Trechos Escolhidos sobre Literatura e Arte

Marx, Engels, Lenine e Stalin


Segunda Parte: Lenine e Stalin
ANEXOS - DOCUMENTOS E DEPOIMENTOS SOBRE LENINE


1. — O QUE LENINE APRECIAVA EM LITERATURA.
capa

O camarada que me apresentou a Vladimir Ilitch tinha dito que ele era um erudito que só lia livros sábios, que nunca folheara um romance cm toda a sua vida, que nunca lia versos. Fiquei um tanto admirada. Por meu lado, eu havia lido, em minha juventude, todos os clássicos, conhecia de cor quase todo Lermontov e escritores coma Tchernyechevski, Leon Tolstoi, Ouspensky haviam desempenhado um grande papel em minha vida. Parecia-me extravagante que houvesse um homem que se desinteressasse inteiramente de literatura.

Depois, no trabalho, aprendi a bem conhecer Ilitch; conheci suas apreciações sobre os homens; observei o olhar atento com que acompanhava a vida e as criaturas, e Ilitch vivo substituiu em mim a imagem do homem que nunca abria livros, que continham a agitação da vida humana.

Entretanto, as circunstancias, da época, não nos permitiam conversar sobro esse assunto. Mais tarde, na Sibéria, vi que Ilitch conhecia os clássicos tão bem quanto eu, que não somente os havia lido, mas que reler a várias vezes Turguenev, por exemplo. Eu levara para a Sibéria as obras de Puchkine, de Lermontov, de Nekrassov. Vladimir Ilitch colocou-os à sua cabeceira, perto das obras de Hegel e as lia e relia sem cessar, à noite. Gostava principalmente de Puchkine. Mas não apreciava unicamente a forma. Assim, o romance de Tchernychevski Que fazer? encantava-o, apesar de sua forma ingênua e pouco artística. Fiquei surpreendida de ver com que atenção ele lia esse romance e que subtilezas nele encontrava, Ilitch, admirava, aliás, a personalidade de Tchernychevski; em seu álbum da Sibéria, encontravam-se dois retratos desse escritor e, num deles, Ilitch escrevera as datas do seu nascimento e de sua morte. Havia igualmente nesse álbum um retrato de Emile Zola e, entre os russos, os de Herzen e o de Pissarev. Vladimir Ilitch havia lido outrora muito e apreciado este último. Na Sibéria, tínhamos ainda, se bem me lembro, a Fausto, de Goethe, em alemão, e um pequeno volume de poemas de Heine.

Na sua volta da Sibéria para Moscou, Vladimir Ilitch foi uma vez ao teatro para ver o Cocheiro Henschel(1), e disse que essa peça o havia interessado vivamente.

Entre os livros que Ilitch leu durante sua estada em Münich, guardei o romance de Gerhardt (Bei Mama [Em casa de mamãe]) e Buttnerbauer (o camponês toneleiro) de Polentz.

Mais tarde, quando do segundo exílio em Paris, Ilitch deliciava-se lendo os Chàtiments, de Victor Hugo, dedicado ao “Dois de Dezembro”, escritos no desterro e introduzidos clandestinamente na França. Nesses poemas, há uma certa ênfase ingênua, mas sente-se neles o sopro da revolução. Ilitch ia escutar com interesse, nos concertos dos faubourgs, os cançonetistas revolucionários que, nos bairros operários, abordavam todos os assuntos: a maneira pela qual os camponeses, depois de beber, votavam em qualquer agitador em trânsito; a educação dos filhos; o desemprego, etc. Ele gostava principalmente do Montehus. Filho de um comunardo, Montehus era o querido dos bairros operários. Certamente não se devia procurar nas canções improvisadas, sempre muito coloridas e características, alguma ideologia determinada, mas havia nele muito entusiasmo sincero. Ilitch frequentemente cantarolava a Saudação ao 17.°, regimento que se recusara a marchar contra os grevistas:

“Salve, salve vocês, bravos soldados do 17.º...”

Numa festa russa, Ilitch travou conversação com Montehus e, coisa esquisita, esses dois homens tão diferentes (quando a guerra arrebentou, Montehus passou-se para o campo dos nacionalistas), divagaram em seus sonhos de revolução mundial. Assim, algumas vezes, pessoas que mal se conhecem, encontrando-se num compartimento de ferro põem-se a conversar, em meio ao ruido das rodas, daquilo que lhes é mais caro, daquilo que nunca, num outro momento, eles não revelaram e depois se afastam um do outro para nunca mais se encontrar. Foi o que aconteceu. Aliás, eles falavam em francês e é mais fácil sonhar numa língua estrangeira que em sua própria língua.

Uma doméstica francesa vinha trabalhar em nossa casa algumas horas por dia. Uma vez, Ilitch escutou-a cantar. Era lima canção patriótica alsaciana; Ilitch pediu-lhe que repetisse e lhe ensinasse a letra; mais tarde, ele próprio cantarolava essa canção, que terminava assim:

Vous avez pris l’Alsace et la Lorraine,
Mais malgré vous nous resterons Français.
Vous avez pú germaniser nos plaines,
Mais notre coeur, vous ne l’aurez jamais!(2)

Isso aconteceu em 1909, período de reação. O Partido estava dissolvido, mas seu espírito revolucionário não fora quebrado. E essa canção correspondia muito bem ao estado de espírito de Ilitch. Era preciso escutar que entusiasmo triunfal estas palavras da canção tomavam em sua voz:

“Mais notre coeur — vous ne l’aurez jamais!”

No decorrer desses anos tão duros de exílio, dos quais Ilitch falava sempre com não sei que desprezo (voltando à Rússia ele tornou a dizer, um dia, aquilo que repetira mais de uma vez antes: — “Por que ter deixado então Genève por Paris?”), no decorrer desses duros anos, ele sonhava com maior tenacidade; sonhava falando com Montehus, cantando triunfalmente a canção alsaciana, lendo Verhaeren durante suas noites de insônia.

Mais tarde, durante a guerra, Vladimir Ilitch apaixonou-se pelo livro de Barbusse, Le Feu; atribuía-lhe enorme importância pois esta obra estava bem de acordo com seu estado de espírito.

Íamos raramente ao teatro. Quando isso acontecia, a mediocridade da peça que representavam ou a má representação aborreciam sempre muito Ilitch. Habitualmente, íamos ao teatro para partir logo depois do primeiro ato. Os camaradas brincavam conosco: “que desperdício de dinheiro!”

Entretanto, aconteceu uma vez Ilitch ficar até o fim. Foi, creio, nos fins de 1915 em Berne: representavam a peça de Leon Tolstoi, O cadáver vivo, em alemão, mas o artista que interpretava o papel do príncipe era um russo e soube apreender o pensamento do autor. Ilitch seguia a representação com uma grande atenção e emocionado.

Mais tarde, na Rússia, Ilitch não apreciava a nova arte que lhe era inteiramente estranha. Um dia, fomos convidados para um concerto organizado no Kremlin para os soldados do Exército Vermelho. Ilitch foi conduzido às primeiras filas de cadeiras. A artista Grovskaia recitava versos de Maiakovski: “Nosso deus é a marcha. Nosso coração é um tambor”. E avançava em linha reta para Ilitch e ele continuava sentado, um pouco desconcertado e surpreendido por esse espetáculo inesperado; deu um suspiro de alívio quando Grovskaia cedeu lugar a um artista que leu o Malfeitor, de Tchekhov.

