Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás

Vladimir Ilitch Lénine


Anexo: O Incidente do Camarada Gússev com o Camarada Deutsch


A essência deste incidente, estreitamente ligado àquilo a que se chamou lista «falsa» (segundo a expressão do camarada Mártov) mencionada na carta dos camaradas Mártov e Starover citada no texto do § J, consiste no seguinte. O camarada Gússev informou o camarada Pavlóvitch de que aquela lista, composta pelos camaradas Stein, Egórov, Popov, Trótski e Fomine, lhe tinha sido transmitida a ele, Gússev, pelo camarada Deutsch (p. 12 da Carta do camarada Pavlóvitch). O camarada Deutsch, em consequência desta informação, acusou o camarada Gússev de «calúnia premeditada», e o tribunal de arbitragem de camaradas declarou que a «informação» do camarada Gússev era «inexacta» (ver a sentença do tribunal no n° 62 do Iskra). Depois de a redacção do Iskra ter publicado a sentença do tribunal, o camarada Mártov (e já não a redacção) lança uma folha especial intitulada: Sentença do Tribunal de Arbitragem de Camaradas, onde reproduz integralmente não só a sentença do tribunal, mas o relato completo do julgamento, assim como um posfácio seu. Neste posfácio, o camarada Mártov qualifica de «vergonhoso», entre outras coisas, «o facto de falsificar uma lista no interesse da luta fraccional». A esta folha os camaradas Liádov e Górine, delegados ao II congresso, responderam com uma outra intitulada: Uma Quarta Pessoa no Tribunal de Arbitragem, na qual «protestam energicamente contra o facto de o camarada Mártov se permitir ir mais longe que a sentença do tribunal, atribuindo más intenções ao camarada Gússev», quando o tribunal não reconheceu uma calúnia premeditada, mas se limitou a declarar que a informação do camarada Gússev era inexacta. Os camaradas Górine e Liádov explicam pormenorizadamente que a informação do camarada Gússev podia ter sido provocada por um erro absolutamente natural, e qualificam de «indigna» a conduta do camarada Mártov, que fez ele próprio (e continua a fazer na sua folha) uma série de declarações erradas atribuindo arbitrariamente ao camarada Gússev más intenções. Em geral, não podia haver neste caso más intenções, dizem eles. Esta é, se não me engano, toda a «literatura» sobre a questão, e considero meu dever contribuir para a sua clarificação.

Antes de mais, é preciso que o leitor compreenda claramente o momento e em que condições esta lista (lista dos candidatos ao CC) apareceu. Como já disse no texto, a organização do Iskra reuniu-se durante o congresso para tratar da lista dos candidatos ao CC que podia propor de comum acordo ao congresso. Terminou a reunião com disparidade de opiniões; a maioria da organização do Iskra aprovou a lista: Travínski, Glébov, Vassíliev, Popov e Trótski, mas a minoria não quis ceder, insistindo na lista: Travínski, Glébov, Fomine, Popov, Trótski. As duas partes da organização do Iskra não voltaram a reunir-se depois desta ocasião, em que se propuseram e votaram as listas. As duas partes passaram à agitação livre no congresso, desejando que fosse o voto de todo o congresso do partido a resolver a controvérsia que as dividia e procurando ganhar o maior número possível de delegados. Esta agitação livre no congresso imediatamente revelou o facto político que já analisei tão detalhadamente no texto, a saber: a necessidade para a minoria dos iskristas (com Mártov à cabeça) de se apoiarem no «centro» (pântano) e nos anti-iskristas para assegurarem a vitória sobre nós. Era imprescindível porque a imensa maioria dos delegados que defendiam de modo consequente o programa, a táctica e os planos de organização do Iskra contra a pressão dos anti-iskristas e do «centro» depressa e com muita firmeza se tinham posto do nosso lado. Dos 33 delegados (mais exactamente: votos) não pertencentes nem aos anti-iskristas nem ao «centro», depressa ganhámos 24 e concluímos um «acordo directo» com eles, formando a «compacta maioria». Em contrapartida, o camarada Mártov ficou apenas com nove votos; para alcançar a vitória precisava de todos os votos dos anti-iskristas e do «centro», grupos com os quais podia alinhar (como no §1 dos estatutos), podia «coligar-se», ou seja, podia ter o seu apoio, mas não podia concluir com eles um acordo directo, e não podia precisamente porque combatera esses grupos durante todo o congresso com não menos energia do que nós. Nisso residia o tragicómico da posição do camarada Mártov! O camarada quer aniquilar-me no seu Estado de Sítio com uma pergunta mortífera, venenosa: «Pedimos respeitosamente ao camarada Lénine que nos responda claramente a esta pergunta: para quem era estranho no congresso o Iújni Rabótchi'?» (p. 23, nota). Respondo respeitosamente e com clareza: estranho para o camarada Mártov. Prova: eu bem depressa concluí um acordo directo com os iskristas, enquanto o camarada Mártov não concluiu, nem podia ter concluído, um acordo directo nem com o «Iújni Rabótchi», nem com o camarada Mákhov, nem com o camarada Brúker.

