Os S.U.V. em Luta
(manifestos, entrevistas, comunicados)


O que são os S.U.V.
ISOLEMOS AS MANOBRAS DIVISIONISTAS!


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1. — Realizou-se hoje, dia 22 do Outubro, uma conferência de imprensa de um grupo de indivíduos que a si próprios se intitularam de núcleos «SUV» e «pré-SUV» de algumas unidades da Região Militar de Lisboa. Nessa conferencia. esse grupo – em nome desses pretensos núcleos SUV e pré-SÚV — vinha a público criticar o Secretariado Regional de Lisboa do SUV pelo facto de não apoiar a manifestação marcada para amanhã, dia 23 de Outubro, em Lisboa e apoiada pelo PCP e por Comissões de Trabalhadores e de Moradores.

2. — Tem o Secretariado Regional de Lisboa do SUV a esclarecer desde já que, nessa conferência de imprensa, não esteve representada qualquer célula ou núcleo SUV de qualquer das unidades da Região Militar de Lisboa; do mesmo modo, o Secretariado Regional de Lisboa declara desde já que desconhece por completo a existência de qualquer estrutura intitulado núcleo pré-SUV, que outra coisa não poderá ser senão uma tentativa de estruturação paralela e à margem das verdadeiras células e núcleos SUV já existentes na Região Militar de Lisboa. Tal conferência de imprensa é, pois, obra de indivíduos totalmente alheios à organização do SUV.

3. — Entende, contudo, o Secretariado Regional de Lisboa do SUV que este incidente (que representa uma manobra de intenções divisionistas particularmente claras) não podem passar sem uma observação mais exaustiva sobre o fundo político subjacente a esta manobra. Assim:

a) A manifestação convocada para 23 de Outubro, apesar de apoiada por várias Comissões de Trabalhadores e de Moradores, não pode ser considerada uma manifestação unitária, apartidária e representando uma ofensiva autónoma dos trabalhadores para o avanço da Revolução — condição indispensável para que o SUV lhe desse o seu apoio. De facto, nossa manifestação, a par de palavras de ordem justas e que de resto foram avançadas pelo SUV — tais como «Reaccionários fora dos quartéis, já», «Soldados, sempre, sempre ao lado do Povo», etc. — vai obedecer a outras, tal como «Revolucionários para o Conselho da Revolução» que não só contrariam a plataforma do SUV como são um factor de desarmamento, de desvio e de divisão do movimento popular de massas.

E isto porquê? Porque o chamado Conselho da Revolução, tal como o MFA no seu conjunto, já demonstrou, ao longo de vários meses, que, não só não pode ser uma barreira contra o avanço da reacção e do fascismo, mas também que precisamente constitui hoje um instrumento ao serviço da reacção, como é provado pela «lei da mordaça», pela ocupação e silen- ciamento da Rádio Renascença, pela criação do AMI, etc., etc. Neste sentido, a tarefa do movimento popular de massas não é operar uma «viragem à esquerda» do MFA e do Conselho da Revolução, para de novo se colocar — tal como aconteceu até à queda do V Governo — debaixo do controlo do MFA e do CR. A tarefa do movimento popular de massas é antes a de avançar decididamente no caminho da Revolução Socialista, isto é, na criação de condições que permitam a destruição da exploração e do Estado capitalistas, e a instauração do poder revolucionário das massas trabalhadoras para construir o Socialismo. Ora, essa via revolucionária é aquela que passa pelo desenvolvimento e coordenação dos órgãos do Poder Popular (Comissões de Trabalhadores, Comissões de Moradores, Conselhos de Aldeia, Comissões de Soldados), pela generalização do controlo dos trabalhadores sobre a produção e toda a vida social, e ainda pelo armamento das massas populares, através da formação de milícias armadas controladas pelos órgãos de Poder Popular. Só assim se criarão as condições para o derrube do Estado burguês e a construção do Socialismo. E neste processo, o único Conselho da Revolução só poderá ser aquele que resultar da coordenação e centralização dos órgãos do Poder Popular (Comissões de Trabalhadores, de Moradores, de Soldados e os Conselhos de Aldeia) para as tarefas revolucionárias da tomada do poder pelos trabalhadores.

É por tudo isso que o SUV não deu o seu apoio à manifestação de 23 de Outubro, a qual, pelas palavras de ordem referidas, não pode contribuir para o avanço da Revolução dos explorados e oprimidos, mas apenas para o reforço, nas estruturas burguesas do aparelho de Estado e do MFA, das posições das forças políticas reformistas que, não só praticam permanentemente a colaboração de classes, com a burguesia civil e fardada, mas que também se têm mostrado, nas alturas decisivas, contrárias ao avanço do processo da Revolução Socialista.

b) Contudo, os elementos reformistas no seio do exército não só não podiam ficar indiferentes ao sucesso e ao prestígio crescente das acções do SUV no seio das massas de soldados, mas também procuravam apropriar-se deste prestígio para o colocar ao serviço das suas manobras partidárias. É assim que, após terem denunciado os SUVs como organização fantasma, esquerdista e divisionista, passaram a «apoiá-los», tentando desviar a sua linha política para objectivos de conciliação e colaboração com a burguesia civil e militar. E, neste sentido, era para eles importante obter a adesão do SUV à manifestação de 23 de Outubro em Lisboa. É assim que, após terem enviado um grupo de indivíduos, totalmente alheios à organização do SUV em Lisboa, contactar em vão o Secretariado para apoiar a referida manifestação, resolveram o problema da forma mais simples: intitularam-se a eles próprios «núcleos SUV e pré-SUV» de algumas unidades importantes, e apresentaram-se como as bases do SUV, criticando o Secretariado Regional e dando apoio à manifestação.

c) Nesta manobra, em que os seus autores nada mais representam do que eles próprios, constatamos até que ponto pode ir o oportunismo de alguns sectores apostados em dividir e destruir o movimento autónomo dos soldados. Nesta manobra, à escala dos quartéis podemos antever, para além disso, o que sucederá aos órgãos de Poder Popular se não soubermos combater energicamente no seu seio as manobras oportunistas e liquidadoras de tais sectores.

4. — O Secretariado Regional do SUV de Lisboa apela por isso a todos os camaradas militares para que combatam estas manobras divisionistas através do reforço da sua unidade e da sua independência total face ao MFA e à hierarquia militar. Estamos certos que em plenários de cada unidade todos os camaradas saberão desmascarar estas manobras, isolando os seus autores e avançando no único caminho que pode levar ao avanço do movimento revolucionário dos soldados: a eleição de Comissão de Soldados eleitas e revogáveis e a ligação destas às Comissões de Trabalhadores, de Moradores e aos Conselhos de Aldeia, pela constituição de Assembleias Populares democráticas e representativas dos interesses e das lutas das massas trabalhadoras.

CONTRA AS CALÚNIAS DA REACÇÃO E AS MANOBRAS OPORTUNISTAS E DIVISIONISTAS!
POR UMA LINHA UNITÁRIA, APARTIDÁRIA E AUTÓNOMA DE CLASSE PARA O MOVIMENTO DE SOLDADOS!
PELA ELEIÇÃO DE COMISSÕES DE SOLDADOS E PELA SUA LIGAÇÃO ÀS COMISSÕES DE TRABALHADORES, MORADORES E AOS CONSELHOS DE ALDEIA!
O SUV VENCEU, O SUV VENCERA!

Secretariado Regional de Lisboa
dos
SOLDADOS UNIDOS VENCERÃO
22/10/1975

continua>>>
Inclusão 21/04/2019