O jornal bolchevique da fábrica

Brochura de instrução para agitação nas fábricas, aprovada pelo Birô de Agitação e Propaganda do Comitê Central do KPD(ML)

Partido Comunista da Alemanha (Marxista-Leninista)

1 de junho de 1972


Título Original: Die Bolschewistische Betriebszeitung.

Fonte para a tradução: Brochura “Die Bolschewistische Betriebszeitung” (O Jornal Bolchevique da Fábrica), 1 de junho de 1972, Berlim.

Tradução e Adaptação: Thales Caramante.

HTML: João Batalha.

Creative Commons


Nota Preliminar

Esta brochura foi redigida no final de 1971. Naquele momento, a tentativa dos liquidacionistas pequeno-burgueses de destruir o Partido havia atingido seu ápice.

Os liquidacionistas conseguiram, em grande medida, isolar o Partido das grandes lutas dos operários metalúrgicos no outono de 1971 e arrastá-lo para o sectarismo. Os elementos pequeno-burgueses — incitados por forças hostis — capitularam diante do acelerado acirramento da luta de classes na República Federal Alemã (RFA). Com cada vez mais descaramento, eles se voltaram contra a linha proletária do KPD(ML), tentando impor sua pretensa hegemonia pequeno-burguesa sobre o Partido da classe operária.

Onde os liquidacionistas não conseguiam avançar com sua verborragia intelectualista sobre a “luta ideológica como processo livre”, que apenas servia para paralisar o trabalho nas bases, eles atuavam abertamente como agentes da burguesia e do revisionismo moderno. Alegavam que a classe operária não poderia desenvolver consciência de classe por si mesma, e tentavam desviar a militância da luta concreta para debates estéreis e divergências acadêmicas. Buscavam transformar o Partido num clube de debates teóricos e a propaganda operária numa “atividade escolar”, destinada a educar os trabalhadores segundo os dogmas dos “teóricos” pequeno-burgueses. Assim, seu objetivo final era desarticular os comitês de base e dissolver sistematicamente as células de fábrica do Partido.

Muitos camaradas operários, que haviam se aproximado do Partido justamente por reconhecerem seu enraizamento nas lutas reais, afastaram-se temporariamente durante esses ataques, levados pela confusão e pelo desânimo. Mas no decorrer da luta, voltaram, agora ainda mais conscientes, para repelir firmemente o fracionismo e a sabotagem.

Foi graças à clareza política e à firmeza organizativa do Comitê Central do KPD(ML) que o Partido conseguiu, mesmo nas condições mais difíceis, resistir. O Comitê Central jamais concedeu qualquer espaço às forças oportunistas.

As divergências em relação ao marxismo-leninismo foram combatidas e, a tempo, as fileiras partidárias foram purificadas dos elementos irrecuperáveis e hostis.

Com a autocrítica profunda e abrangente do Comitê Central, e com a reafirmação do Partido em torno da linha proletária, foi colocado um marco decisivo no desenvolvimento do KPD(ML).

O Partido se encontra agora na fase de consolidação. Em todos os lugares — sobretudo no trabalho de base nas fábricas — é preciso tirar lições rigorosas dos erros do passado. Essas experiências devem ser sintetizadas, pois são parte do legado vivo do Partido Bolchevique: a luta pela conquista das grandes empresas industriais como bases da revolução e pela construção de trincheiras sólidas nos centros operários. É nessa frente de batalha, no trabalho cotidiano de base, que a firmeza na linha revolucionária do KPD(ML) começa a dar frutos visíveis.

Munido agora do programa do KPD(ML), com diretrizes corretas para a construção partidária e um novo estatuto, o Partido está pronto, ao fim dessa fase de consolidação, para dar um salto qualitativo em direção à fusão orgânica entre Partido e classe. Essa é a principal tarefa da atual etapa da revolução na Alemanha: conquistar a hegemonia do proletariado e avançar para o comunismo!

A publicação desta brochura busca deixar isso absolutamente claro: a consolidação interna e a conexão com as massas. A consolidação ideológica e organizativa do Partido avança passo a passo, junto com o fortalecimento das suas ligações com a classe e o enraizamento nas massas.

Assim, esta brochura é também uma arma contra os resquícios de sectarismo e capitulação entre os camaradas. Ainda que ela não trate diretamente das manifestações mais recentes do oportunismo de direita ou das tendências liquidacionistas, combate, sim, os desvios que lhes deram origem, desmontando-os de forma concreta.

Esta brochura tampouco pretende ser um manual técnico sobre a situação atual do trabalho de base nas fábricas. Ainda assim, consideramos útil oferecer aos camaradas engajados nas lutas operárias um guia que, mesmo sendo geral em alguns pontos, apresenta as principais contradições da prática e orienta sua superação com base na experiência acumulada.

Para muitas células de base e destacamentos operários, esta publicação representa um novo impulso ao trabalho de fábrica. Camaradas, avancemos com energia revolucionária! Façamos desta brochura uma ferramenta viva para nosso trabalho cotidiano!

Na próxima fase da construção partidária, o Comitê Central terá a tarefa especial de aprofundar ainda mais a direção prática e o acompanhamento direto do trabalho de base. Assim, o Partido se bolcheviza, e a linha de Lênin se realiza! Toda célula de fábrica deve ser nossa fortaleza!

