Sobre a Guerra Popular na Índia
Oito Documentos Históricos

Charu Mazumdar


Sexto Documento:
A tarefa principal hoje é construir o verdadeiro Partido Revolucionário através da luta intransigente contra o Revisionismo


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Os dirigentes do Partido após muito tempo presos, após o Congresso do Partido, pela primeira vez tiveram uma reunião de todo o Comitê Central. A direção central do Partido que foi formado através das lutas contra o revisionismo, adotou uma resolução ideológica e declarou abertamente que todas as críticas feitas contra o governo da Índia pelo grande Partido da China estavam erradas. Ao mesmo tempo, afirmaram na resolução que a crítica à direção revisionista soviética não deveria ser feita de forma pública agora, pois se fosse feita de outro modo a fé do povo no socialismo declinaria. Ou seja, não devemos esclarecer o essencial da tentativa feita pela colaboração da direção revisionista soviética com o imperialismo ianque para estabelecer a hegemonia mundial.

O dirigente da Grande Revolução Chinesa, o Partido Comunista da China, e seu líder, camarada Mao Tsé-tung estão liderando hoje o proletariado e as lutas revolucionárias do mundo. Depois de Lenin, o camarada Mao Tsé-tung supriu a posição de Lenin. Então, a luta contra o revisionismo não pode ser levada a cabo se opondo ao Partido Comunista da China e ao camarada Mao Tsé-tung. A pureza do marxismo-leninismo não pode se manter. Ao se opor ao Partido chinês, a direção do Partido da Índia abandonou o caminho revolucionário do marxismo-leninismo. Eles estão tentando adotar o revisionismo o colocando em uma nova moldagem. Então os membros do Partido devem entender isso claramente hoje que na luta contra o revisionismo, essa direção do Partido não é de maneira nenhuma nossa camarada-em-armas, nem mesmo associada.

A direção revisionista soviética em colaboração com o imperialismo dos Estados Unidos hoje está tentando chegar à hegemonia mundial. Eles estão agindo como inimigos de todo movimento de libertação nacional hoje. Eles estão tentando estabelecer a direção revisionista dividindo os partidos revolucionários e vergonhosamente agindo como agentes do imperialismo norte-americano. Hoje são os inimigos das lutas de libertação dos povos em cada país, inimigos das lutas revolucionárias, inimigos da China revolucionária, inimigos até mesmo do povo soviético. Então nenhuma luta contra o imperialismo estadunidense pode ser feita sem levar a cabo uma luta contra essa direção revisionista soviética. É impossível dirigir a luta anti-imperialista caso não se perceba que a direção revisionista soviética não é aliada na luta anti-imperialista. A direção do Partido, longe de seguir esse caminho, ao invés disso, está tentando convencer o povo através de diferentes escritos que a direção soviética, apesar de alguns erros, está basicamente se opondo às políticas do Governo indiano, e ainda segue o caminho do socialismo. Ou seja, estão tentando esconder de forma enganosa o fato de que a direção soviética está transformando o Estado socialista soviético em um estado capitalista gradualmente e que a própria colaboração ianque-soviética é por causa disso.

Então, na análise política e organizacional da Índia dos últimos dois anos, não houve menção da ingerência imperialista, particularmente do imperialismo norte-americano, ainda que de Johnson a Humphrey, todos os representantes do imperialismo estadunidense declararam repetidamente que irão usar a Índia como um satélite contra a China. Tal questão tão importante não foi colocada pelo Comitê Central de maneira nenhuma. Então, na resolução política e organizacional, nenhuma palavra de alerta foi pronunciada aos membros do Partido diante da contraofensiva imperialista. Pelo contrário, após ler toda a resolução, parece que não houve mudança particular na situação; que em alguns casos, os rigores aumentaram e podem ser combatidos através de movimentos ordinários. A direção do Partido está absolutamente silenciosa sobre o novo aspecto nas lutas nos últimos dois anos - a expressão da violência revolucionária contra a violência contrarrevolucionária essa nova corrente que surge nos movimentos de massas. Eles colocaram a questão dos movimentos de massa de maneira que a simples conclusão que segue dela é que nosso principal objetivo para as eleições futuras será estabelecer um governo democrático sem o Congresso. Em nenhuma parte de sua resolução, foi mencionado que essa eleição estava sendo realizada para esconder a exploração e a dominação imperialista indireta. O governo reacionário da Índia através dessa eleição quer disseminar a ilusão constitucional e por detrás disso, sob instruções do imperialismo, quer construir o nosso país como um satélite contrarrevolucionário no Sudeste da Ásia, e quer deter a resistência do povo com violentos ataques aos setores revolucionários das massas. A experiência da Indonésia nos ensinou o quão violento o imperialismo decadente pode se tornar hoje. Foi responsabilidade da direção do Partido preparar seus membros a enfrentar essa situação e deixar claro que a única via era a violência revolucionária e organizar todo o Partido a partir disso. A direção do Partido indiano não apenas não fez isto, mas também não fez nenhuma conversa sobre resistência revolucionária clandestina dentro do Partido.