Só depois de se ter uma ideia clara sobre esta situação política se pode compreender onde se encontra o «nó» da questão nevrálgica que é a famosa lista «falsa». Imaginai as condições concretas da questão: a organização do Iskra cindiu-se e nós realizamos no congresso uma agitação livre em defesa das nossas listas. Durante esta defesa, em inúmeras conversas privadas, fazem-se com as listas centenas de combinações, propõe-se um grupo de três em vez de um grupo de cinco, sugere-se toda a espécie de substituições de um candidato por outro. Eu lembro-me bem, por exemplo, que nas conversas privadas no seio da maioria se propunham as candidaturas dos camaradas Rússov, Óssipov, Pavlóvitch e Dédov, para as rejeitar a seguir, depois de examinadas e debatidas. Pode muito bem acontecer que se tenham proposto outras candidaturas sem que eu o tenha sabido. Cada delegado ao congresso formulava nestas conversas a sua opinião, propunha emendas, discutia, etc.

É extremamente difícil supor que as coisas se tenham passado assim exclusivamente no seio da maioria. É mesmo indubitável que na minoria acontecia o mesmo porque o seu grupo inicial de cinco (Popov, Trótski, Fomine, Glébov, Travínski) foi substituído mais tarde, segundo vimos pela carta dos camaradas Mártov e Starover, por um grupo de três: Glébov, Trótski, Popov. E, além disso, Glébov não lhes agradava, e substituíram-no de bom grado por Fomine (ver a folha dos camaradas Liádov e Górine). É preciso não esquecer que os grupos em que dividi os delegados ao congresso no texto da presente brochura foram formados na base de uma análise feita post factum: na realidade, esses grupos apenas se esboçavam na agitação que precedeu as eleições, a troca de opiniões entre os delegados realizava-se com inteira liberdade. Nenhum «muro» havia entre nós, e cada qual podia falar com qualquer delegado com quem desejasse ter uma conversa particular. Não admira absolutamente nada que nestas circunstâncias, no número infinito de combinações e de listas possíveis, surgisse ao lado da lista da minoria da organização do Iskra (Popov, Trótski, Fomine, Glébov, Travínski), uma outra que não é muito diferente dela: Popov, Trótski, Fomine, Stein e Egórov. O aparecimento de tal combinação de candidatos é perfeitamente natural, porque se sabia de antemão que os nossos candidatos, Glébov e Travínski, não eram verdadeiramente do gosto da minoria da organização do Iskra (ver a sua carta no texto, § J, na qual eliminam Travínski do grupo de três, e quanto a Glébov declaram claramente que se trata de um compromisso). A substituição de Glébov e de Travínski pelos membros do Comité de Organização Stein e Egórov era perfeitamente natural, e teria sido estranho que nenhum delegado da minoria do partido tivesse pensado em tal substituição.