I. O jornal operário como propagandista, agitador e organizador coletivo

O jornal operário é a voz do Partido dentro da fábrica. Ele expressa, simultaneamente, a unidade contraditória entre o nível atual da luta de classes e o nível de desenvolvimento da construção partidária. Essa contradição se manifesta em perguntas como: “O jornal operário só pode existir como órgão da célula partidária na fábrica se essa célula já estiver organizada? Ou o jornal é um instrumento para possibilitar a formação da célula, mesmo antes de sua consolidação? A principal função do jornal é a agitação ou a propaganda partidária?”

a) O jornal operário e a construção do Partido

O Partido Comunista da Alemanha (Marxista-Leninista) (KPD-ML) encontra-se atualmente na primeira fase da construção partidária — a fase da formação da vanguarda proletária, da conquista do núcleo dirigente e da unificação dos quadros comunistas(1).

A principal tarefa do Partido neste estágio é a conquista e forja do núcleo de vanguarda da classe operária. Disso decorre a primazia da propaganda revolucionária sobre a agitação, neste momento da luta.

Os Partidos ligados à Internacional Comunista podem ser, provisoriamente, divididos em três categorias:

a) Partidos que ainda estão na fase puramente propagandística, ou seja, que se encontram nos primeiros passos do trabalho de massas, buscando atrair os setores mais avançados da classe operária sob a bandeira do comunismo.

b) Partidos que já entraram numa fase de lutas mais agudas, e que por isso já conseguem mobilizar, em torno de si, uma fração significativa (às vezes até a maioria) da classe operária.

c) Partidos que já conquistaram o poder político e avançam na consolidação do Estado proletário.(2)

Mas, afinal, qual a diferença entre agitação e propaganda? A propaganda transmite muitas ideias a poucos (e relativamente conscientes) indivíduos, buscando fazer com que essas pessoas compreendam profundamente toda uma concepção de mundo. “O propagandista inculca muitas ideias a uma só pessoa ou a um pequeno número de pessoas, enquanto o agitador inculca uma só ideia ou um pequeno número de ideias, mas, em contrapartida, inculca-as a toda uma massa de pessoas”(3). Já a agitação apresenta uma única ideia, uma palavra de ordem, de forma acessível e emocional, a muitas pessoas — explicando os vínculos entre acontecimentos concretos e a teoria revolucionária. Por exemplo: se explicamos a teoria marxista-leninista do Estado, revelando o caráter de classe do sistema político burguês moderno e demonstrando a necessidade da revolução armada — isso é tarefa da propaganda.

Mas essas explicações políticas e essas múltiplas revelações sobre a política não são um fim em si mesmas; elas preparam o terreno para a agitação comunista, que deve estar sempre vinculada à propaganda.

Nenhuma propaganda sem agitação!

O agitador, todavia, ao tratar do mesmo problema, tomará o exemplo mais flagrante e mais conhecido de sua audiência – digamos, o caso de uma família de desempregados morta de inanição, a miséria crescente etc. – e, aproveitando esse fato conhecido por todos, fará todos os esforços para inculcar nas “massas” uma só ideia: a ideia do absurdo da contradição entre o aumento da riqueza e o aumento da miséria, buscará despertar nas massas o descontentamento e a indignação contra essa flagrante injustiça, deixando ao propagandista o cuidado de dar uma explicação completa dessa contradição. O propagandista atua, portanto, sobretudo por meio da palavra impressa, enquanto o agitador atua pela palavra viva. Do propagandista exigem-se qualidades diferentes das do agitador.(4)

Nesta definição de Lênin manifesta-se com clareza o duplo caráter da agitação. De um lado, ela mobiliza as melhores qualidades proletárias das massas — a solidariedade, a disposição para o combate, o sentimento de classe — sobre a base da consciência política forjada pela propaganda; de outro lado, somente a agitação desperta, em larga escala, o interesse das massas pela própria propaganda e pelo esclarecimento político.

Ambas se complementam, formando uma unidade dialética.

Para nosso trabalho de agitação na fase atual, o centro de gravidade está no despertar do interesse das massas pela propaganda comunista. O aspecto mobilizador da agitação, como preparação para a ação direta, não deve ser negado — mas deve subordinar-se, neste momento, ao objetivo principal, que é o de elevar a consciência das massas.

A agitação comunista conecta o Partido ao movimento real da classe operária; nela se unem “as tarefas mais urgentes da educação política do proletariado com os interesses vitais de toda a sua evolução social e da vida do povo”.

Disso decorre que o jornal operário é, antes de tudo, um instrumento de formação interna de linha proletária e consciência de classe.

Ele deve falar a cada trabalhador de sua fábrica, não de modo abstrato ou doutrinário, mas partindo das experiências concretas de luta, das contradições e injustiças cotidianas. O jornal deve, portanto, manter uma linguagem simples e combativa, capaz de atingir tanto os camaradas já conscientes quanto os que ainda estão despertando politicamente.