Uma noite, Ilitch teve a ideia de ver como vivia a juventude numa comunidade. Decidimos visitar possa amiga Varia Armand, de Vkhoutemas(3). Era, se não me engano, o dia dos funerais de Krokthine, em 1921. Apesar da fome, a juventude estava cheia de entusiasmo. Na comunidade, dormiam em tábuas, faltava pão — “mas para desforrar, temos aveia”, declarou, com o rosto alegre, o estudante de serviço, membro da comuna. Dessa aveia eles fizeram para Ilitch, um prato sem sal do qual entretanto se orgulhavam. Ilitch contemplava aquela juventude, aqueles jovens artistas, homens e mulheres que o rodeavam: suas fisionomias transbordavam de alegria e sua alegria refletia-lhe no rosto. Mostraram-lhe seus desenhos ingênuos explicando-lhe o sentido e o bombardeavam de perguntas. Ilitch ria, fugia às perguntas, respondia por outras perguntas: “Que leem vocês? Leem Pouchkine? — Oh, não! — respondeu alguém, — é um burguês! Nós lemos Maiakovski” Ilitch sorriu: “Na minha opinião Pouchkine é melhor”. Depois disso, Ilitch demonstrou uma indulgência maior para com Maiakovski. Esse nome evocava em sua memória, os jovens de Vkhoutemas, cheios de vida e de alegria, prontos a morrer pelo poder soviético, não achando palavras na língua moderna para exprimirem-se e procurando essa expressão nos versos pouco compreensíveis de Maiakovski. Mais tarde, Ilitch louvou um dia Maiakovski por um poema que ridicularizava a burocracia soviética.

Entre as obras modernas, Ilitch — lembro-me bem disso — gostava do romance de Ehrenburgo descrevendo a guerra. “Sabes, é de Ilia-o-cabeludo (apelido de Ehrenburgo) dizia ele com um ar triunfante. Este livro é bem feito.”

Algumas vezes íamos ao Teatro Artístico. Vimos o Dilúvio. Ilitch estava encantado. Teve vontade de voltar ao teatro mesmo no dia seguinte. Desta vez, representavam o Bas-fond, de Gorki. Ilitch amava em Alexei Maximovitch o homem pelo qual se sentira atraído quando do congresso de Londres, amava nele o artista e pensava que Gorki era capaz de compreender muitas coisas apenas com meias palavras. Ele falava a Gorki com uma sinceridade particular. Eis porque Ilitch era de extrema exigência no que concernia à interpretação das obras de Gorki. O cenário demasiado teatral da peça irritou Ilitch; depois de Bas-fond, durante muito tempo Ilitch deixou de ir ao teatro, Vimos ainda o Tio Vania, de Tchekov. A peça agradou-lhe. Enfim, pela última vez, em 1922, vimos o Grilo do lar, de Dickens. Desde o primeiro ato, Ilitch começou a se aborrecer; a sensibilidade pequeno-burguesa de Dickens o irritava e quando o velho mercador de brinquedos se põe a falar com sua filha cega, Ilitch não aguentou mais e saiu no meio da representação.

Durante os últimos meses de sua vida, habitualmente à noite, eu li para ele ouvir, sob sua indicação, as obras literárias. Li Chtchedrine, Minhas universidades, de Gorki. Ele gostava ‘também de ouvir versos, principalmente os de Demian Biedny. Não eram os poemas satíricos de Demian Biedny que mais lhe agradavam, mas os poemas líricos.

Algumas vezes, escutando-me, ele olhava pensativo, pela janela, o sol que desaparecia. Lembro-me de um poema que terminava com estas palavras: “Nunca, nunca os comunardos serão escravos”.

Dois dias antes de sua morte, li, à noite, uma novela da Jack London, o Amor da Vida, Esse livro acha-se ainda hoje na mesa do seu quarto. É uma obra poderosa. Um homem doente, morrendo de fome, dirige-se para o porto de um grande rio, abrindo caminho através um deserto de neve onde jamais um ser humano pusera os pés. Suas forças o abandonam; ele já não anda mais, rasteja. Um lobo, morrendo de fome, rasteja a seu lado; eles lutam, o homem vence e, meio morto, e meio louco, chega ao fim da viagem. Essa novela agradou extremamente a Ilitch. No dia seguinte, pediu-me que continuasse a ler Jack London. Mas em Jack London, ao lado de obras fortes, há outras extremamente fracas. Caímos numa narração de gênero inteiramente diferente, impregnada de moral burguesa: um capitão promete ao proprietário de um navio carregado de trigo vender a mercadoria com lucro e sacrifica depois sua vida para manter a palavra dada. Ilitch começou a rir e deu de ombros.

Nunca mais poderei ler para ele...
(KROUPSKAIA, Recordações de Lenin, páginas 178-183, ed. russa).

2. — LENINE NOS TEATROS DOS FAUBOURGS.

Ilitch gostava de ir aos teatros dos faubourgs e observar aí as massas operarias. Lembro-me de uma peça descrevendo os sofrimentos dos “alegres” no Barrocos. O publico da sala demonstrava muito interesse: os operários, que a enchiam literalmente, reagiam a todo instante e de maneira imediata. O espetáculo ainda não começara. De repente, toda a sala gritou: “Chapéu! Chapéu!” Era uma dama que vinha de entrar com um imenso chapéu da moda, cheio de plumas. O público exigia que a senhora tirasse o chapéu; ela teve que obedecer. O espetáculo começou. Um soldado é mandado para Marrocos, deixa, a mãe e a irmã na miséria. O proprietário da casa em que moram concorda em não reclamar o aluguel contanto que a irmã se entregue a ele, Gritos partem do todos os lados: “Bruto! porco!” Não lembro mais os detalhes da peça. Ela representava as torturas infligidas aos soldados que em Marrocos recusam obedecer às ordens de seus oficiais. A peça terminava com uma insurreição e o canto da Internacional. Ela era proibida no centro da cidade mas no subúrbio representavam-na provocando tempestades de aplausos.
(KROUPSKAIA, Recordações de Lenine, ed. russa).

3. — MONTEHUS.
I

Mas Jaurès e Vaillant, não podiam estar em todo lugar(4), Os oradores da base tremiam procurando adaptar-se ao público; falavam de modo diferente conforme o auditório fosse composto de operários ou de intelectuais. Essas reuniões eleitorais mostravam todo o sentido das eleições numa “República democrática”.

Estávamos verdadeiramente estupefactos. Ilitch gostava de ouvir os cançonetistas revolucionários levar ao ridículo a campanha eleitoral. Lembro-me de uma dessas canções: tratava-se de um deputado vindo para uma aldeia a fim de conquistar votos; bebia com os camponeses, contava-lhes histórias e os camponeses embriagados elogiam-no, cantando:

“Falaste bem, meu rapaz!”

