A não Intervenção da URSS na Espanha
(jul. - set. 1936)

Pierre Broué


Primeira Edição: ....

Fonte: Revista "Olho da História" - UFBa - http://www.oolhodahistoria.ufba.br/02broue.html

Transcrição e HTML: Fernando Araújo.


Existem episódios políticos relativamente breves, mas importantes, que são completamente ocultados pelos acontecimentos que os sucedem. Assim, a Guerra de Espanha, durante vários anos, foi obscurecida pela Segunda Guerra Mundial à qual estava vinculada enquanto ‘prefácio e repetição geral’, sem nenhuma qualificação para uma existência própria. Tal espécie de ocultação é facilitada pela cronologia, porém, ela se explica, em última análise, pelos interesses políticos e pela pouca cumplicidade. Esse é sem dúvida o caso do período no qual a política da URSS na Guerra Civil Espanhola de não-intervenção foi aplicada, não somente de fato, mas, em seguida, de direito. Tal período se estendeu do mês de julho a setembro de 1936 e foi decisivo, pois foi nele que as tropas de Franco conseguiram, em grande medida, o restabelecimento de uma situação bem comprometida pelas suas derrotas nos combates de rua diante das milícias operárias que não estavam nem foram equipadas para os combates em campo aberto.

Os autores mais sérios que estudaram a política soviética na Guerra de Espanha consagram apenas algumas páginas, quando não somente algumas linhas, a esse período, confirmando, dessa forma, a versão mais favorável à URSS enquanto única potência a ter abandonado a ‘farsa’ da não-intervenção, desde que comprovou ser ela uma cegueira, e a ter ajudado efetivamente a Espanha republicana. Resta explicar por que o governo da URSS se juntou à ‘farsa’ da sociedade das nações ‘democráticas’ com a adoção, na prática, da política de não intervenção. Seria sensato acreditar no argumento de que tal atitude visava o seu desmascaramento completo? E por jogar tal jogo, ela não teria privado os republicanos espanhóis de armas durante dois meses decisivos? Esta é uma questão que os diversos Partidos Comunistas e os seus historiadores, ao longo das décadas, não conseguiram explicar. O combate pela verdade histórica exige ressuscitá-la.

A versão ‘oficial’

No livro Guerra y Revolución en España(1), que traz o selo oficial do Partido Comunista Espanhol (PCE), apenas na metade do segundo volume (num total de três), e no segundo capítulo, a não-intervenção é abordada, e, da sua caracterização enquanto ‘farsa’ e ‘traição’, torna-se claro que a URSS também aderiu à não-intervenção. Descobre-se então uma versão idílica desta adesão.

Numa outra obra oficial do PCE, intitulada L’URSS devant la Non-intervencion(2), o autor começa afirmando que, desde os primeiros momentos, a URSS se pronunciou contra o princípio desta proposição que foi feito neste sentido pelo governo francês. Os soviéticos apoiavam-se no direito internacional que, segundo ele, interditava os países de limitar o direito do governo legal da Espanha de comprar armas onde ele desejasse. Tal direito também não justificava colocar-se sobre um mesmo plano um governo legítimo e constitucionalmente eleito e um bando de rebeldes se insurgindo contra o regime constitucional.

Ele explica, entretanto, que a URSS teve que procurar o meio correto, de "levar uma luta efetiva contra as tentativas imperialistas de estrangular o povo espanhol"(3), o que implicava que ela tinha calculado todas as circunstâncias concretas. Tais circunstâncias relacionavam-se com o fato de que a proposição emanada do governo francês de Frente Popular era julgada por muitos como o único meio de evitar uma guerra mundial e de impedir a ajuda alemã e italiana a Franco, e, por fim, de que a não-intervenção foi aceita até mesmo pelo governo republicano espanhol.

Nessas condições, prossegue a hagiografia do PCE, uma recusa da proposição francesa teria aberto as portas às acusações contra a URSS de querer intervir na Espanha, e ofereceria uma justificativa a Hitler e a Mussolini para ajudar a tropas franquistas, permitindo isolar a URSS, que poderia ser acusada, primeiramente, de ‘intervenção’ na Espanha. Ele define assim a atitude da União Soviética:

aceitar a não-intervenção, mas sob forma condicional. Quer dizer que a URSS aplicou a não-intervenção sob a condição de que a Alemanha e a Itália a aplicassem igualmente, sob a condição, por conseqüência, que Hitler e Mussolini cessassem de enviar material de guerra aos rebeldes.(4)

Os esforços louváveis dos redatores dessa defesa da política soviética não podem, todavia, impedir que apareçam duas lacunas incontestáveis. Como, nessas circunstâncias, explicar que a URSS tenha assinado o acordo de não-intervenção sem ter, por sua vez, enviado armas à Espanha anteriormente, ao passo que a ajuda ítalo-alemã seguia sem interrupção há cinco semanas? Como acreditar que a adesão à não-intervenção era ‘condicional’ para a URSS, quando se tratava de um acordo geral, evidentemente condicional para todos: nenhuma potência que se liga através de um acordo mútuo pensa autorizar os outros a agir a sua maneira. Uma tal interpretação toma seus leitores por ‘simples de espírito’.

