
No fim de ler a circular do CC aos militantes do Partido, tenho a opinião que não estão de acordo com a circular e por isso me pronuncio:
Penso que é muito correcto o CC informar os mil. da expulsão de FMR, entretanto dado ser um quadro que foi da Comissão Executiva penso não ser correcto unicamente de positivo o estar preso (portar-se bem), se a seguir se enumeram em toda a sua actividade um número sem par de incompreensões e coisas negativas. Penso que seria mais correcto dar-se na circular uma ideia, ainda que geral, das virtudes que teve para chegar a um posto cimeiro no P. enumerando-se depois o seu negativo.
Não haverá muito militante que pergunte a si mesmo (ainda que não chegue o seu raciocínio no P.): com tanto defeito como é que pôde chegar à C. Ex.?
Outro ponto que não estou de acordo com a circular é na resolução que foi tomada quando da sua expulsão do CC, depois de desertar, não cumprir tarefas, recusar aceitar controle, recusar restituir documentos e haveres do P., gastar dinheiro do P. em seu proveito; e aqui continuo a analisar que não se tratava de um militante qualquer, mas sim de um membro que foi da C. Ex., não podendo pôr-se o problema da incompreensão, o CC mantê-lo ainda como membro do P. Penso que havia razões de sobejo para ter sido expulso logo de membro do P. Diz-se na circular que se olhou ao seu passado para se proceder assim, mas o seu passado, na circular, não deixa transparecer ser muito recto, e a dedicação ao P. também mostrou agora concretamente que não era aquela com que ganhou a confiança do P.
Penso que as promoções no P., e principalmente em cargos de responsabilidade, devem ser vistas à luz de toda a actividade do quadro dentro do P. e não ser posto como fundamental o ter passado pela polícia e ter-se portado bem, ainda que isso seja uma das grandes provas de qualquer militante e de grande importância. A carência de quadros também não deve ser razão para se promoverem a escalões elevados quadros débeis ou sem capacidade para tal responsabilidade (refiro-me a escalões no CC).
Julgo que seria preferível, em caso de carência de quadros, encontrarem-se formas para fazer o trabalho sem serem promovidos a esses escalões.
Não é só a auto-suficiência, presunção, etc. que pode caracterizar um mau quadro. Há também quadros que para eles tudo quanto vem de cima está bem feito e não ousam dar opinião para não serem contrariados ou ficarem mal vistos, ou quando a dão, se não estao de acordo com os outros, são capazes de dar uma volta de 180 graus, para começar e princípio, no sentido inverso.
Estou convencido que há quadros, e bons quadros (que a certa altura são estragados pelo P.) quando é a subir, subir está tudo muito bem, mas quando é preciso descer já está tudo mal, e isto mostra que o que está mal foi terem subido de mais e sem capacidade para isso. E não ponho de lado que um «pouquinho» disto tivesse acontecido com o «Campos».
Neste caso que o prestígio do P. está em causa, o que é necessário é esclarecer de maneira que o P. saia mais prestigiado e não diminuído.
Esta circular tem-me levado a pensar noutros casos.
Não sei até que ponto a minha ideia possa ser correcta, mas uma vez que a tenho formada, não fico com ela. Por vezes têm aparecido casos negativos de quadros, que são levados ao conhecimento de militantes de base, sempre no aspecto negativo. Esses quadros por vezes são presos e na polícia têm portes dignos, para não dizer heróicos. Não seria altura do CC debruçar-se sobre casos concretos de camaradas que estão presos, que tiveram esse porte digno, e que antes da prisão teriam sido despromovidos, alguns casos depois da sanção até reconhecidos como não sendo correcta a maneira como foram tratados, e promover esses quadros ao seu justo lugar?
Penso que não é só os camaradas abrangidos por essa medida do P. que beneficiariam, sentindo um estímulo dentro da prisão pela sua dedicação ao P. como sendo aproveitadas estas medidas, no terreno político, beneficiava todo o P.
Se um funcionário é e deve ser aquele q vive para o P. e tudo dá pelo P., os camaradas que estejam na prisão nas condições que citei em cima estão neste quadro, pois que a luta deles por trás das grades não é menos árdua e menos abnegada de que a de qualquer funcionário cá fora.
Saudações Comunistas
(OB)