Ele não deve converter-se num boletim técnico, nem num jornal meramente noticioso, mas num órgão vivo de combate comunista, que una teoria e prática, agitação e propaganda, sem cair na adoração do espontaneísmo ou da luta fragmentada.

Junto dos panfletos atuais e das filipetas irregulares, o jornal operário é o principal instrumento do trabalho de agitação junto às amplas massas. Ele deve, portanto, ser utilizado principalmente para aproximar os companheiros da propaganda do Partido — cuja principal forma são as ações de agitação organizadas, e sobretudo o Órgão Central do Partido, o “Roter Morgen” (Manhã Vermelha) — O jornal operário jamais deve ser um “miniórgão central”! Isso está absolutamente fora de questão!

O jornal operário é a alavanca, a enxada que prepara o terreno para o trabalho de propaganda. Ao mesmo tempo — embora subordinado — ele cresce em importância à medida que a semente da propaganda germina, os conflitos de classe se intensificam, e o Partido se fortalece. Assim, a agitação feita através do jornal operário — ainda mais quando ligada à mobilização direta e crescente da combatividade operária — prepara o Partido para a fase da ação de massas organizada.

b) O jornal operário – Célula partidária e o grupo vermelho de fábrica

Em termos de princípio, o jornal operário deve ser o órgão da célula partidária na fábrica. Para os dogmáticos, isso significa: “Se não há célula, não pode haver jornal”. Isso é, naturalmente, um disparate completo.

A célula não edita o jornal para se ver impressa ou para ostentar presença; ela o faz porque a agitação é necessária, porque é por meio da agitação que buscamos conquistar os companheiros para a luta de classes revolucionária e para o Partido. Se um jornal operário é capaz de cumprir essa função, seria criminoso não o utilizar para formar uma Célula, ainda que esta não exista plenamente no início — mesmo que haja apenas um comunista isolado ou alguns simpatizantes.

Se um desses camaradas toma a iniciativa de editar um jornal operário, e com sua ajuda consegue atrair outros simpatizantes, formando um núcleo de militância, temos então o surgimento de um Grupo Vermelho de Fábrica — o embrião da futura Célula.

Esquecer esse fator organizador da função do jornal operário equivale a perder seu objetivo central de vista. Isso é ainda mais verdadeiro atualmente, em que constantemente companheiros e companheiras escrevem sobre suas lutas, e os jornais operários se transformam, cada vez mais, em instrumentos de contato entre o Partido e as massas operárias, por meio dos quais se recrutam novos militantes e simpatizantes.

Em muitas fábricas, de fato, a situação é precisamente esta: a Célula ainda não está estabelecida formalmente, mas já se desenvolve em torno de um jornal operário. A pergunta que se coloca, portanto, é: quais tarefas surgem dessa situação para o jornal?

c) As tarefas do jornal operário

O jornal do Partido na fábrica não se dirige apenas aos membros da Célula ou aos companheiros simpatizantes, mas sim às amplas massas de colegas de trabalho. Suas tarefas, portanto, são determinadas por essa realidade.

Mesmo quando o objetivo inicial for criar uma célula, o jornal não deve se dirigir exclusivamente aos camaradas mais avançados. Ele deve, sobretudo nesta fase de primazia da propaganda partidária, ocupar um espaço mais amplo, concentrando-se na elevação da consciência política dos colegas, especialmente por meio da propaganda.

Dessa forma, o jornal aproxima os camaradas mais avançados dos materiais centrais do Partido (como o Roter Morgen, os panfletos, brochuras etc.), ao mesmo tempo em que leva as posições do Partido às massas, sem jamais ignorar a necessidade de ligar-se à sua realidade concreta.

Uma boa agitação também deve ser capaz de explicar às massas os nexos políticos mais amplos, de forma propagandística — por exemplo, a necessidade de um Partido marxista-leninista; o papel das organizações sindicais revolucionárias; ou a separação clara entre comunismo científico e o revisionismo moderno.

As questões fundamentais que o jornal deve esclarecer devem sempre surgir das experiências concretas e cotidianas dos companheiros de trabalho.

Por exemplo: no contexto de uma eleição para o conselho de fábrica ou de uma negociação coletiva, pode-se formular uma exigência concreta e demonstrar, com base na conduta dos burocratas do Partido Comunista Alemão (DKP) (Revisionista), como a natureza do revisionismo moderno se revela na prática, e, a partir disso, desenvolver a crítica de conjunto.

Tudo isso, com precisão, no momento certo e com o tom adequado — é isso que vale mais do que toneladas de papel impressas com frases feitas, como se lê, desde a primeira até a última linha: “O revisionismo moderno está condenado à morte!”

Quais questões estão em primeiro plano no jornal operário?

Tarefas de Agitação

1. Apoiar as lutas políticas espontâneas dos trabalhadores na fábrica, sobretudo contra a opressão política cotidiana — por parte de chefes e gerentes, por meio de regulamentos e práticas humilhantes, ou através da legislação, como a Lei Contra Atividades Subversivas (BVG), que busca criminalizar jornais operários. O jornal deve intervir contra toda forma de divisão política da classe trabalhadora, seja por origem nacional (discriminação contra imigrantes), gênero (opressão das mulheres), ou idade (aprendizes e estagiários). O objetivo da agitação política tem como tarefa fundamental a construção da unidade revolucionária da classe operária na fábrica, no combate contra o revisionismo, o reformismo e o oportunismo.