A versão ‘histórica’

É ao historiador de diplomacia, o britânico Jonathan Haslam, que se pode pedir a definição histórica da política de não-intervenção da URSS durante as primeiras semanas da Guerra Civil. Sublinhando a ausência quase que total de relações entre a Espanha e a URSS, a ausência tanto de diplomatas quanto de correspondentes soviéticos na Espanha, ele assegura que os diplomatas soviéticos estavam sobretudo interessados em demonstrar a ingerência ítalo-alemã e que a Internacional Comunista, refletindo certos temores, permanecia ‘curiosamente muda’ e que a concessão à opinião pública soviética se fazia sob a forma de uma ajuda financeira confiada aos sindicatos.

Avaliando diferentes reações da imprensa e das autoridades soviéticas, Haslam escreveu, para caracterizar a política destes, que

a reação soviética a estes acontecimentos foi um pouco ambígua e confusa, uma mistura curiosa de reserva formal e de ajuda ‘oficiosa’, divulgada acompanhada de vituperações contra as potências fascistas. De todos os modos, Stalin não estava ainda decidido e a confusão se fez crescer à medida que o verão avançava.(5)

Quanto às reações provocadas na imprensa soviética pela assinatura da declaração de não-intervenção pela URSS no dia 23 de agosto, seguindo outras potências, igualmente a Alemanha e a Itália, Haslam sublinha que eles chegaram até a escrever que ‘a teoria da neutralidade’ — no caso a não-intervenção — era

"de fato um bater em retirada geral diante dos governos fascistas e de seus partidários nos diversos países"(6).

Uma situação difícil

De fato, a situação da URSS tornou-se bastante difícil com a explosão da guerra civil na Espanha, país pelo qual a sua diplomacia não havia se interessado muito até então. De fato, a União Soviética estava engajada em uma política de segurança coletiva diante da Alemanha, dando-se conta, finalmente, que ela a ameaçava diretamente desde a chegada de Hitler ao poder. O Pacto Franco-soviético constituiu um importante passo nessa direção, mas revelou igualmente seus limites com o muito inquientante resultado das eleições francesas e o avanço dos socialistas e dos comunistas que arriscavam inquietar o governo britânico, cuja inclusão no Pacto era condição sine qua non de sua eficácia.

A esse respeito, a situação espanhola, antes mesmo da explosão da Guerra Civil, constituía uma ameaça para os planos da URSS. A vitória eleitoral da Frente Popular criou uma situação de profunda agitação social na Espanha, na qual a direita denunciava a ação dos comunistas e a ‘mão de Moscou’ e de personagens também influentes como Auckland Geddes, o presidente diretor-geral do Rio Tinto, e suplicava ao governo de Londres a fazer alguma coisa para preservar na Espanha seus interesses ‘legítimos’. A Guerra Civil, como testemunham os relatórios do Cônsul britânico na Espanha ao Foreign Office, provocou, do lado republicano, uma revolução que só podia repugnar profundamente ao governo conservador de Londres, cujas simpatias ‘sociais’ se dirigiam, evidentemente, aos militares sublevados.

Uma perspectiva revolucionária na Espanha, dessa forma, não podia alegrar em nada a União Soviética. Seus dirigentes acreditavam que ela poderia desencadear uma cruzada anti-revolucionária que permitiria às potências fascistas convencer a Grã-Bretanha do perigo da revolução e voltá-la, de novo, contra a União Soviética. A França, sua única aliada, seria fortemente golpeada pelo contágio revolucionário, sobretudo na sua capacidade de defesa. É necessário acrescentar que as organizações políticas que poderiam, na Espanha, desempenhar um papel nesta revolução, apresentavam, para os dirigentes soviéticos, aspectos profundamente inquientantes: eles se inquietavam com a Confederação Nacional dos Trabalhadores (CNT), com sua ideologia libertária, com o controle anarquista da Federação Anarquista Ibérica (FAI), e, mais ainda, com o Partido Operário Unificado Marxista (POUM), influente partido na Catalunha, dirigido por antigos líderes dissidentes do PC, cujo prestígio popular, naquele período, era bem superior ao dos dirigentes do PC.

Inversamente, a vitória dos generais sublevados contra o governo ‘republicano’, sustentada por Roma e por Berlim, modificaria a situação de maneira muito profunda, isolando diplomaticamente a França e criando-lhe, sob uma nova fronteira, graves problemas de segurança, ameaçando-a em território magrebino.

Nesse momento, os rumores sobre a intervenção soviética na Espanha e o apoio material que eles supostamente teriam concedido aos ‘vermelhos’ — puras invenções de propaganda — apavoraram os dirigentes soviéticos, visto que eles não desejavam, de forma nenhuma, que a URSS fosse identificada com elementos perturbadores da ordem, do statu quo, desestabilizadores das sociedades democráticas, em nenhum caso aliados convenientes de democracias parlamentares e de potências coloniais como a França e a Grã-Bretanha. Provavelmente convencido desde o início de que o interesse geral de sua política exterior visava a derrota dos aliados de Roma e de Berlim na Espanha para evitar o enfraquecimento do precioso aliado francês, o governo soviético estava muito ansioso de se esquivar das acusações formuladas contra ele, cortina de fumaça atrás da qual se concretiza a ajuda dos governos de Roma e Berlim à Espanha franquista.

