Sobre o centralismo democrático e o faccionalismo

Discursos na Comissão Estadunidense na Presidência do Comitê Executivo da Internacional Comunista (CEIC) em 6 de maio de 1929 e sobre a questão estadunidense em 14 de maio de 1929

Josef Stálin

6 a 14 de maio de 1929


Fonte: Stalin's Speeches on the CPUSA, Comitê Central do Partido Comunista dos Estados Unidos, Nova Iorque: 1931.
Tradução: Thales Caramante — Jornal A Verdade.
HTML: Lucas Schweppenstette.


Índice

Discurso proferido na Comissão Estadunidense da Presidência da CEIC — 6 de maio de 1929

Primeiro discurso proferido na Presidência da CEIC sobre a questão estadunidense — 14 de maio de 1929

Segundo discurso proferido na Presidência da CEIC sobre a questão estadunidense — 14 de maio de 1929


Discurso proferido na Comissão Estadunidense da Presidência da CEIC

6 de maio de 1929

Camaradas, como já foram feitos vários discursos aqui e a posição política de ambos os grupos no Partido Comunista dos EUA já foi suficientemente esclarecida, não pretendo falar muito. Não tratarei da posição política dos líderes da maioria e da minoria. Não o farei porque ficou evidente, no decorrer da discussão, que ambos os grupos são culpados do erro fundamental de exagerar as características específicas do capitalismo estadunidense. Vocês sabem que esse exagero está na raiz de todo erro oportunista cometido tanto pelo grupo majoritário quanto pelo minoritário. Seria errado ignorar as peculiaridades específicas do capitalismo estadunidense. O Partido Comunista, em seu trabalho, deve levá-las em consideração. Porém, seria ainda mais errado basear as atividades do Partido Comunista nessas características específicas, uma vez que a base das atividades de todo Partido Comunista, incluindo o Partido Comunista dos EUA, na qual ele deve se basear, deve ser as características gerais do capitalismo, que são as mesmas para todos os países, e não suas características específicas em um determinado país. É nisso que se baseia o internacionalismo do Partido Comunista. As características específicas são apenas complementares às características gerais. O erro de ambos os grupos é que eles exageram a importância das características específicas do capitalismo estadunidense e, com isso, ignoram as características básicas do capitalismo estadunidense, que são características do capitalismo mundial como um todo. Portanto, quando os líderes da maioria e da minoria se acusam mutuamente de elementos de um desvio de direita, é óbvio que isso não deixa de ser verdade. Não se pode negar que as condições estadunidenses formam um meio no qual é fácil para o Partido Comunista dos EUA se desviar e exagerar a força e a estabilidade do capitalismo estadunidense. Essas condições levam nossos camaradas dos Estados Unidos da América, tanto a maioria quanto a minoria, a erros do tipo de desvio de direita. Devido a essas condições, às vezes uma seção, em outras, a outra seção, não consegue perceber a extensão total do reformismo nos EUA, subestima a oscilação da classe trabalhadora para a esquerda e, em geral, está inclinada a considerar o capitalismo estadunidense como algo à parte e acima do capitalismo mundial. Essa é a base para a instabilidade de ambas as seções do Partido Comunista dos EUA em questões de princípio.

Feitas essas observações gerais, passemos agora às questões políticas práticas.

Quais são os principais defeitos na prática dos líderes da maioria e da minoria?

Em primeiro lugar, que em seu trabalho diário eles, e particularmente os líderes da maioria, são guiados por motivos de faccionalismo sem princípios e colocam os interesses de sua facção acima dos interesses do partido.

Em segundo lugar, ambos os grupos, especialmente a maioria, estão tão infectados com a doença do faccionalismo que baseiam suas relações com o Comintern não no princípio da confiança, mas em uma política de diplomacia podre, uma política de intriga diplomática.

Vejamos alguns exemplos. Mencionarei um fato tão simples como as especulações feitas pelos líderes, tanto da maioria quanto da minoria, sobre as diferenças dentro do Partido Comunista (Bolchevique) da URSS. Vocês sabem que ambos os grupos do Partido Comunista dos EUA, competindo entre si e correndo atrás um do outro como cavalos em uma corrida, estão especulando febrilmente sobre diferenças existentes e inexistentes dentro do PC(B) da URSS. Será que os interesses do Partido Comunista dos EUA exigem isso? Não, é claro que não! Eles o fazem para obter alguma vantagem para sua própria facção específica e para prejudicar a outra facção. Foster e Bittleman não veem nada de errado em se declararem “stalinistas” e, assim, demonstrarem sua lealdade ao PC(B) da URSS. Mas, meus caros camaradas, isso é vergonhoso. Vocês não sabem que não há “stalinistas”, que não deve haver “stalinistas”? Por que a minoria age dessa forma indecorosa? Para enredar o grupo majoritário, o grupo do camarada Lovestone, busca provar que se opõe ao PC(B) da URSS, portanto, ao núcleo básico da Comintern. Isso é, obviamente, incorreto. É irresponsável. Mas a minoria não se importa com isso; seu principal objetivo é enredar e desacreditar a maioria no interesse da facção da minoria.

E como o grupo Lovestone age em relação a isso? Ele se comporta de forma mais correta do que o grupo minoritário? Infelizmente, não. Infelizmente, seu comportamento é ainda mais vergonhoso do que o do grupo minoritário. Julguem por si mesmos. O grupo Foster demonstra sua proximidade com o PC(B) da URSS ao se declarar “stalinista”. Lovestone percebe que sua própria facção pode perder algo com isso. Portanto, para não ser superado, o grupo de Lovestone subitamente realiza uma façanha de “levantar os cabelos” e, no Congresso do Partido Estadunidense, leva adiante uma decisão pedindo a remoção do camarada Bukhárin da Comintern. E assim, temos um jogo de rivalidade com base no princípio de quem superará quem. Em vez de uma luta de princípios, temos a especulação mais sem princípios sobre as diferenças dentro do PC(B) da URSS.

Esses são os resultados de uma política que coloca os interesses da facção acima dos interesses do partido.

Outro exemplo. Refiro-me ao caso do camarada Pepper. Todos vocês estão mais ou menos familiarizados com esse caso. Por duas vezes, o Comintern exigiu o retorno à Moscou sobre o caso do camarada Pepper. O Comitê Central do Partido Comunista dos EUA resistiu e, na verdade, ignorou várias decisões do Comitê Executivo da Internacional Comunista em relação a Pepper. Desse modo, a maioria do Partido Comunista dos EUA demonstrou sua comunhão com Pepper, cujas vacilações oportunistas todos conhecem. Por fim, uma delegação do Comitê Executivo da Internacional Comunista, enviada ao 6º Congresso do Partido Comunista dos EUA, voltou a defender, em nome do Comitê Executivo da Internacional Comunista, a retirada imediata do camarada Pepper. A maioria, sob a liderança de Lovestone e Gitlow, novamente resiste a essa exigência e não acha necessário levar adiante a decisão do grupo de Foster da CEIC que utiliza essa situação contra o grupo de Lovestone, afirmando que o grupo majoritário dentro do Partido Comunista dos EUA é contra o Comintern. O grupo Lovestone finalmente percebe que seus interesses podem ser prejudicados se ele se encontrar em uma posição de oposição ao Comintern. Assim, o grupo Lovestone realiza outra façanha “de arrepiar os cabelos” e expulsa o camarada Pepper do partido! O mesmo Pepper que, apenas no dia anterior, eles haviam defendido contra a Internacional Comunista. Outro jogo de rivalidade – quem consegue cuspir mais longe. Como podemos explicar a resistência às decisões da Comintern em relação ao Pepper por parte do grupo majoritário? Não, é claro, no interesse do partido. Foi exclusivamente no interesse da facção majoritária. Por que a maioria deu uma guinada repentina para a direita e inesperadamente expulsou o Pepper do partido? Isso foi do interesse do partido? Claro que não. Foi puramente no interesse da facção Lovestone, que estava ansiosa para não entregar um trunfo ao seu inimigo, ou seja, o grupo da facção Foster-Bittleman. Interesses da facção acima de tudo!

