A Orientação do Movimento da Juventude

Mao Tsetung

4 de Maio de 1939


Primeira Edição: Discurso pronunciado pelo camarada Mao Tsetung num comício de massas da juventude, em Ien-an, em comemoração do XX aniversário do Movimento de 4 de Maio. O discurso representa um desenvolvimento das suas ideias relativas a revolução na China.
Tradução: A presente tradução está conforme à nova edição das Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Tomo II (Edições do Povo, Pequim, Agosto de 1952). Nas notas introduziram-se alterações, para atender as necessidades de edição em línguas estrangeiras.
Fonte: Obras Escolhidas de Mao Tsetung, Pequim, 1975, Tomo II, pág: 391-405.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo

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Hoje é o dia do XX aniversário do Movimento de 4 de Maio. Neste comício, organizado para comemorá-lo e que reúne toda a juventude de Ien-an, eu desejaria abordar algumas questões relativas a orientação do movimento da juventude da China.

Primeiro, o 4 de Maio é agora proclamado Dia da Juventude Chinesa, o que está perfeitamente justo(1). É altamente significativo que, neste ano, depois de se terem passado vinte anos sobre o “4 de Maio”, tal data seja por fim proclamada Dia da Juventude em toda a China. Isso mostra que a revolução democrática popular chinesa, dirigida contra o imperialismo e o feudalismo, atingirá dentro em breve um ponto de viragem. Ao longo dos últimos decénios, a revolução democrática popular anti-imperialista e anti-feudal foi sofrendo várias derrotas, mas agora a situação vai mudar e a mudança conduzirá a vitória, não a urna nova derrota. Agora a revolução chinesa marcha em frente, marcha para a vitória. A situação anterior em que sofríamos derrota sobre derrota não pode continuar, nem nós podemos tolerar que continue-temos que conseguir chegar a um ponto de viragem em direção a vitória. Mas será que chegámos já a esse ponto de viragem? Não, ainda não chegámos lá, ainda não chegámos a vitória. Contudo, podemos conquistá-la. É precisamente na atual Guerra de Resistência contra o Japão que nos esforçaremos por atingir o ponto de viragem da derrota em vitória. O Movimento de 4 de Maio era dirigido contra um governo de vende-pátrias, um governo conluiado com o imperialismo e traidor dos interesses da nação, um governo que oprimia o povo. Era ou não preciso lutar contra esse governo? Se o não fosse, o Movimento de 4 de Maio teria sido um erro. Claro que é absolutamente necessário lutar contra tais governos, há que derrubar os governos vende-pátrias. Vejam: muito tempo antes do Movimento de 4 de Maio, já o Dr. Sun Yat-sen se tinha levantado contra o governo da época. Ele lutou contra o governo dos Tsins e derrubou-o. Acaso não tinha razão para agir assim? Penso que sim, tinha toda a razão. E tinha porque lutava, não contra um governo resistente ao imperialismo, mas sim contra um governo que estava conjurado com este; não contra um governo revolucionário, mas sim contra um governo que esmagava a revolução. O Movimento de 4 de Maio foi revolucionário exatamente porque contribuiu para abater um governo vende-pátrias. É assim que a juventude inteira da China deve considerar o Movimento de 4 de Maio. Neste momento em que a totalidade do, povo se põe entusiasticamente de pé para lutar contra a agressão japonesa, nós estamos plenamente resolvidos a esmagar o imperialismo nipónico e, ao mesmo tempo, a não tolerar a intervenção de novos vende-pátrias, nem permitir que a revolução sofra outra derrota, pois estamos premunidos com a experiência das derrotas do passado. Salvo algumas exceções, a juventude da nação está toda desperta e compenetrada da necessidade de vencer a todo o custo: é o que atesta a proclamação do “4 de Maio” como Dia da Juventude. Nós avançamos pelo caminho da vitória e, desde que todo o povo faça em comum um esforço, a revolução chinesa triunfará infalivelmente na Guerra de Resistência contra o Japão.