Examinemos agora as duas questões seguintes: 1) donde provinha a lista: Egórov, Stein, Popov, Trótski, Fomine? e 2) porque é que o camarada Mártov se indignou tanto por se lhe atribuir essa lista? Para responder com exactidão à primeira questão teríamos que interrogar todos os delegados ao congresso. Tal já não é possível agora. Seria necessário sobretudo esclarecer quais os delegados da minoria do partido (não se deve confundir com a minoria da organização do Iskra) que no congresso ouviram falar das listas que provocaram a cisão da organização do Iskra. Como se comportaram eles perante as duas listas da maioria e da minoria da organização do Iskra? Não formularam ou ouviram formular alguma proposta ou opinião relativa a modificações desejáveis a introduzir na lista da maioria da organização do Iskra? Infelizmente, estas questões parece não terem sido levantadas no tribunal de arbitragem de camaradas, que (a julgar pelo texto da sentença) ignorava mesmo a propósito de que «grupos de cinco» a organização do Iskra se tinha cindido. O camarada Belov, por exemplo (que considerava do «centro»), «declarou que estava em boas relações de camaradagem com Deutsch, o qual lhe comunicava todas as suas impressões sobre os trabalhos do congresso, e que, se Deutsch tivesse feito qualquer agitação por alguma das listas, o teria comunicado também a Belov». Não podemos deixar de lamentar que não se tenha esclarecido se o camarada Deutsch comunicou ao camarada Belov as suas impressões sobre as listas da organização do Iskra. Se sim, como é que o camarada Belov reagiu à lista de cinco da maioria da organização do Iskra? Não tinha proposto ou ouvido falar de alguma modificação desejável a introduzir nela? Como o assunto não foi esclarecido, acontece que nas declarações dos camaradas Belov e Deutsch existe a contradição já assinalada pelos camaradas Górine e Liádov, a saber: o camarada Deutsch, apesar do que dizia, «fazia agitação a favor de tais ou tais candidatos ao CC» propostos pela organização do Iskra. O camarada Belov declara mais adiante que «tinha sabido da existência duma lista que circulava no congresso por uma conversa privada, uns dois dias antes do encerramento do congresso, porque se tinha encontrado com os camaradas Egórov, Popov e os delegados do comité de Khárkov. Egórov mostrou-se naquela ocasião admirado por ver o seu nome figurar numa lista de candidatos ao CC, já que, na opinião dele, Egórov, a sua candidatura não podia encontrar a simpatia dos delegados ao congresso, tanto da maioria como da minoria». É extremamente significativo que nesta passagem se fale, evidentemente, da maioria da organização do «Iskra», porque, no resto da minoria do congresso do partido, a candidatura do camarada Egórov, membro do CO e eminente orador do «centro», não só podia, mas devia até, segundo todas as probabilidades, encontrar simpatia. Infelizmente, o camarada Belov não nos diz nada precisamente da simpatia ou antipatia dos membros da minoria do partido que não pertenciam à organização do Iskra. E, no entanto, esta é precisamente uma questão importante, já que o camarada Deutsch se indignava por atribuir essa lista à maioria da organização do Iskra, quando a lista podia provir duma minoria que não pertencesse a esta organização!

Claro que é muito difícil recordar agora quem tinha sido o primeiro a emitir a suposição de tal combinação de candidatos e da parte de quem cada um de nós a ouviu. Eu, por exemplo, não me comprometo a recordar não só isto, mas nem sequer precisamente quem da maioria foi o primeiro a propor as candidaturas que já citei, de Rússov, Dédov e outros: das inúmeras conversas, hipóteses e boatos sobre toda a espécie de combinações de candidatos, na minha memória ficaram apenas gravadas as «listas» directamente postas à votação na organização do Iskra ou nas reuniões privadas da maioria. Essas «listas» eram na maior parte das vezes transmitidas oralmente (na minha Carta à Redacção do Iskra, p. 5, linha 5 a contar de baixo, eu chamo «lista» justamente à combinação de cinco candidatos que tinha proposto oralmente na reunião), mas elas eram também frequentemente apontadas em pequenas notas que, de modo geral, circulavam de delegado a delegado nas sessões do congresso e que costumavam ser destruídas depois da sessão.