Uma evidente falta de interesse

Está evidente que os dirigentes soviéticos levaram um tempo excepcionalmente longo, não somente para tomar uma decisão, mas também para simplesmente se orientar nesta situação concreta, da mesma forma como eles haviam levado para compreender que a chegada de Hitler ao poder constituía, para a URSS, uma ameaça direta. Seria possível, como asseguram certos autores — soviéticos e outros — que essa postura da URSS se explicasse por uma crença ingênua na rápida vitória das forças ‘republicanas’? É verdade que, para a imprensa comunista, as tropas leais combatiam com sucesso após sucesso, dia após dia, e não se abatiam mais contra os restos esparsos de uma sublevação esmagada. Mas é sabido que não é esse tipo de informação que determina a política, mas, ao contrário, é a política que determina a escolha da informação.

É cômico ouvir, para ‘explicar’ a política dos soviéticos em relação à Espanha, que essa demora foi o resultado da inexistência de relações diplomáticas entre os dois países. A afirmação é absurda porque, como a história o provou, dependia exclusivamente da ação da política soviética para que essa situação se modificasse. É certo que a mudança dos embaixadores prevista para 1933 não foi realizada logo após o falecimento do embaixador soviético Lunacharsky, e que os dirigentes do governo do bienio negro colocaram muita má vontade na realização da troca de representantes. Mas as relações foram retomadas, em 1936, com o governo da Frente Popular, entre Litvinov e o embaixador da Espanha na Sociedade das Nações, Salvador Mandariaga. Haslam nota sobre esse ponto:

Mesmo após a explosão da Guerra Civil, os russos levaram um tempo extraordinário — tendo em vista as circunstâncias — para mudar de embaixador(7).

Eles não se decidiram até o momento que se tornou evidente que a França aplicaria a política de não-intervenção e que a ajuda soviética tornava-se uma eventualidade a ser estudada, mas admitindo que relações diplomáticas eram possíveis. A nomeação de Marcel Rosemberg, primeiro-secretário em Paris, para o cargo de embaixador soviético em Madri e sua épica viagem de avião até Madri, em 28 de agosto, mostrou, ao contrário, que os russos poderiam agir rápido quando estimassem necessário(8).

Uma outra indicação é dada pela falta de curiosidade dos correspondentes dos grandes jornais soviéticos. Os combates começaram na Península em 18 julho e apenas em 8 de agosto o correspondente do Pravda, Michel Koltsov, chegou à Espanha, 21 dias após o início do levante(9). Ilga Ehrenbourg estava em Paris quando explodiu a Guerra Civil e, conta, em suas memórias, que reclamava em vão ao Izvestija uma ordem de missão para ir cobrir os acontecimentos da Espanha, o que seria finalmente decidido numa data que ele não indica (após Koltsov, em todo caso), sem que ele tenha recebido de sua redação respostas a suas questões urgentes(10).

É necessário acrescentar que uma outra prova do desejo real dos governantes da União Soviética de permanecer à parte da Guerra de Espanha é dada pelo fato de que a Internacional Comunista permaneceu, durante um bom tempo, obstinadamente ‘muda’. Jonathan Haslam anotou as seguintes tomadas de posição: em 21 de julho, o Comitê Mundial contra a Guerra e o Fascismo, em 23, o Socorro Operário Internacional na França, na Bélgica e na Itália, em 25, novamente o Comitê Mundial contra a Guerra e o Fascismo, declarações do PC dos EUA, da Polônia e da Grã-Bretanha e o Socorro Vermelho lançaram apelos à ‘solidariedade’. Em 27 de julho, em l’Humanité, Gabriel Péri fala da nova fronteira que a França deve defender. Somente em 1o de agosto, o boletim de imprensa da Internacional Comunista consagrou enfim um número inteiro à Guerra de Espanha(11). A Internacional Comunista colocou-se finalmente em dia? Veremos ...