O grupo Foster quer demonstrar sua devoção à PC(B) da URSS declarando-se “stalinista”. Muito bem. Nós, os Lovestoneitas, iremos ainda mais longe do que o grupo Foster e exigiremos a remoção do camarada Bukhárin da Comintern. Que os Fosteritas tentem se opor a isso! Deixe que eles saibam, lá em Moscou, que nós, estadunidenses, sabemos como jogar no mercado de ações.

O grupo Foster quer demonstrar sua solidariedade com o Comintern exigindo a execução da decisão da Comintern com relação à retirada de Pepper. Muito bem. Nós, os Lovestoneitas, iremos ainda mais longe e expulsaremos o camarada Pepper do partido. Que os Fosteritas tentem se opor a isso! Deixe que eles saibam lá em Moscou que nós, estadunidenses, sabemos como jogar no mercado de ações.

Aí estão os frutos do faccionalismo da maioria e da minoria.

Mas, camaradas, a Comintern não é um mercado de ações. A Comintern é o santo dos santos da classe trabalhadora. A Comintern, portanto, não deve ser confundida com um mercado de ações. Ou somos leninistas, e nossas relações entre nós, bem como as relações das seções com o Comintern, e vice-versa, devem ser construídas com base na confiança mútua, devem ser tão limpas e puras quanto o cristal – nesse caso, não deve haver espaço em nossas fileiras para intrigas diplomáticas podres; ou não somos leninistas - nesse caso, a diplomacia podre e a luta sem princípios entre as facções terão pleno alcance em nossas relações. Uma coisa ou outra. Temos de escolher, camaradas.

Para mostrar como a moral comunista pura é depravada e contaminada no curso de uma luta de facções, eu poderia citar outro fato, como, por exemplo, minha conversa com os camaradas Foster e Lovestone. Refiro-me à conversa que ocorreu na época do 6º Congresso. É característico o fato de que, na correspondência com seus amigos, o camarada Foster faz com que essa conversa pareça ser algo secreto, algo sobre o qual não se deve falar em voz alta. É característico que o camarada Lovestone, ao apresentar suas acusações contra o camarada Foster, em relação a essa conversa, faça referência à sua conversa comigo e se vanglorie de que ele, o camarada Lovestone, ao contrário de Foster, é capaz de manter um segredo e que, sob nenhuma condição, consentiria em divulgar a substância de sua conversa comigo. Por que esse misticismo, caros camaradas; a que propósito ele serve? O que poderia haver de misterioso em minha conversa com os camaradas Foster e Lovestone? Ao ouvir esses camaradas, pode-se pensar que falei com eles sobre coisas que seria vergonhoso relatar aqui. Mas isso é besteira, camaradas. Qual é o objetivo desse jogo místico? É difícil entender que não tenho nada a esconder dos companheiros? É difícil entender que estou pronto para, a qualquer momento, contar aos companheiros o conteúdo de minha conversa com Foster e Lovestone do começo ao fim? O que acontecerá então com o famoso misticismo tão zelosamente difundido aqui por Foster e Lovestone?

Sobre o que o camarada Foster falou comigo? Ele reclamou do faccionalismo e da falta de princípios do grupo do camarada Lovestone. O que respondi a ele? Admiti esses pecados por parte do grupo de Lovestone, mas, ao mesmo tempo, acrescentei que os mesmos pecados eram característicos do grupo de Foster. Com base nisso, o camarada Foster chegou à conclusão singular de que eu simpatizo com o grupo minoritário. Onde está o fundamento, perguntamos? Com que base Foster está satisfeito em pensar que eu não consigo enxergar os defeitos do grupo minoritário e até mesmo simpatizo com esse grupo? Não é óbvio que, com o camarada Foster, o desejo é o pai do pensamento?

Sobre o que o camarada Lovestone falou? Da inutilidade do grupo Foster-Bittleman. O que eu respondi? Respondi que ambos os grupos estavam sofrendo de graves defeitos e o aconselhei a tomar medidas para acabar com o faccionalismo. Isso foi tudo.

O que há de misterioso aqui que não pode ser dito em voz alta?

Não é estranho que, a partir desses fatos simples e claros, os camaradas da maioria e da minoria façam um segredo digno de despertar o riso de pessoas sérias? Não é óbvio que não haveria mistificação se não houvesse uma atmosfera de facção envenenando a vida do Partido Comunista dos EUA e contaminando a moral comunista simples e pura?

Ou vejamos, por exemplo, outro fato. Refiro-me à conversa com o camarada Lovestone que ocorreu no outro dia. É característico que o camarada Lovestone também esteja espalhando rumores absurdos sobre essa minha conversa e fazendo dela um segredo. Por que essa paixão incompreensível pelo “misterioso”? Sobre o que ele falou comigo no outro dia? Ele pediu que a Presidência da CEIC anulasse a decisão de retirá-lo dos Estados Unidos. Ele disse que ele, Lovestone, se comprometeria a levar a cabo a decisão proposta pela Presidência da CEIC, desde que ela não fosse direcionada de forma severa contra os líderes da maioria do Partido Comunista dos EUA. Ele prometeu ser um soldado leal da Comintern e provar isso na prática, se o Comintern lhe desse as instruções necessárias. Ele disse que não estava buscando altos cargos no Partido Comunista dos EUA, mas apenas implorou que fosse testado e que lhe fosse dada a oportunidade de provar sua lealdade ao Comintern. O que respondi a isso? Eu lhe disse que os experimentos para testar a lealdade do camarada Lovestone ao Comintern já estão em andamento há três anos, mas que nada de bom resultou deles. Eu disse que seria melhor, tanto para o Partido Comunista dos EUA quanto para o Comintern, se os camaradas Lovestone e Bittleman fossem mantidos em Moscou por algum tempo. Eu disse que esse método de ação por parte da Comintern era um dos meios mais seguros de curar o Partido Comunista dos EUA do faccionalismo e salvá-lo da desintegração. Eu disse que, embora essa fosse minha opinião, concordei em submeter a proposta do camarada Lovestone à consideração dos camaradas russos e me comprometi a informá-lo sobre a opinião dos camaradas russos.

Isso parece perfeitamente claro. No entanto, o camarada Lovestone novamente tenta esconder esses fatos óbvios e está espalhando todos os tipos de rumores sobre essa conversa.

É óbvio que não haveria essa mistificação e que coisas simples não seriam transformadas em lendas misteriosas, se não fosse por uma política que coloca os interesses de uma facção acima dos interesses do partido, os interesses da intriga diplomática acima dos interesses da Comintern.

