como também de eleger a Duma, porquanto em qualquer caso dar-se-lhes-á uma “interpretação”(2) ou serão condenados à deportação: os operários da Putílov e dos estaleiros do Neva tiveram liá poucos dias uma “interpretação”.

Nem falemos sequer das dezenas de milhões de camponeses esfomeados, abandonados ao arbítrio dos grandes latifundiários e dos chefes dos zemstvos...

Tudo isso demonstra a necessidade de que as reivindicações de 1905 sejam atendidas.

A situação da vida econômica na Rússia, os sintomas da futura crise industrial, que já se manifestam, e o empobrecimento de amplas camadas de camponeses, que se acentua cada vez mais, tornam premente a necessidade de se resolverem os problemas de 1905.

Pensamos portanto que a Rússia esteja justamente em véspera de movimentos de massa, talvez mais profundos que os de 1905. As ações do Lena, as greves de protesto contra as “interpretações”, etc., são uma prova disso.

Iniciará esses movimento, como em 1905, a classe mais avançada da sociedade russa, o proletariado russo.

Somente as martirizadas massas camponeses, vivamente interessadas na emancipação da Rússia, podem ser aliadas dele.

Luta em duas frentes, contra a ordem burocrática feudal e contra a burguesia liberal que procura uma aliança com o velho poder: eis a forma que deve assumir a ação futura do povo.

E essa luta será vitoriosa somente na medida em que a classe operária se puser à testa do movimento popular.

Mas a classe operária, para poder executar com honra a função de cabeça do movimento popular, deve estar munida da consciência dos seus interesses e de uma grande capacidade de organização.

A tribuna da Duma é, nas presentes condições, um dos meios melhores para educar e organizar as amplas massas do proletariado.

Precisamente por essa razão mandamos à Duma o nosso deputado, dando a ele e a toda a fração social-democrata na quarta Duma o mandato de popularizar da tribuna parlamentar as nossas reivindicações e não de ocupar-se do jogo fátuo de fazer leis na Duma dos senhores.

Desejaríamos que a fração social-democrata na quarta Duma e, em particular, o nosso deputado mantivessem bem alta a bandeira da classe operária no campo inimigo da Duma negra.

Desejaríamos que do alto da tribuna da Duma a voz dos membros da fração social-democrata se elevasse com força para falar dos objetivos finais do proletariado; das reivindicações integrais e não truncadas de 1905; da classe operária russa, como cabeça do movimento popular; do campesinato, como aliado mais seguro da classe operária; da burguesia liberal, como traidora da “liberdade do povo”.

Desejaríamos que no seu trabalho, alicerçado sobre as palavras de ordem supraditas, a fração social-democrata estivesse unida e sólida.

Que haurisse sua força de um contato continuo com as amplas massas.

Que enquadrasse sua ação na organização política da classe operária da Rússia.


Notas de fim de tomo:

(1) o Mandato dos operários de Petersburgo a seu deputado operário foi aprovado por unanimidade nas assembleias operárias das maiores empresas de Petersburgo e no congresso dos delegados operários a 17 de outubro de 1912. A discussão sobre o Mandato nas assembleias volantes de oficina, foi dirigida por Stálin. Lênin deu uma particular importância ao Mandato; à margem do texto que enviou à tipografia escreveu de seu próprio punho: “Restituí-lo sem falta! Não sujá-lo. É extremamente importante conservar este documento”. O Mandato foi publicado no n.° 28-29 do Sotzial-Demokrat, 5 (18) de novembro de 1912. Na carta à redação da Pravda, Lênin insistia: “Publiquem este mandato ao deputado de Petersburgo bem à vista e com caracteres graúdos (vide Obras completas, III edição, vol. XXIX, pág. 78). Traduzimos por mandato a palavra russa nakaz que significa: relação por escrito dos desideratos e das reivindicações que os eleitores apresentavam ao seu deputado. (retornar ao texto)

(2) O termo “interpretação” entrou em uso quando o Senado começou a “interpretar” as leis eleitorais no sentido desejado pelo governo, isto é, anulando eleições já realizadas. Na Rússia tzarista o Senado tinha funções jurídico-administrativas. (retornar ao texto)

Transcrição
pcr
Inclusão 25/10/2019