Segundo, contra quem é dirigida a revolução chinesa? Quais os seus alvos? Todos sabem que, por um lado, se dirige contra o imperialismo e, por outro, contra o feudalismo. Contra quem está atualmente dirigida a revolução? Contra os imperialistas japoneses, contra os traidores. Se vocês querem a revolução, devem obrigatoriamente lutar pela liquidação dos imperialistas japoneses e dos traidores. E quem faz a revolução? Qual a força principal desta? A gente simples da China. As forças motrizes da revolução são o proletariado, a classe camponesa e todos os elementos das outras classes que estejam dispostos a lutar contra o imperialismo e o feudalismo. São essas as forças revolucionárias anti-imperialistas e anti-feudais. Mas no meio de tantos indivíduos, qual é a força principal, a espinha dorsal da revolução? Os operários e os camponeses, que perfazem noventa por cento da população do país. Qual é o caráter da revolução chinesa? Que revolução fazemos na atualidade? Fazemos a revolução democrático-burguesa, nada do que fazemos sai dos limites dessa revolução democrático-burguesa. Dum modo geral não devemos destruir no momento o sistema burguês de propriedade privada; o que importa é destruir o imperialismo e o feudalismo. É o que se chama revolução democrático-burguesa. Mas a burguesia é impotente para concluir essa revolução. A revolução só pode ser concluída pelos esforços do proletariado e das grandes massas populares. Qual é pois o objetivo que a revolução deve atingir? O seu objetivo é a derrocada do imperialismo e do feudalismo e a criação duma república democrática popular. Essa república democrática popular é a república fundada nos Três Princípios do Povo revolucionários. É diferente da China atual, semi-colonial e semi-feudal, e diferente também da China futura, em que se instaurará o regime socialista. No regime socialista não há lugar para capitalistas mas, no regime de democracia popular, a existência dos capitalistas tem ainda de ser admitida. Mas haverá então permanentemente na China lugar para capitalistas? Não, está fora de dúvida que, no futuro, não haverá lugar para eles. Isso acontecerá tanto na China como no resto do mundo. Nem na Inglaterra, nem nos Estados Unidos, nem na França, nem no Japão, nem na Alemanha, nem na Itália, em parte nenhuma haverá lugar para os capitalistas. A China não pode constituir exceção a essa regra. A União Soviética é um país que passou já ao socialismo. No futuro, o mundo inteiro seguirá o exemplo da União Soviética. Não há qualquer dúvida sobre isso. No seu desenvolvimento, a China caminhará necessariamente para o socialismo. É uma lei irresistível contra a qual nada se pode fazer. Contudo, na etapa atual, nós não construímos o socialismo, nós destruímos o imperialismo e o feudalismo, acabamos com a situação atual da China que é a de país semi-colonial e semi-feudal e criamos um regime de democracia popular. É por esse objetivo que deve bater-se a juventude do nosso país.

Terceiro, o que é que nos ensina a experiência passada da revolução chinesa? Essa é outra questão importante que a juventude precisa de compreender. Estritamente falando, na China a revolução democrático-burguesa anti-imperialista e anti-feudal começou com o Dr. Sun Yat-sen, e já conta mais de cinquenta anos. Quanto a agressão dos Estados capitalistas estrangeiros contra a China, ela dura há já quase um século. Ao longo desses cem anos registou-se primeiro a Guerra do Ópio contra a agressão inglesa e, depois, a Guerra do Reino Celestial dos Taipins, a Guerra Sino-Japonesa de 1894, o Movimento Reformista de 1898, o Movimento de Ihotuan, a Revolução de 1911, o Movimento de 4 de Maio, a Expedição do Norte e a guerra travada pelo Exército Vermelho. Embora essas lutas sejam diferentes umas das outras, o seu objetivo comum foi rechaçar o inimigo estrangeiro ou mudar a situação existente. Mas só com o Dr. Sun Yat-sen é que a revolução começou a definir-se, mais ou menos claramente, como democrático-burguesa. Em cinquenta anos, a revolução iniciada por Sun Yat-sen obteve alguns êxitos e sofreu alguns fracassos. Vejamos: a Revolução de 1911 derrubou o imperador. Não terá sido isso um êxito?