Para pôr fim a esses métodos sujos e colocar o Partido Comunista dos EUA nas linhas da política leninista, é necessário, antes de tudo, acabar com o faccionalismo nesse partido.

Essa é a conclusão a que os fatos mencionados acima nos levam. Qual é a solução?

O camarada Foster mencionou uma delas. De acordo com sua proposta, a liderança deve ser entregue à minoria. Essa solução pode ser adotada? Não, não pode. A delegação do Comitê Executivo da Internacional Comunista cometeu um erro ao se dissociar fortemente da maioria, sem ao mesmo tempo se dissociar igualmente da minoria. Seria muito infeliz se a Comissão da Presidência repetisse o erro da delegação da CEIC. Acho que a Comissão da Presidência da CEIC deve, em seu projeto, se dissociar tanto dos erros da maioria quanto dos erros da minoria. E pelo simples fato de que ela deve se dissociar de ambos, não deve propor a entrega da liderança à minoria. Portanto, a proposta do camarada Foster, com todas as suas implicações, cai automaticamente por terra.

A delegação estadunidense propôs uma solução diferente, diretamente contrária à proposta do camarada Foster. Como vocês sabem, a proposta da delegação estadunidense consiste em dez pontos. A essência dessa proposta é que a liderança da maioria deve ser totalmente reabilitada, o trabalho das facções da maioria deve ser considerado correto, que a decisão da Presidência da CEIC de retirar o camarada Lovestone deve ser anulada e que, portanto, a prática de sufocar a minoria deve ser endossada. Essa solução pode ser adotada? Não, não pode, pois isso significaria não erradicar o faccionalismo, mas elevá-lo a um princípio.

Então, qual é a solução?

A solução consiste no seguinte:

1. As ações e as propostas da delegação da CEIC devem, em sua maioria, ser aprovadas, com a exclusão das propostas dos pontos que se aproximam das propostas do Camarada Foster;

2. Uma carta aberta deve ser enviada em nome da CEIC para os membros do Partido Comunista dos EUA, expondo os erros de ambas as seções do partido e enfatizando fortemente a questão da erradicação de todo o faccionalismo;

3. A ação dos líderes da maioria na Convenção do Partido Comunista dos EUA, especialmente na questão de Pepper, deve ser criticada;

4. É preciso acabar com a situação atual do Partido Comunista dos EUA, em que as questões de trabalho positivo, as questões da luta da classe trabalhadora contra os capitalistas, as questões de salários, horas de trabalho, trabalho nos sindicatos, a luta contra o reformismo, a luta contra o desvio de direita é mantida nas sombras e são substituídas por questões mesquinhas da luta de facções entre o grupo Lovestone e o grupo Foster;

5. A Secretaria do Comitê Executivo do Partido Comunista dos EUA deve ser reorganizada com a inclusão de trabalhadores capazes de enxergar algo mais do que a luta entre facções, a luta da classe trabalhadora contra os capitalistas, capazes de colocar os interesses e a unidade do partido acima dos interesses de grupos individuais e de seus líderes;

6. Os camaradas Lovestone e Bittleman devem ser convocados e colocados à disposição da Comintern, para que os membros do Partido Comunista dos EUA finalmente entendam que o Comintern pretende combater o faccionalismo com toda a seriedade.

Essa é a solução, em minha opinião.

Uma ou duas palavras sobre as tarefas e a missão do Partido Comunista dos EUA. Acredito, camaradas, que o Partido Comunista dos EUA é um dos poucos partidos comunistas do mundo sobre o qual a história impôs tarefas de caráter decisivo do ponto de vista do movimento revolucionário mundial. Todos vocês conhecem muito bem a força e o poder do capitalismo estadunidense. Muitos agora pensam que a crise geral do capitalismo mundial não afetará a América. Isso, é claro, não é verdade. É totalmente falso, camaradas. A crise do capitalismo mundial está se desenvolvendo com rapidez crescente e não pode deixar de afetar o capitalismo estadunidense. Os três milhões de desempregados atuais nos Estados Unidos são os primeiros sinais do amadurecimento da crise econômica nos Estados Unidos. O antagonismo cada vez mais agudo entre os Estados Unidos e a Inglaterra, a luta por mercados e matérias-primas e, finalmente, o crescimento colossal dos armamentos – esse é o segundo presságio da crise que se aproxima. Acredito que não está longe o momento em que uma crise revolucionária se desenvolverá nos Estados Unidos. E quando uma crise revolucionária se desenvolver nos Estados Unidos, esse será o início do fim do capitalismo mundial como um todo. É essencial que o Partido Comunista dos EUA seja capaz de enfrentar esse momento histórico totalmente preparado e de assumir a liderança da iminente luta de classes na América. Todos os esforços e todos os meios devem ser empregados na preparação para isso, camaradas. Para esse fim, o Partido Comunista dos EUA deve ser aprimorado e bolchevizado. Para isso, devemos trabalhar para a completa liquidação do faccionalismo e dos desvios no partido. Para isso, devemos trabalhar pelo restabelecimento da unidade no Partido Comunista dos EUA. Para isso, devemos trabalhar para forjar quadros revolucionários reais e uma liderança revolucionária real do proletariado, capaz de liderar os muitos milhões da classe trabalhadora estadunidense em direção às lutas de classe revolucionárias. Para esse fim, todos os fatores pessoais e considerações faccionais devem ser deixados de lado e a educação revolucionária da classe trabalhadora da América deve ser colocada acima de tudo.

É por isso que eu acho, camaradas, que a mais séria atenção deve ser dada às propostas da Comissão da Presidência da CEIC para sua consideração aqui, pois o objetivo dessas propostas é tornar o Partido Comunista dos EUA um partido saudável, erradicar o faccionalismo, criar unidade, fortalecer o partido e bolchevizá-lo.


Primeiro discurso proferido na Presidência da CEIC sobre a questão estadunidense

14 de maio de 1929

Camaradas, estamos diante de um fato único, digno da mais séria atenção. Já se passou um mês desde que a delegação estadunidense chegou a Moscou. Durante quase um mês inteiro, estivemos ocupados com ela, discutindo os problemas do Partido Comunista dos EUA e indicando métodos para resolver a situação que surgiu. Cada membro da delegação teve a oportunidade de exercer seu direito de expressar suas opiniões e criticar os camaradas que não concordavam com eles. Vocês sabem que esse direito foi exercido plenamente por eles, sem o menor impedimento por parte da CEIC. Vocês sabem que o camarada Lovestone insistiu para que os camaradas russos expressassem suas opiniões. Vocês sabem que os camaradas russos já se manifestaram sobre os aspectos essenciais da questão. Portanto, a Comissão cumpriu todas as condições necessárias para encontrar uma solução e concluir o assunto.

