O Aniversário do Massacre do Lena(1)

J. V. Stálin

Janeiro/Fevereiro de 1913


Primeira Edição: Escrito em janeiro-fevereiro de 1913 e difundido em texto mimeografado.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 2º vol., pág: 353-356, Editorial Vitória, 1952 – traduzida da 2ª edição italiana G. V. Stalin - "Opere Complete", vol. 2 - Edizioni Rinascita, Roma, 1951.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: Licença Creative Commons licenciado sob uma Licença Creative Commons.


capa

Camaradas!

Passou-se um ano desde a matança do Lena, em que tombaram 500 companheiros nossos. A 4 de abril de 1912, nas minas, durante uma greve econômica, pacífica, por ordem do tzar russo, para favorecer um punhado de milionários, foram atingidos pelas balas 500 irmãos russos.

O capitão dos gendarmes, Trechtchenko, que em nome do tzar executou aquele massacre, após haver recebido altas honrarias do governo e uma generosa recompensa dos industriais do ouro, diverte-se agora nas tabernas aristocráticas à espera de que o nomeiem chefe da Okhrána. No primeiro momento prometeu-se auxiliar as famílias dos mortos; resulta que se mentiu descaradamente. Prometeu-se instituir o seguro estatal para os operários do Lena; resulta que foi uma burla. Prometeu-se “instaurar um inquérito”, mas na realidade o governo ocultou até o resultado das indagações feitas pelo seu próprio enviado, o senador Manúkhin.

“Assim foi, assim será”, lançou da tribuna da Duma o ministro carrasco Makárov. E verificou-se que ele tinha razão: o tzar e seus amigos foram e são mentirosos, per- juros, massacradores, e são uma camarilha que executa a vontade de um punhado de bárbaros latifundiários e milionários.

A 9 de janeiro de 19o5, na praça do Palácio de Inverno, em Petersburgo, a confiança na velha autocracia pré-revolucionária foi ferida de morte.

A 4 de abril de 1912, no longínquo Lena, foi ferida de morte a confiança na atual autocracia post-revolucionária “renovada”.

Quem quer que tenha acreditado que exista entre nós um regime constitucional, quem quer que tenha pensado em que as atrocidades passadas não poderão mais repetir-se, convenceu-se de que não é assim; que a corja tzarista continua como dantes a sua dominação sobre o grande povo russo; que a monarquia de Nicolau Románov exige como dantes que no seu altar se imolem centenas e milhares de operários e de camponeses russos; que, como dantes, em toda a Rússia sibilem os chicotes e assobiem as balas dos mercenários do tzar, dos Trechtchenko que se exercitam em cidadãos russos inermes.

A fuzilaria do Lena abriu uma nova página da nossa história. A taça da paciência está transbordante. O dique oposto à indignação do povo rompeu-se. O rio espraiado da cólera popular pôs-se em movimento. As palavras do servo do tzar, Makárov: “assim foi, assim será”, derramaram azeite no fogo. Tiveram o efeito que já teve em 19o5 a ordem do outro cão de fila do tzar, Trépov: “Não poupeis as balas!”. O mar dos trabalhadores refervia, espumejava. E os operários russos respondiam à fuzilaria do Lena com uma unânime greve de protesto de quase meio milhão de trabalhadores. E levantavam ao alto a nossa velha bandeira vermelha, na qual a classe operária havia novamente escrito as três reivindicações fundamentais da revolução russa:

Temos atrás de nós um ano de lutas, e, olhando para trás, podemos dizer com satisfação: o primeiro passo já está dado, o ano não passou em vão.

A greve do Lena fundiu-se com a de Primeiro de Maio. O glorioso Primeiro de Maio de 1912 escreveu com letras de ouro uma nova página na história do nosso movimento operário. A partir de então a luta não se aplacou nem sequer por um instante. A greve política amplia-se, desenvolve-se. Ao fuzilamento dos dezesseis marinheiros de Sebastópol respondem com uma greve revolucionária 150 mil operários, proclamando a aliança do proletariado revolucionário com o exército revolucionário. Contra os truques em detrimento dos operários nas eleições para a Duma, o proletariado protesta com uma greve. No dia da inauguração da quarta Duma(2), no dia da apresentação por parte da fração social-democrática da interpelação sobre os seguros, os operários de Petersburgo organizam demonstrações e greves de vinte e quatro horas. E, enfim, a 9 de janeiro de 1913, cerca de 200 mil operários russos entram em greve, honrando a memória dos combatentes tombados e chamando para uma nova luta toda a Rússia democrática.

Esse é o balanço principal de 1912.

Camaradas! Aproxima-se o primeiro aniversário do massacre do Lena. Devemos a todo o custo celebrar esse dia, temos o dever de fazê-lo. Devemos mostrar que honramos a memória dos nossos companheiros mortos. Devemos mostrar que não nos esquecemos da jornada sangrenta de 4 de abril, como não nos esquecemos do domingo de sangue, o 9 de janeiro.

Com comícios, demonstrações, subscrições, deve celebrar-se por toda parte o dia do aniversário do Lena.

E que toda a Rússia operária naquele dia se funda num único apelo:

O Comitê Central do P.O.S.D.R.

Reimprimi e difundi!

Preparai a celebração do Primeiro de Maio!


Notas de fim de tomo:

(1) O manifesto "O aniversário do massacre do Lena" foi escrito por Stálin em Cracóvia, em janeiro-fevereiro de 1913. Recopiado à mão por N. K. Krúpskaia, foi mimeografado e enviado para a Rússia. Foi difundido em Petersburgo, Kíev, Moguiliov, Tiflis e em outras cidades. (retornar ao texto)

(2) A quarta Duma começou os trabalhos a 15 de novembro de 1912. (retornar ao texto)

Transcrição
pcr
Inclusão 25/10/2019