2. Apoiar (e desencadear) as lutas econômicas dos trabalhadores da fábrica, contra todas as formas de divisão econômica (por exemplo, sistemas de bonificação, divisão por grupos de desempenho etc.); contra todas as formas de rebaixamento salarial (por exemplo, redução de salários reais, sistemas de avaliação de desempenho); em defesa do salário igual para trabalho igual e por melhores condições de trabalho; contra acordos de produtividade, racionalização da produção e suas consequências (acidentes, doenças, demissões, etc.); Agitação contra a traição dos reformistas e revisionistas no interior dos sindicatos, que sabotam a luta sindical revolucionária. O objetivo da agitação econômica do jornal operário é forjar a unidade revolucionária no terreno sindical.

3. Luta contra a traição dos conselhos de fábrica, delegados de base e burocratas sindicais reformistas e revisionistas, denunciando-os com base em suas práticas concretas. Agitação por delegados e conselhos revolucionários, pelo combate de classe e pela unidade de todos os marxista-leninistas dentro do KPD(ML). Combate a todas as manobras oportunistas que dividem os trabalhadores.

4. Apoio às campanhas políticas dentro e fora das fábricas conduzidas pelo KPD(ML). Por exemplo, 1º de Maio, eleições, manifestações, comícios etc.

Tarefas de Propaganda

1. Explicar a conexão entre a agitação política e a agitação econômica, mostrar como se ligam política e economia, esclarecer a necessidade do Partido revolucionário na luta contra o sistema capitalista, explicando o funcionamento político e econômico da sociedade burguesa.

2. Tirar lições das lutas e demonstrar a necessidade de um Partido comunista, explicar a importância de sindicatos revolucionários na luta de classes. Apresentar a linha correta do KPD(ML) e mostrá-la em contraste com os desvios oportunistas. Propagandear também o desenvolvimento do Partido nas lutas políticas e econômicas.

3. Combater o revisionismo moderno em todas as suas formas teóricas, expor a falsidade da “teoria” revisionista no plano da análise da realidade, das tarefas do Partido, e da estratégia revolucionária. Desmascarar o oportunismo de classe — e sobre todas as questões, apresentar com firmeza a linha correta do Partido, em contraposição às vias falsas.

4. Ressaltar o caráter internacional da luta de classes do proletariado e realizar agitação em favor dos países socialistas. Mostrar o avanço contínuo do capitalismo nos países dominados pelo revisionismo e destacar sua degeneração política.

5. Propagandear a linha do Partido: A explicação sistemática do 1º e 4º pontos devem ser feitas principalmente nos artigos de propaganda da imprensa partidária, nas ações de AgitProp e nos círculos de formação organizados pelo Partido. A propaganda feita pelo jornal operário não deve se limitar a explicações curtas e simplificadas, e deve sempre buscar conduzir os leitores à propaganda mais aprofundada do Partido.

Tarefas Organizativas

1. Reunir grupos de simpatizantes do Partido, a partir dos quais possam surgir Células e novos membros;

2. Impulsionar a oposição sindical revolucionária;

3. Construir alianças de luta em torno de temas e acontecimentos importantes e atuais, reunindo comunistas, trabalhadores independentes e oposicionistas do DKP e SPD em torno de lutas comuns. Por exemplo, 1º de Maio, eleições sindicais, campanhas por local de trabalho.

4. O jornal operário deve ainda ter clareza sobre os diferentes grupos dentro do coletivo de trabalhadores:

5. Juventude: Mesmo que ainda não existam Núcleos da Juventude nas fábricas, é preciso lançar as bases para sua criação. Onde houver jovens trabalhadores, deve-se intervir com a organização da “Rote Garde” (Guarda Vermelha).

6. Mulheres: Se o número de mulheres na fábrica é significativo, ou se há setores inteiros compostos majoritariamente por operárias, deve-se orientar o trabalho especialmente para esse público.

7. Trabalhadores Imigrantes: Suas questões devem ser tratadas com destaque e em sua própria língua. Aqui não se trata apenas de um trabalho de AgitProp específico, mas de denunciar claramente os mecanismos repressivos — como deportações, vigilância e infiltrações — impostos por seus países de origem e seus empregadores aqui. Devemos nos dirigir a eles com base em organizações marxista-leninistas de seus países de origem.

8. Trabalhadores Assalariados: Aqui deve-se intervir principalmente com base nas experiências reais, destacando sua posição de classe — mesmo que, por vezes, sejam portadores de tendências pequeno-burguesas. Contudo, o foco deve permanecer sempre na conquista do proletariado mais combativo. (Stálin)

II. Princípios gerais do trabalho de agitação e propaganda no jornal operário

1. Sobre o economicismo

Tornou-se um hábito cômodo para certos “críticos” lançar a palavra mágica “economicismo” contra qualquer panfleto ou artigo do jornal operário que trate de questões econômicas.