Mas houve no entanto um fracasso, que consistiu no fato de a Revolução de 1911 se ter limitado a derrubar o imperador, permanecendo a China na situação anterior, sob o jugo do imperialismo e do feudalismo não sendo pois realizadas as suas tarefas anti-imperialistas e anti-feudais. Que objetivo visava o Movimento de 4 de Maio? Esse movimento estava igualmente dirigido contra o imperialismo e o feudalismo, mas também fracassou, permanecendo a China na mesma situação em que se encontrava antes, subjugada pelo imperialismo e pelo feudalismo. A mesma sorte teve a revolução da Expedição do Norte; obteve um êxito e também fracassou. Desde que o Kuomintang passou a luta contra o Partido Comunista(2), a China voltou a ser o reino do imperialismo e do feudalismo. Isso tinha que provocar necessariamente a guerra, uma guerra que o Exército Vermelho travou durante dez anos. Mas essa luta de dez anos também só realizou as tarefas da revolução em parte do território chinês, não em toda a extensão do país. Se fazemos o balanço da revolução nas últimas dezenas de anos, vê-se que só alcançámos vitórias temporárias e parciais, não uma vitória definitiva em todo o país. Como dizia o Dr. Sun Yat-sen:

“A revolução ainda não se concluiu, os camaradas devem continuar a despender esforços.”

Agora, a questão é esta: por que é que, após dezenas de anos de luta, a revolução chinesa não atingiu ainda os seus objetivos? Quais as razões disso? Eu penso que há duas: a primeira é que as forças inimigas têm sido demasiado fortes; a segunda é que as nossas próprias forças têm sido demasiado fracas. Como uma das partes era forte e a outra fraca, a revolução não triunfou. Ao afirmar que as forças inimigas têm sido demasiado fortes, queremos dizer que as forças do imperialismo (o fator principal) e do feudalismo têm sido demasiado fortes. E ao dizer que as nossas forças têm sido demasiado fracas queremos dizer que apresentam pontos fracos nos domínios militar, político, económico e cultural; mas a nossa fraqueza e o subsequente fracasso no cumprimento da tarefa anti-imperialista e anti-feudal são devidos principalmente ao fato de as massas trabalhadoras, operários e camponeses, que constituem noventa por cento da população, não terem sido ainda mobilizadas. Quando se faz o balanço da revolução nas últimas dezenas de anos, vê-se que o povo chinês não estava inteiramente mobilizado e os reacionários se erguiam invariavelmente contra tal mobilização, sabotando-a. Ora, não é possível derrubar o imperialismo e o feudalismo a não ser com a mobilização e organização do conjunto das massas operárias e camponesas, que perfazem noventa por cento da população do país. O Dr. Sun Yat-sen, no seu testamento, dizia:

“Durante quarenta anos, devotei-me a causa da revolução nacional, para conquistar para a China a liberdade e a igualdade. A experiência desses quarenta anos convenceu-me inteiramente de que, para alcançar tal objetivo, é necessário despertar as massas populares e unirmo-nos, em combate comum, as nações do mundo que nos tratem em pé de igualdade.”

Mais de dez anos decorreram já desde a morte desse homem respeitável. Se os acrescentarmos aos quarenta anos de que fala, isso perfaz um total de mais de cinquenta anos. O que é que nos ensina essa experiência de cinquenta e tantos anos de revolução? Fundamentalmente, a verdade que consiste em “despertar as massas populares”. Vocês devem assimilar bem essa lição. A juventude do país inteiro deve assimilá-la com fidelidade. A juventude precisa de compreender inteiramente que a vitória sobre o imperialismo e o feudalismo não é possível senão mobilizando as grandes massas dos operários e camponeses, massas que constituem noventa por cento da população do país. Presentemente, é impossível triunfar do Japão e edificar uma China nova sem mobilizar a totalidade das massas operárias e camponesas do país.