Eleito graças aos votos dos camponeses, o deputado recebe, seu subsídio de 15.000 francos e trai na Câmara os interesses de seus eleitores. Nessa época, recebemos um deputado socialista, Dumas, que nos contou sua viagem eleitoral através das aldeias e que nos fazia, contra nossa vontade, lembrar a canção. Um dos cançonetistas mais conhecidos era Montehus, filho de um comunardo. Ele gozava de grande popularidade nos faubourgs. Suas canções eram uma mistura de sentimentalismo pequeno-burguês e de ardor verdadeiramente revolucionário.
(KROUPSKAIA, Recordações de Lenine, ed. russa).

II

Lenine procurava, nos programas de teatros de subúrbios, o nome de Montéhus. Armados de um mapa de Paris, íamos a algum arrabalde distante. No meio da multidão, escutávamos a peça — habitualmente frioleiras sentimentais e embriagadoras das quais a burguesia francesa alimenta, de tão bom grado, os operários. Depois aparecia Montéhus. Os operários o recebiam com aplausos frenéticos e ele, de blusa, um pano amarrado em volta do pescoço como usam os operários franceses, cantava-lhes couplets da atualidade, ridicularizava a burguesia, acentuava a dificuldade de vida do operário, celebrava a solidariedade proletária.

Depois, veio um período em que frequentamos comícios eleitorais: os operários compareciam com seus filhos que não podiam ficar sós em casa. Escutávamos os oradores, observávamos o que interessava de perto à massa, o que a eletrizava. Um dia, admirávamos um corpulento ferreiro que fixava em êxtase o orador e, apertava contra si seu filho, quase um adolescente, que, como seu pai, escutava atentamente olhando para o orador. Ouvíamos um deputado socialista falar aos operários; depois íamos aos comícios de intelectuais, de funcionários: víamos como as grandes ideias que inflamavam e faziam vibrar os auditórios operários mudavam de tom quando o orador os apresentava à pequena-burguesia. Tratava de conquistar o maior número de votos possíveis! E, na volta dessas reuniões, Ilitch cantarolava a canção de Montéhus sobre o deputado socialista:

“Falaste bem, meu rapaz!”

(KROUPSKAIA, Sobre Vladimir Ilitch, “in” Pravda, 11 de abril de 1924).

4. — LENINE NO EXÍLIO
I

Que se poderia fazer em Cracóvia senão, passear? Não há nenhuma distração cultural. Certa vez, tentamos ir a um concerto, a um quarteto de Beethoven. Fizemos mesmo uma quota para a compra de assinatura, mas não sei porque esse concerto nos aborreceu, embora uma nossa conhecida, excelente musicista, tenha ficado entusiasmada com ele. Quanto ao teatro polonês, não temos vontade de ir e o cinema é inteiramente absurdo: melodramas em cinco partes. Decidimos com Volodia visitar, depois das festas, a biblioteca da Universidade. É uma verdadeira vergonha: não fomos lá nenhuma vez. O de que temos fome aqui é de literatura. Volodia aprendeu quase de cor Nadson é Nekrassov e um pequeno volume solto de Ana Karenine foi lido e relido cem vezes. Deixamos em Paris uma parte importante de nossos livros de literatura e aqui não se acham livros russos. Lemos algumas vezes com inveja os anúncios de livreiros sobre os “28 volumes de Ouspensky”, e os “10 tomos de Pouchkine”.

Eis que Volodia tornou-se um grande “literato”. E nacionalista encarniçado. Não há nada que o obrigue a ir ver pintores poloneses. Ao mesmo tempo, arranjou um catálogo da galeria Tretiakov, que encontrou na casa de um dos nossos conhecidos, e nele mergulha, muitas vezes.
(KROUPSKAIA, Carta a M. A. Oulianova, em 13 (26) de dezembro de 1913, Cracóvia; Cartas de Lenine à sua Família, prefaciadas por Henri Barbusse, pgs, 393-394, Ed. Rieder, Paris, 1936).

II

Afinal de contas, se bem que aqui nossa cidade seja quase morta, prefiro estar aqui a estar em Paris. As mudanças da vida colonial eram tão incríveis em Paris, os nervos usados tão rápida quanto inutilmente, que não se podia trabalhar, principalmente porque a Biblioteca Nacional é mal organizada. Muitas vezes nos lembrávamos de Genebra, onde se trabalhava melhor, onde a biblioteca é mais cômoda, onde a vida é menos enervante e menos absurda. De todos os países de minha vagabundagem, Londres ou Genebra eram os que eu escolheria se não ficassem tão longe. Genebra é boa, principalmente pela sua cultura geral, e pelas suas extraordinárias comodidades de vida. Aqui, certamente, não se pode falar de comodidades e de cultura; é quase como na Rússia; a biblioteca é má e arqui-incômoda; aliás não tenho ocasião de frequentá-la.
(LENINE, Carta a M. I. Oulianova, em 9 (22) de abril de 1914, Cracóvia; Cartas de Lenine à sua Família, prefaciadas por Henri Barbusse, p. 397, Ed. Rieder, Paris, 1936).

5. — A ARTE PERTENCE AO POVO.

Lenine encontrou-nos as três mulheres(5) conversando sobre arte, instrução e educação. Eu estava justamente procurando exprimir minha admiração entusiástica pelo trabalho cultural realizado pelos bolchevistas, trabalho único e titânico de qualquer maneira, diante do desenvolvimento das forças criadoras do país, procurando abrir novos caminhos à arte e à educação. Entretanto, não escondia que, muitas vezes, ao que me parecia, poder-se-ia observar incertezas, tateamentos confusos, experiências sem futuro, e, se se procurava apaixonadamente o conteúdo novo, formas novas, novos caminhos no terreno da vida cultural, achava-se de vez em quando na presença de buscas de uma “moda” cultural artificial e de uma imitação dos modelos burgueses. Imediatamente e com entusiasmo, Lenine interveio na conversação:

— O despertar das forças novas, o trabalho realizado por elas a fim de criar, na Rússia Soviética, uma cultura e uma arte novas, disse ele, está indo bem, muito bem. O ritmo impetuoso de seu desenvolvimento é compreensível e útil. Devemos e queremos compensar nosso atraso secular. A fermentação caótica, as pesquisas febris de novas palavras de ordem, os cânticos de hosana que se levantam hoje em honra desta ou daquela tendência na arte ou no pensamento para ceder lugar às imprecações de morte, tudo Isso é inevitável.

A revolução liberta todas as forças até então acorrentadas e faz com que elas venham à tona. Eis um exemplo entre cem: Pensem na influência exercida sobre a evolução de nossa pintura, de nossa escultura e de nossa arquitetura pela moda e os caprichos da corte tsarista, assim como pelos gostos e fantasias desses senhores aristocratas e burgueses. Numa sociedade baseada na propriedade privada, o artista cria mercadorias para o mercado, necessita de compradores. Nossa revolução libertou o artista do jugo dessas condições extremamente prosaicas. Fez do Estado Soviético seu protetor e seu cliente. Cada artista, qualquer um que se considere como tal, tem o direito de criar e deve criar, com toda a liberdade, conforme seu ideal, uma independência completa.