Essa “crítica”, no entanto, não se opõe ao tratamento das questões econômicas em si, mas sim à forma como elas são abordadas. Em vez de simplesmente denunciá-las como economicistas, o correto é tratá-las de modo a demonstrar a necessidade do Partido Comunista, da revolução socialista e da ditadura do proletariado — ainda que, evidentemente, não se trate de transformar cada reivindicação econômica em um programa completo de revolução.

Exigir que toda luta econômica seja automaticamente ligada ao “caráter político” é, na verdade, negar o seu conteúdo real. Foi exatamente contra esse erro que Lênin combateu os economicistas como Martov na Rússia.

Lênin demonstra claramente, em “O Que Fazer?”, que a luta econômica e a luta política são distintas, e que a tarefa é uni-las — não as fundir mecanicamente, nem as manter separadas. Ele afirma:

A social-democracia dirige a luta da classe operária não só por condições vantajosas de venda da força de trabalho, mas também pela extinção do regime social que obriga os não possuidores a se venderem aos ricos.(5)

O Partido Comunista, portanto, não negligencia as lutas econômicas da classe trabalhadora (e tampouco as reduz a isso), mas concentra-se em ligá-las às suas causas estruturais — ou seja, à exploração de classe.

A luta econômica dos operários por melhores salários e condições de trabalho inevitavelmente desperta contradições que têm, em seu núcleo, uma natureza política. Essas contradições, embora frequentemente experimentadas apenas como “problemas econômicos” pelos trabalhadores, devem ser explicitadas e conectadas à totalidade da dominação capitalista.

Esse é o papel central do trabalho de AgitProp: não conduzir os trabalhadores por fora de sua realidade, mas partir dela — mostrar, a partir de suas próprias experiências, que as causas de seus problemas são estruturais, políticas, sistêmicas.

O verdadeiro trabalho de agitação começa justamente ao iluminar essas contradições com a teoria revolucionária, e ao ajudar os companheiros a transformar o conhecimento empírico da luta cotidiana em consciência política.

2. O trabalho de AgitProp é um trabalho educativo

O trabalho educativo não significa apenas transmitir conhecimentos, pois isso, no máximo, serviria para resolver palavras cruzadas. Trata-se, antes de tudo, de transmitir métodos — métodos de pensamento, métodos de luta, a cosmovisão do proletariado.

Por isso, não basta acumular informações ou “ensinar conteúdos”, mas sim ensinar um modo de olhar o mundo, de compreendê-lo e, portanto, de transformá-lo.

Não adianta nada enchermos os camaradas com frases prontas e passagens dos clássicos, como quem enfia citações pela goela abaixo. Se, ao invés de assimilar o conteúdo vivo das ideias de Marx, Engels, Lênin e Stálin, tudo que o camarada aprende é repetir nomes e fórmulas como um papagaio, de nada servirá o conhecimento dos livros. Há quem, diante de qualquer problema, corra às obras dos clássicos em busca de uma “situação semelhante” e pense: “Ah, Lênin fez isso assim, então temos que fazer igual”. Como se a solução estivesse sempre pronta, bastando aplicá-la. Isso é o que chamamos de “método universal de receituário” — é dogmatismo.

O verdadeiro trabalho educativo só pode ser feito a partir de situações concretas, quando se investiga as contradições reais e se mostra o caminho para superá-las — o caminho da luta. Nosso objetivo é capacitar os trabalhadores e leitores para reconhecerem suas próprias contradições, interpretarem sua situação a partir da posição de classe, e decidirem por si mesmos como agir — sempre com base na concepção de mundo proletária e na dialética materialista. Eles devem aprender a dominar a dialética materialista como método próprio, para poder compreender, de forma crítica, sua vida cotidiana na fábrica e nos momentos de lazer — e a partir disso, reconhecer e aplicar o socialismo científico.

O que isso significa para a redação dos artigos em um jornal operário? Muitos camaradas ainda têm a concepção pequeno-burguesa de que o marxismo-leninismo é uma espécie de trabalho de “formação escolar”, e que a tarefa do jornal seria “levar essa formação” aos operários — como se estes fossem meros “vazios culturais” a serem preenchidos. Segundo essa concepção, o militante se apresenta com a atitude do tipo: “Eu sei, vocês não sabem, então vou ensinar”. Mas isso nada tem a ver com o trabalho revolucionário de formação! Essa concepção liberal e arrogante se revela estéril e frustrante, pois ao invés de fomentar a luta, aliena os trabalhadores e os afasta da prática revolucionária. Se o militante escreve dessa forma, logo surgem os clássicos “textos que ninguém entende”, as palavras de ordens abstratas, as fórmulas que não partem da vida real da classe operária. Isso mata a agitação revolucionária — e o militante logo se surpreende com o fato de ninguém o levar a sério seguir o mesmo caminho das massas — isso significa partir da consciência existente nas massas amplas e elevá-la à consciência dos setores avançados. Esse é o ponto central.

A dificuldade que muitos camaradas enfrentam — sobretudo aqueles marcados por vícios intelectualistas — é justamente como se conectar à consciência já existente, ou seja, ao ponto de vista real dos trabalhadores, e não ao que eles, de fora, acham que seria “consciência de classe”. Essa dificuldade frequentemente se expressa na tentativa de imitar a linguagem operária, ou pior ainda, em assumir atitudes populistas — que se confundem com “proximidade com o povo”, mas que não são ainda nenhuma forma real de ligação com as massas.

