Nota de Petrogrado por fio direto a V. I. Lênin[N78]

J. V. Stálin

25 de maio de 1919


Primeira Edição: na coletânea: "Documentos sobre a heróica defesa de Petrogrado em 1919", Moscou, 1941.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 4º vol., Editorial Vitória, 1954 – traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
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Fernando A. S. Araújo, setembro 2006.
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Não há dúvida de que no referente à transferência das unidades a situação é agora melhor do que o foi há três meses, mas para mim é igualmente claro que nem o Comandante-Geral nem o seu Chefe de Estado-Maior conhecem as unidades enviadas a Petrogrado. Por esse motivo verificam-se surpresas deste gênero: sob o nome de regimentos da 2ª brigada ou da brigada de cavalaria de Kazan, são expedidas unidades quase privadas de efetivos. Pelo menos até agora, Petrogrado recebeu ao todo seiscentos aspirantes que possuem realmente capacidade combativa.

E, naturalmente, não se trata da quantidade, mas da qualidade dos destacamentos. Necessitamos ao todo de três regimentos de infantaria, naturalmente capazes de combater, e pelo menos um regimento de cavalaria, para expulsar o bando todo para além do Narva. Se tivésseis podido satisfazer em tempo a esse pequeno pedido, os estonianos teriam sido repelidos desde ontem.

De resto, não existe motivo para preocupação, porque a situação na frente estabilizou-se, a linha reforçou-se e em certos setores os nossos já avançam.

Hoje inspecionei nossas fortificações na Carélia e notei que no conjunto a situação não é má. Os finlandeses continuam calados e é estranho que não tenham aproveitado a ocasião; mas essa estranheza tem sua explicação: a situação interna torna-se para os finlandeses cada vez mais instável, como nos asseguram alguns camaradas finlandeses que estão a par dos fatos.

Mostraram-me hoje a proposta do Comandante-Geral para a redução da frota em conseqüência da crise dos combustíveis. Tive sobre esse assunto uma reunião com todos os nossos peritos navais e convenci-me de que a proposta do Comandante-Geral está completamente errada. Os motivos: em primeiro lugar, as grandes unidades, se forem reduzidas a chatas boiantes, perderão a possibilidade de fazer acionar os canhões, que simplesmente não dispararão, pois existe uma relação direta entre o movimento do navio e a ação dos canhões; em segundo lugar, não é verdade que não temos granadas grandes; faz alguns dias, foram "descobertas" doze barcaças carregadas de granadas; em terceiro lugar, a crise dos combustíveis terminará porque já conseguimos acumular quatrocentos e vinte mil puds de carvão, sem contar a gasolina não retificada, e recebemos diariamente carvão para estrada de ferro; em quarto lugar, convenci-me de que nossa frota se transformará numa verdadeira frota, com marinheiros disciplinados, prontos a defender Petrogrado com todas as suas forças.

Não quero dizer aqui o número das unidades de guerra já prontas, mas considero meu dever declarar que, com as forças navais existentes, poderíamos defender com honra Petrogrado de qualquer ataque do lado do mar.

Considerando tudo isso, eu e todos os camaradas de Petrogrado insistimos no sentido de ser rejeitada a proposta do Comandante-Geral.

Ademais, reputo absolutamente necessário trazer os trens de carvão à razão de dois por dia, por um prazo de três a quatro semanas. Isso, segundo as assertivas de nossos peritos navais, dará à nossa frota submarina e de superfície plena possibilidade de recobrar definitivamente a eficiência.

Stálin.


Nota de fim de tomo:

[N78] Após a ofensiva desfechada por Iudénitch lá por meados de maio de 1919, uma vez que se esboçava o perigo de que Petrogrado pudesse ser vítima de cerco e ocupação por parte dos brancos, o Conselho de Defesa resolveu enviar à frente de Petrogrado Stálin, investido de poderes extraordinários. Na delegação do Conselho de Defesa de 17 de maio se mencionava especialmente que a Stálin era confiado o comando de todos os setores da frente ocidental, a fim de que tomasse todas as providências extraordinárias, necessárias para fazer frente à situação. Stálin chegou a Petrogrado em 19 de maio. (retornar ao texto)

pcr
Inclusão 17/03/2008