Quarto, voltemos ao movimento da juventude. Há precisamente vinte anos registaram-se na China os grandes acontecimentos em que participaram os estudantes e ficaram conhecidos na história desta por Movimento de 4 de Maio. Esse movimento teve uma imensa significação. Que papel passou então a desempenhar a juventude a partir do “4 de Maio”? Em certo sentido, a juventude desempenhou um papel de vanguarda. Isso foi reconhecido por todos no nosso país, a exceção dos obstinados. Mas o que quer dizer desempenhar o papel de vanguarda? Significa desempenhar um papel de guia, estar nas primeiras filas da revolução. Nas fileiras do povo chinês em luta contra o imperialismo e o feudalismo, existe um contingente de jovens composto de intelectuais e estudantes. É um contingente bastante numeroso e, apesar das perdas sofridas, conta atualmente com vários milhões de homens. Esse contingente de vários milhões de homens representa um exército da nossa frente na luta contra o imperialismo e o feudalismo. É também um exército importante da nossa frente. Mas não se pode contar unicamente com ele.’ Apoiando-se unicamente nele é impossível vencer o inimigo, uma vez que não representa as forças principais. Quem constitui então as forças principais? São as massas operárias e camponesas. Os jovens intelectuais e os estudantes chineses devem ir ao encontro das massas operárias e camponesas que perfazem noventa por cento da população do país, para mobilizá-las e organizá-las. Sem essas forças principais, isto é, sem os operários e os camponeses, apoiando-se unicamente na parte do exército que se compõe de jovens intelectuais e de estudantes, é impossível triunfar do imperialismo e feudalismo. É por essa razão que os jovens intelectuais e os estudantes do país inteiro devem, em absoluto, entrar em contacto estreito com as grandes massas operárias e camponesas, fundindo-se com elas num todo; só então se constituirá um exército poderoso. Esse será um exército de algumas centenas de milhões de homens! Só um exército dessa grandeza poderá tornar possível a captura de posições sólidas do adversário e a destruição dos seus últimos bastiões. Se considerarmos sob este ponto de vista o movimento da juventude no passado, não podemos deixar de notar uma tendência errada: nas últimas dezenas de anos, parte da juventude que participava nesse movimento não se dispunha a ligar-se as massas operárias e camponesas e tomava posição contra o movimento operário e camponês, o que representava uma contra-corrente no movimento da juventude. Não se ligando as massas operárias e camponesas, que constituem noventa por cento da população do país, opondo-se radicalmente aos operários e camponeses, essa parte da juventude agia realmente de modo insensato. Era uma corrente justa? Penso que não, pois, tomando posição contra os operários e os camponeses, essa parte da juventude tomava posição contra a própria revolução; por isso é que afirmo que se tratava duma contra-corrente no movimento da juventude. Um tal movimento da juventude não pode conduzir a algo bom. Há alguns dias escrevi um pequeno artigo(3) onde dizia:

“O critério decisivo para determinar se um intelectual é revolucionário, não revolucionário ou contra-revolucionário, consiste em saber se ele quer ligar-se, e se liga de fato, as massas operárias e camponesas.”

Aí enunciei o que constitui, a meu ver, o único critério válido. Que critério permite determinar se um jovem é ou não revolucionário? Como fazer tal distinção? Apenas existe um critério: verificar se esse jovem quer ou não ligar-se as grandes massas operárias e camponesas, e se efetivamente se liga a estas. Se quer ligar-se aos operários e camponeses e o faz efetivamente, é um revolucionário; no caso contrário é um não revolucionário ou um contra-revolucionário. Se hoje ele se liga as massas de operários e camponeses, hoje é um revolucionário. Mas se amanhã deixa de ligar-se a elas, ou se, pelo contrário, passa a oprimir a gente simples do povo, passa a ser um não revolucionário ou um contra-revolucionário. Alguns jovens falam muito da sua fé nos Três Princípios do Povo ou no Marxismo, mas isso não prova nada. Vejam: Hitler não se proclamava também “pelo socialismo”?