Mas, naturalmente, somos comunistas. Não devemos cruzar os braços e deixar o caos estender-se como quiser. Devemos dirigir esse “processus” segundo um plano estabelecido e dar-lhe uma forma. Estamos ainda longe, muito longe disso. Parece que temos também entre nós nossos doutores Carlstadt. Somos muito “iconoclastas”. Se uma coisa é bela, é preciso conservá-la, tomá-la por modelo, elogiá-la, mesmo se ela é “velha”! Por que dar as costas a uma coisa verdadeiramente bela, por que recusar tomá-la como ponto de partida da evolução ulterior somente por que “é velha”? Por que venerar tudo o que é novo como uma divindade à qual se obedecerá somente porque “é nova”? Isso é tolice, tolice pura e simples, Há muita hipocrisia artística, sem dúvida, muito respeito inconsciente pela moda artística que reina no Ocidente. Somos bons revolucionários mas, não sei porque, nos julgamos obrigados a demonstrar quo estamos igualmente “à altura da cultura moderna”. Quanto a mim, tenho a coragem de declarar-me “bárbaro”. Não consigo considerar as obras de expressionismo, de futurismo, de cubismo e outros “ismos” como a mais alta expressão do gênio artístico. Não as compreendo. Não me proporcionam nenhum prazer”.

Não pude deixar de confessar que me faltava a mim também um órgão de percepção suscetível de me revelar porque a inspiração na arte devesse exprimir-se substituindo o nariz por triângulos e porque a tendência revolucionária em ação devesse transformar o corpo humano, esse conjunto complexo de diversos órgãos, num saco mole e informe levantado sobre duas pernas de pau e munido de dois ancinhos com cinco dentes. Lenine pôs-se a rir gostosamente.

— É sim, minha querida Clara, nós dois devemos confessar: estamos velhos. Devemo-nos contentar em ficar jovens pelo menos na revolução e aí estarmos nas primeiras fileiras. Mas quanto à arte nova não podemos mais acompanhá-la, arrastamos já as pernas, ficamos por trás.

— Mas — continuou Lenine — o importante não é a nossa opinião sobre a arte. O importante, não é tão-pouco aquilo que a arte proporciona a alguns, a algumas milhares de pessoas mesmo, numa população que, como a nossa, conta muitos milhões A arte pertence ao povo. Ela deve mergulhar suas raízes profundamente nas grandes massas trabalhadoras. Deve ser compreendida e amada por essas massas. Deve unir os sentimentos, o pensamento e a vontade dessas massas, elevá-las a um nível superior. Deve suscitar e desenvolver, nessas massas, os artistas. Será preciso oferecer biscoitinhos açucarados e requintados a uma ínfima minoria enquanto que as massas operárias e camponesas sentem falta do pão negro? Compreendo assim, naturalmente, não só no sentido liberal, mas igualmente no sentido figurado: é preciso sempre ter presente no espírito os operários e os camponeses. Aprendemos a administrar para eles, a contar para eles. No terreno da arte e da cultura como nas outras.

Para que a arte possa se aproximar do povo e o povo da arte, devemos inicialmente elevar o nível cultural geral. Onde estamos a esse respeito? Você admira o trabalho cultural imenso que realizamos depois da subida ao poder. Certamente, podemos dizer sem fanfarronada que muito fizemos nesse ponto de vista. Mas não apenas “cortamos cabeças”, como nos acusam os menchevistas de todos os países e em seu país Kautsky, mas igualmente esclarecemos as cabeças; esclarecemos muito. “Muito” certamente, mas somente em relação ao passado, em relação aos pecados das classes e das “cliques” dominantes de antigamente. A sede de instrução e de cultura despertada e estimulada por nós nos corações dos operários e camponeses éimensa. Ela se manifesta não somente em Petersburgo, Moscou, e nos grandes centros industriais, mas mesmo além, até em nossas aldeias. E, entretanto, somos um povo pobre, extremamente pobre. É por isso — queiramos ou não — que, no que concerne à cultura, os velhos ficarão, na maioria, sacrificados. Certamente, travamos uma verdadeira guerra, uma guerra teimosa contra o analfabetismo. Instalamos bibliotecas, “isbas” de leitura, nas cidades grandes e pequenas, e nas aldeias. Organizamos os mais diversos cursos. Promovemos bons espetáculos e bons concertos, enviamos para todo o país “exposições ambulantes” e “trens de cultura”. Mas, repito: o que tudo isso pode dar a uma população de milhões de homens a quem faltam conhecimentos os mais elementares, a cultura mais primitiva? Enquanto que, em Moscou, dez mil pessoas hoje e dez mil outras amanhã, gozarão do teatro, a embriaguez de um brilhante espetáculo, milhões de pessoas esforçam-se para soletrar o nome e contar, esforçam-se para assimilar a cultura que lhes ensinará que a terra é redonda e não chata e que o universo é regido pelas leis da natureza o não pelo “Pai celestial”, as feiticeiras e os feiticeiros.

— Camarada Lenine, não lamente tão amargamente o analfabetismo, interrompi eu. Em certa medida, ele facilitou a obra da revolução. Preservou os cérebros dos operários e camponeses do “bournage de crâne” burguês, impediu-os de sucumbir. A propaganda e agitação de vocês caíram num solo virgem. É mais fácil sanear e colher no, lugar onde não é necessário começar derrubando toda uma antiga floresta.

— Sim, é verdade, respondeu Lenine, mas somente até certo ponto, ou, mais exatamente, quanto a um certo período de nossa luta. Certamente, o analfabetismo era compatível com a luta pela tomada do poder, com a necessidade de destruir o velho aparelho do Estado. Mas nós destruímos só para destruir? Nós destruímos para construir uma sociedade melhor. Ora, o analfabetismo concilia-se mal, não se concilia em absoluto com as nossas tarefas construtivas. Como disse Marx, essa construção deve ser a obra dos próprios operários e eu acrescento, e dos camponeses, se todos querem ser livres. Nosso regime soviético facilita-lhes essa tarefa. Graças a ele, hoje, milhares de trabalhadores fazem, nos diversos Soviets e organismos soviéticos, a aprendizagem da construção. São homens e mulheres “na flor da Idade”, como se diz em sua terra. A maioria dentre eles cresceu sob o antigo regime e não recebeu, por conseguinte, nenhuma instrução, não puderam assimilar a cultura, mas hoje procuram avidamente conhecê-la. Empregamos os maiores esforços para levar continuamente outros homens e outras mulheres a participar do trabalho soviético e fazer assim sua educação prática e teórica. Todavia, apesar de tudo, não conseguimos satisfazer nossas necessidades de forças criadoras dirigentes. Estamos obrigados a recorrer a burocratas de antigo estilo e isso teve por consequência a formação, entre nós, de uma burocracia. Detesto de todo coração os burocratas, naturalmente não no sentido individual. Alguns dentre eles podem ser rapazes de valor. Mas detesto o sistema. Ele paralisa e corrompe desde a base até o cimo. O fator decisivo para vencer e liquidar a burocracia é a instrução e educação do povo difundidas o mais amplamente possível.

Quais são nossas perspectivas de futuro? Criamos instituições magníficas e realizamos algumas medidas verdadeiramente eficazes para permitir à juventude operaria e camponesa, aprender, estudar, ter acesso à cultura. Mas aí também se apresenta uma questão que nos tortura: que é tudo isso para uma população tão numerosa quanto a nossa? E eis ainda o pior: faltam-nos escolas maternais, patronatos e escolas elementares. Milhões de crianças crescem sem receber instrução nem educação. Ficam ignorantes e incultas como foram seus pais e seus avós. Quantos talentos são liquidados dessa maneira, quantas aspirações são esmagadas! É um crime atroz contra a felicidade da nova geração, um roubo cometido em prejuízo deste Estado Soviético que vai se transformar em sociedade comunista. Há nisso um perigo terrível para o futuro.