Já que não existem dados exactos sobre a origem da famosa lista, só resta supor que um delegado da minoria do partido, com o desconhecimento da minoria da organização do Iskra, se tenha pronunciado a favor da combinação de candidatos que figura nessa lista e que esta combinação,por escrito ou oralmente, começou a circular no congresso; ou ainda que a favor dessa combinação se tenha pronunciado no congresso algum dos membros da minoria da organização do Iskra, esquecendo-se disso depois. A segunda hipótese parece-me mais provável pelo seguinte: a candidatura do camarada Stein tinha, sem dúvida alguma, as simpatias da minoria da organização do Iskra já no congresso (ver o texto da minha brochura), enquanto na candidatura do camarada Egórov essa minoria tinha sem dúvida pensado só depois do congresso (porque tanto no congresso da Liga como no Estado de Sítio se lamentou que o Comité de Organização não tenha sido confirmado como Comité Central; e o camarada Egórov era membro do CO). Não será natural supor que esta ideia, que evidentemente flutuava no ar, da conversão dos membros do CO em membros do CC tivesse sido formulada por um membro da minoria numa conversa particular e no congresso do partido?

No entanto, o camarada Mártov e o camarada Deutsch inclinam-se, em vez duma explicação natural, a ver aqui algo de sórdido, um ardil, algo de desonesto, a propagação de « boatos notoriamente falsos com o objectivo de difamar», uma falsificação no interesse da luta fraccional, etc. Esta tendência mórbida só pode ser explicada pelas doentias condições de vida na emigração ou por um estado anormal dos nervos, e eu não me teria detido sequer nesta questão se não se tivesse chegado ao ponto de atentar indignamente contra a honra de um camarada. Imaginai: que razões podiam ter os camaradas Deutsch e Mártov para procurar uma má fé e más intenções numa informação inexacta, num boato falso? A sua imaginação doentia tinha-lhes traçado, sem dúvida, um quadro no qual a maioria os «difamava», não por indicar um erro político da minoria (§ l e coligação com os oportunistas), mas por atribuir à minoria listas «notoriamente falsas», «falsificadas». A minoria preferia explicar as coisas não por um erro seu, mas pelos processos sórdidos, desonestos e vergonhosos da maioria! A que ponto é irracional procurar uma má intenção numa «informação inexacta» é o que já mostrámos anteriormente ao expor as circunstâncias da questão; assim o via claramente o tribunal de arbitragem de camaradas, que não constatou nenhuma calúnia, nem nenhuma má intenção, nem nada de desonroso. Demonstra-o por último, com a maior evidência, o facto de já no congresso do partido, ainda antes das eleições, a minoria da organização do Iskra ter tido uma explicação com a maioria a propósito do falso boato, e o camarada Mártov, para se justificar, chegou a escrever uma carta que foi lida na reunião dos 24 delegados da maioria! À maioria nem sequer lhe ocorreu esconder à minoria da organização do Iskra que essa lista circulava no congresso: o camarada Lénski falou disso ao camarada Deutsch (ver a sentença); o camarada Plekhánov falou disso com a camarada Zassúlitch («é impossível falar com ela, creio que ela me confunde com Trépov», disse-me o camarada Plekhánov, e esta graça muitas vezes repetida mostra uma vez mais a excitação anormal da minoria), e eu disse ao camarada Mártov que a sua afirmação (que a lista não lhe pertencia a ele, Mártov) me bastava (actas da Liga p. 64). Então o camarada Mártov (juntamente com o camarada Starover, segundo me lembro) enviou-nos ao bureau uma nota cujo conteúdo é mais ou menos o seguinte: «A maioria da redacção do Iskra pede para ser admitida na reunião privada da maioria, para desmentir os boatos difamatórios que correm a seu respeito.» Plekhánov e eu respondemos na mesma nota: «Não ouvimos qualquer boato difamatório. Se é necessário que a redacção se reúna, há que se pôr de acordo para isso especialmente. Lénine. Plekhánov.» À noite, ao chegarmos à reunião da maioria, informámos disto todos os 24 delegados. Para evitar qualquer eventual mal-entendido, decidimos escolher em conjunto alguns delegados dentre os 24 e enviá-los para se explicarem com os camaradas Mártov e Starover. Os delegados eleitos, os camaradas Sorókine e Sáblina, foram explicar-lhes que ninguém atribuía a lista especialmente a Mártov ou a Starover, sobretudo depois da declaração deles, e que pouco importava saber se essa lista provinha de uma ou de outra maneira da minoria da organização do Iskra ou da minoria do congresso que não pertencia àquela organização. Porque na verdade não era mesmo caso para abrir um inquérito no congresso! nem para interrogar todos os delegados a respeito dessa lista! Mas os camaradas Mártov e Starover enviaram-nos apesar disto mais uma carta que continha um desmentido formal (ver § J). Os nossos delegados, os camaradas Sorókine e Sáblina, leram essa carta na reunião dos 24. Poder-se-ia pensar que o incidente estava encerrado, encerrado não no sentido de um inquérito sobre a origem da lista (se acaso isso interessava a alguém), mas no sentido da eliminação completa de qualquer ideia que pudesse implicar qualquer intenção de «prejudicar a minoria» ou de «difamar» alguém, ou de se aproveitar de uma «falsificação no interesse da luta fraccional». Mas na Liga o camarada Mártov (pp. 63-64) volta a trazer à luz essa sordidez dolorosamente gerada por uma imaginação doentia e dá ao mesmo tempo uma série de informações inexactas (evidentemente em consequência do seu estado de excitação). Disse que na lista havia um bundista. Isto não é verdade. Todas as testemunhas do tribunal de arbitragem, incluindo os camaradas Stein e Belov, confirmam que na lista figura o camarada Egórov. O camarada Mártov disse que a lista significava a coligação no sentido dum acordo directo. Isto não é verdade, como já expliquei. Ó camarada Mártov disse que não havia outras listas provenientes da minoria da organização do Iskra (e capazes de afastar desta minoria a maioria do congresso) «nem sequer falsificadas». Isto não é verdade, porque toda a maioria do congresso do partido conhecia pelo menos três listas provenientes do camarada Mártov e Cª e que não tinham sido aprovadas pela maioria (ver a folha de Liádov e de Górine).