Uma política de dupla face

Curiosamente, o governo soviético deu sinais de interesse para uma defesa concreta da Espanha somente a partir do momento em que ele se certificou, nas negociações, — de forma consciente — de que estas o levariam à política de não-intervenção. Em 3 de agosto, no momento em que se estabelece em Paris um conjunto do procedimentos, um encontro visivelmente organizado de última hora reuniu, na Praça Vermelha, mais de duzentas mil pessoas, segundo cifras oficiais. E, no mesmo dia, o encarregado dos negócios americanos, Henderson, indica que há divergências em Moscou entre aqueles que não querem enviar dinheiro para a Espanha, com medo que isso seja encarado como uma ‘intervenção’, e aqueles que pensavam que não ajudar a Espanha era impossível(12). Em 4 de agosto, o Pravda traz: "Pela defesa do povo espanhol contra os assassinatos e intervenções fascistas". O editorial explica que "o combate dos operários e dos camponeses espanhóis por uma república democrática ... é um combate pela paz". Em 5 de agosto, o encarregado de negócios francês Payart se aproxima do comissariado de negócios estrangeiros para apresentar as proposições francesas de não-intervenção(13). O embaixador italiano assinalou que a proposição foi recebida em Moscou "com grande alívio"(14). A imprensa anunciou, no mesmo dia, que se passava a deduzir 12 milhões de rublos dos salários dos operários soviéticos, a seu pedido, para auxiliar a Espanha. Em 9 de agosto, Payart escreveu ao ministro Delbos que o governo soviético "aderiu sem reserva" ao dispositivo do projeto francês de declaração comum e solicita apenas que fossem suprimidas as considerações gerais de princípios que não eram, a seu ver, muito felizes e traziam o risco de dividir os signatários(15). Ivon Delbos, em 12 de agosto, afirma que ele "apreciou vivamente a solicitude que o governo soviético dispensou ao aderir ao dispositivo de nossa proposição"(16). É verdade que Krestininsky, o adjunto de Litivnov, voltando de férias, assegurou a Payart que os russos não tinham nenhuma ilusão e não duvidavam um minuto que a Alemanha e a Itália dariam continuidade, até o último momento, quer dizer, até a derrota dos legalistas, ao fornecimento de ajuda as suas tropas.

Simultaneamente, entretanto, a chave da atitude do governo soviético é dada pelas declarações públicas de Litvinov. Em 29 de setembro, na assembléia geral das Sociedades das Nações, ele dá uma declaração perfeitamente conservadora e mesmo anti-revolucionária da política soviética por meio de suas considerações jurídicas sobre o pano de fundo da Guerra Espanhola. Contrariamente a todos os princípios da política exterior soviética do tempo de Lenin — cujos vários companheiros foram executados em 24 de agosto, no fim do Processo dos Dezesseis, o primeiro Processo de Moscou — as considerações jurídicas emitidas por Litvinov constituem uma apologia do statu quo interior e exterior no qual o pacifismo da política externa vai até legitimar as mais cruéis ditaduras dos piores inimigos da União Soviética. Litvinov declara:

Fiel ao princípio de que cada nação tem o direito de escolher, ele mesmo, sua ordem política e social, o governo soviético não faz discriminação contra os Estados no que concerne ao seu regime interno.(17)

Ele prossegue, dando um desmentido aos rumores que implicariam a União Soviética em qualquer empresa antifascista:

Ainda que considere o nacional-socialismo e o racismo como os inimigos mortais de todos os trabalhadores, e mesmo da civilização, o governo soviético jamais instituirá uma cruzada contra os países que são prisioneiros dessas doutrinas.(18)

A posição é portanto de dupla face, visto que, no mesmo discurso, ele tenta conciliar a vontade pacifista de ‘neutralidade’, tal qual exprimiu o governo francês e à qual ele adere, com seu desejo de ver colocados em cheque os rebeldes da Espanha. Ele assegura:

Nós não consideramos o princípio de neutralidade como aplicável a uma revolta contra um governo legítimo.(19)

E ele se levanta contra a ajuda ítalo-alemã aos rebeldes, na qual ele vê uma brecha séria aos princípios do direito internacional, sobre a qual ele assegura que:

(Será) um princípio novo, cheio de conseqüências incalculáveis, de acordo com que será permitido ajudar abertamente desordeiros contra seu governo legítimo.(20)

Seria incorreto ver nessas declarações simples considerações jurídico-diplomáticas destinadas a acusar os governos de Roma e de Berlim que ‘intervinham’ do lado dos ‘desordeiros’ contra ‘um governo legítimo’. Há igualmente, da parte da União Soviética, nas considerações acima, uma declaração de respeito das autoridades constituídas e de condenação de ‘revoltas’ e ‘rebeliões’ contra autoridades ‘legítimas’ no meio dos quais se conta o governo nazista, que tem um outro caráter. Acusado de ser na Espanha e em outras partes o suporte ou, ao menos, o aliado ideológico da revolução, o governo soviético aproveita para desmentir solenemente tais acusações. É à luz dessas declarações que é necessário compreender a declaração do embaixador soviético Rosemberg, no momento de entregar suas cartas de crédito ao presidente Azaña, a quem ele assegurou:

Eu tenho plena consciência de que o governo da República espanhola não deseja impor suas próprias concepções políticas e sociais aos outros e que estas coincidem completamente com as idéias de vosso governo.(21)

De fato, a União Soviética estava vindo ajudar um ‘governo legítimo’ e não tinha a menor intenção subversiva: ela virou resolutamente as costas para a revolução produzida na zona ‘legalista’: toda tentativa, qualquer que seja, de recolocar em causa o governo ‘legítimo’ não poderia emanar senão dos ‘rebeldes’ e ‘desordeiros’, contra os quais o princípio de ‘neutralidade’ não poderia ser invocado. Inserindo-se no contexto espanhol deste fim de agosto, no qual ela acabava de assinar a declaração de não-intervenção na Guerra de Espanha, a União Soviética se colocou como uma força defensora da ordem e do conservadorismo político e social, como potência respeitável que procura, contra os perturbadores da paz, assegurar a confiança das democracias ocidentais, consolidar a aliança francesa e ganhar a britânica.