Mais grave ainda é quando se tenta se conectar com a falsa consciência — isto é, com o pensamento burguês dos trabalhadores — reproduzindo os preconceitos e opiniões pequeno-burguesas dos colegas de fábrica (por exemplo, contra mulheres ou trabalhadores estrangeiros), como se isso fosse uma “posição de partida vantajosa”.

Ligar-se à consciência existente significa ligar-se aos elementos proletários dessa consciência, àquilo que expressa já um embrião de consciência de classe — com o objetivo de desenvolvê-la até o nível de uma verdadeira consciência revolucionária de classe.

Ao mesmo tempo, o falso, burguês e individualista conteúdo da consciência existente deve ser combatido — com firmeza, mas também com camaradagem. Isso vale também para a linguagem cotidiana dos colegas — que, como toda linguagem viva, é também carregada de elementos da consciência dominante. Não devemos simplesmente adotar essa linguagem como se fosse automaticamente revolucionária. Pelo contrário, devemos distinguir os elementos proletários dentro dela: clareza, concretude, objetividade, espírito direto, visualidade, senso de coletividade. Essas são características da comunicação operária, que também expressam virtudes proletárias — e por isso devem ser utilizadas, desenvolvidas e transformadas em instrumentos conscientes do combate de classe. Portanto, não se trata apenas de uma questão de linguagem, mas sim da capacidade do agitador de extrair, da consciência real dos trabalhadores, seus elementos mais avançados, transformando-os em base para a luta revolucionária. Esse é o verdadeiro papel do trabalho de agitação comunista.

III. Estrutura e elaboração do jornal operário

1. A Linguagem

Sobre linguagem, já se afirmou o essencial no capítulo anterior. Ainda assim, vale registrar aqui algumas regras práticas e habilidades técnicas que são úteis na redação dos artigos.

a) É hora de abrir fogo contra a artilharia pesada das expressões grandiloquentes, das palavras de ordem que soam bem apenas aos ouvidos dos intelectuais, mas que são ininteligíveis para as massas e lhes dizem absolutamente nada. Renunciemos de uma vez por todas às fórmulas herméticas, às palavras de ordem vazias, às sentenças fechadas e conclusões bombásticas! (Lênin)

b) Resuma dez palavras em duas! (Stálin)

c) A arte de um propagandista e de um agitador consiste em colocar um alto-falante nos ouvidos do povo, de tal forma que a verdade chegue a ele de forma clara. Quando o alto-falante for bem sintonizado, todos vão escutar claramente e entender. É preciso falar de modo simples, direto e com imagens que fiquem gravadas na mente. (Lênin)

Assim, exemplos, comparações, metáforas e símbolos devem ser escolhidos a partir do mundo real e da experiência cotidiana dos trabalhadores.

d) Utilize imagens! Conceitos abstratos que estão fora do mundo vivido pelos leitores só se tornam compreensíveis quando traduzidos por imagens concretas, que os expliquem tanto em sua função quanto em sua relação com outros fenômenos. Exemplo (Lênin): “O governo russo e seus ministros não passam de gerentes (filiais) do capital financeiro da Inglaterra e da França. O capital russo é uma filial do capital internacional [...] Inglaterra e França são os donos da matriz” — Aqui, a metáfora da empresa ajuda a entender o imperialismo.

e) Utilize comparações! Com comparações bem-feitas, não se trata de caracterizar indivíduos (“fulano é como...”), mas sim de explicar modos de funcionamento e relações estruturais. Por exemplo:

O capital precisa do Estado para poder rebaixar e explorar a classe operária e os demais trabalhadores. O capital cria o Estado como a aranha cria sua teia — com o mesmo objetivo. Assim como a aranha tece sua rede para capturar e sufocar suas presas, o capital constrói uma densa malha de leis, normas, instituições, burocracias e tribunais — tudo para imobilizar e estrangular qualquer resistência dos trabalhadores contra a exploração. Com essa teia, o capital pode sugar os trabalhadores até o osso. Quanto mais gente é capturada, mais forte e apertada a teia se torna. Seja qual for a forma do Estado — seja fascismo ou democracia burguesa — os fios são sempre puxados pelo capital. Em toda a história da humanidade, o capital jamais entregou algo de bom de forma voluntária. E mesmo para a vítima da aranha, não há libertação que não passe por romper a teia. É preciso romper essa teia do Estado burguês — esse é o único caminho de emancipação.(6)

Este exemplo não mostra os trabalhadores como vítimas indefesas, mas sim como uma força que pode e deve romper a teia — desde que percebam que isso é possível e necessário. Nos momentos de alienação, os trabalhadores podem se comportar como se fossem impotentes diante do capital — mas não são. O objetivo da AgitProp é mostrar essa verdade: que a classe trabalhadora é a única força capaz de acabar com o capital, com o imperialismo, com o revisionismo — e com todo o sistema de exploração que se apoia na sua obediência. Nos combates diários contra o desemprego, a carestia, a repressão e a alienação, é essa força latente do proletariado que precisa ser despertada — essa é a missão do jornal revolucionário.