A direção do Partido está protestando em alto e bom som contra o aventureirismo, sempre que ouve “resistência revolucionária” ou “luta armada”. Mas o mesmo tempo, indiscriminadamente usam as palavras “esvaziamento do comércio”, “gherao”, “greve contínua”, etc. Porém, quando há alguma conversa sobre resistir à opressão que invariavelmente siga essas táticas de luta, consideram aventureirismo. A palavra de ordem de “greve contínua em todo o país” não é nada mais do que uma palavra de ordem pequeno-burguesa de tipo ultra-esquerdista. Por um lado, essa palavra de ordem ultra-esquerdista, e do outro, no que tange a questão política, um desejo desesperado de forjar uma unidade no campo eleitoral que significa agir como um apêndice da burguesia.

Então essa direção do Partido está se recusando a assumir a responsabilidade da revolução democrática da Índia e como resultado disso, apelam para as táticas enganosas do revisionismo moderno, isso é, o caminho de ser revolucionários em palavras e um apêndice da burguesia na prática. Então o partido revolucionário pode surgir apenas da destruição do atual sistema de parido e seu quadro democrático. Então ficar na dita “forma” ou “trabalho constitucional” desse partido, significa tornar os marxista-leninistas ineficazes e cooperar com a direção revisionista.

Então, da direção do Partido até os trabalhadores comuns, todos aqueles que acreditam no marxismo-leninismo, devem avançar diante dos membros do Partido com as visões revolucionárias do marxismo-leninismo. Apenas assim podemos começar a trabalhar na construção do partido revolucionário. O governo indiano foi obrigado a se retirar em face da ampla explosão das massas. Como resultado, o escopo do movimento democrático cresceu no período anterior às eleições. O governo está organizando forças contrarrevolucioná- rias nesse período. As forças revolucionárias também deverão tirar o máximo proveito dessa atmosfera aparentemente democrática. As táticas de luta adotadas pelas massas nos recentes movimentos de massa, não foram nada senão lutas “partisan” de um estágio inicial. Então as forças revolucionárias devem dirigir de maneira organizada essas lutas “partisan” e antes da ofensiva contrarrevolucionária massiva começar, os membros do Partido devem estar bem treinados nas táticas dessas lutas através da teoria e aplicação concreta.

O significado dos grupos ativistas do Partido hoje é que constituirão “unidades de combate”. Sua principal tarefa será a campanha de propaganda política e para golpear as forças contrarrevolucionárias. Devemos sempre ter em mente os ensinamentos de Mao Tsé-tung - “Os ataques não são apenas por atacar, ataques devem apenas ser para aniquilações”. Aqueles que devem ser atacados são principalmente:

  1. os representantes da máquina estatal como a polícia e militares;
  2. a burocracia detestada;
  3. inimigos de classe.

O objetivo desses ataques deve ser também coletar armas. Na atual etapa, esses ataques podem ser realizados em qualquer lugar, na cidade e no campo. Devemos prestar atenção especialmente às áreas camponesas.

No período pós-eleição, quando a ofensiva contrarrevolucionária irá assumir um caráter massivo, nossa principal base terá que ser estabelecida nas regiões camponesas. Então, agora, de imediato, temos que pôr claramente diante da nossa organização essa visão de que com o desenvolvimento do senso de responsabilidade entre a classe operária e os quadros pequeno-burgueses revolucionários, terão que ir para o campo imediatamente. Então com o desenvolvimento do sentido de responsabilidade entre a classe operária e os quadros pequeno-burgueses, terão que ser enviados para as vilas. No período da ofensiva contrarrevolucionária, nossa tática principal será a da grande China, a tática do cerco da cidade pelo campo. O quão rápido podemos silenciar a ofensiva contrarrevolucionária dependerá em quanto tempo podemos construir as forças armadas do povo. É verdade que no começo, podemos conquistar algumas vitórias, mas em face da ofensiva contrarrevolucionária massiva, devemos ter que retaliar nos interesses apenas de nossa autopreservação. Através difícil luta prolongada, o Exército Popular Revolucionário crescerá - o exército que é inspirado pela consciência política, e endurecido pelos movimentos e encontros de campanha política. Sem esse tipo de exército, não é possível a vitória da revolução, não é possível proteger os interesses das massas.

Camaradas, ao invés de ficarmos a reboque de movimentos espontâneos, as lutas de resistência terão que se desenvolver de maneira organizada hoje. Não faltam nem seis meses. Se não podemos começar essa luta dentro desse período, devemos ter que enfrentar a difícil tarefa de se organizar em face dos ataques imperialistas.

Partido Comunista da Índia, Centro Maoísta.


Inclusão 20/07/2019