E o que encontramos? Em vez de uma atitude séria em relação ao assunto em questão e uma disposição para pôr fim ao faccionalismo, temos uma nova explosão de faccionalismo entre os membros da delegação estadunidense e uma nova tentativa de minar a causa da unidade do Partido Comunista dos EUA. Há poucos dias, ainda não tínhamos a minuta da decisão da Comintern sobre a questão estadunidense. Tudo o que tínhamos era um esboço dos princípios gerais para uma decisão, um esboço voltado para a erradicação do faccionalismo. Mas, em vez de esperar até que o esboço da decisão aparecesse, a delegação estadunidense, sem desperdiçar palavras, começou com a declaração de 9 de maio, uma declaração de caráter superfaccional, uma declaração antipartido. Vocês sabem com que hostilidade os membros da Comissão da Presidência da CEIC receberam essa declaração. Vocês sabem que a Comissão a criticou em pedaços. Era de se esperar que a delegação estadunidense refletisse sobre isso e corrigisse seus erros. Na verdade, ocorreu exatamente o contrário. O rascunho das propostas da Comissão, que agora foi distribuído a todos os membros da Presidência da CEIC e à delegação estadunidense, mal apareceu e a delegação estadunidense já começou com a nova declaração de 14 de maio, uma declaração ainda mais facciosa e antipartidária do que a de 9 de maio. É claro que os senhores conhecem essa declaração. O camarada Gitlow a leu aqui durante seu discurso. A característica fundamental dessa declaração é que ela proclama a tese da não submissão às decisões da Presidência da CEIC. Isso significa que o extremo faccionalismo dos líderes da maioria os levou ao caminho da insubordinação e, portanto, da guerra contra o Comintern.

Não se pode negar que nossos camaradas estadunidenses, como todos os comunistas, têm o direito de discordar da minuta da decisão da Comissão e têm o direito de se opor a ela. E enquanto eles se limitarem a exercer esse direito, não há e não pode haver nada de errado. Mas o problema é que a declaração de 14 de maio não para por aí. Ela vai além; considera que a luta deve continuar mesmo depois que o projeto se tornar a decisão da Presidência da CEIC: Quando o projeto assumir a força de uma decisão obrigatória da Comintern, eles se consideram no direito de não se submeter a essa decisão? Discutimos a questão na Comissão durante um mês inteiro; tivemos várias discussões; gastamos uma quantidade enorme de tempo com o assunto, tempo que poderia ter sido empregado de forma mais proveitosa; finalmente chegamos ao ponto em que o tempo para discussão acabou e estávamos às vésperas de adotar uma decisão que deve ser obrigatória para todos os membros da Comintern. E agora surge a pergunta: os membros da delegação estadunidense, como comunistas, como leninistas, se consideram no direito de não se submeter à decisão da CEIC sobre a questão estadunidense?

Esse é o ponto crucial da questão, camaradas.

Permita-me agora examinar a declaração em si.

Essa declaração de 14 de maio foi redigida com bastante astúcia. Não tenho dúvidas de que essa declaração foi escrita por algum advogado astuto, por algum advogado mesquinho. Julguem por si mesmos. Por um lado, a declaração declara total lealdade ao Comintern, a inabalável fidelidade dos autores da declaração à Internacional Comunista, não apenas no passado, não apenas no presente, mas também no futuro. Isso, é claro, é excelente, desde que não seja uma promessa vazia. Por outro lado, a declaração afirma que seus autores não podem assumir a responsabilidade de executar a decisão da Presidência do Comitê Executivo da Comintern. Ela afirma claramente:

“Há razões válidas para que não possamos aceitar esse novo projeto de carta, assumir a responsabilidade perante os membros do partido pela execução dessa carta, endossar o inevitável dano irreparável que a linha desse novo projeto de carta trará ao nosso partido”.

Por favor, de um lado, lealdade total; do outro, recusa em cumprir a decisão da Comintern. E isso é chamado de lealdade ao Comintern! De fato, uma prática pequeno-burguesa. Você consegue imaginar um comunista, não um comunista de papel, mas um comunista de verdade, declarando lealdade ao Comintern e, ao mesmo tempo, recusando-se a aceitar a responsabilidade de cumprir as decisões da Comintern? Que tipo de lealdade é essa? Qual é a razão para essa duplicidade? Essa hipocrisia? Não é óbvio que essa conversa de peso sobre lealdade e fidelidade ao Comintern é necessária para que o camarada Lovestone engane os “membros”?

Involuntariamente, lembramo-nos do inesquecível Sr. Chamberlain, que, por um lado, é a favor da paz e da redução dos armamentos e, por outro, faz todo o possível para garantir que os armamentos aumentem e que os preparativos para a guerra prossigam a todo vapor. A conversa sobre a paz é necessária para Chamberlain a fim de encobrir os preparativos para uma nova guerra. O camarada Lovestone precisa falar alto sobre lealdade e fidelidade ao Comintern para encobrir os preparativos para a luta contra as decisões da Comintern. O camarada Lovestone, é claro, não é Chamberlain. Não há, e não pode haver, nenhuma analogia entre eles. Mas o fato de sua “manobra” lembrar as “manobras” de Chamberlain deve ser um aviso suficiente para ele.

Mas a declaração não para por aí. Ela vai além. Passando da defensiva para a ofensiva, ela proclama a necessidade de combater as decisões do Comitê Executivo da Comintern, como decisões que, segundo ela, são contra a linha do 6º Congresso da Internacional Comunista. A declaração afirma claramente que o projeto de decisão, o projeto da Carta Aberta da Comintern, que aqui na Presidência recebe aprovação geral e que, com toda a probabilidade, será aprovado pela Presidência da Comintern – afirma claramente que esse projeto é contrário à letra e ao espírito da linha do 6º Congresso da Internacional Comunista. A declaração afirma claramente que: “O novo projeto de carta... faz uma estimativa do trabalho de nosso partido” (ou seja, o trabalho do Partido Comunista dos EUA) “e a liderança está totalmente em desacordo com a linha e as decisões do 6º Congresso Internacional...”

Não tentarei mostrar que essas afirmações da declaração são uma calúnia mesquinha e indigna contra o Comintern e seus órgãos executivos. Também não vale a pena tentar mostrar que são de fato os atuais líderes da maioria do Partido Comunista dos EUA que violaram, e continuam a violar, as decisões básicas dos Congressos da Comintern e de seus órgãos executivos sobre a questão da liquidação do faccionalismo no Partido Comunista dos EUA. O camarada Kuusinen demonstrou plenamente em seu discurso que ambas as facções do Partido Comunista dos EUA e, em particular, a facção majoritária, violaram sistematicamente, a partir de 1925, as decisões fundamentais dos Congressos da Comintern sobre a liquidação do faccionalismo e o estabelecimento da unidade. Basta conhecer as resoluções dos Congressos da Comintern para se convencer de que, nos líderes da atual maioria, temos violadores incorrigíveis do espírito e da letra das decisões da Comintern.

Quanto ao 6º Congresso da Comintern, em sua decisão sobre o Partido Comunista dos EUA, ele declara claramente que “a principal tarefa do partido é pôr fim à luta de facções, que não se baseia em nenhuma diferença séria de princípio”. O que o grupo do camarada Lovestone fez para cumprir essa decisão do 6º Congresso da Comintern? Vocês podem ver por si mesmos, camaradas, que até agora ele não fez nada nesse sentido. Pelo contrário, ele fez, e está fazendo, todo o possível para transformar a decisão do 6º Congresso em um pedaço de papel.

Esses são os fatos.