Desacordos em Moscou?

A maior parte dos observadores da época, entretanto, exalta as resistências encontradas por esta política em Moscou mesmo nos meios dirigentes no período, cujo resultado, foi o abandono puro e simples, em troca de discursos dos combatentes operários e camponeses espanhóis e de uma ajuda financeira de toda maneira insuficiente.

O tenente-coronel Simon, adido militar da França em Moscou, escreve na data de 13 de agosto:

A atitude que seria adotada pelo Comintern na presença dos acontecimentos da Espanha seria apreciada, de modo diferente, pelos membros desta organização.

A fração moderada, à qual pertencia o Senhor Stalin, desejava evitar qualquer tipo de intervenção para não provocar uma reação da Alemanha ou da Itália.

A fração extremista, ao contrário, defendia que a URSS não deveria se manter neutra, mas apoiar o governo legal. Os partidários deste ponto de vista serão acusados de ‘trotskysmo’ e prevê-se que sua atitude intransigente será suscetível de arrastar medidas de repressão, chegando até mesmo, para os russos, à deportação.(22)

Em 3 de setembro, o encarregado de negócios Payart retomou esta questão e até sugeriu ao ministro dos Negócios Estrangeiros que ele interviesse junto à imprensa para que ela desse um pouco de razão à fração de Stalin:

A atitude tomada pelos dirigentes de Moscou não é tão natural como possa perecer numa primeira abordagem. Ela determinou, no seio do Partido Bolchevique, antes e depois de sua precisão, violentos redemoinhos, dos quais, afora isso, eu senti, de forma contundente, os contragolpes no curso de minha negociação. Inspirando-se nos dois princípios, da solidariedade européia e da coexistência pacífica de povos, ela representa um sucesso das idéias atualmente construtivas de Senhor Stalin, sobre as idéias opostas. Parece-me bom, por conseguinte, que nossa imprensa, sem se engajar em uma discussão inoportuna de tendências que se afrontavam aqui, dê a prova da compreensão simpática em relação ao gesto soviético e não desanime, pelo seu silêncio, a política positiva da qual ela constitui uma manifestação.(23)

Mais tarde, os diplomatas franceses retomaram essas questões para indicar o que se passava do ponto de vista dos acertos de conta, quer dizer, da liquidação do que eles chamavam, não confidencialmente, de ‘oposição’ e cuja ajuda a Espanha evidentemente constituiu, em agosto, o ponto de cristalização. A imprensa mundial por inteiro notou o artigo de Karl Radek no Izvestja em 5 de agosto. Foi uma denúncia dos fascistas que intervinham e a afirmação de que a política de ‘neutralidade’ dos ocidentais estava inspirada pelo medo da revolução. O nome de Radek foi pronunciado no curso das ‘confissões’ do Processo dos Dezesseis, quando, em 21 de agosto, foi anunciada a abertura de uma sindicância contra ele. Em 2 de outubro, Payart, a propósito daquele que seria um dos principais acusados no segundo Processo de Moscou, escreveu a Yvon Delbos:

Eu tenho informações de boas fontes que no curso das discussões sobre os negócios da Espanha, no seio dos meios dirigentes, Radek se pronunciou muito vigorosamente em favor da intervenção, menos em nome dos interesses da URSS do que em nome dos interesses da revolução enquanto tal. Uma situação foi criada: a seus olhos, era dever dos sovietes favorecer a qualquer custo seu desenvolvimento. Não é mais nessa perspectiva que os iniciados do PC russo devem, de hoje em diante, raciocinar, ao menos quando eles estão entre eles.(24)

Na mesma nota, Payart comenta o significado da prisão de Radek que foi tornada pública: ele vê nela a prova do "vigor inflexível de não se deixar parar por nada na sua vontade de extirpar a oposição renascente".

Um pouco mais tarde, em 16 de novembro, é o embaixador da França, Colondre, quem cita uma frase pronunciada por Litvinov: "Nem eu, nem meus colegas nem o Senhor Stalin fazemos tudo o que queremos, contrariamente ao que se crê em Paris".