Na voz de Lenine, habitualmente tão calma, rugia uma indignação contida.

— “Como essa questão deve preocupá-lo — pensei eu — para que ele se deixe arrastar a um discurso de agitação diante de nós três!”

Uma de nós — não sei mais qual — falou de alguns fenômenos da vida artística e cultural particularmente características, tentando explicá-las pelas “condições do momento”.

Ao que Lenine replicou: — “Sei muito bem! Muitos são os que creem sinceramente que as dificuldades e os perigos do momento podem ser vencidos pelo panem et circenses(6). Panem, certamente. Circenses, se quiserem. Não farei nenhuma objeção. Mas que não esqueçam que os espetáculos do circo não são a verdadeira arte, não são a grande arte; são apenas uma distração mais ou menos bela. Não esqueçam que nossos operários e camponeses não parecem em nada com a plebe romana. Não é o Estado que os entretêm, são eles que entretêm o Estado pelo seu trabalho. Eles fizeram a revolução e para defendê-la perderam torrentes de sangue, suportaram sacrifícios sem exemplo. Nossos operários e camponeses merecem verdadeiramente mais do que espetáculos. Eles têm direito à arte verdadeira, à grande arte. É por isso que é preciso, antes de tudo, difundir o mais amplamente possível a instrução e a educação populares. Assim se cria o terreno necessário à cultura — admitindo que o pão esteja assegurado — um terreno onde florirá uma arte verdadeiramente nova, verdadeiramente grande, uma arte comunista que criará uma forma adequada ao seu conteúdo. Há aí para nossos ‘intelectuais’ tarefas imensas a serem resolvidas, infinitamente fecundas. Compreender essas tarefas e realizá-las, seria para eles pagar a dívida que têm com a revolução proletária que lhes abriu amplamente, para eles também, as portas que dão para a liberdade, fora das condições miseráveis em que estavam obrigados a viver e que foram tão magistralmente caracterizadas pelo Manifesto Comunista.

Nessa noite — e era já muito tarde — abordamos ainda outros assuntos. Mas as impressões que senti empalidecem diante das observações feitas por Lenine sobre os problemas da arte, da cultura, da instrução popular e da educação.

“Com que sinceridade e com que ardor ele ama os trabalhadores!” pensava eu, quando voltava para minha casa nessa noite gelada, a cabeça ardendo. “Entretanto; há pessoas que julgam esse homem como sendo uma fria máquina de raciocinar, por um fanático rígido imbuído de fórmulas que vê nos homens ‘categorias históricas’ e dispõe deles em seus jogos tão friamente como se fossem bolas de bilhar”. As observações de Lenine me perturbaram tão profundamente que logo depois botei no papel o essencial de nossa conversa, como tinha, nos tempos de minha primeira estada, na terra revolucionária sagrada da Rússia Soviética, anotado, dia a dia, meu Diário, tudo o que me pareceu digno de atenção.
(CLARA ZETKIN, Sobre Lenine, Recordações c Encontros, Moscou, 1925, pgs. 38-43, ed. russa).

6. — LENINE E A ARTE.

Em 1906, aconteceu-me passar uma noite em companhia de Lenine na casa de D. I. Liahtchenko. Essa camarada possuía uma biblioteca de monografias sobre os artistas, editadas por Knakfuss. Fizeram Lenine dormir perto dessa biblioteca.. Na manhã seguinte, ele saiu do quarto, pálido, a fisionomia alterada. — Que houve?, perguntamos. Ele não dormira toda a noite. Por que? Todos se inquietaram. Talvez tivesse sido incomodado ou tivesse pulgas? Haviam feito barulho? Não. Então foram as preocupações que o impediram de dormir? Enfim Vladimir Ilitch disse: “Não dormi a noite toda, li esses livros; são tão interessantes! Tomei-os um depois do outro e esqueci as horas. Que terreno encantador é a história da arte! Quanto trabalho aqui para um comunista! Que pena que não se possa fazer tudo ao mesmo tempo! Se eu tivesse mais tempo, queria estudar de maneira bem profunda esse lado da vida social dos homens”. Lembro-me com extrema nitidez dessas palavras de Lenine.
(LUNATCHARSKI, Lenine e a Arte, 1924, ed. russa).

7. — LENINE E O FOLCLORE.

Anunciei a Vladimir Ilitch que possuía em minha biblioteca uma boa coleção de epopeias escolhidas do folclore russo, canções populares e contos: ele logo pediu-me o livro emprestado,

“Que matéria interessante! — disse-me, quando entrei uma manhã em sua casa. Percorri rapidamente esses livros mas vejo que nos faltam verdadeiramente homens e vontades para generalizar tudo isso, para examiná-lo de um ponto de vista social e politico: poder-se-ia, com tudo isto, escrever um excelente estudo sobre as aspirações e os desejos do povo. Devíamos chamar para isso a atenção de nossos historiadores da literatura. Eis aí uma verdadeira criação do povo e é tão importante, tão necessária para se estudar a psicologia do povo de nossos dias.”
(BONTCH-BROUEVITCH, Lenine Sobre a Poesia. La literatournom Postou, 1921, n.° 4, ed. russa).

8. — LENINE E OS TEATROS DE VANGUARDA.
I

Lenine me disse pessoalmente quando lhe pedi dinheiro para sustentar nossos teatros de vanguarda:

“Que durante a época de fome os teatros de vanguarda vivam das suas reservas de entusiasmo! É preciso absolutamente empregar todos nossos esforços para que os pilares fundamentais de nossa cultura não venham abaixo, — isso o proletariado nunca nos perdoaria!” Lenine achava que em primeiro lugar devíamos impedir a ruína dos museus que enfeixavam inestimáveis tesouros, a morte pela fome ou a fuga para o estrangeiro dos grandes especialistas. Pensava que cometeríamos um enorme pecado fazendo esperar a juventude ávida de novidades.
(LUNATCHARSKI, A luta de Classes na Arte. Iskoustvo, janeiro de 1929, edição russa).

II

Vladimir Ilitch me disse que não esquecesse, conservando os antigos teatros, de sustentar os novos, nascidos sob a influência da revolução. Mesmo que sejam fracos no começo, que importa! Não é apenas a estética aqui que se deve levar em conta. Se não a arte antiga, mais amadurecida, impedirá os novos germens de se desenvolverem e evoluirá tanto mais lentamente quanto menos sentir o ferrete da arte nova.
(LUNATCHARSKI, Lenine e a Arte, 1924, ed. russa).

9. — LENINE E A OPERA.

Vladimir Ilitch gostava muito de música. Durante um certo período de minha vida, havia em minha casa bons concertos. Algumas vezes, Chaliapine vinha cantar, podia-se ouvir Meitchik, Romanovski, o quarteto de Stradivarius, Koussevitski, etc..„ Convidei Vladimir Ilitch mas ele estava sempre ocupado. Uma vez me disse com sinceridade: “Certamente meteria muito agradável ouvir música mas imagine que ela me entristece. De algum modo me é até dolorosa”. Lembro-me que o camarada Tsiouroupa, que conseguira arrastar duas vezes Vladimir Ilitch, a um concerto onde tocava aquele mesmo pianista Romanovski, disse-me igualmente que Vladimir Ilitch gostava muito de música mas que ficava visivelmente emocionado escutando-a.