f) Utilize exemplos numéricos! Os números não servem apenas para sustentar argumentos — eles também podem tornar os exemplos mais concretos e visualmente impactantes. Por exemplo: Lênin, em determinado texto, não fala genericamente de “os operários” ou “os camponeses”, mas diz: “Tomemos 60 operários e 10 camponeses”, ou seja, ao invés de falar em “milhões”, ele recorre a números pequenos, compreensíveis e concretos. Outro exemplo: é mais eficaz dizer “a cada hora são gastos 3 milhões de marcos com armamentos”, do que simplesmente afirmar que o orçamento militar anual é de “23 bilhões”. Devemos abandonar a velha regra do jornalismo burguês que diz: “Uma notícia sobre uma tragédia pessoal é mais interessante do que estatísticas sobre milhares de mortos”. Nosso jornal deve, ao contrário, partir da vida concreta, mas sempre remeter à totalidade, falar da classe operária como classe, e não apenas do “operário tal” ou do “trabalhador fulano”. Ou seja: “O operário diz, num determinado caso”, mas no contexto de “A classe operária reage, se organiza, luta”.

g) Atenção com o vocabulário burguês! Muitos termos da linguagem dominante escondem contradições internas e distorcem a realidade. Marx sempre enfatizava a necessidade de “dividir o uno em dois” — ou seja, de revelar os conflitos reais por trás dos conceitos ideológicos da burguesia. Exemplo: Quando o burguês fala em “liberdade”, de quem está falando? Liberdade para quem — para o capital ou para o trabalhador? Se ele fala em “nós”, quem está incluído nesse “nós”? Quando fala em “reservas” no balanço de uma empresa, são reservas reais ou lucros ocultos? Quando fala em “povo”, está incluindo os trabalhadores? Ou apenas os acionistas? É através da crítica rigorosa da linguagem que podemos desmontar as ferramentas ideológicas do inimigo de classe. O jornal operário precisa ensinar os camaradas a pensar contra as palavras da burguesia — e a nomear as coisas a partir dos interesses da classe trabalhadora.

2. AgitProp — Não é uma questão de forma!

A agitação e a propaganda não estão presas a nenhuma forma fixa. Pelo contrário, é preciso combater todo tipo de esquematismo e estar sempre aberto à criatividade. Isso vale tanto para a linguagem do jornal operário quanto para a sua forma de apresentação.

Entretanto, isso não significa aceitar uma salada confusa de estilos. Com frequência, os jornais operários acabam adotando apenas o modelo de “artigo” ou “ensaio”, o que é totalmente inadequado. Por exemplo, é um erro tentar escrever longas dissertações teóricas ou ensaios no estilo de um romance para um jornal de fábrica.

O mais útil é ter variedade de formas breves e eficazes. A seguir, uma lista (incompleta) de formas expressivas adequadas ao jornal operário: Correspondência operária (relato, carta de leitor); a carta (inclusive a forma de “carta aberta”); a reportagem (por exemplo, uma cobertura de assembleia na fábrica); poesia (inclusive letras de músicas, baladas, paródias); conto curto (fictício ou baseado em fatos recentes); apelo ou convocatória direta à ação; crônica ou glosa (forma satírica ou irônica); piada (algumas seções poderiam ser inteiramente preenchidas só com piadas do dia); enigma ou passatempo (inclusive palavras-cruzadas vermelhas); citação (comentada e contextualizada — pode ser de cartas, boletins ou da imprensa patronal).

Outras formas possíveis incluem: charge ou caricatura (que pode, inclusive, substituir um artigo inteiro). Mas cuidado com caricaturas copiadas da imprensa burguesa — elas carregam sempre uma ideologia embutida; fotografias (devem estar presentes em todo jornal, para torná-lo mais atrativo e informativo); reportagens fotográficas, séries de imagens, tirinhas, histórias em quadrinhos. Questões gráficas como nome, cabeçalho, título principal, manchete etc. devem ser tratadas à parte.

3. Estrutura do jornal operário

O jornal operário se torna mais compreensível e fácil de ler quando não apresenta os artigos enfileirados ao acaso, mas sim quando o leitor se habitua a uma estrutura interna estável e logicamente organizada. Essa divisão, baseada em núcleos temáticos, deve conter (embora não obrigatoriamente) os seguintes elementos:

a) A Manchete de Capa: Ela deve apresentar o título principal logo na primeira página, captando a atenção e transmitindo de imediato se o jornal é digno de ser levado a sério — especialmente para os companheiros ainda vacilantes. A manchete deve abordar temas atuais, ser compreensível para todos os setores da categoria e estar redigida com clareza e objetividade. Ela deve se conectar diretamente com as questões que os trabalhadores estão debatendo naquele momento — aquilo que “está na boca do povo”. Se isso for feito corretamente, até mesmo os colegas mais relutantes terão vontade de ler o conteúdo.

b) Atualidades do Local de Trabalho: Essa seção traz textos derivados do trabalho sindical e da atuação dos conselhos de fábrica (Betriebsrat), abordando especialmente as questões mais urgentes da vida sindical e da realidade das fábricas.