Por que razão, em geral, esta lista indignava tanto o camarada Mártov? Porque a lista significava uma viragem para a ala direita do partido. O camarada Mártov protestava então contra a «falsa acusação de oportunismo», indignava-se contra a «caracterização incorrecta da sua posição política», e agora toda a gente pode ver que o facto de determinada lista pertencer ao camarada Mártov e ao camarada Deutsch não podia ter qualquer importância política e que em essência, independentemente desta lista ou de qualquer outra, a acusação não era falsa mas verídica, a caracterização da sua posição política era perfeitamente correcta.

O resultado deste caso penoso e artificial sobre a famosa lista falsa é o seguinte:

1) O atentado à honra do camarada Gússev pelo camarada Mártov, que gritava contra a «falsificação vergonhosa da lista no interesse da luta fraccional», só pode ser classificado, como fizeram os camaradas Górine e Liádov, de acto indigno.

2) No interesse da limpeza da atmosfera e para eximir os membros do partido da obrigação de levar a sério toda a espécie de extravagâncias doentias, seria talvez necessário no terceiro congresso adoptar a regra que se encontra nos estatutos de organização do partido operário social-democrata alemão. O § 2 desses estatutos diz: «Não pode pertencer ao partido quem se tornar culpado de uma violação grave dos princípios do programa do partido ou de um acto indigno. A questão da continuação no partido será decidida por um tribunal de arbitragem convocado pela direcção do partido. Metade dos juizes é designada por quem propuser a expulsão, e a outra metade por aquele que se quer expulsar, e o presidente é nomeado pela direcção do partido. Pode-se recorrer contra a decisão do tribunal de arbitragem para a comissão de controlo ou para o congresso do partido.» Uma regra semelhante pode ser um bom instrumento de luta contra todos os que lançam com ligeireza acusações (ou difundem boatos) sobre actos indignos. Existindo semelhante regra, todas estas acusações seriam de uma vez para sempre relegadas para a categoria de mexericos indignos, até ao momento em que os que acusam tiverem a coragem moral necessária para intervir perante o partido no papel de acusadores e procurarem um veredicto do organismo competente do partido.


Inclusão: 27/12/2002
Última modificação: 05/03/2024