...Muitas vezes, tive de demonstrar a Vladimir Ilitch que o Grande Teatro(7) não nos custava relativamente muito caro; entretanto, como ele insistia, reduzi os subsídios. Vladimir Ilitch obedecia a duas razões. Uma delas, ele a formulou imediatamente; “Não se deve dispender grandes somas para manter um teatro tão luxuoso quando nos faltam meios para manter o mais modestamente possível escolas nas aldeias.” A segunda razão, ele indicou-a quando, no decorrer de uma reunião, discordei de seus ataques ao Grande Teatro. Acentuei que o Grande Teatro tinha uma incontestável significação sob o ponto de vista da cultura. Então Vladimir Ilitch pôs-se a piscar maliciosamente os olhos e disse: “Entretanto, é um pedaço de cultura puramente feudal, e isso ninguém pode contestar”,

Não se deve daí deduzir que Vladimir Ilitch se mostrasse deliberadamente hostil à cultura do passado. Toda a pompa da Ópera, que lembrava a atmosfera da corte, parecia-lhe especificamente feudal. Quanto à arte do passado em geral e ao realismo russo em particular Vladimir Ilitch muito o apreciava.

Vladimir Ilitch nunca erigiu suas simpatias ou suas antipatias estéticas, em princípios rígidos.
(LUNATCHARSKI, Lenine e a Arte, 1924. Coletânea de artigos).

10. – LENINE E A MUSICA.

Uma noite, em Moscou, na casa de E. Pachkokva, Lenine, que escutava as sonatas de Beethoven, executadas por Isaias Dobrovein, disse:

— Não conheço nada mais belo que a Appassionata; era capaz de ouvi-la todos os dias. É uma música surpreendente, sobre-humana. Penso sempre com um orgulho um pouco ingênuo: que milagres os homens podem realizar!

E, com os olhos semicerrados, acrescentou sem alegria:

— Mas não posso escutar sempre música: ela me ataca os nervos, dá-me vontade de dizer asneiras encantadoras e de acariciar a cabeça das pessoas que, vivendo num inferno sórdido, podem criar uma tal beleza. Ora, hoje, é impossível acariciar a cabeça de qualquer pessoa — elas morderão a mão que acaricia — é preciso bater nessas cabeças, bater sem piedade, se bem que do ponto de vista teórico sejamos contra toda a violência. Hum! Hum! nossa função é difícil como diabo!
(GORKI, V. I. Lenine, ed. russa; Lenine Tal Como Foi, 1934, p. 249, Bureau de Edições).

11. — A PROPAGANDA GRAVADA NA PEDRA.

— Trata-se, continuou Vladimir Ilitch, dos escultores e, em parte talvez, também dos poetas e dos escritores. Desde há muito veio-me uma ideia que vou expor-lhes agora. Lembra-se que Campanella, em sua Cidade do Sol, disse que, nos muros da sua cidade socialista imaginária, são pintados afrescos que servem para a juventude como lições admiráveis de ciências naturais, de história, — que despertam sentimentos cívicos, que contribuem, numa palavra, para educar e desenvolver as gerações novas. Parece-me que isso está longe de ser ingênuo e poderia, com certas modificações, ser retomado e realizado por nós desde já.

Na verdade fiquei extremamente interessado por esse preâmbulo de Vladimir Ilitch. De início, a questão da encomenda socialista aos artistas, tocava-me de perto. Os meios financeiros faziam falta e minhas promessas aos artistas concernentes às vantagens que encontrariam deixando o serviço de particulares para o serviço do Estado, ficara letra morta.

Depois, utilizar a arte com um fim tão importante quanto o da propaganda em favor de nossas grandes ideias, pareceu-lhe, de saída, muito sedutora.

Vladimir Ilitch continuou:

— Chamarei a aquilo de que cogito de propaganda “monumental”. Com esse fim, você deve entender-se em primeiro lugar com os Soviets de Moscou e Petersburgo; organizar ao mesmo tempo forças artísticas, escolher os locais que convierem nas praças. Nosso clima não permite em absoluto os afrescos sonhados por Campanella. Eis porque falo principalmente dos escultores e dos poetas. Em diferentes lugares à vista, em paredes apropriadas ou em alguns edifícios especiais, poder-se-iam lançar inscrições breves, mas expressivas, contendo os princípios essenciais, as palavras de ordem mais duráveis do marxismo e também, talvez, fórmulas condensadas que apresentem um julgamento sobre este ou aquele grande acontecimento histórico. Não julguem, por favor, que estou falando de mármore, de granito, de letras douradas. Enquanto esperamos por isso, devemos fazer tudo modestamente. Que sejam alguns blocos de cimento com inscrições as mais legíveis. Não cogito no momento da eternidade nem mesmo da duração delas. Que tudo isso seja temporário.

Considero os monumentos, bustos ou figuras de pé ou mesmo em baixo-relevo e em grupos, mais importantes que as inscrições.

É preciso compor uma lista dos precursores do socialismo, de seus teóricos, e de seus lutadores e também dos mestres do pensamento filosófico, da ciência, da arte, etc., que, mesmo tão tendo relação direta com o socialismo, tenham sido verdadeiros heróis da cultura.

Segundo essa lista, encomendem aos escultores obras temporárias de gesso ou de cimento. É necessário que essas obras sejam acessíveis às massas, que se imponham ao olhar. É preciso que resistam um pouco que seja aos rigores de nosso clima, não se derretam, não se deteriorem sob efeito do vento, da neve ou da chuva. Sobre o pedestal, uma inscrição curta e expressiva diria quem foi o personagem.

É preciso dar uma atenção particular à inauguração desses monumentos. Nós mesmos e outros camaradas e talvez também grandes especialistas, seremos convidados para discursar. Que cada uma dessas inaugurações seja um ato de propaganda, uma pequena festa: depois, por ocasião dos aniversários, poderemos comemorar novamente a lembrança do grande homem, ligando-o sempre, evidentemente, à nossa revolução e às nossas tarefas.”
(LUNATCHARSKI, Lenine Sobre a Propaganda Monumental. Literatournaia Gazeta, 20 de janeiro de 1933).

12. — LITERATURA E REVOLUÇÃO.

Ele (Lenine) interessou-se pela literatura proletária.

— Que espera você dela?

Disse-lhe que esperava muito, mas que considerava como absolutamente necessário organizar uma faculdade de letras com cursos de linguística, de línguas estrangeiras, ocidentais e orientais, folclore, história da literatura universal e, especialmente, da literatura russa.

— Ah! ah! — disse ele, piscando o olho e rindo. — Programa amplo e deslumbrante! Que ele seja amplo não vejo inconveniente, mas deslumbrante hein? Não dispomos de professores nossos nesse terreno e os professores burgueses nos pregariam belas peças... Não, no momento, essa tarefa é muito pesada para nós, Devemos esperar realizá-la dentro de três, cinco anos, ainda.
(GORKI, V. I. Lenine, ed. russa).

