Telegrama à Secretaria Popular da República Soviética Ucraniana(8)

J. V. Stálin

21 de Fevereiro de 1918


Primeira Edição: no volume: "Documentas Sobre a Derrota dos Invasores Alemães na Ucrânia em 1918". Edições políticas do Estado, 1941.
Fonte: J.V. Stálin - Obras - 4º vol., Editorial Vitória, 1954 - traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
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Fernando A. S. Araújo, setembro 2006.
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Há cinco dias, o general Hoffmann anunciou haver terminado o prazo do tratado de armistício[N9], e no dia seguinte iniciou as operações militares. O Conselho dos Comissários do Povo declarou estar disposto a reiniciar as negociações de paz, mas ainda não recebeu resposta. Evidentemente, o governo alemão não tem pressa em responder porque tenciona saquear o país por completo e, só depois disso, iniciar negociações de paz. Depois de terem conquistado Dvinsk, Rovno, Minsk, Wolmar, Hapsal, os alemães dirigem-se para Petrogrado e Kíev. Evidentemente, o ataque não visa apenas fazer conquistas, mas sobretudo sufocar a revolução e anular-lhe as vitórias.

O Conselho dos Comissários do Povo decidiu organizar a resistência a partir de Petrogrado, mobilizar toda a população operária e também a burguesa, e, no caso de que esta última não queira abrir trincheiras, obrigá-la pela força e constrangê-la a fazê-lo sob o controle dos operários.

É opinião unânime entre os camaradas que vós, cidadãos de Kíev, deveis organizar, sem perder um só minuto, uma igual resistência de Kíev contra o Ocidente, que deveis mobilizar todas as vossas energias, embasar a artilharia, cavar trincheiras, empregar os burgueses no trabalho de escavação sob o controle dos operários, proclamar o estado de sítio e agir com o máximo rigor. Defender Petrogrado e Kíev, retendo a qualquer preço os bandos alemães, é a nossa tarefa comum.

A situação é mais séria do que poderia parecer-vos. Para nós não há dúvida de que os bandos alemães pretendem apoderar-se de Petrogrado e de Kíev e aí, somente aí, nessas capitais, começar a falar em negociações de paz. Penso que não haveis ainda anulado o acordo concluído pela velha Rada com os alemães.[N10]. Em tal caso, parece-nos que não deveis apressar-vos em fazê-lo.

Mais uma vez: sem perder um minuto sequer, empenhai-vos no trabalho sem discussões e mostrai a todos que o Poder Soviético está em condições de se defender.

Toda a nossa esperança repousa nos operários, visto como o chamado exército, agora desmobilizado, só se mostrou capaz de deixar-se vencer pelo pânico e de fugir.

Espero resposta imediata.

Por encargo do Conselho dos Comissários do Povo.

J. Stálin.


Notas de fim de tomo:

[N8] A Secretaria Popular do primeiro governo soviético da República ucraniana foi eleita em dezembro de 1917. Em abril de 1918, quando as tropas alemãs ocuparam a Ucrânia, a Secretaria Popular reorganizou-se e se pôs à testa das massas na luta contra os invasores alemães e os destacamentos de haydamaks (saqueadores cossacos). (retornar ao texto)

[N9] Um armistício pelo prazo de 28 dias foi estipulado entre a Rússia e as potências da quádrupla aliança (Alemanha, Áustria-Hungria, Bulgária e Turquia) a 2 de dezembro de 1917 em Brest-Litovsk. Uma vez que as negociações para a conclusão da paz arrastavam-se demoradamente, o armistício foi prorrogado várias vezes. O Estado-Maior alemão, em violação da cláusula do armistício que estabelecia um aviso prévio de 7 dias para o reinicio das hostilidades, a 16 de fevereiro de 1918 anunciou que o armistício terminaria ao meio-dia de 18, e nesse mesmo dia desfechou a ofensiva em toda a frente. (retornar ao texto)

[N10] A 27 de janeiro de 1918 em Brest-Litovsk, como conclusão de negociações secretas, tinha sido concertado um acordo entre os representantes da Rada Central Ucraniana e os dos governos da quádrupla aliança. (retornar ao texto)

pcr
Inclusão 06/12/2007