Nota de Petrogrado, Por Fio Direto a V. I. Lênin

J. V. Stálin

18 de Junho de 1919


Primeira Edição: "Pravda" ("A Verdade"), n.° 53, 23 de fevereiro de 1941.
Fonte: J.V. Stálin – Obras – 4º vol., Editorial Vitória, 1954 – traduzida da edição italiana da Obras Completas de Stálin publicada pela Edizioni Rinascita, Roma, 1949.
Tradução: Editorial Vitória
Transcrição: Partido Comunista Revolucionário
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Fernando A. S. Araújo, setembro 2006.
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Julgo necessário chamar sua atenção para as seguintes questões.

Primeiro. Koltchak é o inimigo mais sério, porque tem espaço suficiente para retirar-se, material humano suficiente para o exército, retaguarda rica de trigo. Em confronto com Koltchak, o general Rodzianko não passa de um mosquito, porque não tem nem trigo na retaguarda, nem espaço para retirar-se, nem material humano suficiente. A mobilização de vinte classes que, por falta de material humano, é obrigado a efetuar nos seus dois ou três distritos, se transformará no seu túmulo, porque os camponeses não a tolerarão e se desligarão infalivelmente dele. Por isso, não é preciso em nenhum caso tirar da frente oriental, para transferi-las à frente de Petrogrado, uma quantidade tal de tropas de modo a impor-nos a paralisação da ofensiva na frente oriental. Para empurrar Rodzianko até à fronteira estoniana (não temos nenhum motivo para ir além), basta uma divisão, cuja retirada da frente oriental não determinará a paralisação da ofensiva. Peço dispensar a esse fato especial atenção.

Segundo. Na zona de Kronstadt foi descoberto um extenso complô. Nele estão implicados os comandantes de bateria de todos os fortes da zona fortificada de Kronstadt. O objetivo do complô é apoderar-se da fortaleza, submeter a frota, abrir fogo pelas costas das nossas tropas e desimpedir para Rodzianko o caminho de Petrogrado. Os documentos que comprovam tudo isso estão em nossas mãos.

Consigo agora explicar a mim mesmo a cínica temeridade com que Rodzianko marchou sobre Petrogrado com forças relativamente pequenas. São também compreensíveis a desfaçatez dos finlandeses e as deserções epidêmicas dos nossos oficiais efetivos. É compreensível também o estranho fato de que no momento da traição de Krásnaia Gorka os navios ingleses tenham desaparecido não se sabe para onde: os ingleses evidentemente não julgavam "conveniente" imiscuir-se diretamente no assunto (intervenção!), propondo-se entrar em cena no segundo tempo, após a passagem do forte e da frota para as mãos dos brancos, a fim de "ajudarem o povo russo" a organizar um novo "regime democrático".

Evidentemente todo o jogo de Rodzianko e de Iudénitch (em cujas mãos convergem todos os fios do complô, financiado pela Inglaterra através da embaixada ítalo-suíço-dinamarquesa) se baseava no desfecho favorável do complô que, como espero, foi por nós sufocado ao nascer (todos os que nele estavam implicados foram presos e as averiguações prosseguem).

Dirijo-lhe um pedido: nenhuma indulgência para com os presos que pertencem ao pessoal das embaixadas, regime severo até o momento em que terminar a instrução do processo que descobriu novos fios importantes.

Comunicarei mais pormenorizadamente dentro de três ou quatro dias, quando espero ir a Moscou por um dia, se não houver objeções.

Mando o mapa. Não pude até agora enviá-lo, pelo simples fato de que estive sempre ausente para ocupar-me dos assuntos militares, o mais das vezes na frente.

Stálin
18 de junho de 1919, três horas da madrugada.


pcr
Inclusão 17/03/2008