E se, apesar de todos esses fatos, a declaração ainda assim acusa a Presidência da CEIC de violar a “letra e o espírito da linha do 6º Congresso Internacional”, o que isso significa? Significa que os autores da declaração desejam opor as decisões da Presidência da CEIC à linha do 6º Congresso Internacional, que eles mesmos violaram e continuam violando. E por que eles fazem isso? Para, escondendo-se farisaicamente sob a bandeira do 6º Congresso, conduzir uma luta contra as decisões da Presidência da CEIC: Nós, do grupo Lovestone, somos a favor do 6º Congresso, mas o rascunho da Carta Aberta da Presidência da CEIC contradiz a linha do 6º Congresso; portanto, devemos e lutaremos contra a decisão da Presidência da CEIC.

Os autores da declaração aparentemente acham que há algo novo nessa “manobra” enganosa e que não conseguiremos decifrar o significado oculto de suas “manobras”. Não é assim, camaradas. Eles estão enganados em seus cálculos. A história da Comintern mostra que os camaradas que se afastaram da Comintern sempre começam exatamente com essas “manobras”. Quando Zinoviev se afastou da Comintern, ele começou contrapondo a linha da Comintern às decisões do Comitê Executivo da Comintern. Ele fez isso para ocultar sua luta contra o Comitê Executivo por meio de conversas sobre a linha da Comintern. O mesmo se aplica a Trotsky, que começou sua divergência com o Comintern fazendo uma distinção entre a linha da Comintern e as decisões do Comitê Executivo e da Presidência do Comitê Executivo da Comintern. Esse é o velho e ultrapassado caminho do oportunismo, tão antigo quanto o próprio mundo. É lamentável que os autores da declaração tenham sido arrastados para esse mesmo caminho.

Ao contrapor a Comintern ao seu Comitê Executivo, os autores da declaração esperam, como Zinoviev e Trotsky esperavam, separar o Comitê Executivo da Comintern da Comintern. Uma esperança ridícula e tola! Os autores da declaração aparentemente se esquecem de que os intérpretes das decisões dos Congressos da Comintern são apenas o Comitê Executivo e sua Presidência, e não eles. Os autores da declaração estão enganados se pensam que os trabalhadores estadunidenses acreditarão em sua interpretação em vez da interpretação da Presidência do Comitê Executivo da Comintern.

Esse é o verdadeiro caráter da declaração da delegação estadunidense.

Portanto, a declaração da delegação estadunidense é uma plataforma de luta contra a linha da Comintern em nome da vacilação oportunista, em nome do faccionalismo sem princípios, em nome da violação da unidade do Partido Comunista dos EUA.

Vamos nos debruçar sobre o projeto da Comissão.

Qual é a base do projeto da Comissão que agora é oferecido para a consideração da Presidência da CEIC? Ele se baseia na ideia de manter a linha da Comintern dentro das fileiras do Partido Comunista dos EUA, na ideia de bolchevizar o Partido Comunista dos EUA, na ideia de combater o desvio da linha marxista e, acima de tudo, o desvio de direita, na ideia da unidade leninista do partido e, finalmente, e acima de tudo, na ideia de liquidar completamente o faccionalismo. Afinal de contas, camaradas, é preciso perceber que o faccionalismo é o mal fundamental do Partido Comunista dos EUA.

Na história do movimento revolucionário da classe trabalhadora, nós, bolcheviques, não raramente tivemos a oportunidade de conduzir uma luta de facções contra o oportunismo. Foi na época em que os bolcheviques e os mencheviques se encontravam em um partido comum, quando os bolcheviques foram obrigados a organizar uma facção para derrubar a autoridade dos social-democratas, para organizar uma cisão contra a socialdemocracia e para criar nosso próprio Partido Comunista. Naquela época, o faccionalismo era útil e essencial. Mas e agora? Agora a questão é diferente. As condições mudaram profundamente. Atualmente, temos nossos próprios partidos comunistas monolíticos, seções da Internacional Comunista. Agora o faccionalismo é perigoso e prejudicial, porque enfraquece o comunismo, enfraquece a ofensiva comunista contra o reformismo, enfraquece a luta do comunismo contra a social-democracia no movimento operário. Nossos camaradas estadunidenses evidentemente não entendem a diferença fundamental entre o passado e o presente.

Em que consiste o mal do faccionalismo dentro das fileiras de um partido comunista?

Em primeiro lugar, o faccionalismo enfraquece o espírito do partido, embota o senso revolucionário e cega os trabalhadores do partido a tal ponto que, na paixão facciosa, eles são obrigados a colocar os interesses da facção acima dos interesses do partido, acima dos interesses da Comintern, acima dos interesses da classe trabalhadora. O faccionalismo não raro leva as coisas a tal ponto que os trabalhadores do partido, cegos pela luta entre facções, tendem a avaliar todos os fatos, todos os acontecimentos na vida do partido, não do ponto de vista dos interesses do partido e da classe trabalhadora, mas do ponto de vista dos interesses restritos de sua própria facção, do ponto de vista de sua própria célula faccional.

O camarada Lovestone e seus amigos não sabiam que deveriam ter se mantido afastados de Pepper e que deveriam tê-lo repudiado para não se comprometerem como revolucionários? Por que, apesar dos vários avisos da Comintern, eles não o repudiaram na época? Porque eles agiram, antes de tudo, como faccionistas. Porque cada pedaço de farpa, cada pedaço de corda deve ser valorizado em uma luta de facções, até mesmo cada pobre soldado, até mesmo cada pobre oficial. Porque até mesmo pessoas como Pepper podem servir a um propósito em uma luta de facções. Porque a cegueira faccional os obrigou a colocar os interesses de sua facção acima dos interesses do partido.

O camarada Foster não sabia que deveria ter se mantido distante dos trotskistas ocultos que estavam em seu grupo? Por que, apesar dos repetidos avisos, ele não os repudiou na época? Porque ele se comportou, antes de tudo, como um faccionalista. Porque na luta de facções contra o grupo de Lovestone até mesmo os trotskistas ocultos poderiam ser úteis para ele. Porque a cegueira do faccionalismo embota o senso de partido nas pessoas e faz com que elas não discriminem os meios que empregam. É verdade que essa política é ruim e irreconciliável com os interesses do partido. Mas os faccionistas, via de regra, estão inclinados a esquecer os interesses do partido – tudo o que conseguem pensar é no ponto de vista de sua própria facção.

Em segundo lugar, o faccionalismo interfere na formação do partido no espírito de uma política de princípios; impede a formação dos quadros em um espírito revolucionário honesto, proletário e incorruptível, livre de diplomacia podre e intrigas sem princípios. O leninismo declara que uma política baseada em princípios é a única política correta. O faccionalismo, ao contrário, acredita que a única política correta é a da diplomacia faccional e da intriga sem princípios das facções. É por isso que uma atmosfera de luta faccional cultiva não políticos de princípios, mas manipuladores faccionais hábeis, patifes e mencheviques experientes, espertos em enganar o “inimigo” e encobrir rastros. É verdade que esse trabalho “educativo” dos faccionistas é contrário aos interesses fundamentais do partido e da classe trabalhadora. Mas os faccionistas não se importam com isso – tudo com que se preocupam é com sua própria célula diplomática faccional, seus próprios interesses de grupo. Portanto, não é de surpreender que os políticos de princípios e os revolucionários proletários honestos não recebam a simpatia dos faccionistas. Por outro lado, os trapaceiros e manipuladores das facções, os intrigantes sem princípios, os puxadores de cordas dos bastidores e os mestres na formação de blocos sem princípios são tidos por eles com grande honra.

