O Conflito das Faculdades
Immanuel Kant

"Várias e matizadas são as feições que Kant revela neste escrito de 1798. a) Uma, decerto, inesperada e curiosa: a de conselheiro de auto-ajuda e promotor do apreço de si, a partir da sua experiência pessoal: aos filósofos combalidos recomenda ele (tacitamente) a dietética, um são estoicismo do sustine et abstina (“aguenta e abstém-te!”), que se integra na filosofia prática e que também não é alheio à medicina. [...] b) Mudemos, porém, de registo e vejamos a segunda feição: a de teórico da Universidade. No desempenho deste papel, Kant deixa, por um lado, entrever como em parte se concebia, estruturava e classificava o saber no seu tempo, muito distante da esquizofrenia das nossas "duas culturas"; reflecte, por outro, as tensões que sempre existiram ou vagueiam nos intramuros do studium generale, em virtude do objectivo último para que aponta o cultivo das múltiplas disciplinas e especialidades que se vão acoitando no recinto universitário.[...] c) A terceira feição é a de filósofo político. Como noutros escritos, Kant desdobra aqui, a priori, o seu projecto de “futurologia” histórica, ‘augural’, ‘divinatória’, de um caminhar da humanidade para o melhor, numa perspectiva ética. Entre os extremos do terrorismo moral (a decadência irremediável e sempre mais acentuada da humanidade) e do abderitismo (a perpétua oscilação, no ritmo ora de avanço ora de recuo, típico da humana tolice), situa o eudemonismo (a esperança ‘quiliástica’ numa progressão real, apesar da inconstância que caracteriza o ser dos homens).[...] d) A quarta feição, mais insistente e obsessiva, é a de filósofo da religião. Kant retoma aqui, em breves lampejos, o que já dissera em A religião nos limites da simples razão (1793). Mas é significativa a premência - e até a extensão - com que, nestas páginas, a sua atenção ou inspecção recai sobre a Faculdade teológica. " (da Apresentação)

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Sumário
Apresentação
Ideia de uma História Universal com um propósito Cosmopolita
Prefácio
Primeira Secção: O conflito da Faculdade de Filosofia com a teológica
Introdução
Da Divisão das Faculdades em Geral
I. Da Condição das Faculdades
Secção I: Conceito e divisão das Faculdades superiores
A. Peculiaridade da Faculdade teológica
B. Peculiaridade da Faculdade de Direito
C. Peculiaridade da Faculdade de Medicina
Secção II: Conceito e divisão da Faculdade inferior
Secção III: Do Conflito ilegal das Faculdades superiores com a inferior
I. Objecções e respectiva resposta acerca dos princípios da interpretação da Escritura
OBSERVAÇÃO GERAL
Das Seitas religiosas
Conclusão da Paz e a Resolução da Disputa das Faculdades
APÊNDICE
Questões histórico-bíblicas sobre o uso prático e o tempo presumível da duração deste livro sagrado
APÊNDICE
De uma pura mística na Religião
Segunda Secção: O conflito da Faculdade filosófica com a Faculdade de Direito
1. Que se quer aqui saber?
2. Como é que tal se pode saber?
3. Divisão do conceito do que se pretende conhecer previamente como futuro
a. Da concepção terrorista da história dos homens
b. Da concepção eudemonista da história dos homens
c. Da hipótese do abderitismo do género humano sobre a predeterminação da sua história
1. Pela experiência não é possível resolver imediatamente o problema do progresso
2. Importa, todavia, associar a qualquer experiência a história profética do género humano
3. De um acontecimento do nosso tempo que prova esta tendência moral do género humano
4. História profética da humanidade
5. Da dificuldade das máximas respeitantes à progressão para o melhor universal quanto à sua publicidade
6. Que lucro trará ao género humano o progresso para o melhor?
7. Em que ordem apenas se pode esperar o progresso para o melhor? Conclusão
O Conflito das Faculdades
Terceira Secção: O Conflito da Faculdade filosófica com a Faculdade de Medicina
Uma carta em resposta ao Sr. Conselheiro áulico e professor Ufeland
Princípio da Dietética
1. Da hipocondria
1. Do Sono
3. Do comer e do beber
4. Do sentimento mórbido derivado do pensamento fora de tempo
5. Da supressão e do impedimento de acidentes mórbidos pela resolução de interferir na respiração
6. Das consequências do hábito de respirar com os lábios fechados
Conclusão
POSFÁCIO
MIA Secção em Português Temas
Fonte
dhnet
Inclusão 11/12/2015