Que Fazer? - Jornal de um Comité de Bairro

1975


Data: 1975
Publicado por: Comité de Bairro da Caixa Nacional de Pensões — Alvalade

Conteudo: Primeira página do jornal Que Fazer?

Fonte: Anexo do livro: "Contrapoder e Revolução" de Fernando Pereira Marques, Diabril 1977

Transcrição e HTML: Graham Seaman.


Que Fazer?, Jornal do Comité de Bairro da Caixa Nacional de Pensões, Alvalade

À necessidade de lutar frontalmente contra o capitalismo, única forma de afastar para sempre o perigo do fascismo; a necessidade de lutar pela sociedade sem classes, como única alternativa ao desemprego, à miséria e à fome, impostos pelo sistema capitalista; a necessidade de lutar pelo poder popular, como principal garantia para a construção de um socialismo verdadeiro e libertador, é a principal arma contra os perigos da burguesização e deformação desse socialismo; a necessidade da unidade da classe operária e demais explorados e das suas organizações, frente à burguesia e às manobras da reacção capitalista, independentemente das divergências partidárias existentes, levou, à algum tempo, um grupo de moradores a constituirem-se em «Comité de Bairro», propondo-se levar à prática iniciativas com vista a interessar os moradores na resolução dos seus problemas e aspirações.

É nesta perspectiva que hoje sai o primeiro número do jornal do «Comité de Bairro», jornal de moradores e para moradores do bairro da Caixa Nacional de Pensões.

HÁ RATOS MORTOS E CÃES PODRES NAS TRASEIRAS DOS NOSSOS PRÉDIOS!

Quem descobriu isto foram os moradores da Florbela Espanca. Descobriram isto quando quiseram limpar as suas traseiras, e, limparam-nas.

Quiseram substituir o lixo por um baloiço e um jardim infantil. O que ainda não conseguiram.

A princípio pediram ajuda à Câmara através da Comissão de Moradores que existia na altura. À nova Comissão até agora não deu sinal de vida, e assim se caiu num impasse a impedir de resolver um dos problemas importantes do bairro, visto que se perderam os contactos com a Câmara.

Neste momento, os moradores estão desorganizados, e assim, sentem-se incapazes de prosseguir o seu projecto. Alguns dizem mesmo que nunca teriam iniciado as limpezas, pois houve oposição de outros que tinham quintais fora dos logradouros, e assim se criaram inimizades.

Contudo, todos temos a certeza de que um terreno limpo, não é um foco de doenças terreno com lixo é um foco de doenças.

Terreno limpo, com crianças a brincar, é uma alegria e também descanso para as mães, pois pelas traseiras não andam carros, e basta olhar da janela a ver se tudo vai bem.

Exortamos, os moradores mais conscientes a fazerem cartazes sobre este problema, para alertar as pessoas, para as levar a interessarse por esta e outras questões importantes para o nosso bairro.

Exigimos que a Comissão de Moradores, opoie por todos os meios esta iniciativa, visto que é para isso que existe o que consta expressamente no seu programa.

Pela nossa parte (comité de bairro), tudo faremos para alertar as pessoas, e para ajudar nos trabalhos.

AS TRASEIRAS SÃO PARA OS NOSSOS FILHOS, PARA TODAS AS CRIANÇAS E NÃO PARA O LIXO!


Inclusão: 08/04/2020