Em terceiro lugar, o faccionalismo, ao enfraquecer a vontade de unidade no partido e ao minar sua disciplina férrea, cria dentro do partido um regime faccional peculiar, como resultado do qual toda a vida interna de nosso partido é roubada de sua proteção conspiratória diante do inimigo de classe, e o próprio partido corre o risco de ser transformado em um brinquedo dos agentes da burguesia. Isso, via de regra, ocorre da seguinte maneira: digamos que alguma questão esteja sendo decidida no Birô Político do Comitê Central. Dentro do Birô Político, há uma minoria e uma maioria que consideram cada decisão do ponto de vista de sua facção. Se um regime de facções prevalece no partido, os puxadores de cordas de ambas as facções informam imediatamente a um aparelho periférico sobre essa ou aquela decisão do Birô Político, tentando prepará-la para seu próprio benefício e orientá-la na direção que desejam. Como regra, esse processo de informação se torna um sistema regular. Torna-se um sistema regular porque cada facção considera seu dever informar seu aparelho periférico da maneira que julgar adequada e manter sua periferia em uma condição de mobilização, pronta para um confronto com o inimigo da facção. Como resultado, decisões secretas importantes do partido tornam-se de conhecimento geral. Dessa forma, os agentes da burguesia obtêm acesso às decisões secretas do partido e facilitam o uso do conhecimento da vida interna do partido contra os interesses do partido. É verdade que esse regime ameaça a desmoralização completa das fileiras do partido. Mas os faccionistas não se importam com isso, pois, para eles, os interesses de seu grupo são supremos.

Por fim, o mal do faccionalismo consiste no fato de que ele anula completamente todo o trabalho positivo feito no partido; rouba dos trabalhadores do partido todo o direito de se preocupar com as necessidades diárias da classe trabalhadora (salários, horas de trabalho, melhoria do bem-estar material dos trabalhadores etc.); enfraquece o trabalho do partido na preparação da classe trabalhadora para os conflitos de classe com a burguesia e, assim, cria uma situação em que a autoridade do partido deve ser inevitavelmente prejudicada aos olhos dos trabalhadores. Isso enfraquece o trabalho do partido na preparação da classe trabalhadora para os conflitos de classe com a burguesia e, assim, cria um estado de coisas em que a autoridade do partido deve inevitavelmente sofrer aos olhos dos trabalhadores, e os trabalhadores, em vez de se juntarem ao partido, são obrigados a abandonar as fileiras do partido. E é isso que estamos observando agora no Partido Comunista dos EUA. Com o que os líderes das facções da maioria e da minoria têm se ocupado principalmente ultimamente? Com escândalos entre facções, com todo tipo de bagunça mesquinha entre facções, com a elaboração de plataformas e subplataformas inúteis, com a introdução de dezenas e centenas de emendas e subemendas a essas plataformas. Semanas e meses são desperdiçados em emboscadas para o inimigo da facção, tentando encurralá-lo, tentando descobrir alguma coisa na vida pessoal do inimigo da facção ou, se nada puder ser encontrado, inventando alguma ficção sobre ele. É óbvio que o trabalho positivo deve sofrer em tal atmosfera, a vida do partido se torna mesquinha, a autoridade do partido diminui e os trabalhadores, os melhores, os trabalhadores de mente revolucionária, que querem ação e não escândalos, são forçados a deixar o partido.

Esse é, fundamentalmente, o mal do faccionalismo nas fileiras de um partido comunista.

Portanto, a tarefa mais importante do Partido Comunista dos EUA é acabar com o faccionalismo e curar-se definitivamente dessa doença.

É nisso que se baseia o projeto da Comissão apresentado para sua apreciação.

Algumas palavras sobre a maneira arrogante com que o grupo do camarada Lovestone fala e se apresenta aqui em nome de todo o partido, em nome de 99% do Partido Comunista dos EUA. Eles nunca se apresentam de outra forma que não seja em nome de 99% do partido. Poderíamos pensar que eles têm esses 99% em seus bolsos. Essa é uma maneira ruim, camaradas da delegação estadunidense. Gostaria de lembrá-los de que Zinoviev e Trotsky também jogaram trunfos com porcentagens e garantiram a todos que tinham assegurado, ou de qualquer forma, que assegurariam, uma maioria de 99% nas fileiras do Partido Comunista dos EUA. Vocês sabem, camaradas, em que farsa terminou a vã glória de Trotsky e Zinoviev. Portanto, eu o aconselharia a não jogar trunfo com porcentagens. Vocês declaram que têm uma certa maioria no Partido Comunista dos EUA e que manterão essa maioria em todas as circunstâncias. Isso é falso, camaradas da delegação estadunidense, absolutamente falso. Vocês tinham a maioria porque o Partido Comunista dos EUA até agora os considerava defensores determinados da Internacional Comunista. E foi somente porque o partido os considerava amigos da Comintern que vocês tiveram a maioria nas fileiras do Partido Comunista dos EUA. Mas o que acontecerá se os trabalhadores estadunidenses souberem que vocês pretendem romper a unidade das fileiras da Comintern e que estão pensando em conduzir uma luta contra seus órgãos executivos – essa é a questão, caros camaradas? Você acha que os trabalhadores estadunidenses seguirão seu exemplo contra a Comintern, que eles preferirão os interesses de seu grupo faccional aos interesses da Comintern? Houve inúmeros casos na história da Comintern em que seus líderes mais populares, que tinham mais autoridade do que você, se viram isolados assim que levantaram a bandeira contra a Comintern. Você acha que se sairá melhor do que esses líderes? Pouca esperança, camaradas! No momento, vocês ainda têm uma maioria formal. Mas amanhã vocês não terão maioria e ficarão completamente isolados se tentarem iniciar uma luta contra as decisões da Presidência do Comitê Executivo da Comintern. Vocês podem ter certeza disso, queridos camaradas.

O camarada Lovestone é considerado um líder talentoso, como o fundador do Partido Comunista dos EUA. Dizem que o Partido Comunista dos EUA não pode se dar bem sem o camarada Lovestone, que a remoção do camarada Lovestone pode arruinar o partido. Isso não é verdade, camaradas. Mais do que isso, não é sincero. Seria um partido ruim se não conseguisse sobreviver sem um determinado líder. O Partido Comunista dos EUA não é tão fraco quanto alguns camaradas pensam. De qualquer forma, ele é muitas vezes mais forte do que se imagina. O partido é criado pela classe trabalhadora e não por líderes individuais. Declarar o contrário seria absurdo. E, além disso, o camarada Lovestone não é, afinal, um grande líder. Ele é, sem dúvida, um camarada capaz e talentoso. Mas como suas capacidades têm sido empregadas? Em escândalos e intrigas entre facções. O camarada Lovestone é, indiscutivelmente, um hábil e talentoso puxador de cordas faccionais. Ninguém pode negar isso a ele. Mas a liderança da facção não deve ser confundida com a liderança do partido. Um líder do partido é uma coisa, um líder de facção é outra bem diferente. Nem todo líder de facção tem o dom de ser um líder do partido. Duvido muito que, nesse estágio, o camarada Lovestone possa ser um líder do partido.

É assim que as coisas estão, camaradas.