O embaixador comenta:

Esta frase deve ser sublinhada porque aqui o nome de Stalin não é jamais citado em vão. Ela pode comportar uma parte de verdade e traduzir a inquietude que cria aqui e nos círculos comunistas do exterior o processo Kamenev-Zinoviev.(25)

O diplomata francês tocou em um ponto nevrálgico: a ligação entre a Guerra de Espanha e o processo que marcou o início do extermínio dos companheiros de Lenin e principais atores da Revolução de Outubro. A não-intervenção e as pesadas derrotas das milícias em campo aberto se produziram no momento em que se cobrem de lama os velhos bolcheviques em Moscou antes deles serem abatidos nos porões de Lubjanka. O primeiro, a meu conhecimento, que estabeleceu uma tal ligação, foi o historiador americano Stephen Cohen que escreveu, a propósito do verão de 1936, na sua biografia de Bukarin que:

Os membros do Politiburo que se opuseram ao terror, como Ordjonikidzé, provavelmente apoiado pelo grupo ucraniano no qual encontramos Kossior, Tchoubar e Pavel Postychev, tentam pela última vez resistir. Parece que eles não protestaram contra o processo de Zinoviev e Kamenev, já que condenados duas vezes a penas de prisão, Stalin lhes havia prometido que os acusados não seriam executados. Quando perceberam que foram traídos, decidiram tentar salvar Bukarin e Rikov que eram ademais figuras políticas de longe as mais populares e as mais importantes. Em fins de agosto e início de setembro, ocorreram um certo número de reuniões do mais alto nível ... eles tiveram êxito ao fazer passar um certo número de decisões importantes: a intervenção na Espanha foi aprovada e as perseguições contra Bukarin e Rikov foram abandonadas.(26)

Segundo uma tal interpretação, a oposição, revelada pelos diplomatas franceses, que tinha se ‘cristalizado’ sobre a questão da Espanha, teria sido idêntica àquela que se levantou na URSS contra o agravamento do terror e que iria ainda custar a vida de outros tantos velhos bolcheviques. Este não é o lugar de resolver esta questão que permanece posta aos historiadores.

A ‘virada’ para a intervenção secreta

Não cabe aqui, no quadro deste artigo, o estudo da intervenção russa sob suas diversas formas, que foi objeto de obras documentadas e que ainda constitui ponto fortemente controverso. Nossa intenção é somente indicar a maneira por meio da qual é operada a virada da política soviética, numa data que permanece ainda por ser determinada, mesmo se pudesse se seguir Krivitsky, que situa a decisão de intervir na Espanha no momento mesmo da adoção do decreto que interditava a venda de armas.

Um primeiro passo foi dado com o envio de víveres e de socorro material, que correspondia à coleta financeira, ao mesmo tempo em que o governo soviético afirmava estar respeitando o acordo de não-intervenção. A fisionomia da virada pode ser percebida por meio do artigo que se segue, de l’Humanité, que comenta, no dia 22, a partida de Odessa de um primeiro barco carregado de víveres:

Uma embarcação de víveres partiu antes de ontem de Odessa para a Espanha. Outros partirão. E os fascistas começaram a lançar mentiras criminais sobre ‘47 aviões soviéticos que iriam receber os Vermelhos’. Adiciona-se mesmo setenta mil fuzis de origem russa. A futilidade das afirmações fascistas resulta do fato de que se tentou servir da adesão leal da URSS ao embargo sobre as armas e o material de guerra para atacar os comunistas e os operários franceses que reclamavam o fim do bloqueio.

As fontes soviéticas e pró-soviéticas asseguram que as primeiras armas foram entregues atendendo à solicitação do governo espanhol de Largo Caballero o que tornou necessário adiar a execução desta medida até a formação desse governo, em 14 de setembro. A queda de San Sebastián, no dia 13, mostrou aos olhos do mundo inteiro, por meio de seus correspondentes, que os milicianos estavam cruelmente sem munição. Em 17 de setembro, tornou-se público o fato que Dimitrov havia insistido na necessidade de medidas de ajuda concreta à Espanha.

Mas ao mesmo tempo, a União Soviética, que havia ingressado em Londres no Comitê de Não-intervenção, lançou-se em uma campanha — aparentemente muito mal documentada e demonstrando grandes lacunas de informação — de denúncia da ajuda ítalo-alemã às forças de Franco. Seu porta-voz nesta campanha, o conselheiro do embaixador em Londres Samuel Cahan não se contenta em reivindicar uma ‘não-intervenção eficaz’, mas exige o envio de uma comissão à fronteira hispano-portuguesa. Ele ameaça, declarando, notadamente, em 7 de outubro, em nome de seu governo, que, "se as violações do acordo de não-intervenção não cessassem logo em seguida, o governo soviético se consideraria livre das obrigações decorrentes"(27). Em 12 de outubro, ele deu mais um passo e assegurou que não somente o acordo não alcançava seu objetivo, mas ainda, que "ele servia de cobertura para os rebeldes contra o governo legítimo". Finalmente, é Maisky, o embaixador, que revela a política da URSS, incontestavelmente nova, numa declaração lida ao Comitê de Londres, em 23 de outubro. Considerando a situação real, ele reclama que, se reconhecido ao governo espanhol o direito e a responsabilidade de comprar armas, o governo soviético ... se vê na necessidade de declarar que hoje, em relação a sua nota de 7 de outubro, ele não pode considerar como ligado pelo acordo de não-intervenção em maior medida que qualquer um dos outros signatários do acordo.(28)