c) A Voz do Partido: Aqui se apresentam relatórios sobre o trabalho partidário dentro das fábricas e cidades, campanhas em curso, convocações para ações, exposições sobre o caráter nacional e internacional da luta de classes e da intervenção do Partido.

d) Juventude: Essa seção deve ser escrita pela Guarda Vermelha ou com seu apoio, e ajuda a firmar sua presença dentro da fábrica.

e) Mulheres: Essa seção é importante sempre que existirem condições específicas, por exemplo, quando houver setores ou departamentos compostos majoritariamente por trabalhadoras. Ela deve trazer relatos curtos sobre a situação concreta das mulheres na produção, e pode também incluir chamadas à organização das companheiras. Cartas e relatos de mulheres devem ser publicadas, mesmo que não estejam totalmente redigidos conforme os padrões formais. Comentários ou dúvidas presentes nessas cartas devem ser respondidos no próprio jornal — com a devida confidencialidade, quando necessário — e a editoria deve alertar que, ao traduzir certos artigos do jornal para os colegas estrangeiros, também está contribuindo para sua organização revolucionária.

f) Cultura Operária: Aqui se incluem crônicas, contos curtos (por exemplo, uma história inventada a partir de uma situação real da fábrica, como a KPD já fazia com células de grandes empresas), poemas, sátiras, paródias e apelidos políticos.

g) Humor e Entretenimento: Um espaço para a espontaneidade crítica dos companheiros.

h) Avisos e Notas: Aqui podem ser colocados comunicados da editora, anúncios do comitê central ou da redação do órgão central (Roter Morgen), como lançamentos, reuniões e eventos.

i) Do jornal central (Roter Morgen) Os artigos do Roter Morgen devem ser traduzidos para a realidade concreta da fábrica, especialmente aqueles que tratam da situação nacional e internacional. Devem ser colocados, sempre que possível, em uma seção própria. O ideal é que sejam introduzidos por uma manchete que indique como esses temas se conectam diretamente à vida e à luta dos trabalhadores daquela fábrica.

j) Cada uma dessas colunas, dispostas da forma mais regular possível, possui seu próprio título fixo, para que todo leitor saiba imediatamente onde encontrar o que procura. Não podemos presumir que o jornal da fábrica da empresa será lido do começo ao fim. Você o pega, folheia, observa as imagens e os títulos e, se encontrar algo interessante, lê. Se for satisfatório, vira a página e lê outra coisa, e assim por diante. Para o nosso trabalho, isso significa: cada artigo deve ser bom o suficiente para incentivar o leitor a ler os outros também. Nenhum deve ser tão ruim a ponto de fazer o leitor abandonar o boletim (com um olhar de pena e arrependimento).

4. Trabalho Organizacional

a) Equipe Editorial

A célula ou comissão de trabalho tem outras tarefas além de trabalhar no jornal da empresa. Portanto, um editor deve ser nomeado como responsável e, idealmente, um coletivo deve ser formado para dividir o trabalho.

Isso não significa que um jornal da empresa seja impossível se houver apenas um camarada na fábrica e os demais forem filiados ao comitê de fábrica. Mesmo em casos em que havia apenas um simpatizante isolado ou alguns informantes, bons jornais da empresa foram criados, que logo geraram sucessores.

É importante que o trabalho editorial não seja atribuído a quaisquer “escritores”; a escrita deve ser feita, prioritariamente, pelos camaradas no local de trabalho. Alguns podem conversar muito bem com seus colegas, mas não escrever — então precisam aprender.

b) Secretário de Agitação e Propaganda

Cada célula deve ter essa responsabilidade. Nesse caso, ele deve realizar a produção técnica do jornal da empresa e organizar e dirigir sua distribuição. Dirigir envolve mais do que apenas organização; requer também a capacidade de se engajar em um trabalho eficaz de agitação e propaganda. O objetivo não é apenas distribuir o jornal, mas também promover a mobilização nas ruas. Isso é particularmente importante agora.

5. Trabalho Conspirativo

A célula deve operar com a máxima discrição possível; isso se aplica especialmente ao jornal da empresa. Alguns membros da célula devem aparecer de forma mais ou menos aberta em certas situações, como em reuniões da empresa etc. Se forem expulsos, o jornal da empresa, a voz do Partido, não deve ser silenciada. Portanto, os editores, em particular, devem ter cuidado para não cometer erros. Isso também se aplica a cartas de colegas que, às vezes, fornecem informações sobre seu departamento ou sobre si mesmos sem o devido cuidado. Cada artigo deve, portanto, ser verificado quanto a informações supérfluas e potencialmente prejudiciais.

O jornal da empresa não é um passatempo para poetas de domingo depois do trabalho, mas sim um campo de treinamento para agitadores, propagandistas e organizadores. Por fim, uma palavra de Stálin a todos os agitadores e propagandistas, a todos os editores de fábrica:

Dirigir, nessas condições, significa saber convencer as massas do acerto da política do Partido; significa lançar e pôr em pratica as palavras de ordem, que levam as massas às posições do Partido e as ajudam a convencer-se, por sua própria experiência, do acerto da política do Partido; significa elevar as massas ao nível de consciência do Partido e assegurar-se assim apoio das massas, a sua disposição para a luta decisiva.(7)