E qual é a solução, vocês perguntarão? Em minha opinião, a solução é aceitar o projeto da Comissão, rejeitar a declaração da delegação estadunidense e impor a todos os membros do Partido Comunista dos EUA o dever de cumprir sem reservas as decisões da Presidência. Ou os camaradas estadunidenses se submeterão sem hesitação às decisões da CEIC e as colocarão ativamente em prática - e isso será um passo importante para destruir o faccionalismo, para a paz no partido; ou eles se manterão fiéis à sua declaração e se recusarão a se submeter às decisões da CEIC – e isso não significará paz, mas guerra contra o Comintern, guerra dentro das fileiras do Partido Comunista dos EUA. Propomos paz e unidade. Se os camaradas da delegação estadunidense adotarem nossas propostas, tudo bem; se não, pior para eles. O Comintern seguirá seu devido curso em todas as circunstâncias. Disso vocês podem ter certeza, caros camaradas.

Por fim, uma ou duas palavras sobre os novos processos de bolchevização das seções da Comintern que estão ocorrendo no momento.

Em uma conversa comigo outro dia, o camarada Lovestone declarou que uma frase ou outra a respeito de uma “ferida” no aparato da Comintern foi um lapso de linguagem. Ele me garantiu que a frase era casual e não tinha nenhuma ligação com suas relações com a Comintern. Respondi que, se a frase fosse de fato acidental, não valeria a pena dar atenção a ela, embora a frase em si fosse, sem dúvida, falsa e equivocada. No entanto, algum tempo depois, tomei conhecimento do relatório feito pelo camarada Lovestone no 6º Congresso, no qual ele fala novamente de uma “ferida aberta”, mas dessa vez não em relação ao aparato da Comintern, mas ao capitalismo mundial. Aparentemente, a frase “dor de cabeça” não é uma frase casual para o camarada Lovestone. A “dor de cabeça” em relação ao capitalismo mundial implica, devemos supor, a crise do capitalismo mundial, o processo de sua desintegração.

E o que o camarada Lovestone quer dizer com a “ferida aberta” no aparato da Internacional Comunista? Aparentemente, a mesma crise e desmoralização do aparato da Comintern. O que mais poderia significar essa expressão? O que faz com que Lovestone fale de uma “ferida aberta” ou de uma crise no aparato da Comintern? Obviamente, a mesma coisa que leva os direitistas nas fileiras da Partido Comunista dos EUA a falar de uma crise e de desmoralização na Internacional Comunista. Falando em desmoralização da Comintern, os direitistas geralmente se referem a fatos como a expulsão dos direitistas do Partido Comunista da Alemanha (PCA), a derrocada dos direitistas no Partido Comunista da Tchecoslováquia (PCT), o isolamento dos direitistas no Partido Comunista da França (PCF), a luta pelo isolamento dos faccionistas incorrigíveis no Partido Comunista dos EUA, e assim por diante.

Bem, talvez esses fatos sejam realmente sintomas de uma doença grave da Internacional Comunista, sintomas de sua desmoralização, sintomas de uma “ferida” na Internacional Comunista? É claro que não, camaradas. Somente os filisteus e os pequeno-burgueses do partido podem pensar assim. O fato é que esse é um processo benéfico de limpar as seções da Internacional Comunista de elementos oportunistas e vacilantes. Os partidos estão sendo bolchevizados e fortalecidos ao se livrarem da decadência. Está claro que esse é o significado dos recentes acontecimentos nos partidos alemão, tchecoslovaco, estadunidense, francês e outros. Para os filisteus do Partido, tudo isso parece ser um sinal de desmoralização da Comintern, porque eles não conseguem enxergar além de seu nariz. Mas os marxistas revolucionários sabem que esse é um processo benéfico de bolchevização de nossos partidos irmãos, sem o qual o proletariado não pode estar preparado para os conflitos de classe iminentes.

Há muitos que pensam que nada mudou na situação internacional ultimamente, que tudo continua como antes. Isso não é verdade, camaradas. O fato é que temos uma acentuação da luta de classes em todos os países capitalistas, uma crise revolucionária crescente na Europa, condições crescentes de um novo movimento revolucionário ascendente. Ontem, isso foi sinalizado por uma greve geral em Lodz. Não faz muito tempo, recebemos um sinal de Berlim. Amanhã receberemos sinais da França, Inglaterra, Tchecoslováquia, América, Índia, China. Em breve, o solo estará quente demais para o capitalismo mundial.

O dever do Partido Comunista é iniciar imediatamente o trabalho preparatório para as próximas lutas de classe, preparar a classe trabalhadora e as massas exploradas para novas lutas revolucionárias. A luta contra o reformismo e contra a social-democracia deve ser intensificada. A luta para conquistar milhões de massas trabalhadoras para o lado do comunismo deve ser intensificada. A luta deve ser intensificada para a formação de verdadeiros quadros revolucionários do Partido e para a seleção de verdadeiros líderes revolucionários do Partido, de indivíduos capazes de entrar na luta e levar o proletariado consigo, indivíduos que não correrão diante da tempestade e não entrarão em pânico, mas que navegarão diante da tempestade. Mas, para realizar essa tarefa, é necessário imediatamente, sem perder um único momento, pois o tempo não espera, começar a limpar os Partidos Comunistas dos elementos de direita e conciliadores, que representam objetivamente a agência da social-democracia dentro das fileiras do Partido Comunista. E devemos tratar desse assunto, não no ritmo habitual, mas em um ritmo acelerado, pois, repito, o tempo não espera, e não devemos permitir que os acontecimentos nos peguem desprevenidos. Há alguns anos, talvez não tivéssemos sido tão urgentes em relação a esse assunto, contando com o fato de que o processo molecular de bolchevização dos Partidos eliminaria gradualmente a direita e os elementos vacilantes, todos os Brandlers e Thalheimers, todo e qualquer puxador de cordas faccional, etc., etc. Talvez não tivéssemos sido tão urgentes porque não havia perigo de nos atrasarmos.

Mas agora a situação é diferente. Atrasar agora significa chegar atrasado, e chegar atrasado significa ser pego de surpresa pela crise revolucionária. Portanto, o processo de depuração dos Partidos Comunistas que está em andamento é um processo benéfico, que fortalece o Comintern e suas seções. Os filisteus têm medo desse processo benéfico e, em seu medo, falam bobagens a respeito da desintegração da Comintern, apenas porque são filisteus. Os revolucionários, por outro lado, sempre darão as boas-vindas a esse processo benéfico, porque ele é, ao mesmo tempo, parte integrante da grande causa de preparar a classe trabalhadora para as lutas de classe que se aproximam, que é agora a principal tarefa dos Partidos Comunistas do mundo.

O mérito do projeto da Comissão consiste no fato, entre outros, de que ele auxilia o Partido Comunista dos EUA a colocar em prática essa tarefa principal.


Segundo discurso proferido na Presidência da CEIC sobre a questão estadunidense

14 de maio de 1929

Parece-me, camaradas, que alguns camaradas estadunidenses não conseguem entender a posição que foi criada agora que o projeto da Comissão foi adotado pela Presidência. Aparentemente, os camaradas não compreendem plenamente que defender suas convicções quando a decisão ainda não foi tomada é uma coisa, e submeter-se à vontade da Comintern depois que a decisão foi tomada é outra. Poderíamos, e deveríamos, ter criticado e lutado contra o projeto da Comissão se os membros da delegação considerassem que ele estava errado. Mas agora que o projeto da Comissão se tornou a decisão da Presidência, os delegados estadunidenses devem ter a coragem de se submeter à vontade do coletivo, à vontade da Comintern, e assumir a responsabilidade de colocar em prática a decisão da Comintern.