Em 28 de outubro, tanques russos chegam em Madri. Deixamos aqui a palavra a um especialista em história diplomática. Depois de ter recordado que a ajuda russa permitiu, sem dúvida alguma, a defesa vitoriosa de Madri na entrada do inverno de 1936-1937, Max Beloff prossegue:

O efetivo militar russo foi sempre numericamente limitado. A avaliação máxima de Krivitsky é de dois mil; Fischer assegura que não houve jamais mais de setecentos russos na Espanha ao mesmo tempo. Após os primeiros meses de Guerra, o aspecto mais importante da ajuda soviética foi o fato de que os agentes do Comintern puderam ajudar na compra de armas — com fundos espanhóis. Essas armas, na sua maioria, não eram fabricadas na Rússia, mas compradas em diferentes partes da Europa e da América, segundo a ocasião. A principal dificuldade durante esse processo foi sobretudo o transporte da compra ou o seu financiamento. Os russos estavam, no entanto, garantidos contra os prejuízos financeiros pelo depósito, já existente em Moscou no início de novembro de 1936, de uma parte importante da reserva de ouro do Banco da Espanha.(29)

Atualmente, muitos outros trabalhos têm mostrado como a URSS utilizou sua ‘intervenção’ para fins políticos próprios e notadamente para conter a revolução na Espanha, que ela temia, antes de tudo. Utilizou também para garantir a ‘aliança com as democracias’ que ela tanto desejava, como o havia demonstrado o período da não-intervenção. Desse ponto de vista, não havia solução de continuidade. A demonstração que fizemos concernente à não-intervenção soviética deveria ajudar a tornar relativa a importância de sua ‘intervenção’: tanto uma como a outra não eram um fim em si, mas somente um aspecto de uma ‘linha geral’ que não se importava, finalmente, muito com destino dos operários e camponeses espanhóis, cuja imprensa do PC dizia que se tratava de defendê-los. É talvez aí que se encontre a explicação do ‘massacre dos espanhóis’ e do extermínio, em Moscou, a partir de 1937, do grosso dos homens que se identificaram, no campo de batalha ou no primeiro plano da cena política, com essa intervenção: os diplomatas Rosemberg, Antonov-Ovseenko, os militares Berzine, Gorev, Stern e tantos outros, que retornaram a Moscou para serem abatidos.

Mas parece que, durante muito tempo, subestimou-se a influência particular dessa não-intervenção soviética sobre o destino bélico da Guerra. Foi nesse período que caíram, sucessivamente, Badajós — o que permitiu a unificação da ‘zona’ franquista — Irun e San-Sebastián, separando a ilhota republicana do norte da fronteira francesa. Foi também nesse período que ocorreram pânicos desesperadores das milícias, cujos membros não sabiam nem combater nem, sobretudo, proteger-se, criando uma desordem inominável e que se constituiu em um terrível fator de desmoralização para as outras unidades. Foi nesse período que ocorreram vitórias como a de Sierra, que custaram um preço exorbitante de vidas humanas nas quais a maior parte dos chefes militares profissionais e militantes foram mortos em combate, inviabilizando hipoteticamente um sucesso futuro. Nesse período decisivo, faltava tudo aos combatentes da ‘República’: os últimos milicianos que atravessaram a fronteira francesa diante de Irun mostraram suas cartucheiras vazias. Sabe-se que, aos defensores do vilarejo, faltavam munição e explosivo. Antes de deixarem seus postos, finalmente eles fizeram rolar rochas sobre os assaltantes. Ao mesmo tempo, dezenas de milhares de cartuchos esperavam em Barcelona o avião que os transportaria, ao menos uma parte, para a região de Irun. O adido militar francês em Madri, o coronel Morel, havia constatado, em julho, que os combatentes da República sabiam porque combatiam e tinham brilhante superioridade moral. Em 14 de outubro, ele constata que a situação estava completamente modificada e que as milícias, armadas somente de fuzis, quase sem artilharia, estavam, nesse momento, persuadidas de que eram incapazes de fazer frente aos meios técnicos dos inimigos, e passaram a abandonar a arena dos combates quase em todos os lugares, antes do choque. E ele acrescenta a essa observação capital, no que diz respeito à não-intervenção e a sua significação histórica, que os rebeldes tinham "mais meios materiais (carros, armas automáticas, aviões) do que tropas"(30). Essas observações são confirmadas particularmente pelos observadores alemães.

Como não compreender as ‘hesitações’ percebidas no Kremlin pelo senhor Henderson e o temor "de ser criticado pelas forças mundiais do movimento revolucionário mais militantes por ter aceitado não ajudar materialmente um governo amigo de esquerda diante de uma revolução (sic) reacionária"(31)? O mesmo Henderson cita o diplomata Aleksei Fedorovitch Neyman que o assegura:

Eu posso vos assegurar que o governo soviético tomou cuidado ao se abster de toda ação que poderia ser considerada como uma interferência nos negócios espanhóis: nenhuma arma soviética e nenhum outro equipamento militar foi encaminhado e nenhum barco soviético desempenhou algum papel lá direta ou indiretamente.(32)

Ele não permite dúvidas. No melhor caso — quer dizer, se ele não desejasse a derrota da Revolução Espanhola e de seus milicianos — o Kremlin estava perfeitamente indiferente a seu destino: a prova irrefutável disto está no conteúdo das confissões exigidas aos acusados do primeiro Processo de Moscou no qual a Espanha não foi sequer mencionada porque não se podia pensar em acusar Zinoviev e seus camaradas de ‘apunhalar pelas costas’ combatentes que se ignoravam.