O próprio Mussolini era “socialista”, há vinte anos! E que representa afinal o seu “socialismo”? Nada mais que fascismo! Acaso Tchen Tu-siu não tinha também “fé” no Marxismo? E o que fez depois? Passou-se para o campo da contra-revolução. Tcham Cuo-tao também não tinha “fé” no Marxismo? E onde está hoje? Desertou, embrenhou-se num pântano. Alguns intitulam-se pomposamente “adeptos dos Três Princípios do Povo”, dizem-se até seus velhos adeptos. Mas o que é que fazem? Está visto que o seu nacionalismo é a coligação com o imperialismo; para eles, a democracia do povo é a opressão da gente simples, e o bem-estar do povo consiste em sugar o sangue do povo, sugá-lo o mais possível. Só em palavras são partidários dos Três Princípios do Povo. É por isso que quando queremos julgar do valor dum indivíduo, saber se é um falso ou verdadeiro continuador dos Três Princípios do Povo, se é um falso ou verdadeiro marxista, basta-nos ver que ligações tem com as grandes massas de operários e camponeses para tudo ficar rapidamente esclarecido. Esse é o único critério, não há outro. Espero que a juventude chinesa jamais se deixará arrastar por essa sinistra contra-corrente, que reconhecerá sem dúvida alguma os operários e os camponeses como seus amigos e marchará em frente, em direção dum futuro radioso.

Quinto, a atual Guerra de Resistência contra o Japão representa uma nova etapa da revolução chinesa, a etapa mais grandiosa, mais vigorosa e mais dinâmica. Nesta etapa, uma grande responsabilidade cabe a juventude. Entre nós, na China, o movimento revolucionário passou em algumas dezenas de anos por toda uma série de etapas de luta, mas nunca foi tão vasto como agora, na Guerra de Resistência contra o Japão. Quando afirmamos que a revolução chinesa apresenta atualmente particularidades que não tinha no passado, e que depois duma série de derrotas há-de desembocar na vitória, pensamos precisamente no fato de o conjunto das massas populares chinesas ter dado um grande passo em frente, de que um brilhante testemunho é o progresso da juventude. Essa a razão por que a atual Guerra de Resistência terminará obrigatoriamente numa vitória, não pode deixar de terminar na vitória. Todos sabem que a nossa política fundamental durante a Guerra de Resistência contra o Japão é a constituição da Frente Única Nacional Anti-Japonesa. O objetivo é o esmagamento do imperialismo japonês e a liquidação dos traidores, a transformação da China antiga numa China nova, a libertação de toda a nação da situação semi-colonial e semi-feudal. Atualmente, o grande defeito do movimento da juventude chinesa é a falta de unidade. Vocês devem perseverar na luta pela unidade, pois só na unidade é que reside a força. Devem proceder de maneira que toda a juventude do país compreenda a situação atual, se una estreitamente e leve a Guerra de Resistência contra o Japão a vitória final.

Sexto e último, quero deter-me no movimento da juventude em Ien-an. O movimento da juventude de Ien-an é um modelo para o movimento da juventude em todo o país. A orientação para o movimento da juventude de Ien-an é a orientação do movimento da juventude em todo o país. Por quê? Porque a orientação do movimento da juventude de Ien-an é justa.