Devemos valorizar a firmeza e a obstinação demonstradas aqui por oito dos dez delegados estadunidenses em sua luta contra o projeto da Comissão. Mas é impossível aprovar o fato de que esses oito camaradas, depois que seus pontos de vista sofreram uma derrota completa, se recusam a subordinar sua vontade a vontade do coletivo superior, a vontade da Presidência da CEIC. A verdadeira coragem bolchevique não consiste em colocar a vontade individual acima da vontade do coletivo, acima da vontade da Comintern. A verdadeira coragem consiste em ser forte o suficiente para dominar e superar a si mesmo e subordinar sua vontade a vontade do coletivo, à vontade do órgão superior do partido. Sem isso, não há coletivo. Sem isso, não há, e não pode haver, nenhuma liderança coletiva.

Acredito que vocês não negarão a coragem, a firmeza e a capacidade dos bolcheviques russos de defender suas convicções. Como qualquer grupo de bolcheviques russos geralmente agia quando se encontrava em uma minoria? Não querendo quebrar a disciplina férrea do Partido, a minoria, via de regra, se conformava com a vontade da maioria. Houve dezenas e centenas de casos na história do nosso partido em que uma seção de bolcheviques, convencida de que o Comitê Central do Partido Bolchevique havia tomado uma decisão errada, ainda assim, após a discussão, após uma disputa acirrada, após defender sua convicção, declarava sua total disposição de se conformar com as decisões do coletivo dirigente superior e colocá-las em prática. Eu poderia mencionar um exemplo que ocorreu em 1907, quando uma parte dos bolcheviques era a favor do boicote à Duma, enquanto a maior parte dos bolcheviques era a favor de uma mudança na política de participação na Duma, e a minoria se submeteu sem reservas à vontade da maioria. Os bolcheviques russos teriam arruinado a causa da Revolução Russa se não tivessem sabido como conformar a vontade de camaradas individuais à vontade da maioria, se não tivessem sabido como agir coletivamente. Foi assim que nós, bolcheviques, fomos treinados, os bolcheviques que derrubaram a burguesia, estabeleceram o Poder Soviético e que agora estão abalando os alicerces do imperialismo mundial. A capacidade de agir coletivamente, a prontidão para conformar a vontade de camaradas individuais à vontade do coletivo, é o que chamamos de verdadeira firmeza bolchevique. Pois sem essa hombridade, sem a capacidade de superar, se preferirem, a autoestima e subordinar a própria vontade à vontade do coletivo, sem essas qualidades, não pode haver coletivo, nem liderança coletiva, nem comunismo. E isso é verdade não apenas em relação aos partidos individuais e seus comitês centrais; é particularmente verdade em relação ao Comintern e seus órgãos dirigentes, que unem todos os partidos comunistas do mundo.

Os camaradas Gitlow e Lovestone anunciaram aqui, com desenvoltura, que suas consciências e convicções não permitem que se submetam às decisões da Presidência e as coloquem em prática. O mesmo foi dito pelo camarada Bloor. O que eles disseram foi o seguinte: como não concordam com a decisão da Presidência, não podem se submeter a essa decisão e colocá-la em prática. Mas somente os anarquistas e individualistas podem falar assim, não os bolcheviques, não os leninistas, que são obrigados a colocar a vontade do coletivo acima de sua vontade individual. Eles falam de sua consciência. Mas os membros da Presidência da CEIC também têm sua consciência e suas convicções. O que deve ser feito se a consciência e as convicções da Presidência da CEIC entrarem em conflito com a consciência e as convicções dos membros individuais da delegação estadunidense? O que deve ser feito se a delegação estadunidense na Presidência recebeu apenas um voto para sua declaração, o voto do camarada Gitlow, enquanto os demais membros da Presidência se declararam unanimemente contra a declaração da delegação estadunidense e a favor do projeto da Comissão? Membros da delegação estadunidense, vocês acham que a consciência e as convicções do camarada Gitlow estão acima da consciência e das convicções da maioria esmagadora da Presidência da CEIC? Vocês começam a entender que se cada um de nós começar a agir de acordo com sua própria vontade, sem levar em conta a vontade do coletivo, nunca chegaremos a nenhuma decisão; nunca teremos nenhuma vontade coletiva, nem nenhuma liderança?

Tomemos como exemplo qualquer fábrica ou instalação. Vamos supor que a maioria dos trabalhadores dessa fábrica mostre inclinação para fazer greve, enquanto a minoria, sob o argumento de suas convicções, declara-se contra a greve. Começa uma guerra de opiniões, são realizadas reuniões e, no final, a grande maioria da fábrica decide fazer greve. O que você diria de dez ou vinte trabalhadores, representando uma minoria na fábrica, que declararam que não se submeteriam à decisão da maioria dos trabalhadores, já que não estavam de acordo com essa decisão? Como vocês os chamariam, caros camaradas? Vocês sabem que esses trabalhadores costumam ser chamados de fura-greves, de pelegos. Não está claro que as greves, manifestações e outras ações coletivas dos trabalhadores seriam absolutamente impossíveis se a minoria não se subordinasse à maioria? Não está claro que nunca teríamos tido nenhuma decisão ou vontade coletiva, nem nos partidos individuais, nem na Comintern, se os indivíduos e as minorias em geral não se submetessem à vontade da maioria, à vontade do coletivo superior?

É assim que as coisas funcionam, camaradas da delegação estadunidense.

Por fim, algumas palavras sobre o destino do Partido Comunista dos EUA em relação à decisão adotada pela Presidência da CEIC. Os camaradas da delegação estadunidense consideram a questão muito trágica. Eles declaram que, com a adoção do projeto da Comissão, o Partido Comunista dos EUA perecerá ou, de qualquer forma, cambaleará à beira de um precipício. Isso não é verdade, camaradas. Mais do que isso, é absolutamente ridículo. O Partido Comunista dos EUA vive e continuará a viver, a despeito das profecias dos camaradas da delegação estadunidense. Além disso, se o Partido Estadunidense expulsar de seu seio o faccionalismo sem princípios, ele crescerá e florescerá. A importância da decisão adotada pela Presidência consiste no fato de que ela facilitará para o Partido Comunista dos EUA acabar com o faccionalismo sem princípios, criar unidade no partido e, finalmente, entrar no amplo caminho do trabalho político de massa. Não, camaradas, o Partido Comunista dos EUA não perecerá. Ele viverá e florescerá para a consternação dos inimigos da classe trabalhadora. Apenas um pequeno grupo faccional perecerá se continuar a ser teimoso, se não se submeter à vontade da Comintern, se continuar a aderir a seus erros. Mas o destino de uma pequena facção não deve, em hipótese alguma, ser identificado com o destino do Partido Comunista dos EUA. Pelo fato de um pequeno grupo faccional estar sujeito a perecer politicamente, isso não significa que o Partido Comunista dos EUA deva perecer. E, se for inevitável que esse pequeno grupo faccional pereça, então que pereça, desde que o Partido Comunista cresça e se desenvolva. Vocês veem a situação de forma muito pessimista, caros camaradas da delegação estadunidense. Minha perspectiva é otimista.


Inclusão: 09/10/2023