A virada de Stalin em direção à Espanha se produziu muito tarde, não somente em relação à vitória militar, cuja ajuda soviética não forneceria jamais condições, mas em relação à revolução, efetivamente abatida pelas vitórias franquistas. Somente então Stalin tomou a iniciativa na Espanha ‘republicana’, fazendo-a pagar sua ajuda e livrando-se, por outro lado, de uma série de críticas e de adversários interiores.

Decididamente, a não-intervenção soviética na Espanha merece sair do esquecimento.


Notas de rodapé:

(1) GUERRA y Revolución en Espanha 1936-1939. Moscou: Progresso, 1971. v.3., p.324, 296, 280. A obra é precedida da advertência: "Esta obra foi elaborada por uma comissão presidida por Dolorès Ibarruri". (retornar ao texto)

(2) Le gouvernement Largo Caballero. Affaires internationales, § L’URSS devant á Non-Intervention. In: GUERRA y Revolución en Espanha 1936-1939. Moscou: Progresso, 1971. v.3., p.105-7. (retornar ao texto)

(3) Idem, p.105. (retornar ao texto)

(4) Idem, p.106. (retornar ao texto)

(5) HASLAM, Jonathan. The Soviet Union and Struggle for Collactive Security in Europe, 1933-1939. Nova York: St-Martin’s Press, 1984. p.112. (retornar ao texto)

(6) Le Journal de Moscou, Moscou, 25 ago. 1936. (retornar ao texto)

(7) HASLAM, op. cit., p.109. (retornar ao texto)

(8) Marcel Rosemberg, nos diz J. Haslam, havia feito um vôo de arrepiar os cabelos da cabeça ("hair-rising flight") entre Paris e Madri. Cf.: idem, p.109. (retornar ao texto)

(9) ISPANSKII Dnevnik. Novyi Mir, Moscou, abr. 1938, p.6. (retornar ao texto)

(10) EHRENBURG, Ilya. Lyudi, Gody, Jizn. S. n. t. p.100. (retornar ao texto)

(11) Inprekorr, Moscou, 1° ago. 1936. (retornar ao texto)

(12) FOREIGN Relations, U.S. Diplomatics Papers, 1936, v.2, Europe Rapport Henderson, 4 ago 1936, p.461. (retornar ao texto)

(13) DOCUMENTS Diplomatiques Français, Relatório Payart, 6 ago. 1936, 2° série, t. III., doc. 89. (retornar ao texto)

(14) DOKUMENTY Vneshnei Politiki SSR, v14, doc. 244. Também Krestinsky à Stein (Rome), v.16, doc. 244. (retornar ao texto)

(15) D.D.F., Relatório Payart, 6 ago. 1936, doc. 89. (retornar ao texto)

(16) D.D.F., Relatório de Yvon Delbos, 12 ago. 1936, doc. 130. (retornar ao texto)

(17) L’Humanité, 30 set. 1936. (retornar ao texto)

(18) Idem, ibid. (retornar ao texto)

(19) Idem, ibid. (retornar ao texto)

(20) Idem, ibid. (retornar ao texto)

(21) Izvestija, 29 ago. 1936. (retornar ao texto)

(22) D.D.F., Relatório do tenente-coronel Simom adido militar em Moscou, 13 ago. 1936, p.208. (retornar ao texto)

(23) D.D.F., Relatório Payart, 3 set. 1936, doc. 231. (retornar ao texto)

(24) D.D.F., Relatório Payart, 2 out. 1936, doc. 234. (retornar ao texto)

(25) D.D.F. Relatório do embaixador Coloundre, 16 nov. 1936, doc. 497. (retornar ao texto)

(26) COHEN, Stephen. Boukharine. S. n. t. p.444-5. (retornar ao texto)

(27) GUERRA y Revolución, op. cit., p.108. (retornar ao texto)

(28) Idem, p.109. (retornar ao texto)

(29) BELOFF, Max. The Foreign Policy of Soviet Russia. S. n. t. v.2, p.33. (retornar ao texto)

(30) D.D.F. Relatório do tenente-coronel Morel, 14 out., doc. 350. p.527. (retornar ao texto)

(31) FOREIGN Relations, U.S. Diplomatics Papers, 1936, v.2, Relatório Henderson, 29 ago. 1936. p.515. (retornar ao texto)

(32) FOREIGN Relations, U.S. Diplomatics Papers, 1936, v.2, Entrevista Henderson-F.A. Neyman, 31 jul. 1936, p. 452-3. (retornar ao texto)

Inclusão 19/06/2019