13. — OS ESCRITORES DEVEM IR AS MASSAS.

Lembro-me dessas palavras que me disse Vladimir Ilitch:

— Vós artistas, maus individualistas, deveis ir às massas, ir às fábricas e às usinas. Recebereis impulsos para vosso trabalho criador, encontrareis aquilo que agora é necessário ao proletariado.
(MERKOULOV, No Caminho do Futuro “in” Izvestia, 3 de março de 1929).

14. — CONTRA UMA CULTURA DE ESTUFA.

O que Ilitch colocava acima de tudo era a luta contra uma concepção da cultura proletária cultivada nesta ou naquela estufa. Lenine considerava muito perigoso o próprio pensamento de que se podia fazer nascer a cultura proletária em estufa. O Proletcult era uma dessas estufas.

A cultura proletária pode crescer no terreno da instrução generalizada, nas condições do poder soviético. Quando, com a existência do poder soviético, milhões de homens cultivados se erguerem em nosso país — e hoje temos tão pouco deles — então efetivamente crescerá um novo tipo de cultura e um outro tipo de literatura.

...Eis porque Lenine dizia dirigindo-se aos operários:

“Instrui-vos, apossai-vos da cultura burguesa, não vos deixeis iludir por aqueles que dizem que, em algum laboratório, seja qual for o nome que lhe deem — uma cultura proletária já cresceu”. É preciso considerar o nascimento da cultura proletária dialeticamente. O essencial desse “processus” é que milhões de homens assimilam as conquistas da cultura burguesa nas condições do Estado soviético.
(YAKOVLEV, Discurso na Conferência Sobre Política Literária do Partido, em 9 de maio de 1924, ed. russa).

15. — QUE NÃO EXISTA NENHUMA BIBLIOTECA SOCIALISTA SEM NEKRASSOV!

Em julho de 1913, Vladimir Ilitch entrou numa biblioteca de emigrados políticos em Berne e perguntou se lá havia as obras de Nekrassov. O bibliotecário, entregando-lhe os livros, disse sorrindo:

— Sem dúvida, pois isto é uma biblioteca populista.

Lenine zangou-se e respondeu colérico:

— Saiba que nenhuma biblioteca social-democrata, que nenhuma biblioteca socialista em geral, poderá deixar de ter as obras de Nekrassov.
(RADEK, O Julgamento da Terceira Geração. Krasnaia Gazeta, 10 de janeiro de 1928, Leningrado).

16. — TOLSTOI.

Paramos ao pé do monumento, encantados pelo espetáculo de Zamoskvoretchié(8).

Vladimir Ilitch voltou-se bruscamente e olhou em direção de Ivan-o-Grande(9) e da catedral de Ouspenski(10).

— Onde anatematizaram Tolstoi quando ele foi excomungado? — perguntou Lenine.

— Primeiro na capela de Ouspenski, depois, naturalmente, em todas as igrejas.

— É aqui que se deve erguer um monumento, disse bruscamente. Tirar isto aqui — e designou a estátua em pórfiro de Alexandre II — mudar tudo isso, — e lançou o olhar em tudo o que rodeava o monumento, — e, aqui, Tolstoi denunciando a Igreja, fulminando os tsares, flagelando a riqueza, os proprietários, o luxo...

E Vladimir Ilitch pôs-se a falar com entusiasmo de Tolstoi que conhecíamos pouco, que, por sua classe social, não era evidentemente dos nossos mas que, pela sua análise genial, implacável da realidade contemporânea, forneceu extraordinários modelos, quadros inspirados e marcantes da vida popular...

Passamos diante da catedral de Ouspenki e logo voltamos para o Conselho dos comissários do povo.

Mais de uma vez, escutei Vladimir Ilitch dizer que devíamos examinar cuidadosamente toda a obra de Leon Tolstoi e que ao lado da edição acadêmica completa devíamos editar muitas de suas narrativas, artigos, excertos, em brochura e pequenos livros separados e difundi-los em centenas de milhares de exemplares por toda parte, tanto entre os camponeses como entre os operários. Desde 1918, depois que o governo dos Soviets deixou Petrogrado por Moscou, em resposta à proposta de Tchertkov a quem Tolstoi confiara o cuidado de fazer depois de sua morte uma edição completa de suas obras, Vladimir Ilitch tomou providências para que a questão fosse apresentada no mais breve espaço de tempo diante do Colégio do Comissariado da Instrução Pública onde foi resolvida em princípio num sentido favorável e, como se sabe, realizada, graças a uma decisão especial do Conselho dos comissários do povo.

Vladimir Ilitch, como G. Plekhanov, gostavam muito de ler as obras de Leon Nicolaevitch e encontrara mesmo tempo para ler o volume da correspondência e do Diário de Leon Nicolaevitch, que acabava de aparecer.

Criticando a filosofia de Léon Tolstoi, achando que sua predicação da não-resistência ao mal, da simplificação da vida, etc., são, sem dúvida, reacionarias, Vladimir Ilitch soube, aqui também, analisar profundamente todo o sistema de pensamentos, imagens e concepções do artista genial.
(BONTCH-BROUEVITCH, Lenine e Tolstoi ed. russa).

17. — GUERRA E PAZ.

Uma vez, fui procurá-lo e encontrei sob sua mesa um volume: Guerra e Paz.

— Sim, é Tolstoi. Tive vontade de ler a cena da caça e depois lembrei-me que devia escrever a um camarada, Falta-me tempo para ler. Só esta noite pude ler seu livro sobre Tolstoi.

Sorrindo, piscando o olho, ele estirou-se preguiçosamente em sua cadeira, e, baixando a voz, continuou rapidamente:

— Que bloco, hein? Que gigante! Este, meu amigo, é um artista... E sabe você o que há ainda de mais surpreendente? É que antes desse conde não havia um só mujik verdadeiro na literatura.

Depois, olhando-me com seus olhos sempre semicerrados, perguntou:

— Quem se pode colocar ao lado dele, na Europa?

E respondeu a si próprio: “Ninguém”.

E, esfregando as mãos, pôs-se a rir, contente como um gato ao sol.
(GORKI, V. I, Lenine, ed. russa; Lenine Tal Como Foi, pgs. 248-249, Bureau de Edições).

18. — “A MÃE”, DE GORKI.

Enquanto esse homem calvo, começando a engordar, atarracado, sólido, que com umas das mãos alisava a ampla fronte socrática e com a outra apertava a minha mão com expressão carinhosa nos olhos espantosamente vivos, falava-me sobre os defeitos de meu livro A Mãe, cujo manuscrito lhe emprestara. Ladyjnikov, disse-lhe que escrevera o livro apressadamente: e nem tinha ainda explicado a razão, de minha pressa e Lenine, com um agitar de cabeça aprovativo, afirmava que eu fizera muito bem escrevendo-o depressa, que esse livro era útil, que muitos operários haviam tomado parte no movimento revolucionário inconscientemente, espontaneamente e que, agora, leriam A Mãe com grande proveito.