Julguem vocês próprios: a juventude de Ien-an tem trabalhado pela realização da unidade, e tem trabalhado muito bem. A juventude de Ien-an está unida e é solidária. Em Ien-an, toda a juventude — intelectuais, estudantes, operários, camponeses — está unida. De todos os cantos do país, e mesmo dos países estrangeiros onde vivem cidadãos chineses, vem um grande número de jovens revolucionários para estudar em Ien-an. A maioria dos que assistem a este comício vêm de lugares situados a milhares e até dezenas de milhares de li de Ien-an, e todos — os Tcham e os Li, os jovens e as jovens, os operários e os camponeses — partilham as mesmas aspirações. Não é pois um modelo para o País? A juventude de Ien-an, além de estar unida, fundiu-se também com as massas operárias e camponesas. Isso é uma razão mais para que sirva de modelo ao país inteiro. Mas o que faz a juventude de Ien-an? Estuda a teoria revolucionária; estuda os princípios e os métodos de luta contra os invasores japoneses, para a salvação da pátria; participa no movimento para o desenvolvimento da produção e já desbravou milhares e milhares de mu de terras virgens. Desbravar terras virgens, lavrar os campos, pessoalmente Confúcio não agia assim. Quando ensinava, Confúcio tinha um bom número de alunos: “setenta sábios e três mil discípulos”, um quadro dos mais impressionantes! Mesmo assim eram muito menos alunos do que os que existem em Ien-an, e não estavam dispostos a qualquer movimento de desenvolvimento da produção. Quando os discípulos de Confúcio lhe perguntaram como se cultivavam os campos, este respondeu: “Não sei. Nesse domínio estou abaixo dos camponeses”. Quando lhe perguntaram como se cultivavam os legumes, de novo respondeu: “Não sei. Nesse domínio, estou abaixo do hortelão”. Na China antiga, os jovens que estudavam junto dos sábios não só não estudavam a teoria revolucionária como também não se entregavam ao trabalho. Atualmente, em todos os estabelecimentos de ensino do nosso imenso país, estuda-se pouco a teoria revolucionária e não se estuda o movimento para o desenvolvimento da produção. Só entre nós, em Ien-an, assim como no território das nossas bases anti-japonesas situadas na retaguarda inimiga, é que a situação se apresenta fundamentalmente diferente, pelo que respeita a juventude. Entre nós, a juventude representa realmente uma vanguarda da luta contra os invasores japoneses para a salvação da pátria, na medida em que dispõe ao mesmo tempo duma orientação política e dum método de trabalho justos. Por isso é que eu digo que o movimento da juventude de Ien-an constitui um modelo para o movimento da juventude em todo o país.

O comício de hoje reveste grande importância. Já disse tudo o que queria dizer. Espero que vocês estudem a experiência da revolução chinesa destes últimos cinquenta anos, desenvolvam o que há de bom e eliminem os erros cometidos, a fim de que a juventude se una a totalidade do povo e a revolução passe dos fracassos a vitória. O dia em que toda a juventude e todo o povo se puserem em movimento, se organizarem e unirem, será o dia da vitória sobre o imperialismo japonês. Cada jovem deve assumir essa responsabilidade. Atualmente, cada jovem deve tornar-se diferente do que era: deve fazer sua a grande resolução de trabalhar com tenacidade pela união de toda a juventude, pela organização de todo o povo; deve lutar pela vitória sobre o imperialismo japonês; deve lutar para fazer da velha China uma China nova. Essa a esperança que deposito em vocês.


Notas de rodapé:

(1) Inicialmente, o dia 4 de Maio foi proclamado Dia da Juventude Chinesa na região fronteiriça Xensi-Cansu-Ninsia, por iniciativa das organizações juvenis dessa região. Sob pressão do desenvolvimento do movimento patriótico das grandes massas juvenis, o Kuomintang deu o seu acordo a essa decisão. Ulteriormente, porém, temendo que a juventude se revolucionarizasse, o Kuomintang considerou a decisão como perigosa e mudou o Dia da Juventude para 29 de Março (data da comemoração dos mártires da revolução caídos em 1911 e enterrados em Huanghuacam, Cantão). Não obstante, no território das bases de apoio revolucionárias dirigidas pelo Partido Comunista da China, o Dia da Juventude continuou a ser o dia 4 de Maio. Em Dezembro de 1949, após a fundação da República Popular da China, o Conselho Administrativo do Governo Central Popular proclamou oficialmente o 4 de Maio como Dia da Juventude Chinesa. (retornar ao texto)

(2) Trata-se dos golpes de Estado contra-revolucionários tramados em 1927 por Tchiang Kai-chek, em Xangai e Nanquim, e por Uam Tsim-vei em Vuhan. (retornar ao texto)

(3) Trata-se do artigo “O Movimento de 4 de Maio”. (retornar ao texto)

Inclusão 11/08/2012
Última alteração 01/12/2012