“É um livro muito atual”. Foi o único elogio que ele me fez, mas esse elogio me foi muito precioso. Depois, ocupadíssimo, perguntou se minha obra fora traduzida em línguas estrangeiras e em que medida a censura russa e americana o haviam mutilado. Quando soube que o autor da A Mãe ia comparecer perante o tribunal, fez inicialmente uma careta, depois, jogando a cabeça para trás, os olhos fechados, face uma gargalhada, uma gargalhada extraordinária que chamou a atenção de alguns operários.
(GORKI, V. I. Lenine, ed. russa; Lenine Tal Como Foi, 1934, p. 243, Bureau de Edições).

19. — O POETA A SERVIÇO DA REVOLUÇÃO.

Vladimir Ilitch encarregara-se de organizar a administração do Conselho dos comissários do povo... Havia pouca gente disponível para isso e ainda menos gente competente. Fui obrigado a apelar vivamente para Demian Biedny, pedindo-lhe participar no trabalho administrativo porque conhecia suas aptidões e sua maneira precisa e enérgica de trabalhar. Debian Biedny aceitou e não aceitou. Sentia que diante dele abria-se um vasto campo de ação como escritor, como poeta da grande Revolução de Outubro. Não queria se prender a nenhum trabalho administrativo. No começo, Vladimir Ilitch zangou-se com ele, encolerizou-se, esbravejou. Demian Biedny começou a escrever e no Pravda cintilaram, explodiram seus poemas inflamados, animados por um verdadeiro pathos revolucionário. Vladimir Ilitch desde antes da revolução apreciava e acompanhava atentamente a obra de Demian Biedny:-do estrangeiro escrevera-lhe várias cartas de estímulo e de elogios. Quando apareceram os novos poemas revolucionários de Demian Biedny, Vladimir Ilitch compreendeu imediatamente sua importância para as lutas futuras, Quando voltou à baila a questão de seu trabalho administrativo, ele me disse:

— Deixe-o... Ele não quer... E escreve bem... Necessitamos disso,.. Que ele escreva... Será esse seu trabalho revolucionário.
(BONTCH-BROUEVITCH, Lenine no Mundo dos Escritores e dos Sábios. La Literatournom Postou, 1927, n.° 20).

20. — DEMIAN BIEDNY.

Ele (Lenine) muitas vezes e energicamente acentuou a importância do trabalho de agitação feito por Demian Biedny, mas dizia:

— Ele é um pouco inábil. Vai a reboque do leitor quando devia marchar um pouco na frente.
(GORKI, V. I. Lenine, ed. russa).

21. — BERNARD SHAW.

Ele (Lenine) falou-me da falta de pensadores no movimento trabalhista britânico e disse que se lembrava do ter ouvido Bernard Shaw, num comício.. “Shaw, — acrescentava — é um bom tipo caído entre os fabianos e muito mais de esquerda que os de sua roda’'. Lenine não conhecia o Perfeito Wagneriano e ficou muito interessado quando lhe expus a ideia geral desse livro. Voltou-se vivamente para uma pessoa que interrompera, dizendo: “Shaw é um palhaço” e replicou:

“É possível que seja um palhaço num Estado burguês, mas não seria um palhaço numa revolução!”
(ARTHUR TANSOME, Seis Semanas na Rússia em 1919, p. 103. Edições de L’Humanité, 1919).

22. — A ARTE BURGUESA É SEMPRE “BELA”.

Poeta da guerra civil e militante comunista, Vladimir Maiakovski (1894-1930), em seus versos martelou as palavras de ordem, apresentou os problemas, enalteceu as tarefas da Revolução. Lenine louva seu sentido político agudo e a sátira tão justa que ele fez dos hábitos burocráticos. Stalin saúda nele o grande poeta soviético.

Tudo, portanto, dependia de Lenine. Vendo-o muito amável, livre, no momento de seu trabalho, mostrei-lhe as fotografias de minhas obras entre as quais se encontrava a Vitoria. Seu rosto tomou uma súbita expressão severa: “Detesto tudo o que diz respeito ao militarismo”, disse ele. Explicou-me então suas ideias sobre arte, confessando aliás nada entender do assunto. A arte burguesa, a seu ver, era sempre “bela”, ora, ele desprezava a noção abstrata da beleza. Nada justificava a beleza de minha Vitoria. A guerra era uma coisa odienta e odiada. O heroísmo e o sacrifício que nela se confundem não podiam acrescentar nenhuma beleza. Inútil discutir, nada o influenciava. Minha Vitoria não podia possuir nenhum mérito a seus olhos. Meu sonho não se realizaria. Minha estatua jamais encontraria um lugar em Moscou. Lenine olhou depois a fotografia do busto de meu filho, então com a idade de cinco anos. Sua fisionomia enterneceu-se;

— Ele é também belo demais?! — perguntei-lhe,

Lenine sacudiu a cabeça.

— Está justificado.

— Mas, enfim, o senhor me acusa de fazer arte burguesa.

Sim, acuso-a... — e como prova da verdade de sua acusação, estendeu-me a fotografia do busto de Churchill: — Como a senhora o embelezou... Peço que não faça a mesma coisa comigo.
(CLARA SHERIDAN, Nuda Veritas, paginas 160-161)

23. — LENINE E O CINEMA.

...Desde o momento que seus negócios se desenvolvam graças a uma boa organização e que, melhorando a situação do país, receba certos créditos, deve ampliar sua produção fazendo principalmente o cinema penetrar nas massas, na cidade e ainda mais no campo.

Depois, sorrindo, Vladimir Ilitch acrescentou:

— Você que passa por um protetor da arte deve lembrar-se que de todas as artes a mais importante para nós é o cinema.(11)
(LUNATCHARSKI, Lenine e o Cinema, ed. russa).


Notas de rodapé:

(1) Führmann Henschel (1898), peça do célebre escritor Gerhardt Hauptman (nascido em 1862). (retornar ao texto)

(2) Tomastes a Alsácia e a Lorena — mas apesar disso continuaremos franceses. — Conseguistes germanizar nossas campinas, — mas nosso coração, esse não o tereis jamais! (retornar ao texto)

(3) Escola de Belas Artes. (retornar ao texto)

(4) Kroupskaia evoca a campanha eleitoral nas vésperas das eleições legislativas de 1910. (retornar ao texto)

(5) Clara Zetkin fora visitar Lenine em sou pequeno alojamento do Kremlin. Foi recebida pela mulher e pela irmã de Lenine. (retornar ao texto)

(6) Pão e os jogos do circo. (retornar ao texto)

(7) A Ópera de Moscou. (retornar ao texto)

(8) Bairro de Moscou, na margem direita do Moscova. (retornar ao texto)

(9) Campanário no Kremlin, ao pé do qual repousa um sino gigantesco fundido no século XVIII. (retornar ao texto)

(10) Catedral do Kremlin, onde os tsares eram coroados. (retornar ao texto)

(11) Lenine preocupou-se com a influência do cinema e sua ação sobre as massas. Encontram-se muitos traços de sua atividade nesse terreno, principalmente em seu aviso de 25 de janeiro de 1920 concernente aos trens de propaganda e ao cinema ambulante. Também em suas “Teses para a propaganda da produção”, de 18 de novembro do 1920. Lenine recomenda “o emprego o mais amplo e o mais sistemático do filme na propaganda para a produção e a criação do Disco soviético”. (.Obras, t. XXV, p. 566. E. S. I.). (retornar ao texto)

Inclusão 03/07/2019